DO QUE PODE OU NÃO – Imagem: Arte da
artista visual russa Nina Kozoriz - De
um pro outro, quantas equivalências e dissensões. Quem haveria de compreender
que um poderia ser único e, ao mesmo, tudo e todos, amálgama do desparelho, se
sequer lógica alguma poderia haver para dar sentido, pra quem não sabe o chão,
não há como conceber o céu, acho. Cada qual seu desejo: castelos de sonhos,
montanhas por mover. Não há duas rosas iguais, nem sei como distingui-las. Sei que
tenho que seguir, caminhos por desandar. A noite é muita pra dar vencimento, às
vezes nem tanto, o difícil é enxergar. O dia é brio pra quem disputa
centímetros, comandos pras conquistas, céus por desbravar. Além dos limites, o
impossível é logo ali, longinquidades auferidas, é só chegar e tomar posse. Pronto,
resolvido. Não está mais aqui quem falou. Será, independente de segundos e
passos, minutos e esperas, dias e ânsias, aos poucos ou nunca. Pra quem sabe de
ontem, lição aprendida, nunca será em definitivo. Tudo segue diferentemente por
zis veredas, quando não tardanças, presentificações anuladas ou preteridas. O que
se vê não é inalcançável, o próximo pode estar mais pra lá do medido, o
horizonte pode não ser o que se pensa, o vizinho pode ser um ilustre
desconhecido, e o líquido e certo pode estar totalmente inexato, quando não
remissivo ou suprimido. Onde exatidão no turbulento ou possuído de véspera, se em
fração de segundos qualquer demolição torna ermo o povoado. A vida é
bate-pronto inesperado, mesmo para quem mira no alvo inevitável, o saque pode
ir até não saber o imponderável. É que nem tudo está no lugar visível, se é possível
mentir os sentidos, nem mesmo o arremessável. Do outro lado das coisas não há
como julgar ou prever, jamais. Por não haver destino, cada qual que cuide de
si: nem sempre se sabe o que se quer, muito menos antever o rechaço do improvável.
Pra quem vai dormir não se garante acordar; nem quem foi, se chega ou volta. Uma
avenida e quantas ruas, becos, atalhos. Se é possível entender, além disso, apenas,
a vida vai e eu voo. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja
mais abaixo e aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio
Tataritaritatá especial
com a música da premiada pianista e cantora Eliane Elias:
Jazz a Vienne Live, Dreamer, Light my fire & Choro & muito mais nos mais de 2
milhões &
500 mil acessos ao blog & nos 35 Anos
de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja
mais aqui, aqui, aqui e aqui.
PENSAMENTO DO DIA – [...] Muitas
vezes fui acusado de interessado e parcial, de escritor comprometido e limitado
por esses compromissos, de escritor político e participante. Jamais tal
acusação me doeu ou pesou, jamais me senti por ela ofendido. Qual escritor não
é político? [...]. Pensamento do escritor e dramaturgo Jorge Amado
(1912-2001). Veja mais aqui, aqui e aqui.
A CONDIÇÃO PÓS-MODERNA - [...] Orienta-se
então para as multiplicidades de metaargumentações versando sobre metaprescritivos
e limitadas no espaço-tempo. Esta orientação corresponde à evolução das interações
sociais, onde o contrato temporário suplanta de fato a instituição permanente
de matérias profissionais, afetivas, sexuais, culturais, familiares e
internacionais, como nos negócios políticos. A evolução é, assim, equívoca: o
contrato temporário é favorecido pelo sistema por causa de sua grande
flexibilidade, de seu menor custo, e da efervescência de motivações que o
acompanha, sendo que todos estes esforços contribuem para uma melhor operatividade.
De qualquer modo, a questão não é propor uma alternativa “pura” ao sistema [...]
Devemos nos alegrar que a tendência ao
contrato temporário seja equívoca: ela não pertence à exclusiva finalidade do
sistema mas este a tolera, e ela evidencia em seu seio uma outra finalidade, a
do conhecimento dos jogos de linguagem como tais e da decisão de assumir a responsabilidade
de suas regras e de seus efeitos, sendo o principal destes o que revalida a
adoção destas, a pesquisa da paralogia. Quanto à informatização das sociedades,
vê-se enfim como ela afeta esta problemática. Ela pode tornar-se o instrumento
“sonhado” de controle e de regulamentação do sistema do mercado, abrangendo até
o próprio saber, e exclusivamente regido pelo princípio de desempenho. Ela
comporta então inevitavelmente o terror [...]. Trecho extraído da obra A condição pós-moderna (José Olympio, 2009),
do filósofo francês Jean-François
Lyotard (1924-1998). Veja mais aqui.
MICROPAISAGEM - [...] A
secura, a aridez desta linguagem, fabrico-a e fabrica-se em parte de materiais
vindos de longe: saibro, cal, árvores, musgo. E gente, numa grande solidão de
areia. A paisagem da infância que não é nenhum paraíso perdido mas a pobreza, a
nudez, a carência de quase tudo. Desses elementos se sustenta bastante toda a
escrita de que sou capaz, umas vezes explícitos, muitas outras apenas sugeridos
na brevidade dos textos. E disse sem querer uma palavra essencial para mim.
Brevidade. Casas construídas com adobos que duram sensivelmente o que dura uma
vida humana. Pinhais que os camponeses plantam na infância para derrubar pouco antes
de morrer. A própria terra é passageira: dunas modeladas, desfeitas pelo vento.
Que literatura poderia nascer daqui que não fosse marcada por esta opressiva
brevidade, por este tom precário, demais a mais tão coincidentes com os sentimentos
do autor? [...] Trecho extraído da obra O aprendiz de feiticeiro (Dom Quixote, 1971), do escritor português Carlos de Oliveira (1921-1981).
DOIS POEMAS – FONTE - Junto ao poço cheguei, / Meu
olho pequeno e triste / se fez fundo, interior. / Estive junto a mim, / plena
de mim, ascendente e profunda, / minha alma contra mim, / golpeando minha pele,
/ afundando-a no ar, / até o fim. / A escura poça aberta pela luz. / Éramos uma
só criatura, / perfeita, ilimitada, / sem extremos para que o amor pudesse
agarrar-se. / Sem ninhos e sem terra para o domínio. CURRICULO VITAE - digamos que ganhaste a corrida / e que o prêmio
/ era outra corrida / que não bebeste o vinho da vitória / apenas teu próprio
sal / que jamais escutamos aplausos / apenas latidos de cães / e que tua sombra
/ foi tua única / desleal adversária. Poemas da poeta peruana Blanca Varela (1926-2009). Veja mais
aqui,
A ARTE DE NINA KOZORIZ
AGENDA
Festival de Inverno de
Camaragibe (III FIC) – Dias 10 a 12 de agosto, Gruta Bar Rua Carlos
Alberto, Camaragibe – PE & muito mais na Agenda aqui.
&
O que é de arte e cultura que eu não sei, a poesia de Ascenso Ferreira & Dione Barreto, a educação de Paulo Freire, a literatura
de Stefan Zweig, a revolução sexual de Wilhelm Reich, a mulher brasileira de Mirian
Goldenberg, Ginásio Municipal dos Palmares, Arte e Consciência, Ensinar e
Aprender aqui.