quarta-feira, julho 20, 2016

LOUISE GLÜCK, EDSON ZAMPRONHA, ÍTALO CALVINO, MOHOLY-NAGY, ANKE CATESBY, MIKE EDWARDS, BETINA MULLER & TEMPOS DA PRAIEIRA


EITA! VOU POR ALI NO QUE VEM E QUE VAI! - Ô de casa, ô de fora, quem sabe faz a hora, nunca é tarde pra fazer. Pra não dizer que não falei da vida, as coisas vão tão depressa que não dá tempo nem de pensar, muito menos avaliar se se vive a experiência de viver, ou se vai no automático, levado pelo embalo da onda que a gente nem sabe onde vai rebentar. A rigor, não há nada a se dizer no meio da instantaneidade labiríntica e voraz, porque veio e passou, se viu e não enxergou, entendeu e não compreendeu. Há mil razões para ficar atento, tudo pode acontecer, inclusive nada. Tudo confunde e basta olhar por uma janela e ver a lua todo dia lá no alto, independente que se mude de opinião ou faça outra coisa, ela está sempre lá todas as noites, seguindo suas fases, não importando se cheia, ou nova, crescente ou minguante. Hoje se pega a semente e se quer que ela, de preferência, dê pra fruto hoje mesmo, nada de esperar o tempo dela virar raiz, caule, folhas e flores. Não há tempo pra esperar, o tempo não para. E o universo todo cabe dentro de um simples grão de areia. O que importa mesmo é que não há um só lado, nem só direita ou esquerda, frente ou atrás, nem só outro lado, muitos e múltiplos lados. E em cada lado uma surpresa, o imprevisível, tanto uma afortunada situação, como embaraços, trecos, algo iminente, insetos, explosões, escombros, monturos, felicidades, prédios que desabam, assaltos, assassinatos, a fome, a guerra, os invisíveis – pedintes, feiosos, doentes, apenados, antipáticos -, incêndio nas plantações, demissões, desvarios, alegrias. Tudo pode ser feito, inclusive não fazer nada, como de costume, viver como se nada tivesse acontecido, anestesiado, absorto, enquanto se conta carneirinho pro tempo passar e poder dormir. Quando o dia amanhece nem dar conta dos zumbidos, e sem óculos não precisar de nada, sem ter que pôr luvas nas mãos ou máscara na cara pra não ser contagiado nem acometido por enfermidades que voam no ar e nem se dá conta do risco de se contaminar com as nossas próprias ganâncias e despropósitos. Lá fora a chuva cai empoçando as ruas, encharcando os sapatos e os pés firmes no chão sem saber se está ou não perdido, eu mesmo não sei, quem sabe, há tantas maneiras e formas e modos quanto pessoas com fisionomias, cacoetes, sotaques, idéias e ideais. Quantas maravilhas pra nossa admiração nesse tempo de tantas tecnologias que nem dá pra dar conta dos horrores do cotidiano, tudo quase nem percebido pra indignar, o que nunca devia ter acontecido e aconteceu. Talvez fosse melhor repensar antes de agir, ou mesmo agir sem ter que avaliar o que foi feito, senão a gente se culpa, sente remorsos, mas nem se sabe ao menos se quando foi feito havia outra alternativa, ou se os caminhos se estreitaram ou estavam camuflados, ou se era uma única saída, ou foi impensado por mero açodamento ou intuição. O que sabe de mesmo é que se tem que escolher e ter de tomar medidas enérgicas sem que se mensure a urgência ou capricho, ter de decidir. Tomar a decisão no fio da navalha afiada ou na tranqüilidade da benevolência. Síncopes da vida e a minha pelos acordes em diminuta, sobrando nas curvas escorregadias, no rufar dos tambores dos ponteiros do relógio, a arritmia dos passos pelas vias esburacadas e, vez em quando, um freio de arrumação pra ajeitar o inorganizável no meio de todos os alarmes que ensinam o jeito de encarar os becos sem saída. Por enquanto, prefiro viver, experienciar, nem sei se é certo, nem dá pra saber mesmo o que é fazer a coisa certa, pois, com o tempo, tudo muda de lugar e já é outra coisa que muitas vezes nem se sabe ao certo o que é, mas que está na frente para ser apreendido e, se possível, sair com uma nova idéia de tudo e de todos. Ora, o que importa mesmo é viver e deixar viver, assim se aprende. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.


Imagem: a arte do pintor, fotógrafo e escultor húngaro Laszlo Moholy-Nagy (1895-1946).


Curtindo os álbuns Modelagens (Grupo de Estudos em Música Semiótica e Interatividade, Annablume e Soft Brasil, 2003) e Sensible (Clássicos), com obras para piano com sons eletroacústicos, do compositor e doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, Edson Zampronha.

PESQUISA:
[...] Em suma, o absurdo, legal e doutrinário, de um Estado desfalcado de um dos elementos essenciais – governo, mesmo de fato, - acefalia que podia atirar a Nação ao caos. Enfrentando, no rigor dos termos, desafiadora sangria desatada, as lideranças do momento puseram em prática o velho e sempre eficiente jeitinho brasileiro, superando a crise sem quebra das normas jurídicas essenciais; reunidos em espécie de convenção nacional, os congressistas que se encontravam no Rio – 26 deputados e 36 senadores – elegeram, às pressas, a regência provisória [...].
Trecho extraído da obra Os tempos da Praieira (Fundação de Cultura Cidade do Recife, 1981), do advogado, jornalista, historiador e político brasileiro Costa Porto (1909-1984), descrevendo o período histórico compreendido pelo movimento de caráter social pernambucano denominado de Revolução Praieira (1848-1849), que apregoava o voto livre universal, a liberdade de comunicação e pensamento, trabalho como garantia de vida e independência dos poderes constituídos, entre outros. Veja mais aqui.

LEITURA
Um ano, ele fixou-se numa arvore / até que, através da luz do sol, pura como nunca / depois, ele viu a estação, começo da primavera, trabalho / sobre esses troncos, sua magia permanente, que o olho retem: fundo, no cérebro, / o arbusto grava sua folha neste contexto, / entre monumentos, contínuo com tais formas geladas, / tal como tornou-se essa vinha treinada, / raiz, rocha, e toda as coisas perecíveis.
Trecho II do poema O efêmero, recolhido da obra Poemas: 1962-2012, da poeta estadunidense Louise Glück. Veja mais aqui.

PENSAMENTO DO DIA: 
[...] toda conversa é a continuação de outra mais antiga, [...] sobre uma existência como a minha não cabe fazer previsões: nunca sei o que pode acontecer-me na próxima meia hora, não sou capaz nem mesmo de imaginar uma vida feita de alternativas limitadas, bem circunscritas, a respeito das quais seja possível fazer apostas, ou isto ou aquilo. [...]
Trechos da obra , (Planeta De Agostini, 2003), do escritor italiano Ítalo Calvino (1923-1985). Veja mais aqui, aqui e aqui.

IMAGEM DO DIA: NEUROFILOSOFIA & NEUROCIÊNCIA COGNITIVA
Realizou-se nesta segunda, dia 19/07, mais uma reunião administrativa do Grupo de Pesquisa de Neurofilosofia e Neurociência Cognitiva, comandada pela professora Janne Eyre Sarmento, com a presença do psicólogo Weverky Farias e a professora Alyshia Karla Gomes da Silva Santos, definindo as atividades do grupo para o segundo semestre de 2016. Veja mais aqui.

Veja mais sobre Jean-Paul Sartre, Luis Buñuel, Carlos Santana, Zenão de Eleia, Francesco Petrarca, Max Liebermann, Silvia Pinal, Denise Barros, Georgy Kurasov & Ismael Oliveira aqui.

DESTAQUE
Todo dia é dia da locutora Betina Muller.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagem: Art on Art, do artista visual australiano Anke Catesby.
Veja aqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
World Peace, by Mike Edwards.
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
Veja aqui e aqui.


MARIA RAKHMANINOVA, ELENA DE ROO, TATIANA LEVY, ABELARDO DA HORA & ABYA YALA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Triphase (2008), Empreintes (2010), Yôkaï (2012), Circles (2016), Fables of Shwedagon (2018)...