ELUCUBRAÇÕES DAS HORAS CORRIDAS –(Imagem:
arte do diretor, roteirista, produtor, artista visual, músico e ator
estadunidense David Lynch) – Há
tempos eu não sei o que dizer de certas coisas, penso eu haver equívocos demais:
intolerância, superficialidade, engodo, tautologias, embustes, ofensas. Danou-se!
A cada dia que se passa as pessoas se ofendem com mais e maior facilidade, por
isso as relações se tornaram tão voláteis, descartáveis, de tudo não valer um
cuspe – principalmente quando ele bate na cara: aí é revertério de pernadas, mãozadas,
injúrias, blasfêmias, até perdigoto acidental vira pé de guerra. Como há tempos
já se dizia que visita de mais de três dias é a pior das indesejáveis, amizade
que dure esse período já é exitosa, avalie: não se atura mais o outro, ou desfizeram-se
os laços - amizade só dura o tempo do interesse, amigo só quando se precisa. A necessidade
dita as relações, quando fica congestionada por incompreensões ou contaminadas
pelas indiferenças – já não há graça alguma em nada -, uma nova substitui feito
uma roupa que se troca no cabide, sentimentos na lata de lixo. Tudo só é agradável
até a hora da discordância, quando por um cabelinho de sapo emerge inimizades
que, no apurado, não se sabe direito como foi que tudo começou: a era da
descontinuidade. Parece mais que todo mundo está de saco cheio, sobrecarregado
de tédio, esborrando angústia desconhecida, asco de tudo. O adulto gregário só no
bar ou na foto de família – esta, por sua vez, só em enterro ou festa que finda
com farpas e canivetes afiados -, o umbigocentrismo ocupou tudo e cada um
falando pelos cotovelos. Blábláblá. Algaravias. Enquanto isso, eu vou só e a pé
pelas ruas, acenando, sorrindo, no luxo que me dou de ser estrangeiro a dar bom
dia em qualquer lugar no país em que nasci. Às vezes até me vejo Garabombo, o
invisível, destá. E pra quem achou que eu havia morrido, ainda estou vivinho da
silva e carregando o coração na ponta dos dedos, acaso algum assaltante
fantasma resolva me surpreender pra que eu não tenha mais nada o que fazer. E vamos
aprumar a conversa. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
Imagem: a arte da pintora, designer, poeta
visual, editora de Artes Visuais do Jornal Memai e especialista em Marketing e poéticas
da arte contemporânea, Sandra
Hiromoto.
Curtindo as músicas dos álbuns Saga de Virgulino Ferreira, o Lampião, Astro Rei, Eu quero é cantar Luiz e Sarah
Brasil e a sinfonia da passarinhada, da cantora e compositora Sarah Brasil.
PESQUISA:
[...] Uma
nova comunicação que se de si para si mesma e onde reina o tautismo, neologismo
que condensa tautologia, autismo e totalidade.
Trecho extraído da obra O pensamento comunicacional (Vozes, 2000), do teórico da mídia,
administrador acadêmico e professor Ph. D em Economia, Bernard Miège, apresentando a evolução e as principais correntes
fundadoras do pensamento comunicacional, destacando as problemáticas surgidas sobre
temas como indústrias culturais, a introdução das
tecnologias de informação e comunicação na sociedade e nas organizações, e a
análise das teorias da comunicação.
LEITURA
[...] Respiro
fundo. Essa maldita ansiedade que não me deixa aproveitar mais a minha
profissão. Por mais que seja lindo ser professor, ainda há um espinho
incomodando o meu coração, que se contorce e queima ao se lembrar do depoimento
da Naomi. O fato de agressões sem motivos ou razão acontecerem tão
frequentemente com professores, no Brasil, me aterroriza. Não posso evitar de
pensar, que talvez a próxima vítima seja eu. Chega até ser ridículo sentir medo
daquilo que eu sonhei para minha vida. Enquanto me aproximo da sala, sinto uma
mão puxar a minha blusa delicadamente e desperto surpresa com aquele rosto tão
angelical, que me olha sorrindo.
Trecho do livro Meu
delírio, a ser lançado pela escritora Érica Christieh.
PENSAMENTO DO DIA:
[...] não estamos mais no drama da alienação, mas
no êxtase da comunicação. E este êxtase é obsceno. [...] caminhamos para um mundo inteiramento
funcional, operatório, racional, positivo, sem o mínimo buraco, de uma transparência
total, logo, extremamente mortal. [...] o
virtual e o viral caminham juntos, a recente irrupção dos vírus eletrônicos oferece
uma anomalia remarcavel: diríamos que existe um prazer moleque das máquinas em
amplificar; ou em produzir efeitos perversos, em exceder suas finalidades pelas
suas próprias operações. Existe aí uma peripécia irônica e apaixonante. Pode ser
que a inteligência artificial se parodie a ela mesma nessa patologia viral,
inaugurando aqui uma espécie de verdadeira inteligência.
Trecho
extraído da obra El otro por si mismo
(Anagrama, 1988), do sociólogo e filósofo francês Jean Baudrillard
(1929-2007). Veja mais aqui, aqui e aqui.
IMAGEM DO DIA:
A arte da premiadíssima dançarina e
coreógrafa austríaca Doris Uhlich. Veja
mais aqui.
Veja mais sobre Reino dos Sonhos, Osman
Lins, Denise Levertov, Pedro Almodóvar, Jurandir Freire Costa, Renato
Borghetti, Laszlo Moholy-Nagy, Cédric Cazal & Mike Todd aqui.
DESTAQUE
A arte da poeta, contadora de história, artista plástica,
escultora e estilista Efigênia Rolim – a Rainha do Papel.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Nu - Acrílico e pastel sobre madeira, do pintor
espanhol Vicente Romero
Redondo.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Imagem:
arte do escultor, pintor, gravador, desenhista, professor de dança e curador Edilson Viriato.
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.