O AMOR DE NAIPI & TAROBÁ – As águas
do rio Iguaçu paravam para a formosa Naipi se banhar. O Sol brilhava mais vivo,
os pássaros alvoroçavam aos gorgeios de todos os tons, a Natureza inteira com
todos os seus bichos, árvores, folhas e flores, irradiava pujança, tudo se
tornava a mais maravilhosa felicidade para saudar a mais bela entre todas as
mulheres da Terra: a filha do cacique da tribo Caingangue. A fascinante
boniteza dela exalava ternura por todos os seus poros e, mais que feliz, distribuía
com tudo e com todos a sua generosa alegria cativante. Era admirada por todos,
mas o seu coração exultava de paixão por Tarobá, o jovem guerreiro, forte e
valente que vivia naquela tribo. Ambos viviam enlaçados pelo mais profindo
sentimento de amor. Eis que um dia, o cacique da tribo anunciou que era chegada
a hora da festa de consagração para a escolha da jovem que serviria ao governante
do mundo, Mboi, o filho de Tupã que possuía a forma de uma serpente. A escolhida
passaria a viver exclusivamente a serviço do seu culto, garantindo a proteção
do deus para eles. Reuniram-se todos para escolher entre as jovens e, por unânime
resultado, Naipi fora escolhida. A tribo fez-se festa, o pajé e os caciques se
embriagavam com cauim, os guerreiros dançavam e todos festejavam a escolhida. Ao
saber disso, Tarobá entristeceu-se, viu seu amor ser destruído de uma hora pra
outra. Então, num lance de coragem, enquanto todos se esbaldavam nos festejos,
ele resolveu raptar a formosa Naipi, fugindo com ela numa canoa rio abaixo pela
correnteza. Quando o deus Mboi chegou para se apossar da escolhida,
verificou-se que ela havia desaparecido. Ele ficou furioso e com todo seu poder
contraiu os anéis do seu corpo para remover as entranhas da Terra e das
profundas do mundo abriu uma fenda tão gigantesca, produzindo uma terrível e
extensa catarata. Todos estavam amedrontados com a ira do deus que ao dar conta
dos fugitivos, fez com que as águas revoltas emergissem até a maior altura dos
céus e da lá despencar em queda por uma grandiosa cachoeira. Os amantes sem saída
e levados pela fúria do deus, desaparecem entre as águas para sempre. Mboi vai
caçá-los e recupera os corpos dos deles, transformando Naipi em uma grande
rocha no centro das cachoeiras, e Tarobá em uma árvore inclinada à beira do
abismo nas gargantas do rio. Assim fez e ficou ele radiante com a sua vingança.
Foi do amor dos belos apaixonados que surgiram os Saltos do Iguaçu. (Recolhida
da coleção Viagem através do Brasil,
de Ariosto Espinheira). © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais
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Imagem: a arte do
pintor e desenhista do Cubismo francês e autor de litogragias, Fernand Léger (1881-1955). Veja mais
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Curtindo o álbum Recomposed by Max Richter: Vivaldi - The Four
Seasons (Deutsche Grammophon, 2012), do compositor germânico Max
Richter, com Daniel Hope, André de Ridder & Konzerthaus Kammerorchester
Berlin.
PESQUISA:
Todas as
pessoas são capazes de atuar no palco. Todas as pessoas são capazes de
improvisar. As pessoas que desejarem são capazes de jogar e aprender a ter
valor no palco. Aprendemos através da experiência, e ninguém ensina nada a
ninguém. [...] é no
aumento da capacidade individual para experienciar que a infinita
potencialidade de uma personalidade pode ser evocada. Experienciar é penetrar
no ambiente, é envolver-se total e organicamente nele. [...].
Trecho do livro Improvisação
para o teatro (Perspectiva, 1979), da autora e diretora Viola Spolin (1906-1994). Veja mais
aqui e aqui.
LEITURA
[...] há seis anos escorria sua pálida magreza
pelas poucas sombras das ruas tristes de muriaé cidade triste há cinco anos
vestia-se com as primeiras neves de fairfield ohio graças a uma bolsa do american fields ganha em
concurso promovido pela loja do rotary club de muriaé cidade triste há quatro
anos arranhava suas incertezas no Citibank suas certezas no citibank há dois
anos ganha dinheiro pro o velho não vai deixar porra nenhuma pra mim há um ano
cuida do caixa-dois da corretora vai ficar tudo pros ela desembarca
london-gatwick um anel adquirido na portobello road na palma da mão é seu londres como estava? tum-tum
tum-tum tum-tum tum-tum [...]
Trecho da
obra Eles eram muitos cavalos (Companhia das Letras, 2013), do premiado
escritor Luiz Ruffato. Veja mais
aqui e aqui.
PENSAMENTO DO DIA:
[...] Se alguém quiser entender uma obra de arte,
deve antes de tudo encará-la como um todo. O que acontece? Qual é o clima das
cores, a dinâmica das formas? Antes de identificarmos qualquer um dos
elementos, a composição total faz uma afirmação que não podemos desprezar.
Procuramos um assunto, uma chave com a qual tudo se relacione. Se houver um
assunto instruímo-nos o mais que pudermos a seu respeito, porque nada que um
artista põe em seu trabalho pode ser negligenciado impunemente pelo observador.
Guiado com segurança pela estrutura total, tentamos então reconhecer as
características principais e explorar seu domínio sobre detalhes dependentes.
Gradativamente, toda a riqueza da obra se revela e toma forma, e, à medida que
a percebemos corretamente, começa a engajar todas as forças da mente em sua
mensagem. É para isto que o artista trabalha. [...].
Trecho
da obra Arte e percepção visual: uma
psicologia da visão criadora (Pioneira, 2005), do psicólogo alemão Rudolf
Arnheim (1904-2007), desenvolvendo os conceitos representativos da
Psicologia da Forma.
IMAGEM DO DIA:
A arte do fotógrafo francês Fernand Fonssagrives (1910-2003).
Veja mais sobre Duofel, Jean Baudrillard, Richard
Wagner, Edgar Allan Poe, Roger Vadim, Vicente do Rego Monteiro, Alice
Kaub-Casalonga, Tristão & Isolda, Pina Bausch, Miles Willaims Mathis & Jayme Griz aqui.
DESTAQUE:
A arte da bailarina Regina Kotaka.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Todo dia
é dia da modelo e advogada espanhola Eugénia
Silva.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.