NELA, O TRÂMITE: O QUE É DA VIDA SENÃO AMOR... - Não tenho asas e nem sei onde estou. Ela Boadicea me sorria para que
não me sentisse recusado Manet no Le
Havre et Guadaloupe, nem levado
pelos mares tenebrosos de Conrad. Seu abraço de Ninfa surpresa juntou meus
pedaços e vivi em suas feições marcantes o apaziguamento da minha perdição: era
o afeto mais real que vinha de sua contumaz transparência, como quem caísse do
telhado nua de céu. Jogava-me suas cartas como Aura de Fuentes e dos seus olhos
escuros quão tardia indômita Melodia de Backer. Era Morisot
elegantemente refinada entre violetas, com sua boca de véspera e eu mais que
assíduo no seu jeito entreaberto. Insinuava-se tal gata de Nise no fio de
Bastet: um olhar faminto na boca sedenta. Deu-me o sistro com a mão direta e,
com a outra, a efígie com cabeça de leoa coroada pelo disco solar e serpente
uraues: era a filha de Rá desvelando os segredos piramidais. E me fez Anúbis amante
na assimetria das horas em plena madrugada, com sua nudez iluminada e o
surpreendente nascia do quase impossível. Tudo nela onírica Dama do Lago de
Cocaigne, no reino de Anaitis. E nela adormecia e sonhava tantas noites de
outras vezes: a salvação era ela inopinada cheia de luz, fogos de artifícios
nas minhas veias, trovões no meu coração. Desse no meio da solidão seria outro
dia e mesmo que não tivesse para onde ir era nela: o amor valia a vida. Veja
mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
DITOS &
DESDITOS - Pare de correr atrás das ondas. Deixe o mar vir até você... Todo amor e
amizade verdadeiros são uma história de transformação inesperada. Se somos a
mesma pessoa antes e depois de amar, isso significa que não amamos o suficiente... Pensamento da escritora turca Elif
Shafak, que no seu livro The Forty Rules of Love: The
magical tale of love and self-discovery from the bestselling author of The
Island of Missing Trees (Penguin, 2009), expressa que: […] Aconteça o que
acontecer em sua vida, não importa o quão preocupantes as coisas possam
parecer, não entre na vizinhança do desespero. Mesmo quando todas as portas
permanecerem fechadas, Deus abrirá um novo caminho somente para você. Seja
grato! [...] Se somos a mesma pessoa antes e depois de amar, isso significa que
não amamos o suficiente. [...] Não vá com o fluxo. Seja o fluxo [...]
Como o amor pode ser digno de seu nome se alguém seleciona somente as coisas
bonitas e deixa de fora as dificuldades? É fácil aproveitar o bom e não gostar
do ruim. Qualquer um pode fazer isso. O verdadeiro desafio é amar o bom e o
ruim juntos, não porque você precisa aceitar o áspero com o suave, mas porque
você precisa ir além dessas descrições e aceitar o amor em sua totalidade. [...]
Paciência não significa suportar passivamente. Significa ser clarividente o
suficiente para confiar no resultado final de um processo. O que paciência
significa? Significa olhar para o espinho e ver a rosa, olhar para a noite e
ver o amanhecer. Impaciência significa ser tão míope a ponto de não conseguir
ver o resultado. Os amantes de Deus nunca perdem a paciência, pois sabem que é
preciso tempo para que a lua crescente fique cheia. [...] Como vemos
Deus é um reflexo direto de como nos vemos. Se Deus traz à mente principalmente
medo e culpa, significa que há muito medo e culpa acumulados dentro de nós. Se
vemos Deus como cheio de amor e compaixão, nós também somos. [...].
ALGUÉM FALOU: É preciso ter liberdade e confiança
absolutas para se expressar verdadeiramente. Eu me esforço para ser autêntica e
fiel a mim mesmo, em vez de me conformar com as expectativas da sociedade. Eu
encontro consolo e alegria na solidão. Ela me permite conectar com meu eu
interior. Eu sei quem eu sou, como eu era. Eu não quero saber como eu serei
porque ninguém sabe disso... É melhor não se preparar, porque o que você
preparar sempre estará errado... Fortaleça sua mente em qualquer lugar e a
qualquer hora. Acredito no poder do silêncio. Às vezes, as palavras podem
diluir a essência de um momento. Gentileza e empatia são as verdadeiras medidas
de caráter. Pensamento da
atriz francesa Catherine Deneuve. Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.
PERDI MINHA FALA - Perdi
minha fala \ A fala que você levou embora. \ Quando eu era uma garotinha \ Na
escola Shubenacadie. \ Você a arrebatou: \ Eu falo como você \ Eu penso como
você \ Eu crio como você \ A balada embaralhada, sobre meu mundo. \ Duas
maneiras de falar \ Ambos os caminhos eu digo, \ Seu jeito é mais poderoso. \ Então
gentilmente ofereço minha mão e peço, \ Deixe-me encontrar minha fala \ Para
que eu possa lhe ensinar sobre mim. Poema da escritora indígena canadense Rita Joe (1932-2007), membro da tribo Mi’kmaq, tendo aos 10 anos
tornado-se órfã e aos 12 anos, entrado para uma escola indígena, onde as
críticas destrutivas quanto à sua cultura de origem constantemente a
incentivaram a começar a escrever como forma de resistência. O poema escrito em
1989, I Lost My Talk, foi destacado em uma entrevista que ela concedeu
mencionando: Meu maior desejo é que haja mais escrita do meu povo, e que os
nossos filhos a leiam. Eu já disse repetidas vezes que a nossa história seria diferente
se tivesse sido expressa por nós mesmos...
A TERRA DOS MIL
POVOS – [...] A palavra tem espírito [...] E nesse contar eu sou o
espírito de cada folha, cada planta, cada brisa pronunciada. Eu sou cada pedra
no caminho e cada vento, cada dia de sol e cada dia noite de lua e cada brisa;
e cada brilho de cada estrela. Nesse contar eu sou o fluxo límpido da cachoeira
e do rio, e de toda água que preenche o grande mar [...]. Trechos extraídos
da obra A terra dos mil povos: história do Brasil contada por um índio (Peirópolis,
1998), do escritor, ambientalista e conferencista indígena tapuia, Kaká Werá
Jecupé (Carlos Alberto dos Santos), que no livro Oré awé roiru’a ma -
Todas as vezes que dissemos adeus (TRIOM, 2002), Kaká expressa:[...] É
entre o sul e o norte que Mãe Terra expira as almas. Por estes quatro cantos
flui a grande vida. Por estes quatro cantos os nomes descem à Terra. Por estes
Quatro cantos as palavras encarnam, tornando-se gente. Apontava-me o Leste, o
Norte, o Sul, o Oeste. - Por esta respiração sagrada o ‘espírito-nomeado’
contempla seu último desdobrar, indobrando-se na terra virando semente, depois
é que a pequena mãe terrena concebe o corpo do nome na barriga. Quando Pai e
Mãe abraçam o abraço de criar. Quando dois viram um. No abraço do ‘fogo-amor’,
recomeça a magia do desdobrar da semente: vira música, vira dança, vira voo e
passa a caminhar pelo chão da vida terrena. [...]. Já no livro Tupã
Tenondé: a criação do Universo, da Terra e do Homem segundo a tradição oral
Guarani (Peirópolis, 2001), Kaká traz esse belíssimo momento poético: Os
fundamentos do ser foram concebidos \ Na origem da futura linguagem humana,\ Tecida
da sabedoria contida em sua própria divindade\ E em virtude de sua sabedoria
criadora\ Concebeu como primeiro fundamento o Amor.\ Antes de existir a terra,\
Em meio à Noite Primeira\ E antes de ter-se conhecimento das coisas,\ O amor
era [...] O ser humano é percebido como “alma-palavra” – é o que se
expressa mediante a linguagem e por meio do pensamento. Ser e som têm o mesmo
sentido. Para essa percepção é necessário ampliar o nosso conceito de som para
além da vibração sonora, percebê-lo como corpo-vida, princípio dinâmico da luz
cuja forma denominamos “consciência” [...] uma tonalidade da Grande
Música Divina colocada em pé, encarnada, dentro de um assento chamado
corpo-carne, para entoar a criação no mundo terreno, para ser na Terra o que
sua essência sagrada é no céu – escultor, tecelão, cantor e transformador da
vida [...]. O grande movimento da
vida é qualificado como Amor incondicional e Sabedoria. É com base na qualidade
do amor e na sabedoria que o universo torna-se supraconsciente, consciente e
subconsciente de si mesmo. Equilibra os mundos, sustenta as dimensões, gera o
Cosmos. O Grande Espírito torna-se Música Celeste, ritmo e movimento.
Desdobra-se em Espíritos Co-Criadores, chamados também de Seres-Trovões. Sonha
e manifesta a morada terrena. Os Seres-Trovões estabelecem moradas espirituais
nas quatro direções e agora recebem a responsabilidade de gerarem
palavras-almas, tonalidades de suas essências, para encarnarem na Terra
[...].