PRIMEIRO
COMO TRAGÉDIA, DEPOIS COMO FARSA – Por uma indicação dos amigos Luiz Dorvilé e
Fábio, tive acesso à obra Primeiro como
tragédia, depois como farsa (Boitempo, 2011), do filósofo, teórico crítico
e cientista social esloveno Slavoj Zizek,
ele aborda sobre ideologia, socialismo capitalista, a hipótese comunista, a
estrutura da propaganda inimiga, a crise como terapia de choque, fetichismos,
entre outros assuntos. Na parte do livro denominada Humano, demasiado humano, encontrei: [...] A era contemporânea volta e meia se proclama pós-ideológica, mas essa
negação da ideologia só representa a prova suprema de que, mais do que nunca,
estamos imbuídos na ideologia. A ideologia é sempre um campo de luta - entre
outras, de luta pela apropriação de tradições passadas. Um dos indicadores mais
claros de nossa triste situação é a apropriação liberal de Martin Luther King,
em si uma operação ideológica exemplar. Recentemente, Henry Louis Taylor
observou: "Todos, até as criancinhas, conhecem Martin Luther King e podem
dizer que seu grande momento foi aquele discurso do 'Eu tenho um sonho'.
Ninguém consegue ir além dessa frase. Tudo que sabemos é que esse camarada teve
um sonho. Não sabemos que sonho foi. King fez um longo caminho desde que foi
saudado pelas multidões em Washington, em março de 1963, quando foi apresentado
como o "líder moral de nosso país". Por insistir em questões que iam
além da simples segregação, perdeu muito apoio público e foi visto cada vez
mais como um pária. Como explicou Harvard Sitlcoff, "ele assumiu a questão
da pobreza e do militarismo porque as considerava vitais 'para tornar a
igualdade algo real, não apenas uma irmandade racial, mas igualdade de
fato"'. Nos termos de Badiou, King seguiu o "axioma da
igualdade", muito além da questão isolada' da segregação racial: estava em
campanha contra a pobreza e a guerra na época em que morreu. Falou contra a
Guerra do Vietnã e, quando foi morto, em Memprus, em abril de 1968, estava lá
para apoiar a greve dos trabalhadores da limpeza pública. Como disse Melissa Harris-Lacewell,
"seguir King significava seguir a estrada impopular, não a popular". Além
disso, tudo que hoje identificamos com liberdade e democracia liberal (sindicatos,
voto universal, educação gratuita universal, liberdade de imprensa etc.)foi
conquistado com a luta difícil e prolongada das classes inferiores nos séculos XIX
e XX; em outras palavras, foi tudo, menos consequência "natural" das
relações capitalistas. Recordemos a lista de exigências que conclui o Manifesto Comunista: com exceção da
abolição da propriedade privada dos meios de produção, a maioria é amplamente
aceita hoje nas democracias "burguesas", mas somente como resultado de
lutas populares. Vale destacar outro fato com frequência ignorado: hoje, a
igualdade entre brancos e negros é comemorada como parte do sonho americano e
tratada como axioma ético-político evidente por si só; mas nas décadas de 1920 e 1930 os comunistas norte-americanos
eram a única força política a
defender a igualdade racial completa. Os que defendem a existência de um
vínculo natural entre capitalismo e democracia distorcem os fatos, assim como a
Igreja Católica distorce os fatos quando se apresenta como defensora
"natural" da democracia e dos direitos humanos contra à ameaça de totalitarismo
– como se a Igreja não tivesse aceitado a democracia apenas no fim do século
XIX como uma concessão desesperada, e mesmo assim rangendo os dentes, deixando
claro que preferia a monarquia e que era com relutância que cedia aos novos tempos.
Por conta de sua total difusão, a ideologia surge como seu oposto, como não ideologia, como âmago de nossa
identidade humana para além de qualquer rótulo ideológico. [...]. Veja
mais aqui.
Imagem: Sketch La République, do pintor e escultor francês Honoré Daumier (1808-1879).
Curtindo o dvd da ópera popular Alabê de Jerusalém (2006), do cantor e compositor Altay Veloso.
HÁ
UM OUVIDO NO IGNOTO – No capítulo VII da obra Os
trabalhadores do mar, do escritor francês Victor Hugo (1802-1885), Há um ouvido no ignoto, encontrei o
seguinte relato: Correram algumas horas.
O sol levanta-se deslumbrante. O seu primeiro raio iluminou na plataforma da
grande Douvre uma forma imóvel. Era Gilliatt. Continuava estendido em cima do
rochedo. Já não estremecia aquela nudez gelada e endurecida. Estavam lívidas as
pálpebras fechadas. Era difícil dizer que não era um cadáver. O sol parecia
contemplá-lo. Se aquele homem nu não estava morto, devia estar tão perto disso
que bastaria o menor vento frio para acaba-lo. Começou a soprar o vento, tépido
e vivificante; era o hálito vernal de maio. Entretanto, o sol subia no profundo
céu azul; o seu raio menos horizontal ia-se purpureando. A luz fez-se calor.
Cingiu Gulliatt. Gilliatt não se mexia. Se respirava, era uma respiração quase
extinta que mal poderia embaciar um espelho, o sol continuava a sua ascensão
cada vez menos obliqua sobre Gilliatt. O vento, que era tépido ao princípio,
tornou-se cálido. Aquele corpo rígido nu continuava sem movimento; entretanto a
pele parecia menos lívida. O sol, acercando-se do zênite, caia a primo sobre a
plataforma do Douvre. Vertia do alto do céu uma prodigalidade de luz;
juntava=se a ela a vasta reverberação do mar tranquilo, o rochedo começava a
ficar tépido e aquecia o homem. O perito de Gilliattt levantou-se com um
suspiro. Vivia. O sol continuava as suas carícias, quase ardentes. O vento, que
já era o vento do meio-dia, e o vento de verão, aproximava-se de Gilliatt como
uma boca, soprando molemente. Gilliatt fez um movimento. Era inexprimível a
tranquilidade do mar, tinha um murmúrio de ama ao pé do filho. As vagas
pareciam embalar o escolho. As aves marinhas que conheciam Gilliatt voavam
inquietas por sobre ele. Já não era o medo selvagem do princípio. Era um quê de
terno e fraternal. Soltavam pequenos guinchos. Pareciam chama-lo; uma gaivota
que o amava, sem dúvida, teve a familiaridade de descer para junto dele.
Começou a falar-lhe. Ele não parecia ouvi-la. Ela saltou-lhe sobre o ombro e
começou a brincar docemente com o bico nos seus lábios. Gilliatt abriu os
olhos. Os pássaros, alegres e ariscos, voaram. Gilliantt levantou-se e
espreguiçou-se como o leão acordando, correu a bordo da plataforma e olhou para
o intervalo do Douvre. A pança estava intata. O batoque resistira. Provavelmente
o mar maltratara-o pouco. Tudo estava salvo. Gilliatt já não estava cansado.
Refizeram-se-lhe as forças. O desmaio foi um sono. Esvaziou a pança, pôs a
avaria fora da flutuação, vestiu-se, bebeu, comeu, tornou-se alegre. O buraco,
examinado de dia, demandava mais trabalho do que Gilliatt pensou. Era uma
grande avaria. Gilliatt gastou o dia inteiro em repará-lo. No dia seguinte, de
madrugada, depois de desfazer a tapagem e abrir a saída do estreito, vestido
com os andrajos que tinham vencido a avaria, tendo consigo o cinto de Clubin e
os 75 000 francos, em pé na pança consertada, ao lado da máquina salva, com um
vento de feição e mar admirável. Gilliatt saiu do escolho Douvres. Aproou sobre
Guernesey. No momento em que se afastava do escolho, alguém que lá estivesse
tê-lo-ia ouvido entoar a meia voz a canção Bonny Dundee. Veja mais aqui.
CAPSI – Realizou-se nesta
última quarta-feira, 22 de fevereiro, mais uma assembleia do Centro Acadêmico Martin Baró, do curso
de Psicologia do Cesmac, ocasião em que foram debatidos diversos assuntos,
entre eles o do desenvolvimento do Movimento dos Estudantes de Psicologia de
Alagoas, congregando alunos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Cesmac e
Unit, com evento previsto para realização no próximo dia 10 de março, na Ufal.
Também foram abordados assuntos sobre a realização de palestras, ficando marcada
a primeira delas para o dia 05 de março, como Me. Luiz Geraldo Rodrigues de
Gusmão abordará sobre o tema da Psicologia Organizacional e a hegemonia dos
testes psicológicos. Também foram debatidos os assuntos sobre o CineClube e a
criação de Grupos de Pesquisa articulados com professores e as disciplinas do
curso. Veja mais aqui.
DIA
DO COMEDIANTE:-
Tive a oportunidade na vida de assistir a um espetáculo ao vivo, de ouvir um
disco e de ver também na televisão (este último não demonstrando o seu grandioso
talento como ao vivo e no disco), apresentações do ator e humorista brasileiro
Agildo da Gama Barata Ribeiro Filho, mais conhecido como Agildo Barata que hoje se encontra no auge dos seus 83 anos de
idade. Confesso para vocês que foi uma experiência inenarrável e de extremo
prazer, não conseguindo nem mesmo me controlar diante das piadas e sacadas no
palco, me levando mesmo a extremos momentos de descontrole com as
interpretações e imitações do Agildo de Nelson Rodrigues, de Dercy Gonçalves,
de Clodovil e de tantos personagens que ganharam homenagem na expressão desse
grande artista. E como hoje é o Dia do Comediante, nada mais justo que
homenagear aqui um dos maiores atores e humoristas do Brasil. Veja mais aqui.
TEOREMA – O destaque
cinematográfico de hoje é o aclamado drama da escola do Cinema Italiano, Teorema (1968), do cineasta e escritor
italiano Pier Paulo Pasolini, com
música maravilhosa de Ennio Morricone e destaque pro trabalho da atriz Silvana Mangano. Trata-se de um filme
que retrata as instituições italianas contando a história de um personagem e
sua influência em uma família burguesa. O filme critica a futilidade, o
comodismo e a alienação da burguesia. Veja mais aqui e aqui.
HOMENAGEM
ESPECIAL
Como todo dia é dia da mulher, a
homenagem de hoje vai pra cantora Maria
Creuza que ficou mais conhecida como a mulher de dois homens, por suas
participações em shows como de Toquinho & Vinicius e, também, da dupla
Antonio Carlos & Jocafi.
Veja mais sobre:
De heróis, mitos & o escambau, Alphonse Eugène
Felix Lecadre & Aldemir Martins aqui.
E mais:
Literatura Infantil, Tiquê, Leviatã &
Thomas Hobbes, Constantin Stanislavski, Hermann Hesse, Lee Ritenour, Krzysztof
Kieslowski, Jean-Honoré Fragonard, Juliette Binoche, Bette Davis & Alexey
Tarasovich Markov aqui.
Simone Weil, Simone de Beauvoir, Emma Goldman, Clara Lemlich, Alexandra Kollontai,
Clara Zetkin & Tereza Costa Rego aqui.
Pablo Picasso, Fernanda Seno, Karl
Jaspers, Händel, Tom Wesselmann, Eva Green, Demi Moore & Soninha Porto aqui.
Cecília Meireles, Jean-Luc Godard,
Psicologia & Consciência & Pedrinho Guareschi, Pablo Milanés, Bertha
Lutz & Sufrágio Feminino, Juliette Binoche e Myriem Roussel, Johan
Christian Dahl, Costinha & Programa Tataritaritatá aqui.
Murilo Mendes, Renoir, George Harrison,
António Damásio, Benedetto Croce, Bigas Luna, Mathilda May & Joyce
Cavalccante aqui.
Caríssimos ouvintes, a voz ao coração, Bernhard Hoetger, Aleksandr Rodchenko
& Fremont Solstice Parade aqui.
Carpe diem, mutatis mutandis!, Endecha, Nikolai Roerich, Antonella Fabiani & Leon Zernitsky aqui.
Cada qual seus pecados ocultos, Nênia de Abril, Lisbeth Hummel, Sérgio Campos & Antes
que os nossos filhos denunciem o luto secular de seus abris aqui.
Sinfonias de bar, Vincent van Gogh, Ingmar Bergman, Annie Veitch, Kerri Blackman & Apesar dos pesares, a vida
prossegue... aqui.
Errâncias de quem ama, promessas da
paixão,
Richard Strauss
& Leonie Rysanek, A lenda Bororo de origem das estrelas, Sonia Ebling de
Kermoal & Dorothy Lafriner Bucket aqui.
A ponte entre quem ama e a plenitude do
amor, Murilo Rubião, Anneke van Giersbergen,
Wäinö Aaltonen, Eduardo Kobra, Ramón Casas, Manuel Colombo & Fátima Jambo aqui.
Legalidade sob suspeita, Anna Moffo, Viola Spolin, Reisha Perlmutter, Floriano de
Araújo Teixeira & Moína Lima aqui.
Os seus versos, danças & cantos do
cacrequin,
Jasmine Guy, Renata
Domagalska, Lívia Perez, Luciah Lopez & Vera Lúcia Regina aqui.
História da mulher: da antiguidade ao
século XXI aqui.
Palestras: Psicologia, Direito &
Educação aqui.
A croniqueta de antemão aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda de Eventos aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Leitora Tataritaritataá!
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.