segunda-feira, abril 28, 2025

PAULA EINÖDER, KATE KRETZ, XIYE BASTIDA & GIVANILTON MENDES

 

Imagem: COLAM: Retalhos em Detalhes (à memória do cineasta Givanilton Mendes). Acervo ArtLAM.

Eu acordo de manhã e me sinto muito sortuda e privilegiada por fazer isso! Reclamo muito porque costuma ser um processo doloroso, mas sinto que estou vivendo uma vida muito privilegiada e feliz sendo compositora...

Fragmento de depoimento ao som das Sinfonias1 – Três Movimentos para Orquestra (1982), 2 – para violoncelo (1985), 3 (1992), 4 – Jardins, para Coro infantil, Coro e Orquestra (1999), 5 – Concerto para Orquestra (2008). Sinfonia para sopros (1989) e Viagem para Quarteto de cordasString Quartet nº 3 (2012), da compositora estadunidense Ellen Taaffe Zwilich. Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.

 

Retalhos em detalhes… (à memória do saudoso amigo Givanilton Mendes) - Neste instante ontem era outro e depois não seria jamais amanhã, agora já passou. E tanto. Do nada reaparecia longínquo amigo que se foi um dia para nunca mais. Como poderia, pois bateu à porta e já entrou com aquele caloroso abraço antigo. Sentou-se ao lado com envolventes gestos largos, para logo derramar aquelas vontades vitais aos olhos das amizades eternas. Era ele mesmo, redivivo, nada de como assim ou razão para tal. Foi tão bom revê-lo com a mesma fisionomia de quando partiu. Tudo parou para ele desde que se foi, eu envelhecia com o tempo. O que poderíamos reviver de todas as vésperas de antes, se havia a guerra de sempre: de um lado, os da gente que viravam a casaca do contra; do outro, os que nos queriam ver pelas costas. Elos esgarçados: só tínhamos de mesmo um ao outro, miséria solidária. Ali a gente pela madrugada de outras tantas pelejávamos a reinventar o que seria quase sagrado e fatalmente destruído pelos que despertassem logo às primeiras horas da manhã, enquanto os sonâmbulos do dia olvidariam e, até com asco, tudo o que era pra gente noites a fio, pernoite em claro, sem pregar as pestanas. E revivemos mais todos os insones colóquios diários regados de confissões, dúvidas e resiliência. Cerzíamos, recosíamos, recombinávamos os trapos e aprendíamos a nos desvencilhar das facas e canivetes do sorriso escondido no final da tarde. Nunca fugimos da raia e fomos aos confins do mundo para acalentar nossos sonhos e lá soubemos que Deus evadira com o pouco que ainda lhe restara, depois que fora destronado pelos matricidas filhos de Caim que somos todos, humanidade fracassada, e nos deixou indignados à própria sorte. Sabíamos: os fantasmas sacodiam as correntes porque viviam subterrâneos dentro da nossa fúria de viver escapando das sedições trepidantes, dos resmungos ferozes que se dispersavam em nossos ouvidos e se dissipavam cabeça adentro pelos pesadelos da longa insônia, como se dali pudéssemos voar janelas abertas com a dor dos que foram abatidos nas manhãs de um céu azul sem nuvens. Sabíamos mais: por mais inglória que tivéssemos de tão sem trunfos, a vida valia pelo tanto já vivido por inesquecíveis momentos, efêmero que ficava e nos reconstruía a todo instante. Era a festa da saudade, tão real quanto o êxito do filme que nunca fizemos. Até mais ver.

 

Jane Campion: A tragédia faz você crescer... Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui

Claire Wineland: Há muito mais na vida do que apenas ser saudável. Há muito mais na vida do que apenas ser normal. Se o meu maior problema na vida fosse ser saudável, eu ficaria incrivelmente entediada... Veja mais aqui.

Alejandra Pizarnik: Você escreve poemas porque precisa de um lugar onde o que não é possa ser... Veja mais aqui.

 

A ESCRITURA DA ARGILA

Imagem: COLAM. Acervo ArtLAM.

Escreverei sem motivo e sim considerações. \ Agarrarei cada palavra vesga e desfeita \ e a tornarei de argila. \ Então a passarei pelo fogo. Lhe darei fôlego. \ Cada palavra será um homem. \ Povoarei a terra de palavras. Encherei páginas de homens. \ Haverá argila ao invés de tinta. \ Escreverei sem volume. Cegarei a mim mesma. \ Não vou pisar nenhuma palavra. \ Serão meu cajado. \ Não vou buscar o homem. Porque um homem \ está feito de texto. \ Tecido de demasiadas palavras. \ Não vou buscar o poema. Porque um poema \ está feito de carne. \ Composto por demasiados \ tecidos e músculos e nervos. \ Escreverei sem propósito e sem esquemas. \ Porém ninguém poderá me reprovar que eu não tenha unido \ a palavra com a argila, a tinta com o sangue. Além do que \ a minha falta de originalidade foi buscada. \ Novidade e esquecimento são a mesma coisa. \ Porém o meu poema está escrito. \ Disto se trata o assunto.

Poema da poeta e professora uruguaia Paula Einöder, autora dos livros La escritura de arcilla (2002), Árbol experimental (2004), Miranda o el lugar desde donde no se habla: Reflexiones acerca del silencio interpretativo (2004), Opacidad (2010), Árbol de arco (2020) e Para bálsamo de ruiseñores (2021). Veja mais aqui.

 

CARTA PARA AVÓ: POR QUE EU LUTO PELA JUSTIÇA CLIMÁTICA – [...] O mundo é tão grande e tem tantos maus hábitos. Eu não sabia como uma criança de 15 anos deveria mudar alguma coisa, mas eu tinha que tentar. Para colocar essa filosofia em prática, entrei no clube ambiental da minha escola. No entanto, notei que meus colegas estavam falando sobre reciclagem e assistir filmes sobre o oceano. [...] Era uma visão do ambientalismo que era tão voltada para uma maneira ineficaz de ativismo climático, que culpa o consumidor pela crise climática e prega que as temperaturas estão subindo porque esquecemos de trazer uma volta reutilizável para a loja. Ensinaste-me que cuidar da Mãe Terra é sobre todas as decisões que tomamos como um coletivo. [...] Para mim, ter 18 anos e tentar salvar o mundo significa ser um ativista climático antes de talvez estudar para ser médico ou político ou pesquisador, mas mal posso esperar para crescer e me tornar uma dessas coisas. [...] O planeta está sofrendo e não temos mais o luxo do tempo. Salvar o mundo como um adolescente significa ser bom com palavras, entender a ciência por trás da crise climática, trazendo uma perspectiva única para a questão para se destacar e esquecer quase tudo o resto. Mas às vezes eu quero me importar com outras coisas novamente, eu quero ser capaz de cantar e dançar e fazer ginástica, eu realmente sinto que se todos nós cuidamos da Terra como uma prática, como cultura, nenhum de nós teria que ser ativistas climáticos em tempo integral. [...] tudo o que estou tentando fazer com o meu trabalho é dar essa mentalidade otimista para outras pessoas. Mas tem sido um pouco difícil, há ganância, há orgulho, há dinheiro e há materialismo, as pessoas tornam tão fácil para mim falar com eles, mas eles tornam tão difícil para mim ensiná-los. [...] Eu quero que eles tenham o coração e a coragem de amar o mundo. Assim como você me ensinou, eu escrevi esta carta para agradecer, obrigado por me convidar para amar o mundo desde o momento em que eu nasci. Obrigado por rir de tudo. Obrigado por me ensinar que a esperança e o otimismo são as ferramentas mais poderosas que temos para resolver qualquer problema. Eu faço este trabalho porque você me mostrou que resiliência, amor e conhecimento são suficientes para fazer a diferença. [...]. Trechos da carta escrita pela ativista mexicana Xiye Bastida, refletindo sobre o que a levou a se tornar uma voz de liderança para o ativismo climático global – desde a mobilização de greves climáticas escolares até a Cúpula do Clima das Nações Unidas, ao lado de Greta Thunberg. Para ela: Minha conclusão é que a Terra está aqui para abrigar tudo. Toda a vida, toda a morte, toda a beleza e todas as dificuldades. Ela está aqui para abrigar nossa alegria e nossa incerteza, nossas histórias e nossa luta.

 

ARTE HOLÍSTICA – [...] Somos a soma de nossas experiências de vida únicas e individuais. As provações que enfrentamos, as causas pelas quais lutamos, os medos que nos assombram, as estranhezas de nossas mentes; tudo isso e muito mais se torna o alimento para o nosso espírito. O universo não precisa de repetições do passado; de mais uma bela, mas inútil, paisagem impressionista nua, iluminada pelo sol, mas sem graça, ou de um cubo minimalista antigo e frio. Ele precisa de você. Precisa que você se desfaça de tudo o que obscurece seu genuíno senso de identidade. Precisa que você desenterre e assuma descaradamente sua verdade confusa, honesta e magnífica. E precisa que você aprofunde e molde essa verdade em um núcleo autêntico, que nutrirá você e seu trabalho por toda a vida. [...] Há um movimento em andamento para convencer os artistas de que eles são simplesmente mais um tipo de empreendedor. À primeira vista, trata-se de uma rejeição aparentemente inofensiva e compreensível do estereótipo do artista faminto. No entanto, as pessoas parecem ter esquecido que, desde o início da história registrada, o papel cultural dos artistas ia muito além da simples criação de um produto para vender. [...] É assustador para mim ouvir calouros de arte falarem sobre “branding”, porque, saibam ou não, eles representam a última fronteira. Se os artistas desistem, não sobra ninguém. Se abrirmos mão de nossa agência, seduzidos por uma mentalidade corporativa para simplesmente fabricar nosso produto e ganhar nossa fatia do bolo, colocamos mais um prego no caixão do poder superior da arte. [...]. Trechos extraídos da obra Art from Your Core: A Holistic Guide to Visual Voice (Intellect, 2024), da artista estadunidense Kate Kretz, que foi diagnosticada como 2E, duas vezes excepcional, superdotada/com autismo, em 2021.

 

GIVANILTON MENDES: ALÉM DAS LENTES

O documentário Givanilton Mendes além das lentes (2025), tem roteiro, pesquisa e coordenação de Leandro Silva, apresentado como projeto integrador do curso de Rádio, TV e Internet, da ETE Nelson Barbalho, sob orientação dos professores Adson Alves e Rosangela Araújo. Veja mais aqui & aqui.

&

3ª FLIBEZ

Entre os dias 3, 4 e 5 de maio acontecerá em Bezerros (PE) a Festa Literária de Bezerros – 3ª FLIBEZ, homenageando o escritor Alex Brito e o cordelista Manoel Leite, com o objetivo de celebrar a literatura e artes afins, com atmosfera propícia a vivências artístico-culturais. O evento conta com painéis, circuito gastronômico, debates literários, exposição de artes, saraus, lançamento de livros, oficinas, shows musicais, cantoria de viola e cortejo de carnaval, tudo com entrada franca. É uma produção independente do Bistrô do Matuto Produções Multiculturais.

&

O BRANCO DE TODA COR, ZÉ RIPE

Veja mais Zé Ripe aqui, aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.

 

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segunda-feira, abril 21, 2025

MALALAI JOYA, SARAH HOLLAND-BATT, ESTHER GROSSI & MÁRCIA MEIRA BASTO

 

 Imagem: CoLAM – Acervo ArtLAM.

Ao som dos álbuns The Naked Violin (2008) e Elgar: Violin Concerto (2011), da violinista, recitalista e musicista de câmara inglesa Tasmin Elizabeth Little.

 

Meu coração, ave de arribação pelas pedras de Madalena... - Da beira do rio ganhei o mundo como quem nasceu na enchente às margens perdidas e o umbigo na correnteza escorresse do agreste à deriva singrando a mata pro litoral atlântico. Do que boiava ao léu, juntava ais porque não era trinta-réis-ártico ou papagaio-do-mar, ao menos um pintassilgo-goianinho ou merganso, nada, reles xexéu náufrago e o que poderia ter sido porque mergulhava incapaz do que circundava na exaltação de latitudes, na perdição longitudinal do Antártico ao Ártico. Era errante sem ter onde semear nem colher, ao sabor dos ventos e temporais, a rotação da Terra às próprias translações, o rastro cislunar, os sinais estelares pela subida de morro, descendo serras, pelas marés, correntes, quedas d’água, vicinais, torrentes e insolações. Era mas que cúmplice da hora pelas rotas migratórias, todas as precipitações no frio da barriga pelas correntes de ar, a perder de vista o prumo, o leme, a proa, a popa, o reino de nenhuma bússola ou embarcação, ao passo que nascia no dia e já era fim de tarde, alagados e pântanos no mapa da sobrevivência. Cada viagem revivia a ancestralidade e era o que me valia a resistência e adaptação pelas estações, desafios e perigos de nenhum pouso na solidão maciça, mastigando lonjuras e engolindo o país e o dia seguinte, esculpindo calendários a mudar de lugar e a cada chegada oferecia minhas vísceras ao espetáculo de partir e voltar. Em vão perscrutava as estrelas porque não havia cicerone algum às cascatas e soava o alarme para mimetizar percursos inventados. Bastava um fiapo de coragem e a jornada épica aos suspensos bocados de comoção pungente pelas demoras eclipsadas e o horror logo ali adiante: o mundo era um turbilhão e o tempo a serpente devoradora. Meus olhos choviam na aridez do mormaço e foi o bastante para que ela aparecesse com veraneio no sorriso e o cheiro das coisas, quantos sabores para quem não tinha nenhum. Era ela elevada como se chegasse da torre longínqua de Magdala, com a Pistis Sophia para que eu aprendesse a vencer a morte implacável e partilhasse talvez o que quisesse dizer às pedras conjugadas. E ela me fez beija-flor no seu êxtase de Caravaggio, mãos servidas à mesa, porque ali era-me lícito saber-me na Paranoia de Piva, no Catatau de Leminski, voleios e iterações, fadigas e alucinações, curvas e volteios, o que se dilatava e contraía, sem que precisasse saber de mais nada. Era pleno domingo no peito: um eco e aliterações de feriado na pedraria, porque nela o lugar propício, o tempo certo, o momento preciso: a plenitude da plenitude, a conclusão da conclusão. Até mais ver.

 

Jennifer Weiner: Você tem que se abrir para as possibilidades do universo... Veja mais aqui & aqui.

Jane Hawking: Minha filosofia é que enquanto há vida, há esperança. Simples assim... Veja mais aqui.

Silvia Federici: Nossa luta não terá sucesso se não reconstruirmos a sociedade... Veja mais aqui & aqui.

 

ESTA PAISAGEM DIANTE DE MIM

Imagem: CoLAM – Acervo ArtLAM.

Não é escrito, embora tenha vivido na violência. \ Primeiro a fábrica ficou de pé, silenciosa como um asilo. \ Então o mallee aniquilador com seus punhos vermelhos de flores \ e as cinzas da montanha rastejando sobre ela como uma mancha. \ Não tenho provas, mas te digo \ Antigamente havia janelas de vidro aqui, com grades. \ Elas lançam uma pequena luz listrada sobre as mulheres. \ Agora, em arbustos e vassouras amarelas, estou em uma história \ trançados e desfeitos por pulsos rígidos irlandeses. \ A corda, o vão e a lã cardada são desfiados \ assim como seus rostos e nomes. \ Londonderry, Cork, Galway, Kildare— \ enquanto eu digo as palavras elas são sugadas \ para um hemisfério na escuridão. \ Não vou presumir dizer \ o que é sofrimento ou como ele foi distribuído neste lugar. \ Não sei dizer em que ponto um corpo se rompe. \ Mas esta manhã eu vi um coelho jovem \ curvado no mato e na sombra. \ Eu vi seu rosto ferido, suas pernas finas demais para escalar, \ a crosta vermelha e rosa do olho. \ Ele havia contraído a doença \ nós trouxemos aqui para isso \ e queria um lugar tranquilo para morrer. \ E teve sorte, ou tanta sorte quanto possível. \ havia tempo e luz, os falcões e os cães \ ainda não tinham sido escritas e ainda estavam fora de vista.

Poema da premiada poeta, crítica, editora e acadêmica australiana Sarah Holland-Batt, autora de obras como Aria (2008), The Hazards (2016) e The Jaguar (2022).

 

LEVANTANDO A VOZ - [...] Não tenho medo da morte; tenho medo de permanecer em silêncio diante da injustiça. Sou jovem e quero viver. Mas digo àqueles que querem silenciar a minha voz: estou pronta, onde e quando vocês atacarem. Podem cortar a flor, mas nada pode impedir a chegada da primavera. [...]. Trecho extraído da obra Raising my Voice: The extraordinary story of the Afghan woman who dares to speak out (Ebury, 2009), da escritora e ativista afegã Malalai Joya, que no documentário Uma mulher entre senhores da guerra: a história extraordinária de uma afegã que ousou levantar a voz, ela expressa que: [...] Os direitos não são fáceis de obter e, uma vez que entendamos isso, devemos trabalhar com atenção e persistência - e nunca nos tornarmos descuidados ou preguiçosos. [...].

 

TODOS PODEM APRENDER... - [...] o principal é a dimensão social do ser humano e das aprendizagens. O fato de que a gente aprende com os outros e com o nosso Outro, porque nós somos geneticamente sociais. Mas, um segundo aspecto importante do pós-construtivismo é que a gente aprende a partir das situações, ou seja, que a aprendizagem é intrinsecamente antropológica. [...] Eu penso que um outro aspecto importante do pós-construtivismo é a questão de que não aprendemos diretamente na forma predicativa, mas que essa forma predicativa normalmente é precedida de uma forma operatória: eu sei agir, eu sei fazer coisas, mas eu não sei explicar porque eu sei fazer. [...]. Trechos da entrevista Todos podem aprender, mas não é fácil (Dossiê, 2018), concedida às professoras e pesquisadoras Nair Cristina da Silva Tuboiti e Candy Estelle Marques Laurendon, pela educadora Esther Pillar Grossi, que no livro Democracia e Educação em Tempos de Caos (Geempa, 2017), expressou que: [...] Um dos componentes para democratizar as aprendizagens, é de que aprende-se na e com a vida e que a escola precisa identificar que saberes os alunos já trazem do seu dia a dia. [...]. Essas interpretações são um dos grandes trunfos pedagógicos hoje, porque, conhecendo-se, o professor pode intervir de maneira muito direta e eficiente [...]. E na obra A teoria dos campos conceituais é algo extraordinário (Geempa, 2017), expressou que: [...] Pensar não é fácil. Exige a humildade de confrontar-se com nossas ignorâncias e a ousadia de transgredir, deixando o velho, aceito socialmente, pelo novo, elaborado pessoalmente. A primeira transgressão que um professor pós-construtivista precisa fazer é por em prática o pós-construtivismo, pois ele não é aceito ainda socialmente [...]. Veja mais aqui & aqui.

 

AMAR ELOS VERMELHOS

[...] Talvez o tempo quisesse entrar em sintonia com suas emoções. Na alma, um inverno de ventanias pressentindo chuvas. Águas que não lavariam mágoas e formariam uma correnteza, carregando o que fosse encontrando pela frente: lembranças e emoções. [...].

Trecho do conto O caminho, extraído da obra Amar elos Vermelhos (Labrador, 2024), da premiada escritora, advogada, arte-terapeuta e pesquisadora Márcia Meira Basto. Veja mais aqui.

 

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segunda-feira, abril 14, 2025

HWANG BO-REUM, CYNTHIA FRANCO, CLAUDIA WERNECK, JUAREIZ & AMAURI CAMINHA

 

 Imagem: Acervo ArtLAM.

Ao som dos álbuns Archetypes (Cedille Records, 2021) e Window To The World (Vectordisc Records, 2022), da premiada compositora, pianista, cantora e arranjadora Clarice Assad. Veja mais aqui.

 

Lá vai o poeta porque a vida é uma canção de amor... - Foi Marquinhos quem trouxe um doido e a maldição da lucidez. E me levou lá na Praça da Luz – local já conhecido do saudoso casal Mestre Biu & dona Carminha. Lá estava o poeta que gozava de prestígio pela edição inaugural da antologia Poetas dos Palmares, afora outros tantos idos e acontecidos. Tinha eu lá por volta dos meus 12 anos de idade e, dias depois, conversa vai, conversa vem, ousei passar pra ele os meus rabiscos adolescentes. Ele se riu e soltou: Vamos publicar. Ora, ora. Era eu um menino da beira do rio que se jactava por conta dumas quadrinhas pra professora do primário que foram publicadas no Júnior do Diário de Pernambuco, mais uns tresloucados versos no jornal estudantil do Grêmio Castro Alves e outros estampados nos murais na Biblioteca Pública, mais nada. Ele dava corda e eu sabia: tinha topete pra isso não. A peitica dele seguia e vieram as Noites da Cultura Palmarense com Durán & a turma toda, as figurinhas trocadas sobre o poeta Raymundo e Vinicius de Moraes pros cadernos da Nova Caiana e revista Poesia. E era Zé Terra inquieto lá em casa dias e noites segurando a saia de Solange grávida de João Guarani, ao meu violão com pot-pourri de Paulo Diniz e a festa bebemorada no Poema para Léa com Vanderléa e Egberto Gismonti, afora as noitadas com Lourdes contando das muitas de Ascenso, a comemoração pelo nascimento de Mariama, da organização de Jessiva pro Voltarei ao sol da primavera com Roberto Benjamim. Muitas páginas escritas e soltas, cadernos arrumados aos monturos, volumes selecionados, capas e canetas, resmas e recortes, festejávamos diariamente na legendária Livro 7, quando não às risadagens com o pau de índio de Olinda, o mingau de cachorro de Afogados, a sopa do peixe do Pra Vocês, os cabarés da Rio Branco, as reiteradas curtidas de Bridge Over Troubled Water da dupla Simon & Garfunkel pra canção que eu fiz pro seu Ponte sobre águas turvas, a cantoria desafinada de Palmares City às gargalhadas com o nosso jogral particular em uníssono: melhor do que Palmares só Paris e à noite, porque de dia a gente levava de lambuja! E nessas idas e vindas, 10 anos se passaram: estava ali prontinho da silva o meu primeiro livro – com a coordenação dele e as gentis participações de Ângelo Meyer e Paulo Profeta. E mais vieram: os lançamentos da Pirata, as primeiras edições de A Região, a sua presença marcante na estreia das minhas peças teatrais – O prêmio, em Palmares; e a Viagem noturna do Sol, em Recife -; as conversas sobre a encenação de João sem terra do Hermilo com Paulo Cavalcanti – O caso conto como o caso foi; os brindes dos copos ao som de Junco do Seridó e as viradas de noite com Marca Ferrada. Décadas se passaram até o reencontro para a bombástica entrevista concedida pro meu Guia de Poesia lá no Rio de Janeiro e, muito tempo depois, a acertada com a tradução do Vivar pro Americanto na noite de Maceió, os 70 setembros. Foram muitas e tantas de perder a conta nos meandros da memória. Hoje meu coração entoa aquela canção para Abya Yala do Mílton: Qualquer dia a gente vai se reencontrar... Até mais ver.

 

Karen Blixen: Quando você tem uma tarefa grande e difícil, algo talvez quase impossível, se você trabalhar apenas um pouco de cada vez, um pouco a cada dia, de repente o trabalho terminará sozinho... Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.

Catherine Belkhodja: Todos conhecem e compartilham os sofrimentos do outro, do peso do abandono, da inevitabilidade de um acontecimento que já passou. Em seus torneios, acima de tudo uma esplêndida história de amor... Veja mais aqui.

Cressida Cowell: Estamos todos arrebatando momentos preciosos das mandíbulas pacíficas do tempo... Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.

 

A FRONTEIRA

Imagem: Acervo ArtLAM.

Amor \ Você viu o rasgo da lama? \ Foi a imigração: espelho negro \ Quantos estão procurando seus filhos desaparecidos? \ Ali, entre as paredes \ na área norte \ deserdado: Você é a fronteira \ abrigado na rocha e nos ventos frios \ Onde estão os mortos nascidos amor onde? \ No deserto talvez? Você nasceu no crepúsculo de Frontera? \ Onde você costuma ficar? Da montanha, talvez? Você cheira a sálvia em sua nostalgia \ Quantos mares eu acalmo para unir uma só linguagem de amor? \ Quantas cruzes, quanto eu cruzo? \ Quanta fome, quanta sede de família? \ Para unir, unir, unir as fronteiras! \ O eterno retorno, sempre se retorna, mãe, mãe sempre se retorna! \ Se você migrar, eu também vou! \ Tentaram me parar na fronteira \ Tentaram me parar na fronteira \ Não há vistos para o seu tipo, não, não, não \ De onde você é, eles me perguntaram? \ De todo lugar, de lugar nenhum, da ferida eu venho \ A fronteira me deu a primeira canção, eu nasci com a cara do céu afundando \ Tão violento quanto seu amor \ Para unir o amor eu tive que odiar e não lembrar \ Dizem que os pássaros migram para o sul. \ Mas acredito que eles sempre retornam para o norte, para a raiz que cresce para baixo \ e sem terra não \ De onde o vento traz o chamado da morte eterna, a sombra eterna \ Nós somos os Ixcuinan, os do norte \ Estamos dando à luz uma poesia que nos protege, uma canção \ Virgem da aurora, dai-me clareza e tranquilidade \ Estrela da manhã, dá-me luz e dá-me paz \ ao longo das fronteiras, eu canto.

Poema da escritora mexicana Cynthia Franco.

 

BEM-VINDO À BIBLIOTECA - [...] Os livros não são feitos para permanecer na sua mente, mas no seu coração. Talvez eles existam na sua mente também, mas como algo mais do que memórias. Em uma encruzilhada na vida, uma frase esquecida ou uma história de anos atrás pode voltar para oferecer uma mão invisível e guiá-lo para uma decisão. Pessoalmente, sinto que os livros que li me levaram a fazer as escolhas que fiz na vida. Embora eu possa não me lembrar de todos os detalhes, as histórias continuam a exercer uma influência silenciosa sobre mim. [...] A vida é muito complicada e expansiva para ser julgada somente pela carreira que você tem. Você pode ser infeliz fazendo algo que gosta, assim como era possível fazer o que não gosta, mas obter felicidade de algo totalmente diferente. A vida é misteriosa e complexa. O trabalho desempenha um papel importante na vida, mas não é o único responsável por nossa felicidade ou miséria [...] Cada um de nós é como uma ilha; sozinho e solitário. Não é algo ruim. A solidão nos liberta, assim como a solidão traz profundidade às nossas vidas. Nos romances que eu gosto, os personagens são como ilhas isoladas. Nos romances que eu amo, os personagens costumavam ser como ilhas isoladas, até que seus destinos gradualmente se entrelaçaram; o tipo de história em que você sussurra, 'Você estava aqui?' e uma voz responde, 'Sim, sempre.' [...] Em vez de se agonizar sobre o que você deve fazer, pense em se esforçar em tudo o que você está fazendo. É mais importante tentar o seu melhor em tudo o que você faz, não importa o quão pequeno possa parecer. Todo o seu esforço vai somar em algo. [...] Um dia bem aproveitado é uma vida bem vivida. [...] Para encontrar a felicidade, faça o que você gosta. Todos vocês devem encontrar algo que gostem de fazer, algo que os deixe animados. Em vez de perseguir o que é reconhecido e valorizado pela sociedade, faça o que você gosta. Se você puder encontrar, não vacilará facilmente, não importa o que os outros pensem. Seja corajoso. [...]. Trechos extraídos da obra Welcome to the Hyunam-Dong Bookshop (Bloomsbury, 2023), da escritora sul-coreana Hwang Bo-reum.

 

INCLUSÃO DE VERDADE – [...] A inclusão é uma proposta de uma transformação política da sociedade, uma alteração estrutural, onde o mundo precisa ser preparado não para as pessoas que têm deficiência, mas para todos. [...] Estão enganados, portanto, os que acreditam que o conceito de inclusão está relacionado somente às pessoas que têm uma deficiência. Não é. Ele tem a ver com o ser humano. [...] Trata-se de uma longa trajetória de exclusão, de não-reconhecimento, de não-entendimento de que pessoas que nascem com uma síndrome genética são detentoras de direitos como o de estar na escola, no trabalho, em todos os espaços sociais. [...] Para os pais, o maior desafio é conseguir colocar o seu filho com a maior dignidade numa escola regular de qualidade, para que eles sejam reconhecidos como parte da geração a quem pertencem, que eles possam desde cedo se exercitar eticamente junto com pessoas da mesma idade e, juntos, participar deste grande exercício que é se tornar cidadão. Para a sociedade, o grande desafio é olhar para uma pessoa com síndrome de Down e não achar que ela é o exótico da natureza. Isto é um grande equívoco. Esta é uma ideia profundamente segregacionista, quase nazista. Este é, portanto, o grande desafio da sociedade, vencer seu próprio ranço na visão deturpada que ela tem de pessoas que representam a diferença. [...] A escola inclusiva nada mais é do que uma escola de qualidade para todos. [...] Hoje, dirijo o meu trabalho para a formação de guerrilheiros pró-inclusão. Adolescentes e universitários que vão saber exatamente como olhar uma pessoa com deficiência e não vê-la mais como diferente da sociedade, mas uma pessoa integrante e indispensável dela [...]. Trechos da entrevista Inclusão reflete riqueza humana (BBC Brasil, 2003), concedida pela jornalista e ativista Claudia Werneck, que é autora do livro Muito Prazer, Eu Existo: um livro sobre as pessoas com Síndrome de Down. (WWA, 1993), a fundadora idealizadora da Escola de Gente e pioneira na disseminação do conceito de sociedade inclusiva (ONU) na América Latina.

 

MOVIMENTOS DESPEDAÇADOS...

[...] Nunca poderemos perder as esperanças. Ou acreditamos ou nada acontecerá. Portanto, o nosso sonho não está acabado, vamos atrás desse sonho, possivelmente nossa geração não alcançará, mas, à geração do futuro certamente... [...]

Trecho extraído do livro Movimentos despedaçados e outras histórias (JC, 2024), do escritor e militante político Amauri Cavalcanti Caminha.

&

JUAREIZ CORREYA NO TTTTT

Reunião de textos do poeta e editor Juareiz Correya (1951-2025) aqui, aqui, aqui & aqui.

 

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segunda-feira, abril 07, 2025

CLAUDIA PIÑEIRO, MERLINDA BOBIS, CAROL ROBINSON & OLEGÁRIO MARIANO

 

 Imagem: Acervo ArtLAM.

Ao som do álbum Amanhã Vai Ser Verão (Independente, 2018), da cantora, violonista e compositora Rosa Passos. Veja mais aqui.

 

O poema à beira do precipício... - Rabisquei o primeiro verso e o Sol dormia no Jardim das Hespérides. No fundo do meu olho a escuridão e uma maçã de ouro mostrou os descaminhos - minhas mãos queimavam pelo inefável: uma espera que se fez certeza entre dias quentes e noites acaloradas, parecia mais que queriam fazer deste lugar um imenso incinerador. O segundo verso intenso e já pulei de cabeça incontáveis vezes e de qualquer jeito: conhecia de cor as muitas funduras abissais, rastejando fora do curso com as escoriações de espatifar pelas pás de um imenso ventilador, atravessando corredores e pretextos - quem me via assim juntando o quebra-cabeça dos meus pedaços espalhados. O terceiro verso era o que já voltei atrás o tanto de quantas e me consumia com o decoro infame e as interrupções pelos conflitos, as reticências na casca ruindo - mudava de pele pela zilionésima vez, intervalos de guerra e não sabia a quem ou como pedir ajuda. Não conseguia jamais entender o que diziam de voltar ao normal, sei que despirei chacoalhado por palavras cheias de dáblius, ípsilones e kás de nomes alheios, sotaques e cacoetes, arrastado pelo bombardeio de profundas e enganosas ilusões, circunlóquios cruéis, delírios outros e ficaram as coisas nesse pé, chovendo canivetes no jogo infinito dos instantes, o desconforto dos desencontros, um segundo antes do disparo ensurdecedor e a mim mesmo repetindo teimosamente não mais voltar atrás jamais, exibindo o troféu das cicatrizes. O quarto verso era o núcleo da Terra parando - não sei quando tudo começou, só a duração da febre crepitando na vontade para onde aos solavancos e o embaraço de que nada deu certo nem modificou, tudo era não mais que uma nuvem e o vento nas folhas, a brisa no mormaço da sombra e eu em estado de graça remexendo nas ideias: o que seria dali em diante, qual porta alguém abriria, becos sem saídas, muros e paredes intermináveis, encruzilhadas de vielas na corrosão do tempo, erosão do espaço, afetos apodrecidos. Estava tonto e no quinto verso perdia a vergonha na cara entre vírgulas e esdruxulas exclamações - ninguém suspeitava meu segredo: a vida sentou-se ao meu lado, com um capacete de Sutton Hoo e às gargalhadas. Ao retirá-lo, pro meu espanto, fez uma linda careta risível, talvez me quisesse punir, como se fosse uma das mulheres que amei ao abandono. E contou uma piada: a lua evadiu-se e se perdeu pela órbita de marte, quem estava onde e olhava pras coisas sem dizer nada, a palma aberta das mãos e as linhas do meu próprio labirinto de quem já esteve lá, passou por todos os lugares, sempre às vésperas de partidas e já foi longe demais. Assim passaram-se muitos anos e o sexto verso quando deu liga, elos esgarçados. O quanto aprendia, nova lições no pau da venta e por entender entre outras tantas se revelavam e de novo reaprendia, outra vez, sempre ou quase. Era o sétimo verso e tudo passava, estava esborrando vertigens de ontens e uma sensação recorrente de fim, trocando pés e pernas trôpegas, os olhos fixados na distância do futuro: o que virá qualquer efeito nem terá sentido, um dia a hora agá e o poema da incompletude no novo verso interminável. Até mais ver.

 


Nnedi Okorafor: Nós choramos, soluçamos, choramos e sangramos lágrimas. Mas quando terminamos, tudo o que podíamos fazer era continuar vivendo... Veja mais aqui & aqui.

Dolores Huertai: Cada momento é uma oportunidade de organização, cada pessoa é um ativista em potencial, cada minuto é uma chance de mudar o mundo... Veja mais aqui & aqui.

Anne Lamott: A alegria é a melhor maquiagem... Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.

 

VIDA HOJE, MANILA, 1990

Imagem: Acervo ArtLAM.

eu amo muito lindamente hoje, \ como se amanhã eu fosse morrer. \ eu até amarro meu cabelo de penhasco em penhasco \ e convido dançarinos de corda bamba. \ Em sua primeira coleção de poesias com desenhos, Merlinda Bobis convida todos para rituais de ser, quebrar e ser novamente — cada instância é incorporada, indelével: \ ela não pode deixar ir; \ apenas leia minhas costas. \ eu sei — esta pele, \ esta memória de tartarugas.

Poema da escritora e acadêmica fiolipina-australiana Merlinda Bobis.

 

CATEDRAIS - [...] Porque a verdade que nos é negada dói até o último dia. [...] A morte exige resignação, a ausência não. [...] É de lá que viemos, onde cada palavra floresce ou dá frutos. [...] Uma pessoa ignorante com poder é uma fatalidade. [...] A maneira como nomeamos plantas, flores, frutas, usando a mesma linguagem, desenvolve nossa origem tanto ou mais do que qualquer melodia. Somos todos nós, de onde cada palavra floresce ou dá frutos. [...]. Trechos extraídos da obra Catedrales (Alfaguara, 2021), da escritora, roteirista e dramaturga argentina Claudia Piñeiro, que na obra Elena Knows (Charco Press, 2021), ela expressou que: [...] só se conhece algo quando se vive isso na vida, a vida é o nosso maior teste. [...] a vida vai nos testar. De verdade, não um ensaio geral. E naquele dia finalmente perceberemos que estamos sozinhos, forçados a nos encarar, sem mais mentiras para nos agarrarmos. [...] O que resta de você quando seu braço não consegue nem vestir uma jaqueta e sua perna não consegue nem dar um passo e seu pescoço não consegue se endireitar o suficiente para deixar você mostrar seu rosto para o mundo, o que resta? Você é seu cérebro, que continua enviando ordens que não serão seguidas? Ou você é o próprio pensamento, algo que não pode ser visto ou tocado além daquele órgão sulcado guardado dentro do crânio como um tesouro? [...]. Na obra Una suerte pequena (Alfaguara, 2015), ela expressa que: [...] Talvez a felicidade seja isso, um momento para se viver, qualquer momento, não um momento em que as palavras são desnecessárias porque seriam necessárias muitas para descrevê-lo. Ouse aceitá-lo em sua condensação, sem permitir que eles, em sua própria maneira de narrar, façam você perceber sua intensidade. [...] Eu acho que uma pessoa que tem que depender da gentileza de estranhos deve estar sozinha no mundo. Mesmo que esteja cercada de pessoas. [...] Mas o suicídio é um tipo muito particular de morte que tem repercussões para aqueles que ficam para trás. É uma morte dedicada a eles – mesmo que não fosse para ser – que os faz sentir responsáveis ​​por não terem percebido o que estava prestes a acontecer, por não terem feito nada para impedir. [...]. Já na obra Um comunista em calzoncillos (Alfaguara, 2013), ela expressa que: [...] A vida é uma sucessão de atos miseráveis interrompidos por alguns pequenos atos heroicos, e é na média de todos eles que conseguimos nos sentir dignos. Onde queremos que pelo menos uma testemunha saiba que somos dignos. Mesmo que não estejamos. [...]. Enquanto noutra obra Betibú (Verus, 2014), ela considera que: [...] Solidão é um estado interior que você pode praticar, mesmo quando estiver com outras pessoas, acredite. [...] Só um solitário é capaz de estar ao lado de outro sem sentir a necessidade, a obrigação e o direito de possuí-lo ou de trocá-lo. [...] Ser um solitário é algo constitutivo, uma forma de ser, algo que não pode mudar com o passo do tempo nem com o que se enche a casa de gente. [...]. Por fim, no seu livro Las viúvas de los jueves (Alfaguara, 2009), ela expressa que: [...] Fiquei surpresa com a complementaridade que mantivemos apesar de não entendermos por que ainda estávamos juntos. Funcionamos como se tivéssemos perdido um ao outro ou que tivéssemos substituído um ao outro, exceto pela distribuição meticulosa e tácita de pais e tarefas que continuamos a apoiar ou que tínhamos organizado com mais disposição do que com qualquer outra paz ou sentimento. [...].

 

MULHER, CIÊNCIA & FAMÍLIA – [...] Acho que o ambiente pode ser desanimador para muitas mulheres e isso é uma grande vergonha. Não precisa ser assim. Não acredito que você tenha que trabalhar 24 horas por dia, 7 dias por semana para ser cientista. Você pode estar pensando sobre ciência enquanto estiver fora do laboratório. Muitas vezes tenho minhas melhores ideias enquanto corro pelos parques da universidade. A cultura das longas horas de trabalho entra em conflito com a vida familiar e com a vida em geral e, na minha opinião, esse é o maior obstáculo percebido pelas mulheres, mas uma carreira em ciências é tremendamente gratificante e emocionante - as mulheres não devem se deixar intimidar por essas percepções. Na minha carreira, me beneficiei enormemente de uma boa mentoria e sinto que isso é uma parte importante para fazer com que as mulheres permaneçam e progridam na ciência. Mais programas existem agora para lidar com isso, mas ainda há muito mais que podemos fazer. [...] Equilibrar família e carreira foi meu maior desafio. Inicialmente, resolvi isso desistindo da minha carreira científica por oito anos; depois, consegui encontrar o equilíbrio certo entre as duas coisas que mais importavam para mim. Eu fazia isso trabalhando nas primeiras horas da manhã, mas era difícil quando as crianças eram pequenas e eu tinha que viajar para o exterior para conferências e reuniões de colaboração. Eu sentia muita falta delas enquanto estava fora. Mas eu sabia o quanto era importante divulgar meu trabalho e torná-lo conhecido no circuito internacional. Eu só tinha que seguir em frente. [...]. Trechos da entrevista Women in science: an interview with Professor Dame Carol Robinson, University of Oxford (News-Medical Life Sciences, 2015), concedida pela cientista e professora inglesa Carol Vivien Robinson (Carol Bradley), que foi presidente da Royal Society of Chemistry e lidera o grupo de pesquisa no Laboratório de Química Física e Teórica da Universidade de Oxford.

 

TODA UMA VIDA DE POESIA

Hoje esquecendo ingratidões mesquinhas \ alimento a ilusão de que essas rosas \ ao menos essas rosas, sejam minhas...

Trecho do poema O enamorado das rosas, extraído da obra Toda uma vida de poesia (2 vols - José Olympio, 1957), do poeta e diplomata Olegário Mariano (1889-1958), primo do poeta Manuel Bandeira (1886-1968). Veja mais aqui & aqui.

 

ITINERARTE – COLETIVO ARTEVISTA MULTIDESBRAVADOR:

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HAN KANG, ALIZÉE DELPIERRE, KARINA SACERDOTE & RECIFE

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som de Apu: Poema Sinfônico para Orquestra (2017), Concertino Cusqueño (2012), Elegia Andina (2000), Esc...