Ao som dos álbuns
Tempo Mínimo (2019), Hoje (2021), Andar com Gil (2023) e Delia
Fischer Beyond Bossa (2024), da pianista, cantora, compositora e
arranjadora Delia Fischer. Veja mais aqui & aqui.
Escotoma onírico (ou o testamento que entrou
pra história)... - Quem da praça da matriz, virado pra banda
da metade meridional da cidade, bandeando-se pro leste, vai pro arruado da
usina e passa por ali. Isso mesmo. Lá adiante mais umas léguas é o cemitério,
mas basta dobrar à destra pela esquina, 3 prédios depois, ou quase, lá está sem
identificação alguma. E nem precisa, não tem errada: pros lados de cá até que é
bem grandinho, ocupando um terreno largo e comprido, alvenaria tomada por um
imenso salão com cadeiras e mesas, muitas prateleiras pelas paredes desbotadas
quase sem reboco, todas preenchidas com garrafas numeradas e ao redor dum
balcão enorme envidraçado, com a oferta de produtos e divisando o ambiente um
tanto anacrônico, mas é ali mesmo. Logo verá um freguês se adiantado a soar seu
sincero pedido e é lá que ele mesmo está, aquela figura de gente austera,
perfunctório, aboletada na porta e nem um pouco extravagante: o dono da
Carne-de-Sol de ZéMago. O próprio, sujeito franzino, cabeleira rala grisalha
deixando à mostra a quase calvície, os olhos desconfiados, o bigode raspado
embaixo da venta, sobressaindo-lhe apenas por sobre o beiço superior, a voz de
soprano com sua modesta indumentária impecável, apesar de solteirão convicto –
é que tirou sentido das coisas de amor depois de já madurão e foi o
que-não-sei, coisa de coração enjaulado, olhos findantes e ela a dita era o
caos e nunca mais. Até debaixo d’água sofreu a dor de amor e se refez nas
espumas de espremido caracol: Em casa de amorante, solidão é o fim do mundo.
Triste de quem foi e de lá voltou. Era ele praquela, nunca mais. No fundo do
imóvel via-se duas portas pros sanitários e uma outra, mais estreita, com um
cartaz garatujado: PRIVADO – Proibida a entrada de enxeridos. É lá,
cochichavam, a cozinha da bruxa de fala fina. Logo na entrada parecia o
cicerone aboletado no caixa-recepção, no qual pediam, pagavam e já pegavam, ao
seu comando, a comida no prato, seguindo para se aboletar em qualquer mesa.
Outra advertência: não fale fiado. Isso evita pandemônio de vitupério. Todo
dia, às 11 em ponto, o povo chegava de faro atiçado pelos sabores acesos, tudo
figurinha carimbada de décadas e até séculos – como Zalfredim encostado num
canto a berrar: Tomara que dê uma cheia pra levar os cornos daqui! A esponsal
dele, Bastiana, da janela vizinha alertava: Cala boca, véio fresco, tu num sabe
nem nadar! Gargalham fregueses assíduos, fidelizados pelo paladar e ronco da
barriga. Eram pseudoutos e desinformados, poetastros e linguarudos, probos e
lesados, fiéis e descrentes, mutreteiros e detratores, polêmicos fuxiqueiros
pervertidos; agiotas, barnabés e puteiros, manipuladores e bem-mandados, cornos
e aduladores - uma mundiça inconformada de chatos devoradores, gente insossa e
mal-nutrida, arre égua! Todos apreciadores da graça rústica do local. Do tipo
Zé Borreia que morreu um dia desse e todos lamentavam: Ah, quem mandou ele
peidar na venta dum demônio, bem empregado: findou com estridente enfiado no
boga! Entalado? Iapois. E a próxima vítima? Ninguém escapa, meu. Os folgados
pediam: Frango assado, Zé! Vá pedir à quenga da sua mãe! E uma cerveja gelada:
Vá pedir ao corno do seu pai! Bora, bora! Quero meu pedido! Vá pro fim da fila
pra deixar de ser entrão! Outros gaiatos pediam conhaque, rum, vermute, gin,
cerveja ou até cachaça! Quando não fígado, peixes, crustáceos. Vão tudo se
lascar! Modéstia à parte: aqui só tem o que é bom! Ah, vá sentar légua no
cangote, seu fi-duma-égua! Magote de sonsos das matas finadas, mesmo assim, té
hoje mando de cana mesmo sem ter quem moa. E tombávamos todos, gente de
peripécia própria ou de diversificadas personas, diante do dicomer sustante,
gostinho daquela comida caseira, todos servidos em pratos feitos de cascos de
cágados, tartarugas e tatus; em cumbucas de barro, de pedra sabão ou louça
cerâmica, coités, vasilhas, panelas, potes, tigelas, terrinas, cuias, o que tivesse
à mão. Os talheres tudo de pau: garfos, facas, colheres. E todos matavam a sua
fome às dentadas, engolidas, abocanhadas, cada garfada, colherada, facada; todo
mundo já sabia, nem precisava de cardápio, expediente bem definido, a partir
das 11 saía o rango: a afamada carne-de-sol é servida acompanhada de
feijão-de-corda, com arroz, vinagrete e uma lapada de cortesia da abrideira Teibei
– a segunda, por conta do freguês, acende o candeeiro; a terceira, paga por
antecipação, pega o jipe de sair riscando tudo até desenvultar! Basta, então, a
primeira golada e a ineivada entra rasgando tudo, do de cujus estalar os dedos,
alvoroçado, sentir a fisgada no osso do mucumbu, do retrato da identidade se
arrepiar todo. Aí o cabra entra em combustão, baixa o santo e incorpora logo
uma entidade sã fazendo vulto capaz de adivinhar o futuro e o prêmio bolada da
loteira. U-hu! Me dá uma meiota dessa disgrama, vai! Nem um quartinho sequer,
tá doido! Há a opção para quem corajoso queira se deliciar com a incendiária
Queima Toba – uma pimenta malagueta preparada para aparentá-la àquela ardida X,
mais esquentada que a Carolina Reaper, como se fosse o cruzamento das fuderosas
Habanero e a Naga Bhut
Jolokia. Ou melar tudo com manteiga de garrafa, outra especialidade da casa. O almoço é servido até às 15, quando todos os presentes, tendo ou não
concluído o repasto, é enxotado. Porta arreada só reaberta às 17, pros
achegados da sopa Esquenta Peito, também acompanhada duma modesta talagada
grátis da Teibei. Dizem que o sucesso da sopa é por conta daquele
misterioso Osso de Hermilo. Sabiam? E ele bota nomes de tacacá, tacapitu
e buré. Tudo encerrado sumariamente às 19, arriando as portas quando a noite
vai subindo pro descanso diário. A partir da meia noite começa o serão, para o
qual acorrem atraídos paisanos, dados por notívagos ou desencaminhados. É a
hora do milagroso Mingau de Cachorro. Ô Zé me dá logo a gosma do guenzo
que eu quero dar um plantão numa frochosa de Cantochão! Quem bêbado fica
sóbrio; quem doente, curado; quem mortificado, salva-se uma alma! Glória, Deus!
E para quem boiou ou caiou a noite toda, doses cavalares da Teibei para
levantar a crista e ferver o juízo. Uma recomendação do proprietário: Beba com
moderação, senão você sai do riscado todo triscado! Da sexta pro sábado o turno
encomprida e vira noite adentro por causa da feira: Ô povo morto de fome! Só
arriando as portas lá por volta das 13 e só reabrindo meia noite com o Festival
Corujão-pra-que-te-quero. Esse é o estopô calango! É quando emenda ao domingo
de porta-arreada às 5, só a portinhola do pega-bêbo aberta. É a hora do
rega-bofe domingueiro, das garrafadas e doutras gororobas encomendadas durante
a semana e só entregáveis aos domingos. As garrafadas Frevo Arrepia – a que
levanta defunto de 7º dia, são muito procuradas e são preparadas pros
fraquejados famélicos que encomendaram durante a semana e entregues
inadiavelmente na hora aprazada: Esse xarope tônico é para tomar em jejum, tiro
e queda! Ô bicha boa! No cardápio dominical pros perdidos e desencontrados, ele
serve para pagar, pegar e levar: sopa da cabeça de peixe (camurins, acaris,
jundiás, pirambebas, piabas, traíras, tudo do seu criatório no quintal de casa
– ninguém nunca viu, quem vê morre!), pituzada, buchada de bode, a farofa -
farinha assada na carapaça de tartaruga; afora cuscuz, salada de legumes e
verduras, cobertura de queijo de coalho banhado por manteiga de garrafa; sem
contar com cuscuz, canjica, xerém, munguzá, angu; ensopado de jerimum no queijo
coalho, inhame, macaxeira, batata doce; tudo colorido com saladas de pimentão
gigante, sementes e casca de romã ralada, castanha de caju, caroço de abacate,
amendoim, casca e coroa de abacaxi, coco ralado, cebola, alho, tomate, limão,
gengibre, outras ervas silvestres para dar mais gosto, como alecrim pimenta,
aroeira, macela, cumaru e quebra-pedra; mais coentro, cebolinha, tudo ralado em
pós, afora a coleção de pimenteira da sua flora diversa, mais as fruteiras de
encher os olhos: maracujá, cereja, jaboticaba, tamarindo, cupuaçu, jaca,
pitanga, acerola, graviola, caju, umbu, mangaba, jambo, siriguela, cajá,
murici, cajarana, araticum; também licores de jenipapo, berinjela, caldo de
cana, bolo de rolo, passa de caju, cocada, tapioca, arroz doce, munguzá, arrumadinho,
escondidinho de charque, caldinho de peixe, peixadas, coalhadas, tudo com seus
temperos poderosos nas receitas de sua própria experiência gastronômica. No
balcão dos pega-bêbos só a teibei e pra tira-gostos na hora são tripa de porco
ou salame, ou mesmo frutas que estão por ali perdidas para adoçar o paladar do
recalcitrante. Às 18 fecha tudo e só segunda reabre, que ninguém é de ferro. É
quando largam, às escondidas, a cozinheira e os auxiliares – lavadoras das
louças, faxineira, copeira, os sobrinhos e afilhados: acima dos 10 anos ficam
muito sabidos! Roubam que só a peste! O anfitrião ali ouve tudo e de tudo sabe,
mas diz que não. Besta, nada. Ao ser perguntado: Não sei nada nem tenho tempo
pra fuxico: futrica é na outra esquina. Foi o que respondeu certa vez pro
delegado, que, já acometido pelas dores de um fecaloma desgraçado, emputeceu-se
e destampou a bronca, de quase prendê-lo incomunicável. Ôpa! Deixa disso. Caso
esclarecido. Morreu de quê mesmo? Ao delongar o tempo que nunca parou e choveu
de doer horas inteiras terrafora, sem remorso, o frio novo madrugava, já manhã
clara, ele lá no seu tanto vivido soçobrou. Às antes matas levitavam no solúvel
do seu íntimo e calaram nele ao pé da cruz. Entregou-se sabe-se lá seus motivos
e queixas, como um grito lavado pela lama empoçada no barro batido da rodagem
pantanosa do choro. Foi-se triturado pela moagem barulhando esmagadora na
moenda e o caldo do bagaço escorreu na veia estourada, o sangue e o piripaque
no peito sem estrondo, de beirar o ostracismo com a alma nas trevas. Caiu do
trono com uma ideia esquisita, doida, obstruindo embaixo, veia cardíaca lá do
fundo onde guardava o resto da lembrança daquela de nunca mais e quixoteou
súbita glória, era tarde, a incompletude do rastro na palma da mão, não havia
mais aonde ia dar. Bateu biela, genuflexo: esvaziou-se no mata-borrão, olhos
rasos d’água, caligrafia borrada, sem quê reinventar-se, desconchavado incólume
e agora, não temia mais seus abismos, seus desertos segredos. Absorto, suspenso
pela procissão de quelônios fantasmas, ai-de-quem, à tona incôngruo, seu
tumulto foi maior. Foi-se com seus ais, quando lembrou de Deus e imergiu em
zilhões de coisas ao mesmo tempo, difuso, despersonalizado, uno, foi-se. Era o
tranquilo morrer-se enfim. Foi-se esquecendo pra renascer no epitáfio da
lápide: Aqui jaz aquele que brindou a vida e tudo o que amealhou saiu gastando a
peidar, arrotar, cagar e mijar; o amigo que lembrou dos vivos safados e dos que
se foram... Eu também voo. Sepultado foi com um testamento emaranhado num nó
cego da peste de bem dado que, até hoje, os parentes todos tentam
desengachá-lo. Até mais ver.
Annie Ernaux: Procurei o amor da minha mãe em todos os cantos do mundo... A dor não pode ser mantida intacta, ela precisa ser “processada”, convertida em humor... Ela me ensina que o mundo foi feito para ser aproveitado e aproveitado, e que não há absolutamente nenhuma razão para se conter... Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.
Coco Chanel: Não gaste tempo batendo em uma parede, na esperança de transformá-la em
uma porta... O ato mais corajoso é ainda pensar por si mesmo... Como tudo está
em nossas cabeças, é melhor não perdê-las... Veja
mais aqui & aqui.
Dorothy Parker: Se você quer saber o que Deus pensa sobre o dinheiro, basta olhar
para as pessoas que ele deu... A cura para o tédio é a curiosidade. Não há cura
para a curiosidade... Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.
APOLOGIA ACONCHEGANTE
Imagem: Acervo ArtLAM.
Eu poderia escolher qualquer coisa e pensar em você \ — Esta luminária, a
chuva parada pelo vento, o azul brilhante \ Minha caneta exala, secando fosca,
sobre a página. \ Eu poderia escolher qualquer herói, qualquer causa ou época \
E, tão certo quanto atirar flechas no coração, \ Montado em uma égua malhada,
pernas tão afastadas \ Quanto ficar em estribos de prata permitir \ — Lá estará
você, com a testa franzida \ E a cota de malha brilhando, para me libertar: \ Um
olho sorrindo, o outro firme no inimigo. \ Esta era pós-pós-moderna é só
negócios: \ CDs e faxes, um evento do tipo "faça agora e não corra
riscos". \ Hoje, um furacão está se aproximando da costa, \ Estranhamente
masculino: o Grande Floyd Mau, que traz uma horda \ De devaneios:
reminiscências constrangedoras \ De paixões adolescentes por garotos inúteis \ Cujo
único talento era beijá-la até deixá-la sem sentido. \ Todos tinham nomes de
maricas — Marcel, Percy, Dewey; \ Eram finos como alcaçuz e tão mastigáveis, \ Doces
com um centro escuro e oco. \ Floyd Xingando sem parar. \ Você está
enclausurado no seu Aerie, eu estou empoleirado no meu \ (Mesas gêmeas,
computadores, pisos de madeira): \ Estamos contentes, mas ficamos aquém do
Divino. \ Ainda assim, é constrangedor, essa felicidade \ — Quem se satisfaz
simplesmente com o que é bom para nós, \ Quando o comum já foi notícia? \ E, no
entanto, porque nada mais serve \ Para me livrar da melancolia (chame de
tristeza), \ Preencho este tempo roubado com você.
Poema da premiada poeta e ensaista estadunidense Rita Dove (Rita Frances Dove), autora da obra On the Bus With Rosa Parks (1999).
GAIOLA DOURADA - […] Parece haver algum tipo
de tristeza em você. Acho isso atraente. Desconfio de pessoas que andam por aí
achando que a vida é só risadas o tempo todo. Pessoas que estão sempre felizes
me entediam. Não deveríamos estar felizes o tempo todo, senão o mundo pararia. [...] O
maior problema das pessoas, percebi, é que elas projetam sua própria tristeza
nos outros. Tente compartilhá-la. Elas imaginam que, por compartilharmos o
mesmo DNA, automaticamente nos sentiremos tristes com as mesmas situações. A
tristeza não fica mais fácil de lidar simplesmente porque você a compartilha.
Pelo contrário, ela se torna mais pesada. [...] A libertação de se
encontrar no fundo do poço. Sem risco de cair ainda mais na merda. [...].
Trechos extraídos da obra Golden Cage ( Vintage Crime/Black Lizard, 2021), da escritora sueca Camilla Läckberg, que na sua obra The
Cuckoo (Hemlock Press,2024), ela expressou que: […] Literatura é vida e morte. Pessoas
vêm e vão. Nós vivemos. Nós morremos. Mas a literatura que criamos continua
viva. [...]. Já no seu livro
El espejismo - Planeta Internacional nº 3 (2024), ela registra que: […] Conceda-me serenidade para aceitar o que não posso mudar, coragem para
mudar o que posso e sabedoria para saber a diferença. [...]. Também é autora de
obras como: Women without mercy (2018), Buried Angels (2014), The
Angel Maker's Wife (2011), The Ice Princess (2011), The Preacher
(2011), Las hijas del frío (2011), The Hidden Child (2007), entre
outros, sendo atrabuida a ela a frase: Se você não se permitir amar,
correria o risco de perder tudo... Veja mais aqui, aqui & aqui.
ANÁLISE - [...] Muitos são os caminhos que nos levam a procurar a ajuda
de um psicanalista, e todos passam por um certo caldo de cultura que entende
que a psicanálise seria uma resposta para o sofrimento. Calhou de eu sentir uma
tristeza enorme aos dezessete anos, e de conhecer uma psicóloga que conhecia
uma psicanalista. Daí para cair de costas num divã foram dois palitos. Já o
percurso que me levou a precisar de ajuda é bem mais custoso de descrever.
Resisto o quanto posso. Essa história tem infinitas versões possíveis, e
qualquer coisa que eu disser a partir daqui será mais uma delas, ou seja,
construções e improvisos sobre um vazio original. Nasci a quinta filha em uma
prole de seis — ou deveria dizer oito, uma vez que meu pai teve dois filhos
fora do casamento, cuja existência só descobri na adolescência? [...] Freud diz que o trauma é precedido
pela calmaria para a qual sonhamos voltar, na expectativa impossível de
recolocar a pasta de dentes no tubo espremido. Buscamos refúgio nas cenas que
antecedem o acontecimento trágico, recriando um momento idílico antes do mal
súbito. É como se, no meio de uma guerra, sonhássemos com o tempo anterior ao
fatídico bombardeio no qual perdemos um ente querido, sob a condição de
esquecermos convenientemente que já estávamos em guerra. Mas há outras formas de lidar com a intensidade traumática. Uma paciente pode
contar uma cena de abuso da qual só se lembra das cores do lustre que tinha ao
alcance dos olhos. É como se, para suportar o insuportável, só lhe restasse
reduzir-se a um olho que vê um lustre, deixando o corpo ausente de si enquanto
o algoz desfruta dele. Os relatos de tortura dizem muito dos subterfúgios que
usamos para preservar a alma frente ao horror. [...]. Trechos extraídos de Análise
(Zahar, 2025), da psicanalista e psicóloga Vera Iaconelli, atuando
como membro do Instituto Sedes Sapientiae e da Escola do Fórum do Campo
Lacaniano, autora dos livros Mal-estar na maternidade: do infanticídio à
função materna (Zagodoni, 2020) e Criar filhos no século XXI (Contextoi,
2020).
DEMOROU
MUITO, DE ADMMAURO GOMMES
Imagem: Acervo ArtLAM.
[...]
Ninguém me avisou que eu teria \ que passar
por lugares tão estreitos \ e íngremes e escorregadios \ e enfrentar perigos
inúteis. \ Tudo era para ter o aroma da felicidade \ e beijos e flores e cores
e afagos \ mas nada de fantasmas medievais \ nem internéticas assombrações. \ Era
para ser o filme do ano \ a conquista sempre e inevitável \ e o renascer da
esplendorosa manhã \ onde os campeões dão a volta olímpica \ com a taça na mão. [...].
Trecho do poema Demorou muito, do poeta,
professor e revisor Admmauro Gommes, poema este que recebeu modestas considerações
minhas e uma resenha crítica do poeta Vital Corrêa de Araújo. Veja o
texto completo aqui & mais aqui & aqui.
ITINERARTE –
COLETIVO ARTEVISTA MULTIDESBRAVADOR:
Veja mais sobre
MJ Produções, Gabinete de Arte & Amigos da Biblioteca aqui.