O
MISTÉRIO DA CONSCIÊNCIA – No livro O
mistério da consciência (Companhia das Letras, 2000), do médico
neurologista e neurocientista português, António
Damásio,aborda acerca da consciência humana, apresentando a sua revolucionária
teoria do enigma da consciência, como sendo o maior desafio da filosofia e das
ciências da vida ao descrever como a consciência abriu caminho para o
surgimento de realizações humanas como a arte, a ciência, a tecnologia, a
religião, a organização social, por meio de uma pesquisa sobre o cérebro e da
complexidade de todo ser humano, sua adaptação ao ambiente, sua sobrevivência e
os conflitos consigo mesmo que se realiza com um sistema complexo que articula
imaginação, criatividade e planejamento que fazem surgir a consciência. Nessa
obra ele se expressa assim: [...] se a
criatividade for dirigida com sucesso, mesmo modestamente, permitiremos à
consciência, mais uma vez, cumprir seu papel de regulador homeostático da
existência. Conhecer contribuirá para ser. Tenho até alguma esperança de que
compreender a biologia da natureza humana contribuirá com seu quinhão nas
escolhas a serem feitas. Seja como for, melhorar as condições da existência é
precisamente a finalidade da civilização, a principal consequência da
consciência; e, por no mínimo 3 mil anos, com recompensas maiores ou menores,
melhorar é o que a civilização vem buscando. A boa notícia, portanto, é que já
começamos.Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
Imagem: Nu barbotant, do pintor impressionista francês Pierre-Auguste Renoir (1841-1919). Veja mais aqui.
Ouvindo George Harrison Live in Japan (1992), do músico, compositor e ex-integrante dos Beatles, George Harrison (1943-2001)
A
ESTÉTICA DA PERSONALIDADE EMPÍRICA E POÉTICA - A concepção estética do
filósofo, historiador e escritor italiano Benedetto
Croce (1866-1952), parte do exame da obra de arte como sentimento que se
reelabora na pureza da forme. Ele se baseia na necessidade de distinguir o que
chama de personalidade empírica – biografia, características pessoas do autor
-, estabelecendo a diferença entre esta e a personalidade poética. Assim como a
primeira se acha unida, integrada no corpo e na natureza, o objeto da crítica
literária seria fundamentalmente o de unificar a segunda, já que abriga a
poesia e a não-poesia, a intuição lírica e seus acessórios ideológicos,
históricos e filosóficos. Por outro lado, de acordo com sua concepção da
história, Croce considera a crítica literária como único método capaz de
destacar, na obra de arte, a expressão individual colocada acima de seu período
histórico e dos movimentos ou influencias de orientação estética e literária em
se originou. Outro elemento importante para a crítica de Croce vem a ser sua
identificação do espirito com o universo: a obra poética traz em si o universo
em totalidade, exprimindo a harmonia de seus contrastes. Veja mais aqui.
PRIMA
JULIETA – No livro A idade do serrote
(Sabiá, 1968), o poeta e prosador do Surrealismo brasileiro, Murilo Mendes (1901-1975), encontrei o
delicioso conto Prima Julieta, no
qual ele faz a seguinte narrativa: Prima
Julieta, jovem viúva, aparecia de vez em quando na casa de meus pais ou na de
minhas tias. O marido, que deixara uma fortuna substancial, pertencia ao ramo
rico da família Monteiro de Barros. Nós éramos do ramo pobre. Prima Julieta
possuía uma casa no Rio e outra em Juiz de Fora. Morava em companhia de uma
filha adotiva. E já fora três vezes à Europa. Prima Julieta irradiava um
fascínio singular. Era a feminilidade em pessoa. Quando a conheci, sendo ainda
garoto e já sensibilíssimo ao charme feminino, teria ela uns trinta ou trinta e
dois anos de idade. Apenas pelo seu andar percebia-se que era uma deusa, diz
Virgilio de outra mulher. Prima Julieta caminhava em ritmo lento, agitando a
cabeça para trás, remando os belos braços brancos. A cabeleira loura incluía
reflexos metálicos. Ancas poderosas. Os olhos de um verde azulado
borboleteavam. A voz rouca e ácida, em dois planos; voz de pessoa da alta
sociedade. Uma vez descobri admirado sua nuca, que naquele tempo chamavam de
cangote, nome expressivo: pressupõe jugo e domínio. No caso somos nós, homens,
a sofrer a canga. Descobri por intuição a beleza do cangote e do pescoço
feminino, não querendo com isto dizer que subestimava outras regiões do
universo. Veja mais aqui.
O
CÃO CHUPANDO MANGA – Por ocasião do lançamento do seu livro O cão chupando manga, a escritora Joyce Cavalccante concedeu uma
entrevista exclusiva pro meu Guia de
Poesia. Antes, porém, confira um fragmento desse ótimo livro: Ninguém deixa de chegar ao pra onde se está
indo. Guardando essa crença no coração Zezito desceu do ônibus para esticar as
canelas que, ou curtas ou não, há dezoito anos o levavam aonde cismava de ir O
motorista suado trocava um pneu murcho em silêncio e os passageiros esticavam o
pescoço pra fora das janelas, tentando ver que arrumação era aquela. O sol já
estava indo embora, o que significava que chegariam no escuro e ele ainda teria
de arranjar um lugar pra dormir. Dava até vontade de perguntar a alguém, pedir
um palpite sobre um canto pra passar a noite, porém não ia fazer aquilo não.
Falar, quanto menos melhor. Sorriu. Em boca fechada não entra mosca, era como
dizia sempre o Compadre. Ele sim, sabia das coisas. Sorriu outra vez se
lembrando do Compadre, e voltou para seu lugar. Esperou pensando, pensando,
fazendo seus planos. O motorista entrou e deu a partida enquanto ele continuou
matutando, decidindo o que fazer de si naquela sua primeira noite da vida em
São Paulo. A medida em que a claridade das luzes ia aumentando, ia aumentando
também seu entusiasmo. Curioso, olhava tentando enxergar o que podia. Era muita
gente. Era muito frio. Era muito tudo. - Ô cidade pai d'égua - pensou. O
colorido do teto de acrílico da estação rodoviária era de fascinar. Se viu
quase tonto, achando tudo de uma boniteza só. Se dependesse dele ficaria ali
olhando pra cima a noite inteira, ou então, olhando o vai e vem daquele
povaréu. A cidade era grande. Todo mundo tinha avisado. Mas não imaginava que
fosse tão grande desse jeito. Agarrou sua sacola e foi andando a pé, a procura
de um paradeiro. Preferia pernoitar por ali perto mesmo. Entrou em vários
hotéis perguntando o preço, mas cada qual que fosse mais caro do que o outro.
Povo ladrão, concluiu. Andou, andou, andou e voltou para a rodoviária outra
vez. Atraído, decidiu dormir ali mesmo sentado num dos bancos. Mas quando
escolheu um banco viu um guarda passando. Amedrontou-se. Os homens da lei não
eram seu forte. Não que estivesse devendo alguma coisa, mas é que eles sempre
acham um motivo pra fazer um sujeito pobre como ele se entender com a dona
Justa. Saiu andando outra vez e descobriu um alojamento esquisito. Era mais um
hotel aquilo ali bem ao lado da rodoviária, o qual não tinha notado antes
porque nem placa tinha. Indagou o preço e achou satisfatório, pois era bem mais
barato do que os outros. Não fez muitas perguntas pagando adiantado, cumprindo
uma exigência da casa. Seguiu o moço da portaria. O tal moço, usando uma calça
brilhando de sebo e fedendo a suor azedo, acendeu a lanterna que carregava
pendurada no pescoço, abriu uma porta larga e fez sinal para que ele não
fizesse barulho. Ao olhar para dentro do quarto, Zezito recuou perguntando: -
Que marmota é essa? O moço fez um sinal exagerado para que ele ficasse em
silêncio e deu de sussurrar em seu ouvido com voz de bem-me-quer: - Aqui é o
hotel da corda, nunca ouviu falar? - Inda não - respondeu Zezito, espantado com
o que via. - O negócio aqui, meu bem, é sentar, segurar na corda e se entregar.
Ao sono, claro - explicou o empregado cheio de requebros. Mesmo estando escuro,
Zezito olhou para seu interlocutor com modo atravessado, achando: - Esse daí é
baitola. Morto de cansado, entrou e sentou no lugar indicado pelo facho de luz
da lanterna. Ficou tentando entender onde estava. Quando se acostumou à
escuridão, percebeu que estava num quarto enorme que mais se parecia um galpão.
Ao longo das quatro paredes tinha um banco feito como se fosse uma prateleira,
onde sentadas, dormiam e roncavam criaturas agarradas a uma corda para manter o
equilíbrio. Era o famoso Hotel da Corda, a respeito do qual muita gente nunca
ouviu falar [...]. Veja a entrevista aqui e mais aqui e aqui.
A
TETA E A LUA – Um dos mais impressionantes filmes que já assisti, La teta e la luna (A teta e a lua,
1994), do cineasta e roteirista espanhol Bigas
Luna(1946-2013), com música de Nicola Piovani, roteiro do próprio Bigas e
Cuca Canals, sem dúvida é um dos que mais aprecio rever. Principalmente pela
inesquecível atuação da atriz francesa Mathilda
May em cenas inesquecíveis, meritória de ser homenageada na campanha Todo
dia é dia da mulher. Veja mais aqui.
Veja mais sobre:
Educação Infantil, Nauro Machado, Sergei
Rachmaninoff, Abraham Maslow, Luz del Fuego, Edgar Leeteg, Lucélia Santos, A
pesca das mulheres & J. Lanzelotti aqui.
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As trelas do Doro aqui.
Entre as pinoias duns dias de antanho & John La Farge aqui.
As trelas do Doro: o desmantelo da
paixonite arrebentadora aqui.
A menina morta, o pai assassino, Dalton Trevisan, Caetano Veloso, Ute
Lemper, Jemima Kirke, Jeff Koons, Dani Acioli & Cada um sabe a dor e a
delícia de ser o que é aqui.
A avareza perde valia quando a vida vai
pro saco, Saúde no
Brasil, Vik Muniz, Júnior Almeida & Nada satisfaz e a querer sempre mais e
mais aqui.
Entre o científico-racional e o
estético-emocional, Gert Eilenberger, Wesley Duke Lee, Chico Mário,
Delphin Enjolras & Otto Stupakoff aqui.
Quem vai pra chuva é pra se molhar, Pierre Weil, Jasper Johns, José Miguel
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resto é conversa pra boi dormir aqui.
Sobrevivente de dezembro a dezembro, Björk, Michael Haneke, Odawa Sagami,
Elfriede Jelinek, Isabelle Huppert, Márcia Porto & Quem sabe tudo dará
certo até certo ponto ou não aqui.
O xote no auto de natal, Rubem Braga, Ernesto Nazareth &
Maria Teresa Madeira, Wilhelm Marstrand & Aprendendo a viver com a lição do
natal aqui.
História sem fim, William Holman Hunt & Max Ernst aqui.
William Shakespeare, Hans Christian
Andersen, Émile Zola, Giovani Casanova, Emmylou Harris, Harriet Hosmer, Rainha
Zenóbia, Max Ernst & Contos de Magreb aqui.
A poesia de Maria Esther Maciel aqui.
Uma arenga de escritores: qualquer
criança pode fazer,
Bernard Shaw, Anton Walter Smetak, Costa-Gavras, Burrhus Frederic Skinner, Ivan
Pavlov, Olga Benário, Kazimir Malevich, Irene Pappás, Herbert George Wells,
Camila Morgado & Pegada de Carbono aqui.
Gilles Deleuze & Félix Guattari,
Catarina Eufémia, Peter Gabriel, Sam Mendes & Mena Suvari, Vicente Caruso,
História do Rádio, Sandra Fayad, Janne Eyre Melo Sarmento, Psicopatologia &
memória aqui.
A Utopia Humana, Alfred Adler, Carybé,
Rogério Duprat, Charles Dickens, Hector Babenco, Sônia Braga & Tchello
D´Barros aqui.
Martin Buber, Saló & Pier Paolo
Pasolini, Vangelis, Abelardo & Heloisa, Julio Verne & Rick Wakeman,
Gustave Courbert & Arriete Vilela aqui.
Quando te vi, Christopher Marlowe, Mary Leakey,
Duofel, François Truffaut, Dona Zica, Darren Aronofsky & Natalie Portman,
Ewa Kienko Gawlik & Haim G. Ginott aqui.
História da mulher: da antiguidade ao
século XXI aqui.
Palestras: Psicologia, Direito &
Educação aqui.
A croniqueta de antemão aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
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CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Leitora Tataritaritatá.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.