segunda-feira, março 10, 2025

TOLBA PHANEM, MARCELA FUENTES, CHARLES EISENSTEIN & CELULAR NA ESCOLA

 

 Imagem: Acervo ArtLAM.

Ao som do show Som Protagonista, contos e lendas do mundo (2021), da pianista, compositora, educadora e pesquisadora, Camila Lordy, que é formada em composição e regência pela Faam-FMU (2000), graduada em História na USP e mestrado na linha de pesquisa em História e Cultura Social pela UNESP (2021). Ela excursionou com a companhia do Teatro da Vertigem em festivais internacionais, gravou e participou dos trabalhos de diversos artistas nacionais, integrou a Banda Glória e faz parte do projeto Música de Brinquedo, da banda mineira Pato Fu.

 

Antes do tempo em que as coisas passaram a ter nome de gente... - A manhã era um rio levando as hestórias de todas as matas, seres e coisas. A tarde mormaçava com tudo bulindo numa dança vital. A noite esfriava refletindo as estrelas na festa da Lua. Aí os que não foram matados fugiram pronde pudessem viver em paz, enquanto uma asquerosa rainha ali se instalava inexoravelmente devoradora, adoçando o sangue pros seus e mudando o cenário: os antepassados reprimidos à força para um outro presente na marra parando o tempo nas recordações mais recentes. A expansão da poderosa escondia o que passou há muito tempo. Tudo que havia foi enterrado por camadas de asfalto e má-fé. A vida passava a ser servidão e houve quem se divertisse sabe-se lá com o quê disso! Via-se apenas o que se vendia ou trocava, ou mesmo alugasse afinidades e contrastes, calçadas assimétricas, ladeiras, buracos, quebra-molas, trepidações, vitrines, luminárias, antenas, andaimes, empréstimos, penhoras, serviços, zoadas, de quase sequer se dar conta de chegadas e partidas. Havia o convite tácito para ouvir como os de antes dali viviam. Olvidavam, viviam como podiam, morriam como se deus quisesse. Eis que o tempo se embaraçou: não havia cabeça, só cabaça! Todos estavam de saída quando nem sequer chegavam. E se tornavam povoações em cidades de mil cores e se espichavam disformes e barulhentas: as notícias do rádio, as atrações da tevê, os alto-falantes das lojas, os carros de som, os motores das máquinas, a coleta do lixo, as sirenes, as buzinas, as rezas ruidosas e o paroxismo pelas ofertas promocionais, estampidos, pisadas, alvoroços, desejos, interesses, intrigas, mexericos e dissimulações. Tudo enterrava as dores dos vivos - para que não ouvissem lamúrias latentes. Assim ali existia e todos se achavam ocupados com qualquer coisa. Olhares por toda parte e nenhum sorriso ou aceno. O local dizia tudo o que faziam seus sobreviventes. E ali todos esqueciam do mundo. Viviam a olhar para trás o que houvesse mais perto – uma ameaça de perseguição. Era a sensação do passado, não havia como enxergar o presente, porque descobriam o que nunca tiveram e sonhavam com o que jamais terão. Havia um cinismo escondido no esquecimento, tanto é que ninguém sabia, ou fingiam não saber, o que se sucedeu. Só celebrações dos supostos heróis milagreiros e poderosos de mando e fé, ninguém mais - mesmo que soasse lá longe o eco do último suspiro dos mortos aos ventos e ninguém escutava, muita zoada. Se olhassem pra frente não enxergavam caminho algum. Então cada lugar tinha algo de extraordinário e assim cancelavam os que nela viviam, não sabendo nem o que seria, apenas estavam lá com os louvores da graça perdida e só o que passou ontem ou anteontem valia lembrar. Ali eu me sentia como quem desarnava a desembestar na vida! E mais uma vez à baixa-mar, vazante de maré. Só que alguém fugiu de madrugada e levou todos os sonhos que seriam talvez o futuro. Quem? Sabe-se lá, ora! A cidade passou a ser feita só de agora quando ontem tudo era outra vida que jamais será amanhã. Agora só lembranças de instantes e momentos, nada mais. Qual itinerário... Aí é outra hestória. Até mais ver.

 


Pattie Boyd: Eu amo a vida. Há tanto para aprender e ver o tempo todo, e nada é mais agradável para mim do que acordar e o céu está azul... Veja mais aqui & aqui.

Kate Bornstein: Você pode ter grande autonomia nas coisas que escolhe aprender e perseguir em seu próprio tempo. Quando você está aprendendo coisas que lhe interessam, desafiam e fazem a vida valer a pena, obter uma educação pode ser uma bênção e estimulante... Veja mais aqui, aqui & aqui.

Nancy Fraser: Tendo envenenado a atmosfera, ridicularizado todas as pretensões de governo democrático, esticado nossas capacidades sociais até o ponto de ruptura e piorado as condições de vida em geral para a vasta maioria, essa iteração do capitalismo aumentou as apostas para cada luta social, transformando esforços sóbrios para vencer reformas modestas em batalhas campais pela sobrevivência... Veja mais aqui, aqui & aqui.

 

CANÇÃO DOS HOMENS

Imagem: Acervo ArtLAM.

Quando uma mulher de certa tribo da África sabe que está grávida, segue para a selva com outras mulheres, e juntas rezam e meditam até que aparece “A canção da criança”. \ Quando nasce a criança, a comunidade se junta e lhe cantam sua canção. Logo, quando a criança começa sua educação, o povo se junta e lhe canta a sua canção. \ Quando se torna adulto, a gente se junta novamente e canta. \ Quando chega o momento de seu casamento, a pessoa escuta sua canção. \ Finalmente, quando a sua alma está para ir-se deste mundo, a família e amigos aproximam-se e, como em seu nascimento, cantam sua canção para acompanhá-la na “viagem”. \Nesta tribo da África, tem outra ocasião na qual os homens cantam a canção. \ Se em algum momento da vida a pessoa comete um crime ou um ato social aberrante, levam-no até o centro do povoado e a gente da comunidade forma um círculo ao seu redor. Então lhe cantam “sua canção.” \ A tribo reconhece que a correção para as condutas antisociais não é o castigo; é o amor e a lembrança de sua verdadeira identidade. Quando reconhecemos nossa própria canção, já não temos desejo nem necessidade de prejudicar ninguém. \ Teus amigos conhecem a “tua canção”. E a cantam quando a esqueces. Aqueles que te amam não podem ser enganados pelos erros que cometes, ou as escuras imagens que mostras aos demais. Eles recordam tua beleza quanto te sentes feio, tua totalidade quando estás quebrado, tua inocência quando te sentes culpado e teu propósito quando estás confuso.

Poema da poeta africana e ativista pelos direitos humanos Tolba Phanem.

 

MALAS - [...] A tristeza nunca te deixa [...] Embora, verdadeiramente, o pensamento de superar sua dor parecesse uma traição. Ela manteve isso em segredo agora. Era como um hematoma que ela sentia o tempo todo, mas ela conseguia representar uma ausência de dor. [...] Depois dos filhos, você nunca mais poderá ser inteira. Depois de dar à luz, seu corpo volta incompleto. Você está sozinha dentro de si mesmo, como nunca esteve antes [...]. Trechos extraídos da obra Malas (Viking, 2024), da escritora e ensaísta mexicana Marcela Fuentes, tratando acerca da lenda de La Llorona (a Mulher Chorona), unindo as histórias de duas mulheres de diferentes gerações em uma cidade fronteiriça do Texas. Quando as duas se encontram nos anos 1990, sua conexão — incluindo um amor compartilhado por Selena — ameaça trazer à tona segredos enterrados da cidade, como um grito que é uma erupção vocal de emoção — alegria, tristeza, raiva, amor, orgulho — e às vezes o som da rebelião. Na música, é um grito catártico, amplificando a emoção.

 

A CAMINHADA & O LUGAR - A cerimônia define o tom de cada ato e a palavra alinhando-os com o que realmente somos, o que queremos ser e o mundo em que queremos viver. A cerimônia oferece um vislumbre de um destino sagrado, um destino em que: Todo ato é uma cerimônia. Toda palavra uma oração. Toda caminhada uma peregrinação. Todo lugar um santuário... Pensamento do escritor e filósofo estadunidense, Charles Eisenstein, que no seu livros The Yoga of Eating: Transcending Diets and Dogma to Nourish the Natural Self (New Trends Publishing, 2003), ele expressa que: [...] A verdadeira disciplina é apenas autolembrança; não é necessário forçar ou lutar [...] Mesmo a mudança mais completa acontece uma escolha de cada vez [...]. Na sua obra Sacred Economics: Money, Gift, and Society in the Age of Transition (North Atlantic Books, 2011), ele expressa que: […] Quando tudo está sujeito ao dinheiro, então a escassez de dinheiro torna tudo escasso, incluindo a base da vida e felicidade humanas. Essa é a vida do escravo — alguém cujas ações são compelidas pela ameaça à sobrevivência. Talvez a indicação mais profunda da nossa escravidão seja a monetização do tempo. [...] A atual convergência de crises – em dinheiro, energia, educação, saúde, água, solo, clima, política, meio ambiente e muito mais – é uma crise de nascimento, que nos expulsa do velho mundo para um novo. [...] Quando tivermos que pagar o verdadeiro preço pelo esgotamento dos dons da natureza, os materiais se tornarão mais preciosos para nós, e a lógica econômica reforçará, e não contradirá, o desejo do nosso coração de tratar o mundo com reverência e, quando recebermos os dons da natureza, usá-los bem. [...]. Já na sua obra The More Beautiful World Our Hearts Know Is Possible (North Atlantic Books, 2013), ele expressa que: […] O estado de interser é um estado vulnerável. É a vulnerabilidade do altruísta ingênuo, do amante confiante, do compartilhador desprotegido. Para entrar nele, é preciso deixar para trás o abrigo aparente de uma vida baseada em controle, protegida por muros de cinismo, julgamento e culpa. [...] Vício, autossabotagem, procrastinação, preguiça, raiva, fadiga crônica e depressão são todas maneiras pelas quais retemos nossa participação plena no programa de vida que nos é oferecido. Quando a mente consciente não consegue encontrar uma razão para dizer não, o inconsciente diz não à sua própria maneira. [...] Estamos todos aqui para contribuir com nossos dons para algo maior do que nós mesmos, e nunca ficaremos satisfeitos se não o fizermos. [...].

 

USO CONSCIENTE DE CELULARES EM ESCOLAS

A Editora Trato lançou recentemente a coleção “O Uso Consciente do Celular”, visando promover o uso crítico e cuidadoso dos dispositivos eletrônicos entre crianças e adolescentes, alinhando a proposta ao previsto na Lei nº 15.100/2025, que regulamenta o uso de aparelhos eletrônicos portáteis pessoais durante aulas e intervalos em toda a educação básica. A coleção é composta por seis livros paradidáticos voltados ao público infantojuvenil e um guia informativo para educadores, todos com foco no bem-estar físico e mental. A coleção aborda questões atinentes aos efeitos do uso excessivo de dispositivos e incentiva práticas educativas que valorizam o aprendizado desconectado e o fortalecimento de relações interpessoais. Entre os volumes, destacam-se “Por que não posso usar o celular na escola?”, “O Dia em que o Celular Sumiu”, “O Diário de Júlia e o Celular”, “Desligando para Aprender” e “Desconectando para Conectar”. O guia para educadores oferece orientações práticas para aplicação do novo diploma legal em sala de aula e propõe atividades que promovam uma reflexão crítica sobre o uso da tecnologia. Com esta iniciativa a Editora Trato destaca seu compromisso com a valorização da cultura, história e geografia das cidades brasileiras, estimulando o sentimento de pertencimento e a preservação da memória coletiva. Veja mais aqui e aqui.

 

ITINERARTE – COLETIVO ARTEVISTA MULTIDESBRAVADOR

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Livros Infantis Brincarte do Nitolino aqui.

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Literatura Indígena: Cosmovisões & Pela Paz aqui & aqui.

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Cantarau Tataritaritatá aqui.

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GLÓRIA STEINEM, MIN JIN LEE, LINDA SUE PARK & LADY TEMPESTADE

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Apimentada (2018) e Nossa Melhor Visão de Mundo (2023), d a compositora, pianista e profes...