CRÔNICA DE AMOR
PARA ELA – Foi ela, coração de mãe, quem me deu a
vida quando eu não sabia nada, quem me deu sorriso quando eu tomava pé do mundo
e das coisas, olhos grandes para tudo. Dela aprendi a lição do amor quando tudo
era novo e eu dependente do seu jeito, agarrado ao cós da saia sem saber de
onde vinha nem para onde ia. E me fiz menino atado ao seu estímulo, crescendo
como dádiva dos que precisam. E virei garoto atento e fascínio aos 40 graus de
curiosidade e perseguição. A nudez dela, alma de mulher, me levou pelas frestas
das portas, olhos miúdos às fechaduras, escondido pelas brechas, entre combongós,
pelas cumeeiras e basculantes, escondido por cima do muro no quintal da
vizinha, até saber-me pronto para o deleite. Era ela sempre a minha festa com
seus cabelos sedosos aos ventos, seus olhos de manha cheios de ternura, suas
feições dóceis de pele macia, seus lábios salientes dos beijos mais expostos. Ela,
meu porto seguro, sempre o meu refúgio nas horas perdidas por seus ombros
aconchegantes, seus seios angelicais de todas as frutas do pomar, seu ventre de
Sol alumiando meu destino e sina. Foi dela que recolhi todas as estrelas
brilhantes que me encantavam os sonhos e a esperança, quando eu cantava Fonte como se não tivesse mais saída. Foi
dela que aprendi a acolhida na cilada das horas, quando eu andava perdido
saindo pra outra depois de um chega pra lá. Pra mim ela se fez meu tudo e eu
grato dei meu coração e toda minha vida. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.
UNA CANCIÓN PARA LA MAGDALENA
Si, a media noche, por la carretera que te conté,
detrás de una gasolinera donde llené,
te hacen un guiño unas bombillas azules, rojas y
amarillas,
pórtate bien y frena.
Y, si la Magdalena pide un trago,
tú la invitas a cien que yo los pago.
Acércate a su puerta y llama si te mueres de sed
si ya no juegas a las damas ni con tu mujer.
Sólo te pido que me escribas, contándome si sigue
viva
la virgen del pecado, la novia de la flor de la
saliva,
el sexo con amor de los casados.
Dueña de un corazón, tan cinco estrellas,
que, hasta el hijo de un Dios, una vez que la vio, se
fue con ella.
Y nunca le cobro la Magdalena.
Si estás más solo que la luna, déjate convencer,
brindando a mi salud, con uma que yo me sé.
Y, cuando suban las bebidas, el doble de lo que te
pida
dale por sus favores, que, en casa de María de
Magdala,
las malas compañías son las mejores.
Si llevas grasa en la guantera u un alma que
perder,
aparca, junto a sus caderas de leche y miel.
Entre dos curvas redentoras la más prohibida de las
frutas
te espera hasta la aurora, la más señora de todas
las putas,
la más puta de todas las señoras.
Con ese corazón, tan cinco estrellas,
que, hasta el hijo de un Dios, una vez que la vio, se
fue con ella.
Y nunca le cobro la Magdalena.
Música de Pablo Milanés & Joaquin Sabina, extraída do álbum 19 dias y 500 noches (BMG/Ariola, 1999),
do cantautor espanhol Joaquín Sabina.
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&
DESTAQUE: A VELHA SENHORA MAGDALA
[...] Estavam
todos na sala de visitas, para onde foram levados os castiçais. Magdala
sentia-se envolvida por um agradável torpor, em conseqüência do copo de vinho
que havia bebido. Escutava, de uma das mulheres, a narrativa das aventuras da
troupe ambulante. Há mais de três meses – contava a loura – que se encontravam
fora do Rio, visitando cidades do interior de Minas Gerais e São Paulo.
Regressavam agora ao ponto de partida. Era uma vida de sacrifícios. Fora um
fracasso a temporada e voltavam mais pobres do que quando partiram. Acrescentou
sua decisão firma de abandonar aquela existência errante e boêmia; já não era
criança, precisava pensar no dia de amanhã. Foi interrompida pelas primeiras
notas do acordeão. Uma polca. O homem cantava: Tive um amor na vida, / Um velho
amor lá no sul. / E quando a tarde vem, Leontina... Todos entraram alegremente
em coro. Magdala havia cerrado os olhos. O vento frio da noite atravessava as
janelas abertas. E quando a tarde vem, Leontina... Magdala abre os olhos: bem à
sua frente, sobre o consolo de jacarandá, parece contemplá-la a imagem do avô
Felipe. Não o conhecera, é verdade. Mas pela descrição que dele costumava fazer
o pai, facilmente lhe reconstituía os traços na memória. Via-o, assim, como nos
velhos tempos, enchendo a fazenda de escravos, multiplicando as terras,
arrancando riquezas do solo. Em poucos anos transformara os poucos alqueires de
sua sesmaria, naquele mundo de serras, de vales e planícies que as plantações de café e de cana-de-açúcar
dominavam em dezenas e dezenas de léguas. A vasta casa-grande, quadrada,
simples, fora erguida por ele. Também a capela. A música silenciara. – Que
deseja ouvir agora? – indagou o homem do acordeão. Magdala pensou um pouco e
pediu o Doce Amélia. Era uma cantiga triste e Magdala dançara muitas vezes.
Também costumava cantá-la ao piano, acompanhada pela irmã Tereza. Oh! Doce
Amélia / quem pode ver-te... Vieram-lhe lágrimas aos olhos. Sentia-se ainda
tonta, e não sabia se era do vinho ou de emoção. Mentalmente, acompanhava a
melodia, recordando os versos: a doce Amélia fora obrigada a casar-se com um
velho conde, porque assim lhe ordenara o pai. Mas o grande amor de sua vida era
o mancebo que todas as tardes passava à frente do sobrado e suspirava por lhe
tocar nos longos cabelos negros. Um dia, por intermédio da mucama de confiança,
conseguem ajustar a fuga para daí a três noites. O pai descobre o plano e manda
assassinar o jovem. Amélia suicida-se, apertando entre os dedos o lenço de
renda que o amado lhe remetera pouco antes de atingi-lo o punhal assassino. Oh!
Doce Amélia / quem pode ver-te... As lágrimas escorrem pelas faces de Magdala.
Não sabe se chora pela infeliz Amélia, ou por ela mesma – pelas suas
lembranças. Soluça. Todo o seu corpo estremece como uma folha sacudida pelo vento.
[...].
A velha senhora Magdala (1958),
trecho de conto do escritor e jornalista José Condé (1917-1971). Veja mais aqui e aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A arte
da pintora estadunidense Ruth Kligman (1930-2010), artista e musa de vários
importantes artistas como Jackson Pollock e Willen de Kooning, entre outros.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.