segunda-feira, março 17, 2025

TABITHA KING, JUDITH GODRÈCHE, INGRID KOUDELA, GARAICOA & TERRA DE SANGUE DO GIVA

 

 Imagem: Acervo ArtLAM.

Ao som dos álbuns A dança (1998) e Sucuridan (2012), da multiinstrumentista, regente, diretora, cantora contemporânea, pesquisadora e compositora, Andrea Drigo.

 

Evasão da tempestade & dos fantasmas famintos... - A bela paisagem do dia quase não me revelou: aqui é a ilha perdida de Sicorax e os meus braços rasgam a Terra, a corrente do Una se extravia das margens atravessando a noite púrpura pelos vales. Lá longe ouvi a voz do relâmpago na primeira cachoeira e sou Próspero de Greenaway sonhando no exílio um futuro feliz para as filhas, no meio das gotas de chuva marcando o tempo, páginas soltas na ventania. Um coral de velas acesas resistia aos ventos: o fogo é a música da regeneração e sou Ariel aprisionado ao tronco, enquanto minhas mãos inventam inúteis galhos para que brotem rosas de libertação. Na verdade, sou mesmo Calibã a salvar náufragos com suas conspirações arrivistas e recompensado pela fala da escravidão na saliva sanguínea, que lava minha inquietação constante entre o vasto e o incerto, a chance e o fardo, a escolha e a punição de ser traído porque só queria: mostrar a ilha em troca de amor... Sou refém da sedução de Miranda e os fantasmas famintos esvaziaram o inferno para que houvesse festa feita de porão âmbar: a calamidade depois do temporal. Com a utopia de Gonzalo estava prestes o meu definitivo naufrágio pela epômina tempestade com desafetos insulares. Não há despedidas sem dor e o privilégio de ser livre: sou apenas um autor perdido na hestória e a minha voz é o pêndulo espalhando o ar, como se escrevesse no chão chutando névoas, ondas, fumaça e redemoinhos. Joguei fora todos os pesares, o meu grito tornou-se silêncio: Somos da mesma substância que os sonhos... A festa acabou e todos derreteram no ar sem deixar vestígios. Sobrou o que havia de mais insuportável, enquanto aguardava a expiação do crime ancestral e a vida encerrada no sono... Só restava partir exausto pela degradação, antes que tudo apodrecesse de vez. Até mais ver.

 

Alicia Kozameh: Uma manhã acordei com uma espécie de ansiedade, uma urgência emocional, como se tivesse tido um sonho do qual não conseguia me lembrar, e com a ideia fixa de que precisava escrever sobre o exílio... Veja mais aqui & aqui.

Philomena Lee: Tenho certeza de que há muitas mulheres até hoje - elas são iguais a mim; elas não disseram nada... Isso faz meu coração doer... Veja mais aqui & aqui.

Heather Graham Pozzessere: Sempre há uma calmaria antes da tempestade... Ao longo dos nossos caminhos escolhidos, todos nós encontramos demônios. Devemos encontrá-los e batalhar contra eles, mesmo quando eles não são nada além de névoa na noite... Veja mais aqui.

 

EU NUNCA VOU DEIXAR VOCÊ...

Imagem: Acervo ArtLAM.

Eles não te veem \ Tudo o que eles veem são cicatrizes. \ Eles olham direto para você \ Eles nem sabem quem você é. \ Você se sente invisível agora \ Desaparecendo no fundo. \ Você está se sentindo sozinho, como \ Ninguém quer você por perto. \ É uma luta diária \ Para permanecer feliz de qualquer maneira. \ Você não pode mais fazer isso \ Você está pronto para desistir. \ Mas mantenha a cabeça erguida \ Mesmo que a chuva possa cair, \ Recomponha-se \ Quando você não aguenta mais. \ Mantenha o queixo erguido \ Mantenha-o erguido, \ Pare de ficar adivinhando \ Pare de deixar o tempo passar. \ Reúna sua força \ É hora de sair da sua concha. \ Apenas seja você mesmo e dê \ Os haters têm algo bom para contar. \ Apenas espere porque \ Prometo ser sua rocha. \ Eu sempre terei um ouvido pronto \ Se você precisar conversar. \ Saiba que alguém se importa \ E eu sempre vou te pegar, \ Então se você alguma vez tentar cair \ Só saiba que eu nunca vou deixar você fazer isso!

Poema da escritora estadunidense Tabitha King. Veja mais aqui, aqui & aqui.

 

QUEM SOU & O QUE É VOCÊ... - Afinal, eu também sou uma multidão. Uma multidão de frente para você. Uma multidão que está olhando você nos olhos esta noite... Já faz algum tempo que vozes foram soltas, a imagem idealizada de nosso pais foi destruída, o poder parece estar quase em um estado de turbulência. Será possível olharmos a verdade de frente?... Eu sei que é assustador. Perda de subsídios. Perdendo papéis. Perder o emprego. Eu também. Eu também estou com medo. Abandonei a escola aos 15 anos, não tenho diploma do ensino médio, nada. Seria complicado estar na lista negra de tudo. Não seria divertido. Passeando pelas ruas de Paris com minha fantasia de hamster. Sonhando comigo mesma como um ícone do cinema francês... Na minha rebelião, pensei nos termos que usamos no set. Silêncio. Role a câmera. Para mim, o silêncio já dura trinta anos. Mas ainda consigo imaginar a melodia incrível que poderíamos compor juntos. Feito de verdade. Não doeria tanto assim. Eu prometo. Apenas um arranhão na carcaça da nossa família peculiar. Não é nada comparado a um soco no nariz. Para uma criança sendo atacada como uma cidade sitiada por um adulto todo-poderoso, sob o olhar silencioso de uma equipe. A um diretor que, sussurrando, me arrasta para sua cama sob o pretexto de precisar entender quem eu realmente sou. Realmente nada comparado a 45 tomadas, com duas mãos nojentas nos meus seios de 15 anos. O cinema é feito do nosso desejo de verdade. Os filmes nos observam tanto quanto nós os observamos. Também é feito da nossa necessidade de humanidade. Não? Então, por quê? Por que permitir que essa arte que tanto amamos, essa arte que nos une, seja usada como disfarce para o tráfico ilícito de meninas?... Pensamento da atriz e escritora francesa Judith Godrèche, que escreveu o poema Pequena canção de ninar: Meus braços entrelaçados, eles são você, todas as meninas no silêncio, \ Meu pescoço, meu pescoço dobrado, é você, todas as crianças em silêncio, \ Minhas pernas bambas são vocês, os jovens que não conseguiram se defender. \ Minha boca trêmula, mas também sorridente, são vocês, minhas irmãs desconhecidas... Veja mais aqui.

 

PASSADO, PRESENTE, FUTUROO passado gera uma relação dialógica com o futuro, desalinhando o presente... Pensamento da escritora, tradutora, encenadora e professora Ingrid Koudela, que é autora dos livros Texto e Jogo (Perspectiva, 2010), Brecht: um jogo de Aprendizagem (Perspectiva\EdUSP, 2011) e Jogos teatrais (Perspectiva, 1984). No seu estudo Alegoria com miúdos - quando o teatro é tema do teatro (Perspectiva, sd), ela expressou: [...] A ancestralidade, como princípio filosófico, rompe com os muros da academia e chega como voz de sabedoria. As ancestralidades manifestadas em mitos, histórias, segredos, mistérios, rituais, crenças, valores, saberes dizeres, fazeres produzem compreensão de existência [...] É uma opinião antiga e fundamental que uma obra de arte deve influenciar todas as pessoas, independentemente da idade, status ou educação (...) todas as pessoas podem entender e sentir prazer com uma obra de arte porque todas têm algo de artístico dentro de si [...] existem muitos artistas dispostos a não fazer arte apenas para um pequeno círculo de iniciados, que querem criar para o povo. Isso soa democrático, mas em minha opinião não é democrático. Democrático é transformar o pequeno círculo de iniciados em um grande círculo de iniciados. Pois a arte necessita de conhecimento. A observação da arte só poderá levar a um prazer verdadeiro se houver uma arte da observação. [...] Está contido na arte um saber que é saber conquistado através do trabalho [...] Ser miúdo é tornar-se criança, reencontrar, permitir, brincar. Precisamos silenciar nossos entendimentos, tão repletos de razão e abrir espaço para a produção de subjetividades. Miúdo não é faixa etária. É antes a prontidão para ser brincante. Podemos sempre voltar a ser brincantes. Ser brincante não é o contrário de ser sério. O contrário do ser brincante é cair na realidade. O brincar é efêmero. É acessível para o jovem e para o adulto. Não há distinção entre as faixas etárias. Considero meus espectadores jovens e os jovens alunos nas universidades meus miúdos [...]. Veja mais aqui & aqui.

 

TERRA DE SANGUE, SANGUE NA TERRA

Reivindicar a memória indígena, é criar uma nova perspectiva para que possamos avançar e constituir um movimento social abrangente que consiga repactuar a sociedade com a natureza e os seres sociais entre si...

Lançamento da obra Terra de sangue, sangue na terra: o rastro do colono-capitalismo em Pindorama (2025), do educador, comunicador e militante indígena Givanildo M. da Silva, que é o idealizador e coordenador da Tv Imbaú. Veja mais aqui & aqui.

&

A ARTE DE CARLOS GARAICOA NA USINA DE ARTE

A arte do artista cubano Carlos Garaicoa. Veja mais aqui, aqui & aqui.

 

ITINERARTE – COLETIVO ARTEVISTA MULTIDESBRAVADOR:

DIA DA POESIA & SARAU CASTRO ALVES

Veja mais sobre MJ Produções, Gabinete de Arte & Amigos da Biblioteca aqui.

& mais:

Livros Infantis Brincarte do Nitolino aqui.

Diário TTTTT aqui.

Literatura Indígena: Cosmovisões & Pela Paz aqui & aqui.

Poemagens aqui.

Cantarau Tataritaritatá aqui.

Faça seu TCC sem traumas – consultas e curso aqui.

VALUNA – Vale do Rio Una aqui.

&

Crônica de amor por ela aqui.

 


GLÓRIA STEINEM, MIN JIN LEE, LINDA SUE PARK & LADY TEMPESTADE

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Apimentada (2018) e Nossa Melhor Visão de Mundo (2023), d a compositora, pianista e profes...