CARAMINHOLAS DO MIOLO DE POTE - Apurando
amiudado: tudo é efêmero, ecos do que já vi, ouvi e vivi. Se não me engano de
ontem, ou há anos. Tenho a impressão de que revivo o já vivido, coisa de
sisifismo. Confundo até sonhos e real, sanidade, hem? Algumas coisas se
repetem, vão e voltam, mesmo aprendendo a lição; olhe lá, como se repisasse,
enfaticamente, chamando a atenção. Não sei se pra meu desespero, o sazonal, o
intermitente. O relógio parou, emperrado momento. Refaço o caminho, recomeço. Estar
por dentro e olhar pra fora, sempre. E por mais que siga adiante, sempre estou
atrás. Que coisa! Parece engraçado, mas não é. Não há dificuldade em admitir o
fracasso, até se releva, acostuma. Tenho sempre pra mim que se agiu mal, ou
volta atrás ou assume as devastadoras consequências. Frequentemente na segunda,
pros que levam para uma situação polar. Ou ficar com a cara lisa por ter
cuspido pra cima e, como não saiu de baixo, caiu na cara. O difícil é discernir
entre o mal entedido e o beco sem saída. Quando tudo está fora de controle, a
corda no pescoço, a língua de fora, o cuidado com a culatra naquela de ficar
repassando o que devia ter sido feito e não foi. O paradoxal está sempre à
espreita, é quando mesmo perto ainda é distante, tudo pronto pro escorregão. É
preciso tomar pé da situação diante do inquietante, perturbador. Do nada,
teibei. Vai se arrumando, ajeita aqui, ali. Até que tudo volte ao normal e devolva
a dignidade pessoal para urdir planos pro futuro e coisa e tal. Impossível não
se afobar, nem se indignar, seguir adiante. E não ficar muito entre o isso ou
aquilo, um ou outro, este ou aquele, esse ou aqueloutro, querendo identificar o
que está no lugar certo ou errado, nada está certo nem errado. Discernimento em
dia. As vacas, os cachorros, o jumento, atravessam as ruas e não estão nem aí
pras leis e sequer respeitam os sinais de trânsito. Vão e voltam, na dele. Talqualmente
alguns que se acham que estão sempre certos, mesmo estando completamente
errados e se arvoram a acelerar no sinal vermelho, nem aí pro amarelo nem pra
patavina de lei ou convenção, vale é burlar pesos e medidas, distribuir
espermas nas desavisadas pela dinheirama afortunada enquanto empunha controle
da natalidade, e fabricar ódio pelas insatisfações, indisfarçavelmente misógino
ou homofóbico quando convier, mandando ver no assédio moral ou sexual, ou um e
outro, e falar de filantropias que não se dispõe a fazer, jogar o bom
comportamento pela janela e ainda culpar os outros por não ter felicidade
alguma. E como se acham donos da verdade, temem que alguém tire proveito de
suas ideias e destilam egoísmo, tiram proveito de tudo, se autoenvenenam e contaminam
todos; saem comprando tudo: felicidade, amor, amizade, emoções, a vida eterna. Dizem
o que dizem e fazem o que fazem. Só ficam perplexos diante da espetacularização
espalhafatosa da televisão, aqui do lado tudo é banalizado pelo umbigo. E eu
mais estrangeiro que nunca vou entre indiferentes moucos absortos em seus insuperáveis
problemas, não sorriem nem dão a graça do olhar. Eu que estou fora de lugar, a
gente podia viver melhor. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja
mais aqui.
Imagem: a arte da pintora Marie Fox.
Curtindo You’re
my trill (TBA Mute – Live, 2009), da cantora, compositora e instrumentista
avant-grad e experimental estadunidense Diamanda
Galás.
PESQUISA:
[...] valendo-se
da nova alquimia tecnocientífica, o homem pós-biológico teria condições de
superar as limitações impostas pela sua organicidade, tanto em nível espacial
quanto temporal.
Trecho do livro O homem pós-orgânico: corpo,
subjetividade e tecnologias digitais (Relume-Dumará,
2002), da ensaísta e pesquisadora argentina Paula Sibilia, abordando sobre o surgimento
do homem-informação, uma metáfora do sujeito condenado ao upgrade constante - tanto do software
(mente/código), como do hardware
(corpo/organismo), visando a ultrapassar os limites espaciais e temporais da
condição humana. Veja mais aqui.
LEITURA
Fui submetido à clave do signo do Outono /
portanto eu amo os frutos me aborreço com as flores / choro o beijo que dei não
sou mais dono / como colhida a nogueira diz ao vento suas dores / Ó meu eterno
Outono minha estação mental / mãos de amantes de antanho em teu solo juncadas /
uma esposa me segue minha sombra fatal / pombas riscam a tarde de últimas
revoadas.
Poema Signo,
extraído do livro Escritos de Apollinaire
(L&PM, 1984), reúne textos poéticos e prosaicos do poeta e critico de arte
francês Guillaume Apollinaire
(1880-1918). Veja mais aqui e aqui.
PENSAMENTO DO DIA:
Se alguma coisa te opõe e te fere, deixa crescer. É que estás a ganhar
raízes e a mudar. Abençoado ferimento que te faz parir de ti próprio.
Pensamento do escritor, ilustrador e piloto
francês Antoine de Saint-Exupéry
(1900 – 1944). Veja mais aqui e aqui.
IMAGEM DO DIA: LUALMALUZ – SEMANA LUCIAH
LOPEZ
Meu corpo é fogueira intensa / Quando me olhas assim / Desta maneira a
me devorar o corpo inteiro. / Neste seu beijo molhado / Sinto a pele quente
grudar / Rasgar na sua boca faminta... / Nas tuas mãos meus seios, meus anseios
/ Meu corpo de mulher se abre em luminescências / De cores odores, amores escorrendo
em doces / Sabores na tua boca e a tua língua me fazendo existir... / Sob o
peso do teu corpo desfaleço em êxtase profundo / Quando te sinto em minhas
entranhas, / Como um oceano inundando-me de puro amor. / Tuas águas
misturando-se às minhas águas / Um mar revolto dentro de mim faz sua morada... Na
tua hora, no teu êxtase tuas mãos / Procuram as minhas e tua boca possui a
minha boca / Num beijo doce e molhado consumando o nosso amor, / Fazendo-te
eterno dentro de mim.
Eterno em mim, poema/imagem/foto da escritora, artista visual e
blogueira Luciah Lopez. Veja mais aqui e aqui.
Veja mais sobre O Trâmite da Solidão, Frida Kahlo, Mercedes Sosa, Josué
de Castro, Homero, Ana Botafogo, Martha Angerich, Tamara de Lempicka, Genesio
Cavalcanti & Eliezer Augusto aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagem:
arte do fotógrafo Jim Duvall.
CANTARAU:
VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.