domingo, julho 10, 2016

FAULKNER, GEORG SIMMEL, SÁ & GUARABIRA, LEE ANN REMICK, ANDRÉ LEMOS, YOSUKE ONISHI, LANOO & MCNEILL WHISTLER


MIGRANTE ENTRE EQUÍVOCOS - Tudo passa: a vida passa em cada passo do caminho, vou passarinho professando a minha fé. E passando no trem da vida eu vou migrante entre equívocos e prestando atenção a tudo. Nem tudo vejo, cenas tão rápidas, tudo vai freneticamente rápido e eu espio o movimento, apreendendo o instante. Sei: se eu for na onda, posso me perder. Já estou perdido desde a primeira esquina, estradas, curvas, surpresas. Tudo está perdido. Não haveria de não ser, nem de outro jeito. Não importa o vagão que esteja, nunca se está sempre no controle. Vez por outra, sai do planejado. Percalços, vicissitudes. Voo baixo, pra não espantar nada nem ninguém. E ao se perder, nada será demais. É só aprender do labirinto até acertar, ou não. O ideal é poder ir e voltar. Cônscio dos meus próprios erros, nunca é tão tarde, corrijo o mais que posso. Sei que todas as intenções tornam a vida bastante insuportável. Entre a culpa e o dolo não há alternativa: ou vai, ou racha. Amálgamas: se não se sabe montar o quebra-cabeças, não há por que viver. Há de ver no retrovisor que o que passou pode ser tempo perdido, ou nunca mais ter esperanças. Pode ser que lá trás esteja o xis da questão. Nunca será tarde demais pra rever. Se me fosse dado o poder de bater o martelo, usaria o outro lado da bigorna, sempre a abertura para novas circunstâncias e alternativas. Se só há um caminho, prefiro outro qualquer. Atalhos nunca me chamaram atenção. Voltar, por exemplo, pode ser bem melhor. Antes isso que seguir a unanimidade. Parar e voltar pode mostrar onde errei pra cair numa única saída. Posso até achar o que perdi ou mesmo sentir o que havia passado batido. Eu sei do futuro por ontem; faço hoje diferente para não saber amanhã. Faço o melhor agora sem que me esqueça de sempre refazer. Nada está pronto, tudo está por fazer e refazer. Se é de lei, cumpra-se; mesmo sabendo pra quê tanta lei, meu Deus, se apesar, da compulsoriedade, jamais será cumprida. Outra lei revogará a anterior e o que passou já será invalidada, ou revalidada conforme o necessário ou o joguete de quem manda. Diante de escusos interesses, lei alguma tem valor: o reino dos casuísmos. Com um monte de leis, nada se efetiva, só engodo, embustes, equívocos. Pelo menos pra mim quanto mais tento fazer do modo mais fácil, mais aumenta a dificuldade. Nada é tão fácil que não dê um mínimo de trabalho. Nada é de brincadeira. Poder não se levar tão é sério é o melhor, rir é um santo remédio. Afinal, tudo está perdido, a menos que não se saiba da tragédia ou só faça graça. Já dizia Schoenberg: esta Terra é um vale de lágrimas, não lugar de entretenimento. Acredito, como ele, que a verdade existe e quero saber como é que é. Por enquanto, se tudo é difícil, reaprendo com cada ida e vinda. A vida não é so pra viver: tudo está vivo e tem uma razão de ser. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.


Imagem: a arte do pintor estadunidense James McNeill Whistler (1832-1903).

QUEM SABERIA PERDER
Desde pequeno eu estou por aqui
Na mesma vida que sempre aprendi
Bicho de rio e de mato, peixe criado em lagoa
Voa tristeza, voa vento, voa tempo voa
Um cavaleiro na estrada sem fim
O contador de uma historia de mim
Vivo do que faz meu braço
Meu braço faz o que a terra manda
Voa tristeza, voa vento, voa tempo voa
Mas qual de nós não carrega no peito
Um segredo de amor escondido
Diga quem nunca levanta de noite
Querendo de volta o perdido Oooô ooô quem saberia perder
Curtindo a interpretação de Ivan Lins para a música de Sá & Guarabira.

PESQUISA:
Toda história da sociedade tem por linha de combate o compromisso, as diversas conciliações, lentamente conquistadas e rapidamente perdidas, entre a tendência de fusionar com nosso grupo social e a tendência a dissociar-se dele individualmente.
Trecho recolhido de leituras das obras Tragédie de la culture (Rivages-Ponche, 1988) e Diagnóstico de la tragédia de la cultura moderna (Espuela Plata, 2012), do sociólogo e professor alemão Georg Simmel (1858-1918).

LEITURA
[...] Continuou, lentamente. Depois, parou. No quadrado de luz emoldurado pela porta, via-se a sombra da cabeça de um homem. Ela deu um salto, pronta para correr. Mas a sombra não tinha chapéu, de modo que ela se virou e, na ponta dos pés, foi espiar à porta. Viu um homem sentado numa cadeira, ao sol. A nuca estava voltada para ela. Cabeça calva, com uma franja de cabelos brancos. Mãos cruzadas no castão de grosseira bengala. Temple entrou no alpendre dos fundos [...].
Trecho da obra Santuário (1931), do escritor estadunidense e ganhador do prêmio Nobel de Literatura em 1949, William Faulkner (1897-1962), contando a história do estupro e sequestro da bela Temple Drake. Por conta disso, foi adaptado para diversas versões no cinema, entre elas, a de Tony Richardson, em 1961, estrelado pela belíssima atriz esrtadunidense Lee Ann Remick (1935-1991). Veja mais aqui.

PENSAMENTO DO DIA:
[...] A cibercultura é um exemplo forte dessa vida social que se quer presente e que tentaromper e desorganizar o deserto racional, objetivo e frio da tecnologia moderna. É necessário, assim, estarmos atentos para não sucumbir a um academicismo pessimista que isola ou a um otimismo histérico que só vê maravilhas.
Trecho do livro Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura contemporânea (Sulina, 2007), do sociólogo André Lemos. Veja mais aqui, aqui e aqui.

IMAGEM DO DIA:
A arte do artista visual Yosuke Onishi.

Veja mais sobre Cordel Tataritaritatá, A Primavera de Ginsberg, Milton Santos, Marcel Proust, Cleopatra, Véronique Gens, Rouben Mamoulian, Stark Naked Orchestra, Camille Pissarro, Elizabeth Taylor, Howard Chandler Christy & Clevane Pessoa de Araújo Lopes aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagem: Lady Justice, by Lanoo.
Veja aqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Lei & Pizza: enquanto no mundo é Dia de Lei, no Brasil tudo termina em Pizza!
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
Veja aqui e aqui.


MARIA RAKHMANINOVA, ELENA DE ROO, TATIANA LEVY, ABELARDO DA HORA & ABYA YALA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Triphase (2008), Empreintes (2010), Yôkaï (2012), Circles (2016), Fables of Shwedagon (2018)...