
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio
Tataritaritatá especial
com a música do compositor e flautista Altamiro
Carrilho
(1924-2012): Clássico em chorinho, Revive Pattápio, É o sucesso & Ao vivo &
muito mais nos mais de 2 milhões & 500 mil acessos ao blog & nos 35 Anos
de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja
mais aqui, aqui e aqui.
PENSAMENTO DO DIA – [...] Para caminhar pela vida protegido contra todo
medo, perigo e desastre, só duas coisas são necessárias, duas que andam sempre
juntas — a Graça da Mãe Divina e, ao seu lado, um estado interior composto de
fé, sinceridade e entrega. Que tua fé seja pura, cândida e perfeita. Uma fé egoísta
no ser mental e vital, contaminada por ambição, orgulho, vaidade, arrogância
mental, vontade própria vital, exigência pessoal, desejo pelas pequenas
satisfações da natureza mais baixa, é uma chama baixa e enfumaçada que não pode
queimar erguendo-se ao céu. Olhe tua vida como dada a você somente para o
trabalho divino e para ajudar na manifestação divina. Não deseje nada a não ser
pureza, força, luz, amplitude, calma, Ananda da consciência divina e sua
insistência para transformar e aperfeiçoar tua mente, vida e corpo. Não peça
nada a não ser a Verdade divina, espiritual, supramental, sua realização sobre
a terra, em você e em todos que são chamados e escolhidos , e as condições
necessárias para sua vinda e sua vitória sobre todas as forças que se opõem. Que
tua sinceridade e entrega sejam genuínas e inteiras. Quando se der, dê-se
completamente, sem exigência, sem condições, sem reserva, de modo que tudo em
você possa pertencer à Mãe Divina e nada seja deixado ao ego ou dado a algum outro
poder. [...]. Pensamento do escritor e filósofo
indiano Sri Aurobindo (1872-1950).
MANIFESTO: ARTE & ESPAÇO DE LIBERDADE - A arte não é verdadeira criação e fundação
senão quando cria e funda lá onde as mitologias têm seu próprio fundamento
último e sua própria origem. Para poder assumir o significado da própria época
a questão é, portanto, chegar à própria mitologia individual, no ponto em que
ela consegue identificar-se com a mitologia universal. A dificuldade está em
liberar-se dos fatos estranhos, dos gestos inúteis: fatos e gestos que poluem a
arte usual de nossos dias, e que por vezes são tão evidenciados que chegam ao
ponto de se transformar em emblemas de modos artísticos. O crivo que permite tal
separação entre o autêntico e a escória, que nos leva a descobrir, em uma
sequencia incompreensível e irracional de imagens, um complexo de significados
coerentes e ordenado é o processo de autoanálise. É através dele que nos
reconectamos a nossas origens, eliminando todos os gestos inúteis, tudo aquilo
que em nós é pessoal e literário no pior sentido da palavra: recordações
nebulosas da infância, sentimentalismos, impressões, construções intencionais,
preocupações pictóricas, simbólicas e descritivas, falsas angústias, fatos
inconscientes que não afloram à superfície, a imensa iluminção de sábado a
noite, a repetição contínua em sentido hedonista de descobertas exauridas –
tudo isso deve ser eliminado. Através desse processo de eliminação, o
originário humanamente atingível vem manifestar-se, assumindo a forma de imagens
que são nossas imagens primeiras, nossos “totens”, nossos e dos autores e
espectadores, pois são as variações historicamente determinadas dos mitologemas
primordiais (mitologia individual e mitologia universal identificam-se). Tudo
deve ser sacrificado a essa possibilidade de descoberta, a essa necessidade de
assumir os próprios gestos. A própria concepção habitual de quadro deve ser
abandonada; o espaço-superfície só interessa ao processo auto-analítico como
“espaço de liberdade”. E também não deve preocupar-nos a coerência estilística,
pois nossa única preocupação possível é a pesquisa contínua, a contínua
auto-análise, com a qual, apenas, podemos chegar a fundar morfemas
“reconhecíveis” por todos no âmbito de nossa civilização. Manifesto do
artista italiano Piero Manzoni (1933-1963), extraído da obra Escritos
de artistas: anos 60/70 (Jorge
Zahar, 2006), organizado por Gloria Ferreira e Cecília Cotrim.
IGITUR – [...] Este conto se
endereça à Inteligência do leitor que põe as coisas em cena, ela mesma. [...] Certamente
subsiste uma presença de Meia-noite. A hora não despareceu por um espelho, não
fugiu em tapeçarias, evocando uma mobília por sua vacante sonoridade. [...] E da Meia-Noite permanece a presença na
visão de uma câmara do tempo onde a misteriosa mobília para um vago frêmito de
pensamento, luminosa quebra do retorno dessas ondas e de seu alargamento
primeiro, enquanto se imobiliza (num movente limite), o lugar anterior da queda
da hora numa calma narcótica de eu puro
longamente sonhado [...] Desta vez a hora
não cai mais fora de mim, para tornar pesado o tempo refugiado nas cortinas,
nem, quando eu lhe [o] imploro, fugir pelo espelho, é em mim que ela cai
acordando esta consciência de mim pela lembrança, – ela
recria meu ser e me devolve a sensação do que tenho que fazer. [...] Pareceu-me ouvir o som especial de uma
Meia-noite. A hora é [ela?] O que lança o relógio não foi, indefinido, encher
as cortinas ou se perder pela fuga de um espelho, deixando-me sempre exterior
[a ela.] Não, ao som muito certeiro de uma Meia-noite, reconheci primeiro que o
instante era aqui e, como um único instante pode ser [...], e me lembro de mim mesmo. [...] Meu pensamento foi portanto recriado; mas e
eu, tê-lo-ei sido? Sim, sinto que esse tempo versado em mim me devolve este eu,
e vejo-me semelhante à onda de um narcótico tranquilo cujos círculos
vibratórios vão e vem, fazendo um limite infinito que não atinge a calma do
meio. [...] E antes de tudo esta
inteligência deve voltar-se para o Presente. [...] Trechos
extraídos da obra Igitur ou A loucura de
Elbehnon (Nova Fronteira, 1985), do poeta e crítico literário francês Stéphane
Mallarmé (1842-1898). Veja mais aqui, aqui e aqui.
TRÊS POEMAS – APRESENTAÇÃO - Dêem-me licença. Vim cá pagar / Uma dívida
de saudade e de amor. / E como a saudade e o amor são amigos da cantiga / Passem-me
um violão: quero cantar! / Sim, cantar. Nesse toada nossa: / Ora triste, ora
alegre… / Consoante o coração mandar!... / Quem eu sou? Um filho de San
Vicente. / Nascido, criado, lá na Ponta da Praia. / Lá onde o mar se espreguiça
debaixo dos botes, / Como a barra duma saia. / O que eu quero? Cantar a minha
terra! / Acompanhá-la na sua dor; / na nobreza da sua alma; / na pobreza da sua
vida! / Dizer-lhe na hora da despedida: / Eis o meu corpo: estruma o teu chão!
/ Eis o meu sangue: rega o teu milho! / Irmão: eis o teu irmão! / Mãe: eis o
teu filho!.. PARA FRENTE É QUE É O
CAMINHO - Escuta. / Eu não sou daqueles / que andam a rimar amor com
flor, / nem daqueles que andam a procurar / como peixe na rede, / um buraco
para fugir. / Ideia de embarcar
/ nunca me passou pela cabeça. / Nunca gostei de andar depressa, / Nem de
arrepiar caminho. / Se é para ir viver vida de galinha choca / em terras aonde
o sol / vê-mo-lo só aos bocadinhos, / se é para ir sentir o pão amargar-me na
boca, / na terra dos mandingas e dos landins. / Antes de ficar por cá a gozar deste mar / E deste céu. / Não,
compadre, não vou na troca! / Para frente é que é o caminho!... DIANTE DO MAR DE SAN VICENTE - Coitados
daqueles / que não quiseram
ouvir mar, e foram / para terra longe, / perder a lembrança deste sol, / e a aprender estórias / que
ninguém quer contar. / Coitado daqueles!...
/ Mas cada um deles / levou, na concha do ouvido, / a voz da tua
ressaca, mar, / para os guiar, / como o tino guia a pomba, / na hora de voltar.
/ Eis-me diante de ti, mar, /— filho diante do pai — / a querer acatar a tua
palavra / e ouvir os teus conselhos. / Eis-me diante de ti, mar, / pedaço de retalho / vindo a boiar na ribeira
/ esvaziar a impureza que catei no mundo. / A querer ir na enxurrada de lama a
cascalho / que hás-de voltar a
arremessar nestas bordeiras / juntamente um dia com a areia e o limo do teu
fundo.
Poemas do poeta cabo-verdiano Sérgio Frusoni (1901-1975). Veja mais
aqui.
A ARTE DE TRACEY
EMIN
A arte da artista inglesa Tracey Emin.
AGENDA
&
&
Políticas em debate, A dialética de Antonio Gramsci, As experiências
de John Hagelin, o pensamento de Comenius, O homo ludens de Johan Huizinga, Diálogos de Reginaldo Oliveira & a arte de Nicomedes Gómez aqui.