TODO DIA É DIA DA
MULHER
A PONTE ENTRE QUEM AMA E A PLENITUDE DO AMOR! - Imagem: Desnudo,
do pintor e artista gráfico espanhol Ramón
Casas (1866-1932). - Na distância entre o meu coração e a imensidão
cosmogônica, ela se estira nua pro meu deleite na liberdade verdadeira – a
sensação etérea em mim e ao meu redor. Não fosse ela a ponte entre o amor e eu,
cego eu erraria por anos e farsas. Não fosse ela a ponte entre o factível e o
inatingível, eu não saberia a verdade de viver. Não fosse ela a ponte entre a
minha heterodoxia e meus paradoxos, eu não descobriria jamais a vida em sua
plenitude. A ponte, ela: entre o universo e minha existência. Ela nua e linda, corpalma,
ora estatelada com quem adormece à espera da minha chegada, ora de bruços como
que indefesa dos meus ataques e desvarios para sua entrega. Ela sempre mais
maravilhosa que sempre, mais minha que nunca, a me oferecer sua carne para que
eu me aposse em defintivo na nossa trajetória efêmera de viver. É ela, um pé no
ocidente do mundo, o outro no oriente lomngínquo – ah, podólogo atrevido sou a
sacralizar toda sua emanação -, e eu como um fiel fanático, ajoelho-me e
acaricio toda extensão do seu solado, calcanhar, pernas, joelhos, coxas, até
folgar no encontro do ventre e lá provar com toda gulodice de toda sua
proveitosa delícia – o manjar da vida, o elixir da alma, no meio do caminho em
tudo acontece e ouso atravessar essa ponte que quero morar embaixo, viver
passeando por cima, vencê-la sempre, superá-la a todo instante, sabê-la minha e
só minha em todo e mais completo momento. Essa a ponte que me ensina além de
mim e de tudo e não me canso de usurpá-la vencendo seus limites e eu animal
selvagem a lamber seu umbigo,a sugar seus seios, acariciar o ombro e contornos
até beijá-la apaixonadamente lábios e faces a flagrar seus olhos incendiados de
prazer a me queimar na combustão dos desejos. E ela o carnal e o anímico em
confluência e na convergência de lábios e sexo na volúpia pela posse de todos
os desejos, para mergulho no céu da sua boca e entre as estrelas do prazer, me
faço inteiro a cobrir seu ser - a ponte que me faz macho insaciável e homem que
se realiza. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.
Curtindo o dvd Everything Is Changing (PIAS-Holland, 2012),
da cantora, compositora, guitarrista e pianista holandesa Anneke van
Giersbergen.
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A arte do escultor e artista plástico
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DESTAQUE: ELISA, MURILO RUBIÃO
"Eu amo os
que me amam; e os que vigiam desde a manhã, por me buscarem, achar-me-ão."
(Provérbios, 8, 17). Uma
tarde - estávamos nos primeiros dias de abril - ela chegou à nossa casa.
Empurrou com naturalidade o portão que vedava o acesso ao pequeno jardim, como
se obedecesse a hábito antigo. Do alpendre, onde me encontrava, escapou-me uma
observação desnecessária: - E se tivéssemos um cachorro? - Não me atemorizam os
cães - retrucou aborrecida. Com alguma dificuldade (devia ser pesada a mala que
carregava), subiu a escada. Antes de entrar pela porta principal, voltou-se: -
Nem os homens tampouco. Surpreso por vê-la adivinhar meu pensamento,
apressei-me em desfazer a situação cada vez mais embaraçosa: - Hoje o tempo
está ruim. Se continuar assim... Interrompi a série de bobagens que me ocorria
e, encabulado, procurei evitar o seu olhar repreensivo. Sorriu levemente,
enquanto eu, nervoso, torcia as mãos. Logo a desconhecida se adaptou aos nosso
hábitos. Raramente sai e nunca aparecia à janela. Talvez não tivesse reparado
no primeiro momento em sua beleza. Bela, mesmo no desencanto, no seu meio
sorriso. Alta, a pele, de um branco pálido, quase transparente, e uma magreza
que acusava profundo abatimento. Os olhos eram castanhos, mas não desejo falar
deles. Jamais me abandonaram. Cedo começou a engordar, a ganhar cores e, no
rosto, já estampava uma alegria tranquila. Não nos disse o nome, de onde viera
e que acontecimentos lhe abalaram a vida. Respeitávamos, entretanto, o seu
segredo. Para nós era, simplesmente ela. Alguém que necessitava de nossos
cuidados, do nosso carinho. Aceitei os seus longos silêncios, as suas
repentinas perguntas. Uma noite, sem que eu esperasse, interrogou-me: - Já amou
alguma vez? Por ser negativa a resposta, deixou transparecer a decepção. Pouco
depois, abandonava a sala, sem nada acrescentar ao que dissera. Na manhã
seguinte, encontramos vazio o seu quarto. Todos os dias, mal começava a cair a
tarde, eu ia para o alpendre, à espera de que ela surgisse a qualquer momento
na esquina. Minha irmã Cordélia desaprovava-me: - É inútil, ela não voltará. Se
você estivesse menos apaixonado, não teria tanta esperança. Um ano após a sua
fuga - estávamos novamente em abril - a vi aparecer no portão. Trazia mais
triste a fisionomia, maiores as olheiras. Dos meus olhos, que se puseram
alegres ao vê-la, desprendeu-se uma lágrima e disse, esforçando-me para lhe
tornar cordial a recepção: - Cuidado, agora temos uma cadelinha. - Mas o dono
dela ainda é manso, não? Ou se tornou feroz na minha ausência? Estendi-lhe as
mãos, que ela segurou por algum tempo. E, sem conter a minha ansiedade,
indaguei: - Por onde andou? O que fez nesse tempo todo? - Andei por aí e nada
fiz. Talvez amasse um pouco - concluiu, sacudindo a cabeça com tristeza. A sua
vida entre nós retomou o ritmo da outra vez. Mas eu estava intranquilo.
Cordélia olhava-me penalizada, insinuava que eu não deveria ocultar mais a
minha paixão. Faltava-me, contudo, a coragem e adiava a minha primeira
declaração de amor. Meses depois, Elisa - sim, ela nos disse o nome - partiu de
novo. E como lhe ficasse sabendo o nome, sugeri à minha irmã que mudássemos de
residência. Cordélia, apegada ao extremo à nossa casa, nada objetou. Limitou-se
a perguntar:- E Elisa? Como poderá encontrar-nos ao regressar? Refreei a custo
a angústia e repeti completamente idiotizado:- Sim, como poderá?
Elisa, conto
extraído da obra O ex-mágico
(Universal, 1947), do escritor e jornalista Murilo Rubião (1916-1991). Veja mais aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A modelo Elisa
Desoire na arte do fotógrafo Manuel
Colombo.
DEDICATÓRIA
A edição de hoje é dedicada à psicóloga e
funcionária pública Fátima Jambo.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra: Beijo, do artista, grafiteiro
e muralista Eduardo Kobra.
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.