ÁGORA, O FILME
O filme espanhol Alexandria, cujo título
original é Ágora, lançado em 2009 sob
a direção de Alejandro Amenábar, com roteiro escrito pelo próprio diretor em
parceria com Mateo Gil, retrata a Alexandria do antigo Egito, entre os anos de
355 e 415 d.C. Tem-se, portanto, que a narrativa é desenvolvida no cenário do
politeísmo pagão dos egípcios, dominada pela soberania romana com as tradições
gregas e levada pelos conflitos e tensões entre cristão e judeus.
O drama envolve dois aspectos: o primeiro
deles de natureza histórica, envolvendo questões político-religiosas do período
ocorrido no final do séc. IV d.C., compreendendo as relações entre pagãos,
cristãos e judeus. A segunda, de natureza filosófica.
O primeiro aspecto histórico traduz as
relações de domínio do Império Romano confrontando o paganismo que adotava a
condução politeísta da classe dominante, e o confronto entre judeus e cristãos
nas disputas de poder na luta pela soberania religiosa, econômica e política da
antiguidade. Demonstra o período de intolerância religiosa que efetivou a
conversão de pagãos ao cristianismo e o seu convívio com o judaísmo e a cultura
greco-romana. A intolerância religiosa cristã despreza a condição feminina,
principalmente atacando Hypatia de ateia e bruxa, o que afronta sua proteção pelo
prefeito Orestes, um pagão convertido ao Cristianismo pelas conveniências
políticas da época.
Nesse aspecto histórico, o filme torna aguda
a grande contradição que envolve a morte de Jesus, levando a seguinte
indagação: como Jesus foi assassinado pelos judeus, se no ato de sua
crucificação ele foi considerado pela tabuleta com as inscrições INRI (Jesus de
Nazaré, rei dos judeus)? Essa contradição persegue até os dias atuais,
tornando-se clara, como demonstrado no filme, a intolerância de todas as partes
envolvidas na trama. Além do mais, mostra o sentido oposto que foi adotado
pelos cristãos, contrariando os ensinamentos de Jesus na defesa do amor, da
paz, da liberdade e da justiça.
O aspecto filosófico envolve a astrônoma,
filósofa e professora Hypatia de Alexandria (370 d.C. – 415 d.C.), filha do
matemático, diretor do Museu e da Biblioteca do lugar, Théon, confrontando o
heliocentrismo do astrônomo e matemático grego Aristarco de Samos (320 a.C.-250
a.C.), contrapondo-se as ideias de Pitágoras, Heráclides e do cientista grego
Claudio Ptolomeu (90 d.C.-168 d.C.), que defendiam o geocentrismo.
Para Aristarco, a terra girava em torno do
sol, proposta que seria quase dois mil anos mais tarde reafirmada por Nicolau
Copérnico, John Kepler e Galileu Galilei. Contudo, o sistema ptolomaico se
manteve por catorze séculos, sendo substituído apenas no Séc. XVI.
A filósofa que se manteve solteira e livre
para estudar e lecionar, não se submetendo a autoridade de qualquer homem, é
envolvida por dois amores dedicados, o do prefeito que era pagão convertido ao
Cristianismo, Orestes, e do escravo também convertido cristão, Davus, enquanto
ela se dedicava aos estudos astronômicos, matemáticos e filosóficos,
principalmente levada pelas ideias de Aristarco do movimento da terra em torno
do sol. Por se negar à conversão cristã, optando em se manter neutra na questão
e devotando sua crença apenas à Filosofia, ela é apedrejada até a morte em 415
d.C.
Por conclusão, o filme traz a mensagem de
como o conhecimento, a Filosofia e a Ciência foram oprimidas pelo sectarismo e
pela intolerância religiosa, bem como pela sede de poder que caracterizou o
apogeu do Cristianismo no Ocidente. Veja mais aqui e aqui.
* Resenha apresentada à disciplina Bases
Filosóficas e Epistemológicas da Psicologia, ministrada pelo Professor Álvaro
Queiroz.
Veja mais sobre:
O viúvo do padre aqui.
E mais:
Max Weber & Norah Jones aqui.
John Keats & Bárbara Lia aqui.
Mario Quintana, Wang Tu, Tácita, Eduardo
Souto Neto, Carlito Lima, Mike Leight & Vera Drake, Suzan Kaminga &
Ansel Adams aqui.
Humanismo e a Educação Humanista aqui.
Yoram Kaniuk, Thelonious Monk, Robert E. Daniels, Eugene de Blaas, Meir Zarchi,, Luciana Vendramini, Camille Keaton, Tono Stano, Eliane Auer, Prefeituras do Brasil, Juizados Especiais
& Responsabilidade civil das instituições bancárias aqui.
Crepúsculo dos Ídolos de Nietzsche &
Projeto Tataritaritatá aqui.
Dicionário Tataritaritatá aqui.
O mal-estar na civilização de Freud &
Coisas de antonte e dantanho aqui.
Nomes-do-pai de Lacan & BBB &
Outras tacadas no toitiço do momento aqui.
A ilusão da alma de Eduardo Giannetti
& A poesia veio dos deuses aqui.
Troço bulindo nas catracas do quengo,
Fernando Fiorese & Abel Fraga aqui.
O mistério da consciência de Antonio
Damásio &Nó na Garganta de Eduardo Proffa & Jan Claudio aqui.
Todo dia é dia
da mulher aqui.
A croniqueta de
antemão aqui.
Palestras:
Psicologia, Direito & Educação aqui.
Livros Infantis
do Nitolino aqui.
&
Agenda de
Eventos aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Leitora Tataritaritatá!!!!
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.