TODO DIA É DIA DA
MULHER
LEGALIDADE SOB SUSPEITA – Marquito
vendia bolo de goma na esquina da matriz quando, num golpe da sorte, ganhou por
herança a bodega do avô. Invejado, danou-se a trabalhar e entre tropeços e
desatinos na confusão entre apurado e lucro, quase faliu, graças as investidas
do seu compadre Zé Bonzinho na criação de um chavão que salvou a bancarrota:
não fique com a cara de priquito, compre na bodega do Seu Marquito! Com a mangação
prosperou e três anos encarreados da dinheirama escorrer pelo ladrão, o
salvador da pátria chamou na grande: Tá na hora de ajudar os outros. Aqui não é
igreja pra fazer caridade, berrou Marquito afastando o olho gordo do compadre. Hômi,
seu minino, Deus castiga!, alertou o conselheiro dono de emissora do serviço de
alto-falante da cidade, avisando que em épocas de fartura é bom precaver das
vacas magras. Dizia e saía na Rural feita carro de som, locutando as
propagandas e adágios populares na maior pilhéria. Era uma graça. Conversa vai,
desaforos pra lá e pra cá, Marquito achou de se entender com Zé Bonzinho e
foram tomar uma no bar. Lá chegando encontraram o Doutor Zé Gulu. Na medida!,
disse Marquito pro parceiro. Cuma?, indagou Bonzinho. Oxe! Achamo o cara certo
pra dizê o que fazê, ora! E dirigiu-se pro sábio questionando a respeito de
filantropia. Caridade? Já dizia o bom e saudoso Rei Lua Gonzaga: uma esmola prum homem que é são, ou lhe mata
de vergonha, ou vicia o cidadão. E o que faço? Ora, quais os problemas
daqui? Ah, aqui só tem puta, viado e rixa, tudo da muita! Afora isso, safadeza,
frescura e fuxico. Foi quando no meio do palavreado culto sobre ações sociais, responsabilidade,
solidariedade etc e tal, os dois se viraram um pro outro se perguntando qual a
diferença daquilo que ele estava falando pro que eles chamavam de caridade.
Muita diferença, disse-lhes. Entenderam nada. Façam um plano de Marketing
Social ou Societal. Que droga é nove? Inseste isso, é? Sim, existe sim: educar
o povo na coleta de lixo, economizar energia elétrica, cuidar do meio ambiente,
prática de hábitos saudáveis, respeito as diferenças, alteridade, muita coisa.
Cuma assim? Ora, existem as garantias dos direitos fundamentais que todos
deveriam saber e vocês poderiam tornar isso público, já que ninguém sabe nada
da Constituição Federal vigente. Esse hômi tá cumplicando as coisas, tais
vendo? Essa é uma forma de contribuir. E é? É. Entonse, tá. Dê uns exempros aí.
O guru, então, assim de cor e salteado, saiu escrevendo várias coisas num
pedaço de papel e entregou pra eles, de vê-se o Bonzinho assoletrando a
garrancheira, sílaba por vogal e assim por diante. Com uma paciência
inesgotável, o intelectual explicou cada uma das frases, deixando ambos
bastante empolgados. É mermo? Isso é muito demais! Vou botar no ar agorinha
mesmo! E empostou a voz com uma das mãos em concha ao ouvido: Apoio cultural:
Mladeira Empreendimentos Gerais e Cia Ltda. Aplausos efusivos. Acertou, assim
mesmo que eu quero: Mladeira Empreendimentos Gerais e Cia Ltda, esse o negócio
do agora empresário Marquito Ladeira, livrando-se do odiento nome de bodegueiro
ou comerciante: Sou empresário empreendedor e fim de papo. E era, vendia de
tudo, de agulha à peça de caminhão, de consórcio a pule de bicho, de pipoca a
carro velho, passasse um risco no chão trocava revólver por galinha, fazia uma
valsa sem fim, de duplicata até fio de bigode como garantia do fiado: o que
importa aqui é o que freguês saia feliz... e me pague, né?, um meio riso
balançando a pança. No primeiro giro do carro volante anunciando as boas novas,
lá vem o enterro voltando. O presidente da Câmara de Vereadores completamente
indignado com aquilo, convocou uma reunião extraordinária, na qual taxou aquele
zoadeiro de propaganda comunista, incendiando os demais edis e a plateia que
lotara pra ver o que estava se sucedendo por ali. De lá saiu uma comitiva até a
delegacia, prestando queixa contra os subversivos que estavam causando desordem
no lugar. O delegado atordoado ligou pro juiz, enquanto um dos vereadores telefonou
pro bispo e um outro pra promotora delatando o caso. Daí a pouco estavam todos
na reunião deliberando a denúncia. A promotora, por sua vez, deixe comigo! E chamou
um dos militares ordenando que ele fosse com uma tropa buscar o seu Marquito
Ladeira do jeito que estivesse pro seu gabinete. E foram, trouxeram de quebra o
Zé Bonzinho, tudo pendurado pelas orelhas. O que o senhor acha que está
fazendo? Mas dona doutora... explica aí, Zé Bonzinho, sai dessa enrascada, vai.
Dona doutora veja aqui o que a gente está fazendo, metendo o dedo no gravador
pra rodar as propagandas. Mas isso é a Constituição Federal! É proibido falar
dela? Eu num dissse, foi na onda daquele doutor, ué! É isso que vocês estão
rodando no carro de som? Sim, senhora, rodava, a senhora manda, parou tudo. Que
mico! Onde é que nós estamos? Qual problema, dona doutora? Meus parabéns, podem
continuar. Mas tão dizendo que a gente é uns comunistas e subversivos? Pode um
negócio desse? Não, não, podem continuar, vocês estão fazendo um bem pra Nação.
Vou agora mesmo me entender com esses vereadores, podem ir. Ah, tá, se a
senhora tá dizendo, então, tá! Simbora Zé que a gente vai comer arroiado agora
no maior fuzuê. Mas ô dona doutora, a senhora permite uma pergunta? Diga! Quem
é esse maloqueiro que está aqui nessa foto com a senhora? Meu marido! Ih. Assim,
também, é demais também. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.
Curtindo os álbuns com o talento e a beleza da
saudosa soprano lírico-coloratura estadunidense Anna Moffo (1932-2006).
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A arte do pintor, desenhista, miniaturista,
capista, retratista, gravador e escultor Floriano
de Araújo Teixeira (1923-2000).
DESTAQUE: IMPROVISAÇÃO PARA O TEATRO
[...] A
linguagem e as atitudes do autoritarismo devem ser constantemente combatida
quando se deseja que a personalidade total emerja como uma unidade de trabalho.
Todas as palavras que fecham portas, que têm implicações ou conteúdo emocional,
que atacam a personalidade do aluno-ator ou mantêm o aluno totalmente
dependente do julgamento do professor, devem ser evitadas. Uma vez que muitos
de nós fomos educados pelo metódo aprovação/desaprovação, é necessário uma
constante auto-observação por parte do professor-diretor para erradicar de si
mesmo qualquer manifestação desse tipo, de maneira que não entre na relação
professor-aluno. A expectativa de julgamento impede um relacionamento livre nos
trabalhos de atuação. Além disso, o professor não pode julgar o bom ou o mau
pois que não existe uma maneira absolutamente certa ou errada para solucionar
um problema: o professor, com um passado rico em experiências, pode conhecer
uma centena de maneiras diferentes para solucionar um determinado problema, e o
aluno pode aparecer com a forma cento e um, que o professor até então não tinha
pensado. Isto é particularmente válido nas artes. [...].
Trecho extraído da obra Improvisação para o teatro
(Perspectiva, 1979), da autora e diretora de teatro Viola Spolin (1906-1994). Veja mais aqui, aqui e aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
DEDICATÓRIA
A edição de hoje é dedicada à cantora,
compositora e marketóloga Moína Lima,
filha do saudoso Taiguara & da escritora Eliane Potiguara.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra: a arte da pintora e artista visual estadunidense Reisha Perlmutter.
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.