quinta-feira, fevereiro 26, 2015

ZIZEK, VICTOR HUGO, DAUMIER, PASOLINI, AGILDO, ALTAY, CAPSI & MARIA CREUZA!


PRIMEIRO COMO TRAGÉDIA, DEPOIS COMO FARSA – Por uma indicação dos amigos Luiz Dorvilé e Fábio, tive acesso à obra Primeiro como tragédia, depois como farsa (Boitempo, 2011), do filósofo, teórico crítico e cientista social esloveno Slavoj Zizek, ele aborda sobre ideologia, socialismo capitalista, a hipótese comunista, a estrutura da propaganda inimiga, a crise como terapia de choque, fetichismos, entre outros assuntos. Na parte do livro denominada Humano, demasiado humano, encontrei: [...] A era contemporânea volta e meia se proclama pós-ideológica, mas essa negação da ideologia só representa a prova suprema de que, mais do que nunca, estamos imbuídos na ideologia. A ideologia é sempre um campo de luta - entre outras, de luta pela apropriação de tradições passadas. Um dos indicadores mais claros de nossa triste situação é a apropriação liberal de Martin Luther King, em si uma operação ideológica exemplar. Recentemente, Henry Louis Taylor observou: "Todos, até as criancinhas, conhecem Martin Luther King e podem dizer que seu grande momento foi aquele discurso do 'Eu tenho um sonho'. Ninguém consegue ir além dessa frase. Tudo que sabemos é que esse camarada teve um sonho. Não sabemos que sonho foi. King fez um longo caminho desde que foi saudado pelas multidões em Washington, em março de 1963, quando foi apresentado como o "líder moral de nosso país". Por insistir em questões que iam além da simples segregação, perdeu muito apoio público e foi visto cada vez mais como um pária. Como explicou Harvard Sitlcoff, "ele assumiu a questão da pobreza e do militarismo porque as considerava vitais 'para tornar a igualdade algo real, não apenas uma irmandade racial, mas igualdade de fato"'. Nos termos de Badiou, King seguiu o "axioma da igualdade", muito além da questão isolada' da segregação racial: estava em campanha contra a pobreza e a guerra na época em que morreu. Falou contra a Guerra do Vietnã e, quando foi morto, em Memprus, em abril de 1968, estava lá para apoiar a greve dos trabalhadores da limpeza pública. Como disse Melissa Harris-Lacewell, "seguir King significava seguir a estrada impopular, não a popular". Além disso, tudo que hoje identificamos com liberdade e democracia liberal (sindicatos, voto universal, educação gratuita universal, liberdade de imprensa etc.)foi conquistado com a luta difícil e prolongada das classes inferiores nos séculos XIX e XX; em outras palavras, foi tudo, menos consequência "natural" das relações capitalistas. Recordemos a lista de exigências que conclui o Manifesto Comunista: com exceção da abolição da propriedade privada dos meios de produção, a maioria é amplamente aceita hoje nas democracias "burguesas", mas somente como resultado de lutas populares. Vale destacar outro fato com frequência ignorado: hoje, a igualdade entre brancos e negros é comemorada como parte do sonho americano e tratada como axioma ético-político evidente por si só; mas nas décadas de 1920 e 1930 os comunistas norte-americanos eram a única força política a defender a igualdade racial completa. Os que defendem a existência de um vínculo natural entre capitalismo e democracia distorcem os fatos, assim como a Igreja Católica distorce os fatos quando se apresenta como defensora "natural" da democracia e dos direitos humanos contra à ameaça de totalitarismo – como se a Igreja não tivesse aceitado a democracia apenas no fim do século XIX como uma concessão desesperada, e mesmo assim rangendo os dentes, deixando claro que preferia a monarquia e que era com relutância que cedia aos novos tempos. Por conta de sua total difusão, a ideologia surge como seu oposto, como não ideologia, como âmago de nossa identidade humana para além de qualquer rótulo ideológico. [...]. Veja mais aqui.

Imagem: Sketch La République, do pintor e escultor francês Honoré Daumier (1808-1879).

Curtindo o dvd da ópera popular Alabê de Jerusalém (2006), do cantor e compositor Altay Veloso.

HÁ UM OUVIDO NO IGNOTO – No capítulo VII da obra Os trabalhadores do mar, do escritor francês Victor Hugo (1802-1885), Há um ouvido no ignoto, encontrei o seguinte relato: Correram algumas horas. O sol levanta-se deslumbrante. O seu primeiro raio iluminou na plataforma da grande Douvre uma forma imóvel. Era Gilliatt. Continuava estendido em cima do rochedo. Já não estremecia aquela nudez gelada e endurecida. Estavam lívidas as pálpebras fechadas. Era difícil dizer que não era um cadáver. O sol parecia contemplá-lo. Se aquele homem nu não estava morto, devia estar tão perto disso que bastaria o menor vento frio para acaba-lo. Começou a soprar o vento, tépido e vivificante; era o hálito vernal de maio. Entretanto, o sol subia no profundo céu azul; o seu raio menos horizontal ia-se purpureando. A luz fez-se calor. Cingiu Gulliatt. Gilliatt não se mexia. Se respirava, era uma respiração quase extinta que mal poderia embaciar um espelho, o sol continuava a sua ascensão cada vez menos obliqua sobre Gilliatt. O vento, que era tépido ao princípio, tornou-se cálido. Aquele corpo rígido nu continuava sem movimento; entretanto a pele parecia menos lívida. O sol, acercando-se do zênite, caia a primo sobre a plataforma do Douvre. Vertia do alto do céu uma prodigalidade de luz; juntava=se a ela a vasta reverberação do mar tranquilo, o rochedo começava a ficar tépido e aquecia o homem. O perito de Gilliattt levantou-se com um suspiro. Vivia. O sol continuava as suas carícias, quase ardentes. O vento, que já era o vento do meio-dia, e o vento de verão, aproximava-se de Gilliatt como uma boca, soprando molemente. Gilliatt fez um movimento. Era inexprimível a tranquilidade do mar, tinha um murmúrio de ama ao pé do filho. As vagas pareciam embalar o escolho. As aves marinhas que conheciam Gilliatt voavam inquietas por sobre ele. Já não era o medo selvagem do princípio. Era um quê de terno e fraternal. Soltavam pequenos guinchos. Pareciam chama-lo; uma gaivota que o amava, sem dúvida, teve a familiaridade de descer para junto dele. Começou a falar-lhe. Ele não parecia ouvi-la. Ela saltou-lhe sobre o ombro e começou a brincar docemente com o bico nos seus lábios. Gilliatt abriu os olhos. Os pássaros, alegres e ariscos, voaram. Gilliantt levantou-se e espreguiçou-se como o leão acordando, correu a bordo da plataforma e olhou para o intervalo do Douvre. A pança estava intata. O batoque resistira. Provavelmente o mar maltratara-o pouco. Tudo estava salvo. Gilliatt já não estava cansado. Refizeram-se-lhe as forças. O desmaio foi um sono. Esvaziou a pança, pôs a avaria fora da flutuação, vestiu-se, bebeu, comeu, tornou-se alegre. O buraco, examinado de dia, demandava mais trabalho do que Gilliatt pensou. Era uma grande avaria. Gilliatt gastou o dia inteiro em repará-lo. No dia seguinte, de madrugada, depois de desfazer a tapagem e abrir a saída do estreito, vestido com os andrajos que tinham vencido a avaria, tendo consigo o cinto de Clubin e os 75 000 francos, em pé na pança consertada, ao lado da máquina salva, com um vento de feição e mar admirável. Gilliatt saiu do escolho Douvres. Aproou sobre Guernesey. No momento em que se afastava do escolho, alguém que lá estivesse tê-lo-ia ouvido entoar a meia voz a canção Bonny Dundee. Veja mais aqui.

CAPSI – Realizou-se nesta última quarta-feira, 22 de fevereiro, mais uma assembleia do Centro Acadêmico Martin Baró, do curso de Psicologia do Cesmac, ocasião em que foram debatidos diversos assuntos, entre eles o do desenvolvimento do Movimento dos Estudantes de Psicologia de Alagoas, congregando alunos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Cesmac e Unit, com evento previsto para realização no próximo dia 10 de março, na Ufal. Também foram abordados assuntos sobre a realização de palestras, ficando marcada a primeira delas para o dia 05 de março, como Me. Luiz Geraldo Rodrigues de Gusmão abordará sobre o tema da Psicologia Organizacional e a hegemonia dos testes psicológicos. Também foram debatidos os assuntos sobre o CineClube e a criação de Grupos de Pesquisa articulados com professores e as disciplinas do curso. Veja mais aqui.

DIA DO COMEDIANTE:- Tive a oportunidade na vida de assistir a um espetáculo ao vivo, de ouvir um disco e de ver também na televisão (este último não demonstrando o seu grandioso talento como ao vivo e no disco), apresentações do ator e humorista brasileiro Agildo da Gama Barata Ribeiro Filho, mais conhecido como Agildo Barata que hoje se encontra no auge dos seus 83 anos de idade. Confesso para vocês que foi uma experiência inenarrável e de extremo prazer, não conseguindo nem mesmo me controlar diante das piadas e sacadas no palco, me levando mesmo a extremos momentos de descontrole com as interpretações e imitações do Agildo de Nelson Rodrigues, de Dercy Gonçalves, de Clodovil e de tantos personagens que ganharam homenagem na expressão desse grande artista. E como hoje é o Dia do Comediante, nada mais justo que homenagear aqui um dos maiores atores e humoristas do Brasil. Veja mais aqui


TEOREMA – O destaque cinematográfico de hoje é o aclamado drama da escola do Cinema Italiano, Teorema (1968), do cineasta e escritor italiano Pier Paulo Pasolini, com música maravilhosa de Ennio Morricone e destaque pro trabalho da atriz Silvana Mangano. Trata-se de um filme que retrata as instituições italianas contando a história de um personagem e sua influência em uma família burguesa. O filme critica a futilidade, o comodismo e a alienação da burguesia. Veja mais aqui e aqui.


HOMENAGEM ESPECIAL
Como todo dia é dia da mulher, a homenagem de hoje vai pra cantora Maria Creuza que ficou mais conhecida como a mulher de dois homens, por suas participações em shows como de Toquinho & Vinicius e, também, da dupla Antonio Carlos & Jocafi.


Veja mais sobre:
De heróis, mitos & o escambau, Alphonse Eugène Felix Lecadre & Aldemir Martins aqui.

E mais:
Literatura Infantil, Tiquê, Leviatã & Thomas Hobbes, Constantin Stanislavski, Hermann Hesse, Lee Ritenour, Krzysztof Kieslowski, Jean-Honoré Fragonard, Juliette Binoche, Bette Davis & Alexey Tarasovich Markov aqui.
Simone Weil, Simone de Beauvoir, Emma Goldman, Clara Lemlich, Alexandra Kollontai, Clara Zetkin & Tereza Costa Rego aqui.
Pablo Picasso, Fernanda Seno, Karl Jaspers, Händel, Tom Wesselmann, Eva Green, Demi Moore & Soninha Porto aqui.
Cecília Meireles, Jean-Luc Godard, Psicologia & Consciência & Pedrinho Guareschi, Pablo Milanés, Bertha Lutz & Sufrágio Feminino, Juliette Binoche e Myriem Roussel, Johan Christian Dahl, Costinha & Programa Tataritaritatá aqui.
Murilo Mendes, Renoir, George Harrison, António Damásio, Benedetto Croce, Bigas Luna, Mathilda May & Joyce Cavalccante aqui.
Caríssimos ouvintes, a voz ao coração, Bernhard Hoetger, Aleksandr Rodchenko & Fremont Solstice Parade aqui.
Carpe diem, mutatis mutandis!, Endecha, Nikolai Roerich, Antonella Fabiani & Leon Zernitsky aqui.
Cada qual seus pecados ocultos, Nênia de Abril, Lisbeth Hummel, Sérgio Campos & Antes que os nossos filhos denunciem o luto secular de seus abris aqui.
Sinfonias de bar, Vincent van Gogh, Ingmar Bergman, Annie Veitch, Kerri Blackman & Apesar dos pesares, a vida prossegue... aqui.
E se o amor fosse a vida na tarde ensolarada do quintal, Varvara Stepanova & Luciah Lopez aqui.
Errâncias de quem ama, promessas da paixão, Richard Strauss & Leonie Rysanek, A lenda Bororo de origem das estrelas, Sonia Ebling de Kermoal & Dorothy Lafriner Bucket aqui.
A ponte entre quem ama e a plenitude do amor, Murilo Rubião, Anneke van Giersbergen, Wäinö Aaltonen, Eduardo Kobra, Ramón Casas, Manuel Colombo & Fátima Jambo aqui.
Legalidade sob suspeita, Anna Moffo, Viola Spolin, Reisha Perlmutter, Floriano de Araújo Teixeira & Moína Lima aqui.
Os seus versos, danças & cantos do cacrequin, Jasmine Guy, Renata Domagalska, Lívia Perez, Luciah Lopez & Vera Lúcia Regina aqui.
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MARIA RAKHMANINOVA, ELENA DE ROO, TATIANA LEVY, ABELARDO DA HORA & ABYA YALA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Triphase (2008), Empreintes (2010), Yôkaï (2012), Circles (2016), Fables of Shwedagon (2018)...