Ao som do show Som
Protagonista, contos e lendas do mundo (2021), da pianista, compositora,
educadora e pesquisadora, Camila Lordy, que é formada em composição e regência
pela Faam-FMU (2000), graduada em História na USP e mestrado na linha de
pesquisa em História e Cultura Social pela UNESP (2021). Ela excursionou com a
companhia do Teatro da Vertigem em festivais internacionais, gravou e
participou dos trabalhos de diversos artistas nacionais, integrou a Banda
Glória e faz parte do projeto Música de Brinquedo, da banda mineira Pato Fu.
Antes do tempo em que
as coisas passaram a ter nome de gente... - A manhã era um
rio levando as hestórias de todas as matas, seres e coisas. A tarde mormaçava
com tudo bulindo numa dança vital. A noite esfriava refletindo as estrelas na
festa da Lua. Aí os que não foram matados fugiram pronde pudessem viver em paz,
enquanto uma asquerosa rainha ali se instalava inexoravelmente devoradora,
adoçando o sangue pros seus e mudando o cenário: os antepassados reprimidos à
força para um outro presente na marra parando o tempo nas recordações mais
recentes. A expansão da poderosa escondia o que passou há muito tempo. Tudo que
havia foi enterrado por camadas de asfalto e má-fé. A vida passava a ser servidão
e houve quem se divertisse sabe-se lá com o quê disso! Via-se apenas o que se
vendia ou trocava, ou mesmo alugasse afinidades e contrastes, calçadas
assimétricas, ladeiras, buracos, quebra-molas, trepidações, vitrines,
luminárias, antenas, andaimes, empréstimos, penhoras, serviços, zoadas, de
quase sequer se dar conta de chegadas e partidas. Havia o convite tácito para
ouvir como os de antes dali viviam. Olvidavam, viviam como podiam, morriam como
se deus quisesse. Eis que o tempo se embaraçou: não havia cabeça, só cabaça! Todos
estavam de saída quando nem sequer chegavam. E se tornavam povoações em cidades
de mil cores e se espichavam disformes e barulhentas: as notícias do rádio, as
atrações da tevê, os alto-falantes das lojas, os carros de som, os motores das
máquinas, a coleta do lixo, as sirenes, as buzinas, as rezas ruidosas e o
paroxismo pelas ofertas promocionais, estampidos, pisadas, alvoroços, desejos,
interesses, intrigas, mexericos e dissimulações. Tudo enterrava as dores dos
vivos - para que não ouvissem lamúrias latentes. Assim ali existia e todos se
achavam ocupados com qualquer coisa. Olhares por toda parte e nenhum sorriso ou
aceno. O local dizia tudo o que faziam seus sobreviventes. E ali todos
esqueciam do mundo. Viviam a olhar para trás o que houvesse mais perto – uma ameaça
de perseguição. Era a sensação do passado, não havia como enxergar o presente,
porque descobriam o que nunca tiveram e sonhavam com o que jamais terão. Havia um
cinismo escondido no esquecimento, tanto é que ninguém sabia, ou fingiam não
saber, o que se sucedeu. Só celebrações dos supostos heróis milagreiros e
poderosos de mando e fé, ninguém mais - mesmo que soasse lá longe o eco do
último suspiro dos mortos aos ventos e ninguém escutava, muita zoada. Se
olhassem pra frente não enxergavam caminho algum. Então cada lugar tinha algo
de extraordinário e assim cancelavam os que nela viviam, não sabendo nem o que seria,
apenas estavam lá com os louvores da graça perdida e só o que passou ontem ou
anteontem valia lembrar. Ali eu me sentia como quem desarnava a desembestar na
vida! E mais uma vez à baixa-mar, vazante de maré. Só que alguém fugiu de
madrugada e levou todos os sonhos que seriam talvez o futuro. Quem? Sabe-se lá,
ora! A cidade passou a ser feita só de agora quando ontem tudo era outra vida
que jamais será amanhã. Agora só lembranças de instantes e momentos, nada mais.
Qual itinerário... Aí é outra hestória. Até mais ver.
Pattie Boyd: Eu amo a vida. Há tanto para aprender e ver o tempo todo, e nada é mais agradável para mim do que acordar e o céu está azul... Veja mais aqui & aqui.
Kate Bornstein:
Você pode ter grande autonomia nas coisas que escolhe aprender e perseguir
em seu próprio tempo. Quando você está aprendendo coisas que lhe interessam,
desafiam e fazem a vida valer a pena, obter uma educação pode ser uma bênção e
estimulante... Veja mais aqui, aqui & aqui.
Nancy Fraser: Tendo
envenenado a atmosfera, ridicularizado todas as pretensões de governo
democrático, esticado nossas capacidades sociais até o ponto de ruptura e
piorado as condições de vida em geral para a vasta maioria, essa iteração do
capitalismo aumentou as apostas para cada luta social, transformando esforços
sóbrios para vencer reformas modestas em batalhas campais pela sobrevivência...
Veja mais aqui, aqui & aqui.
CANÇÃO DOS HOMENS
Quando uma mulher de
certa tribo da África sabe que está grávida, segue para a selva com outras
mulheres, e juntas rezam e meditam até que aparece “A canção da criança”. \ Quando
nasce a criança, a comunidade se junta e lhe cantam sua canção. Logo, quando a
criança começa sua educação, o povo se junta e lhe canta a sua canção. \ Quando
se torna adulto, a gente se junta novamente e canta. \ Quando chega o momento
de seu casamento, a pessoa escuta sua canção. \ Finalmente, quando a sua alma
está para ir-se deste mundo, a família e amigos aproximam-se e, como em seu
nascimento, cantam sua canção para acompanhá-la na “viagem”. \Nesta tribo da
África, tem outra ocasião na qual os homens cantam a canção. \ Se em algum
momento da vida a pessoa comete um crime ou um ato social aberrante, levam-no
até o centro do povoado e a gente da comunidade forma um círculo ao seu redor.
Então lhe cantam “sua canção.” \ A tribo reconhece que a correção para as
condutas antisociais não é o castigo; é o amor e a lembrança de sua verdadeira
identidade. Quando reconhecemos nossa própria canção, já não temos desejo nem
necessidade de prejudicar ninguém. \ Teus amigos conhecem a “tua canção”. E a
cantam quando a esqueces. Aqueles que te amam não podem ser enganados pelos
erros que cometes, ou as escuras imagens que mostras aos demais. Eles recordam
tua beleza quanto te sentes feio, tua totalidade quando estás quebrado, tua
inocência quando te sentes culpado e teu propósito quando estás confuso.
Poema da poeta
africana e ativista pelos direitos humanos Tolba Phanem.
MALAS
- [...] A tristeza nunca te deixa [...] Embora, verdadeiramente, o
pensamento de superar sua dor parecesse uma traição. Ela manteve isso em
segredo agora. Era como um hematoma que ela sentia o tempo todo, mas ela conseguia
representar uma ausência de dor. [...] Depois dos filhos, você nunca
mais poderá ser inteira. Depois de dar à luz, seu corpo volta incompleto. Você
está sozinha dentro de si mesmo, como nunca esteve antes [...]. Trechos
extraídos da obra Malas (Viking, 2024), da escritora e ensaísta mexicana
Marcela Fuentes, tratando acerca da lenda de La Llorona (a Mulher
Chorona), unindo as histórias de duas mulheres de diferentes gerações em uma
cidade fronteiriça do Texas. Quando as duas se encontram nos anos 1990, sua
conexão — incluindo um amor compartilhado por Selena — ameaça trazer à tona
segredos enterrados da cidade, como um grito que é uma erupção vocal de emoção
— alegria, tristeza, raiva, amor, orgulho — e às vezes o som da rebelião. Na
música, é um grito catártico, amplificando a emoção.
A CAMINHADA & O
LUGAR - A cerimônia define o tom de cada ato e a palavra
alinhando-os com o que realmente somos, o que queremos ser e o mundo em que
queremos viver. A cerimônia oferece um vislumbre de um destino sagrado, um
destino em que: Todo ato é uma cerimônia. Toda palavra uma oração. Toda
caminhada uma peregrinação. Todo lugar um santuário... Pensamento do
escritor e filósofo estadunidense, Charles Eisenstein, que no seu livros
The Yoga of Eating: Transcending Diets and Dogma to Nourish the Natural Self
(New Trends Publishing, 2003), ele expressa que: [...] A verdadeira disciplina é apenas autolembrança; não é
necessário forçar ou lutar [...]
Mesmo a mudança mais completa acontece uma escolha de cada vez [...]. Na sua obra Sacred Economics: Money, Gift,
and Society in the Age of Transition (North Atlantic Books, 2011), ele
expressa que: […] Quando tudo
está sujeito ao dinheiro, então a escassez de dinheiro torna tudo escasso,
incluindo a base da vida e felicidade humanas. Essa é a vida do escravo —
alguém cujas ações são compelidas pela ameaça à sobrevivência. Talvez a
indicação mais profunda da nossa escravidão seja a monetização do tempo. [...] A atual convergência de crises – em
dinheiro, energia, educação, saúde, água, solo, clima, política, meio ambiente
e muito mais – é uma crise de nascimento, que nos expulsa do velho mundo para
um novo. [...] Quando tivermos que pagar o verdadeiro preço pelo
esgotamento dos dons da natureza, os materiais se tornarão mais preciosos para
nós, e a lógica econômica reforçará, e não contradirá, o desejo do nosso
coração de tratar o mundo com reverência e, quando recebermos os dons da
natureza, usá-los bem. [...].
Já na sua obra The More Beautiful World Our Hearts Know Is Possible (North
Atlantic Books, 2013), ele expressa que: […] O estado de interser é um estado vulnerável. É a
vulnerabilidade do altruísta ingênuo, do amante confiante, do compartilhador
desprotegido. Para entrar nele, é preciso deixar para trás o abrigo aparente de
uma vida baseada em controle, protegida por muros de cinismo, julgamento e
culpa. [...] Vício,
autossabotagem, procrastinação, preguiça, raiva, fadiga crônica e depressão são
todas maneiras pelas quais retemos nossa participação plena no programa de vida
que nos é oferecido. Quando a mente consciente não consegue encontrar uma razão
para dizer não, o inconsciente diz não à sua própria maneira. [...] Estamos
todos aqui para contribuir com nossos dons para algo maior do que nós mesmos, e
nunca ficaremos satisfeitos se não o fizermos. [...].
USO CONSCIENTE DE CELULARES EM ESCOLAS
A Editora Trato lançou
recentemente a coleção “O Uso Consciente do Celular”, visando promover o
uso crítico e cuidadoso dos dispositivos eletrônicos entre crianças e
adolescentes, alinhando a proposta ao previsto na Lei nº 15.100/2025, que
regulamenta o uso de aparelhos eletrônicos portáteis pessoais durante aulas e
intervalos em toda a educação básica. A coleção é composta por seis livros
paradidáticos voltados ao público infantojuvenil e um guia informativo para
educadores, todos com foco no bem-estar físico e mental. A coleção aborda
questões atinentes aos efeitos do uso excessivo de dispositivos e incentiva
práticas educativas que valorizam o aprendizado desconectado e o fortalecimento
de relações interpessoais. Entre os volumes, destacam-se “Por que não posso
usar o celular na escola?”, “O Dia em que o Celular Sumiu”, “O Diário de Júlia
e o Celular”, “Desligando para Aprender” e “Desconectando para Conectar”. O
guia para educadores oferece orientações práticas para aplicação do novo
diploma legal em sala de aula e propõe atividades que promovam uma reflexão
crítica sobre o uso da tecnologia. Com esta iniciativa a Editora Trato destaca
seu compromisso com a valorização da cultura, história e geografia das cidades
brasileiras, estimulando o sentimento de pertencimento e a preservação da
memória coletiva. Veja mais aqui e aqui.
ITINERARTE – COLETIVO
ARTEVISTA MULTIDESBRAVADOR
Veja mais sobre MJ
Produções, Gabinete de Arte & Amigos da Biblioteca aqui.
& mais:
Livros Infantis Brincarte
do Nitolino aqui.
Diário TTTTT aqui.
Literatura Indígena:
Cosmovisões & Pela Paz aqui
& aqui.
Poemagens aqui.
Cantarau
Tataritaritatá aqui.
Teatro Infantil: O
lobisomem Zonzo aqui.
Faça seu TCC sem
traumas – consultas e curso aqui.
VALUNA – Vale do Rio Una aqui.
&
Crônica de amor por ela aqui.