sábado, junho 29, 2013

JUANA RAMOS, JOAN DIDION, CARRÈRE, BAUERMEISTER, DANTO & LITERÓTICA.

TRÊS POEMETOS – I – FESTA: Bebo do seu caldo toda vez que minha língua insone lambe sua alma entre as pernas com os sabores de vida. E ela madeira que me faz seu cupim se espreme nua como quem canta na voz de Joyce todos os seus desejos, como quem levita insaciável trepadeira, que enlouquece como uma Rita Lee fuviando no cio e eu descascando a Maria-sem-vergonha que se mija toda no orvalho da noite e que me banha com sua baba iluminando o meu sexo que se enfia pelas corredeiras e curvas e quebradas de sua nudez em festa para o meu prazer. E errante afoito eu vou por suas ruas, montes, dorso, púbis e infernos e sou mais que deus no sacrifício do seu ventre anímico. II - ESSA CARNE: Essa carne é o meu repasto: glória e ressurreição. É onde eu me satisfaço e faço história de ódio e paixão. É nessa carne que eu vou do céu ao inferno, de verão a inverno só para me salvar. É nela a minha eucaristia com nossa sintonia e a vida fora do ar. Essa carne é a minha crença: divina presença de sagrado louvor. Porque ela é minha doce bailarina que me salva e ilumina e me esconjura sem nexo crucificada em meu sexo e me faz qualquer um. É meu desjejum, santa profanada que pira agarrada em mim e me faz seu senhor, assim, seu penhor para que eu entenda e receba a oferenda na pira do amor. III – VIAGEM: É neste corpo que sou um dos irmãos Montgolfer pelos confins das galáxias com o teodolito no alvo, maior rolê por ai. É neste corpo que navego todas as águas de mares e rios, todos os sabores apetecíveis dos pomares e culturas do paladar, todas as terras de todos os continentes e todos os recantos planetários. É neste corpo que vôo na direção do vento de todas as grandes alturas das atmosferas, de todas as camadas superiores do universo e de todas as camadas inferiores da terra. É neste corpo que eu vivo porque significa a vida para mim. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui, aquiaqui.

 


DITOS & DESDITOS - Descobrir o que eu sei e o que eu quero é a razão pela qual pinto... Eu apenas segui um impulso interior para expressar o que ainda não existia, na realidade ou no pensamento... Fazer arte foi mais um processo de descoberta e busca do que um conhecimento... Pensamento da artista alemã Mary Bauermeister (1934-2023).

 

ALGUÉM FALOU - Eu escrevo inteiramente para descobrir o que estou pensando, o que estou olhando, o que vejo e o que isso significa. O que eu quero e o que eu temo. Pensamento da escritora estadunidense Joan Didion (1934-2021). Veja mais aqui e aqui.

 

ALÉM DA BRILLO BOX – [...] Deus terá que assumir as particularidades dos gêneros, e sujeitar-se à dor passando pelas agonias redentoras da narrativa cristã: como encarnado ele deve começar tão desamparado como todos nós quando nascemos – famintos, molhados, sujos, confusos, contorcidos de cólica, chorando, balbuciando, babando, e totalmente dependentes... [...]. Trecho extraído da obra Beyond the Brillo Box (Farrar Straus and Giroux, 1992), do filósofo e crítico de arte estadudinense Arthur Danto (1924—2013). Veja mais aqui e aqui.

 

LIMONOV – [...] Aquela aterradora sessão fez com que perdesse a vontade de reencontrar os velhos amigos. Como fez bem, quinze anos antes, em deixar sua convivência! Como o detestam por tê-lo feito! Enquanto ele lutava pela sobrevivência no front ocidental, eles ficavam marinando em seu desconfortável conforto, protegidos pela placa de chumbo da amarga consciência de sua mediocridade. [...]. Trecho extraído da obra Limonov (Alfaguara, 2013), do escritor e roteirista francês Emmanuel Carrère, um romance biográfico baseado na vida de Eduard Limonov, um político russo e figura da oposição, além de poeta e romancista.

 

EPÍLOGO: PARA MEU PAI - Com seu rádio \ no final do corredor, \ uma cadeira de rodas que cava \ na sua saudade, \ a dos dias corridos, \ das saudações \ no meio da avenida. \ Reviva outros tempos, \ contemple \ o pátio \ que se fez \ dia após dia. \ Vejo-o \ de uma distância \ que chamei \ de prudente. \ Olho para ele curvado, \ a mão esquerda \ segurando o queixo, \ o dedo indicador trêmulo, \ indício de uma doença \ que começa a dominá-lo. \ Seu visual deficiente, \ já em declínio, \ passa pelos óculos que usou pela primeira vez.\ há mais de uma década. \ Lentamente espanta \ uma mosca da testa, \ à esquerda um mosquiteiro \ esconde um ser \ consumido \ que só balbucia. Duas mendigas lambuzadas de abandono \ interrompem o corredor. \ Ele gesticula, leva o rádio ao ouvido, boceja e inclina a cabeça até adormecer. \ Ouça passos ao longe, abra bem os olhos. Estende a mão fria e suada, põe melhor cara, encontra o melhor sorriso, põe-no pouco a pouco no rosto quando se vê invadido/ pela minha presença. Poema da professora e escritora salvadorenha Juana M. Ramos.

 

PROGRAMA DOMINGO ROMÂNTICO – O programa Domingo Romântico que vai ao ar todos os domingos, a partir das 10hs (horário de Brasilia), é comandado pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio Cidade, em Minas Gerais. Confira a programação deste domingo aqui.

VIVA SÃO PEDRO NO PROGRAMA DOMINGO ROMÂNTICO!!!!!! – Na programação superespecial as seguintes atrações: Alceu Valença, João Guimarães Rosa, Marisa Monte, Chico Buarque, uma homenagem a Chiquinha Gonzaga com Marco Aurélio Xavier, Caetano Veloso & Milton Nascimento, Sarah Vaughan, Nana Caymmi, Djavan, Ivan Lins, Zezé Motta, Paula Santoro & Guinga, Dado Villa-Lobos & Paula Toller, Legião Urbana, Flávio Venturini, Michelle Branch & Carlos Santana, Titãs, Dalida, Simony, Renato e seus blue caps, Sonia Mello, Roberto Toledo, Ana Moura, Renato Motha & Patrícia Lobato, Junior Almeida, Luciana Soler, Lucinda Prado & Ana Fumian & Adalton Miguel, Zé Ripe, Santanna o Cantador, Wilson Monteiro & muito mais! Tudo isso e muito mais no programa Domingo Romântico deste 30 de junho, na programação da Cidade FM 87,9, a partir das 10hs. Veja mais aqui.

SERVIÇO: O que? Viva São Pedro no Programa Domingo RomânticoQuando? Neste domingo, 30/06, a partir das 10hs. Onde? Cidade FM Apresentação Meimei Corrêa.

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sexta-feira, junho 28, 2013

LIPOVETSKY, MEAD, STUART HALL, FRANCESCA RANDAZZO EISEMANN, MATS WAHL & FRISSELL

GILLES LIPOVETSKY – O filósofo, professor e teórico da Hipermodernidade, Gilles Lipovetsky, é autor de uma série de livros que abordam sobre a temática do hiperconsumo e do individualismo na contemporaneidade. Durante a mais longa parte da história da humanidade, as sociedades funcionaram sem conhecer os movimentados jogos das frivolidades. Assim, as formações sociais ditas selvagens ignoraram e conjuraram implacavelmente, durante sua existência multimilenar, a febre da mudança e o crescimento das fantasias individuais. A legitimidade inconteste do legado ancestral e a valorização da continuidade social impuseram em toda parte a regra de imobilidade, a repetição dos modelos herdados do passado, o conservantismo sem falha das maneiras de ser e de parecer. O processo e a noção de moda, em tais configurações coletivas, não têm rigorosamente nenhum sentido. Aliás, não que os selvagens, mesmo fora dos trajes cerimoniais, não tenham por vezes o gosto muito vivo das ornamentações e não procurem certos efeitos estéticos, mas nada que se assemelhe ao sistema da moda. Mesmo múltiplos, os tipos de enfeites, os acessórios e penteados, as pinturas e tatuagens permanecem fixados pela tradição, submetidos a normas inalteradas de geração em geração. Hiperconservadora, a sociedade primitiva impede o aparecimento da moda por ser esta inseparável de uma relativa desqualificação do passado: nada de moda sem prestígio e superioridade concedidos aos modelos novos e, ao mesmo tempo, sem uma certa depreciação da ordem antiga. Inteiramente centrada no respeito e na reprodução minuciosa do passado coletivo, a sociedade primitiva não pode em nenhum caso deixar manifestarem-se a sagração das novidades, a fantasia dos particulares, a autonomia estética da moda. Sem Estado nem classes e na dependência estrita do passado mítico, a sociedade primitiva é organizada para conter e negar a dinâmica da mudança e da história. Como poderia ela entregar-se aos caprichos das novidades quando os homens não são reconhecidos como os autores de seu próprio universo social, quando as regras de vida e os usos, as prescrições e as interdições sociais são colocados como resultantes de um tempo fundador que se trata de perpetuar numa imutável imobilidade, quando a antiguidade e a perpetuação do passado são os fundamentos da legitimidade? Para os homens, nada mais resta fazer senão continuar na mais estrita fidelidade àquilo que foi contado, nos tempos originários, pelas narrativas míticas. Na medida em que as sociedades foram submetidas, tanto em suas atividades mais elementares como nas mais carregadas de sentido, aos comportamentos dos ancestrais fundadores, e na medida em que a unidade individual não pôde afirmar uma relativa independência em relação às normas coletivas, a lógica da moda viu-se absolutamente excluída. A sociedade primitiva criou uma barreira redibitória à constituição da moda, na medida em que esta consagra explicitamente a iniciativa estética, a fantasia, a originalidade humana, e implica, além disso, uma ordem de valor que exalta o presente novo em oposição frontal com o modelo de legitimidade imemorial fundado na submissão ao passado coletivo. Para que o reino das frivolidades possa aparecer, será preciso que sejam reconhecidos não apenas o poder dos homens para modificar a organização de seu mundo, mas também, mais tardiamente, a autonomia parcial dos agentes sociais em matéria de estética das aparências. [...]. O IMPÉRIO DO EFÊMERO – O livro O império do efêmero, de Gilles Lipovetsky aborda temas como o feérico das aparências, a moda e o Ocidente, o momento aristocrático, a moda de cem anos, a moda aberta, a moda consumada, a sedução das coisas, a publicidade mostra suas garras, cultura à moda mídia, voga o sentido, os deslizamentos progressivos do social, entre outros assuntos. Uma nova modernidade nasceu: ela coincide com a “civilização do desejo” que foi construída ao longo da segunda metade do século XX. Essa revolução e inseparável das novas orientações do capitalismo posto no caminho da estimulação perpetua da demanda, da mercantilização e da multiplicação indefinida das necessidades: o capitalismo de consumo tomou o lugar das economias de produção. Em algumas décadas, a affluent society alterou os gêneros de vida e os costumes, ocasionou uma nova hierarquia dos fins bem como uma nova relação com as coisas e com o tempo, consigo e com os outros. A vida no presente tomou o lugar das expectativas do futuro histórico e o hedonismo, o das militâncias politicas; a febre do conforto substituiu as paixões nacionalistas e os lazeres, a revolução. Sustentado pela nova religião do melhoramento continuo das condições de vida, o maior bem-estar tornou se uma paixão de massa, o objetivo supremo das sociedades democráticas, um ideal exaltado em todas as esquinas. Raros são os fenômenos que conseguiram modificar tão profundamente os modos de vida e os gostos, as aspirações e os comportamentos da maioria em um intervalo de tempo tão curto. Jamais se reconhecera tudo que o homem novo das sociedades liberais “deve” a invenção da sociedade de consumo de massa. [...] Muitas são as razões que levam a pensar que a cultura da felicidade mercantil não pode ser considerada um modelo de vida boa. São suficientes, no entanto, para invalidar radicalmente seu principio? Porque o homem não e Uno, a filosofia da felicidade tem o dever de fazer justiça a normas ou princípios de vida antitéticos. Temos de reconhecer a legitimidade da frivolidade hedonística ao mesmo tempo que a exigência da construção de si pelo pensamento e pelo agir. A filosofia dos Antigos procurava formar um homem sábio que permanecesse idêntico a si próprio, querendo sempre a mesma coisa na coerência consigo e na rejeição do supérfluo. Isso e de fato possível, de fato desejável? Não o creio. Se, como sublinha Pascal, o homem e um ser feito de “contrariedades”, a filosofia da felicidade não tem de excluir nem a superficialidade nem a “profundidade”, nem a distração fútil nem a difícil constituição de si mesmo. O homem muda ao longo da vida e não esperamos sempre as mesmas satisfações da existência. Significa dizer que não poderia haver outra filosofia da felicidade que não desunificada e pluralista: uma filosofia menos cética que eclética, menos definitiva que móvel. No quadro de uma problemática “dispersa”, não e tanto o próprio consumismo que compete denunciar, mas sua excrescência ou seu imperialismo constituindo obstáculo ao desenvolvimento da diversidade das potencialidades humanas. Assim, a sociedade hipermercantil deve ser corrigida e enquadrada em vez de posta no pelourinho. Nem tudo e para ser rejeitado, muito e para ser reajustado e reequilibrado a fim de que a ordem tentacular do hiperconsumo não esmague a multiplicidade dos horizontes da vida. Nesse domínio, nada esta dado, tudo esta por inventar e construir, sem modelo garantido. Tarefa árdua, necessariamente incerta e sem fim, a conquista da felicidade não pode ter prazo. O que e verdade para a sociedade e verdade para o individuo: o homem caminha rumo a um horizonte que se evapora a medida que ele imagina estar próximo, toda solução trazendo consigo novos dilemas. A cada dia, a felicidade tem de ser reinventada e ninguém detém as chaves que abrem as portas da Terra Prometida: sabemos apenas pilotar sem instrumentos e retificar ponto por ponto, com mais ou menos sucesso. Lutamos por uma sociedade e uma vida melhor, buscamos incansavelmente os caminhos da felicidade, mas o que nos e mais precioso, a alegria de viver, como ignorar que sempre nos será dada por acréscimo? A FELICIDADE PARADOXAL – O livro A felicidade paradoxal: ensaio sobre a sociedade de hiperconsumo, de Gilles Lipovetsky aborda na primeira parte sobre a sociedade do hiperconsumo, as três eras do capitalismo de consumo, o nascimento dos mercados de massa, a produção e marketing de massa, uma tripla invenção: marca, acondicionamento e publicidade; os grandes magazines, a sociedade de consumo de massa, a economia fordista, uma nova salvação, além da posição social: o consumo emocional, do consumo ostentatório ao consumo experiencial, o consumo intimizado, paixão pelas marcas e consumo democrático, fetichismo das marcas, luxo e individualismo; hperconsumo e ansiedade, poder e impotência do hiperconsumidor, medicalização do consumo, controle do corpo e espoliação, um hipermaterialismo médico, consumo, tempo e jogo; o consumo como viagem e como divertimento, hedonismo, lazer e economia da experiência; a compra-prazer, a febre da mudança perpétua, o consumo, a infância e o tempo;  rejuvenescer a experiência vivida, nostalgia e desejo de insignificância, a organização pós-fordista da economia, a economia da variedade, extensão das séries e produção personalizada, a reorientação de marketing de grande distribuição, a corrida à inovação, a inflação das novidades, a economia da velocidade, cronoconcorrência, imagem, preço e qualidade, hiperpublicidade e hipermarcas, rumo a um turboconsumidor, o consumo discricionário de massa, a revolução do auto-serviço, o hedonismo consumidor, o turboconsumismo, o consumo hiperindividualista, o consumidor-viajante, o consumo continuo, um turboconsumismo policrônico, o efeito Diva, o consumo balcanizado, a criança hiperconsumidora, Power Age, entre medida e caos, consumidor “profissional” e consumidor anárquico, o fabuloso destino do Homo consumericus, o consumo-mundo, o consumo sem freio, a espiritualidade consumista, o hiperconsumidor cativado pela ética, o consumismo sem fronteira, o consumo reflexivo, da vitrine à consciência, o hiperconsumo como destino, limites da mercantilização, relações mercantis e sociabilidade, aniquilação dos valores? A sentimentalizacao do mundo, frivolidade e fragilidade. Na segunda parte, aborda sobre prazeres privados e a felicidade ferida, Penía: gozos materiais, insatisfação existencial, da decepção, consumo e decepção, os novos vetores da decepção, vida profissional, vida sentimental, vida malograda, desejos, frustrações e publicidade, a publicidade prometeica, extensão do domínio publicitário, a ilusão da onipotência, a publicidade-reflexo, a tragédia do hiperconsumo, a falta, o agir e os outros, pobreza e delinquência: a violência da felicidade, exclusão, consumo e individualização, precariedade e individualismo selvagem, miséria material, miséria interior, aflições e renascimento, a vida recomeçada, Dionísio: sociedade hedonista, sociedade antidionisíaca, a sagração das pequenas felicidades, o cotidiano ludicizado, lazeres e tempo para si, era das comunidades, era dos indivíduos, conforto e bem-estar sensitivo, do conforto tecnicista ao bem-estar emocional, o amor pela casa: o conforto no conforto. conforto, tecnologias de conexão e segurança, o design polissensorial, beber e comer, Gargantua envergonhado, prazeres gastronômicos e cozinha hipemoderna, o desvanecimento do carpe diem, o triunfo de Knock, orgia pesada, sexo ajuizado, um hedonismo bem temperado, sexo, amor e narcisismo; noites de embriaguez dias de festa, drogas, desestruturação e criminalização, a ressurreição da festa, a festa maneira, Super-Homem: obsessão pelo desempenho, prazeres dos sentidos; vida profissional, vida privada, trabalho e tempo livre, feliz no trabalho? Corpos competitivos e preguiçosos, a euforia esportiva, sociedade dopante, esporte-lazer e corpos preguiçosos, superar-se ou sentir-se bem? “Maior bem-estar” e corpo das sensações, medicalização, prudência e sofrimento; o consumo paliativo, sexo-máquina, o amor, sempre; sexo-proeza, sexo emocional; miséria sexual e gozo sensual, Nemesis: superexposição da felicidade, regressão da inveja; o mau-olhado, quando a felicidade se mostra, a inveja neutralizada, dizer a felicidade, medo da inveja e modernidade, confiança: felicidade e inveja, confiança: suspeita e inveja, as metamorfoses da inveja, luxo e comparação provocante, inveja existencial e inveja geral, o recuo da inveja, Homo felix: grandeza e miséria de uma utopia, felicidade e esperança, sabedoria da ilusão, consumo destrutível e responsável, uma sociedade de hiperconsumo durável, hiperconsumo e anticonsumo, frugalidade e felicidade, a sabedoria ou a última ilusão, a sabedoria light, ilusão da sabedoria, ética e estética: uma nova barbárie, barbárie estética, barbárie moral, o espírito de consumo, arcaísmos, o pós-hiperconsumo, o ecletismo da felicidade, entre outros assuntos. Com a era individualista abre-se a possibilidade de uma era de violência total da sociedade contra o Estado, sendo uma das suas consequências uma violência não menos ilimitada do Estado sobre a sociedade, ou seja o Terror como modo moderno de governo pela violência exercida em massa, não só contra os opositores, mas também contra os partidários do regime. As mesmas razões que permitem à violência civil subverter a ordem social e política tornam possível um desafio sem precedentes do poder em relação à sociedade, nascendo o Terror na nova configuração ideológica resultante da supre macia do indivíduo: quer os massacres, as deportações, os processos se realizem em nome da vontade do povo quer da emancipação do proletariado, o Terror só é possível em função de uma representação democrática e, portanto, individualista, do corpo social, embora, sem dúvida, para denunciar a sua perversão e para restabelecer pela violência a prioridade do todo coletivo. Do mesmo modo que a vontade revolucionária não pode explicar-se por contradições objetivas de classe, também é vão querer dar conta do Terror a partir de simples necessidades circunstanciais é porque o Estado, de acordo com o ideal democrático, se proclama idêntico e homogéneo à sociedade que, com efeito, pode chegar a desafiar toda a legalidade, a desenvolver uma repressão sem limites, sistemática, indiferente às noções de inocência e de culpabilidade Se, por conseguinte, a evolução individualista-democrática implica correlativamente, na longa duração, uma redução dos signos ostentatórios do poder estatal e o advento de um poder benevolente, suave, protetor nem por isso deixou de permitir a emergência de uma forma particularmente sangrenta de poder, que podemos interpretar como uma última revivescência do brilho do soberano condenado pela ordem moderna, uma formação de compromisso entre os sistemas da crueldade simbólica tradicional e a impessoalidade gestionária do poder democrático A grande fase do individualismo revolucionário termina ante os nossos olhos: depois de ter sido um agente de guerra social, o individualismo contribui atualmente para abolir a ideologia da luta de classes. Nos países ocidentais desenvolvidos, a era revolucionária encerrou-se, a luta de classes institucionalizou-se, já não é portadora de descontinuidade histórica, os parti dos revolucionários encontram-se num estado de deliquescência total, a ne gociação leva por todo o lado a melhor sobre os confrontos violentos. [...]. A ERA DO VAZIO – O livro A era do vazio: ensaios sobre o individualismo contemporâneo, de Gilles Lipovetsky, trata acerca da sedução non stop, da indiferença pura, Narciso ou a estratégia do vazio, modernismo e pós-modernismo, a sociedade humorística e violências selvagens, violências modernas. OS TEMPOS HIPERMODERNOS – O livro Os tempos hipermodernos, de Gilles Lipovetsky, aborda sobre o individualismo paradoxal, tempo contra tempo ou a sociedade hipermoderna, a entrevista marcos de uma trajetória intelectual, entre outros diversos assuntos. Veja mais aqui e aqui.

REFERÊNCIAS
LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
______. A era do vazio: ensaios sobre o individualismo contemporâneo. Barueri: Manole, 2005.
______. A felicidade paradoxal: ensaio sobre a sociedade de hiperconsumo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
______. Os tempos hipermodernos, São Paulo: Barcarolla, 2004.

 


DITOS & DESDITOS - Nunca duvide de que um pequeno grupo de indivíduos conscientes e comprometidos pode mudar o mundo. Na verdade, é a única coisa que já existiu. Pensamento da antropóloga estadunidense Margaret Mead (1901-1978). Veja mais aqui e aqui.

 

ALGUÉM FALOU - Aqui estão rostos que eu achei memoráveis. Se não são todos tão felizes como os reis, é porque neste mundo imperfeito e nestes tempos perigosos, o olho da câmera, como o olho de uma criança, muitas vezes vê a verdade. Pensamento da fotógrafa estadunidense Toni Frissell (1907-1988).

 

LINGUAGEM – [...] A linguagem sabemos, é a capacidade de expressar, de simbolizar e comunicar ideias, sentimentos, sensações... enfim, de dizer o mundo. Portanto, aquilo que existe de mais humano no homem. Uma escola concebida como um espaço onde pudesse vicejar uma multiplicidade de linguagens permitiria florescer, também, uma pluralidade de sentidos, de novos sentidos do humano. Uma escola apta a fazer do ensino um instrumento sustentador de valores e não mais pura e simplesmente reprodutora de aprendizado técnico [...]. Trecho extraído da obra Cultura popular, linguagens artísticas e educação (MEC\SED, 2008), do professor, antropólogo e historiador René Marc da Costa. Veja mais aqui.

 

IDENTIDADE CULTURAL – [...] O sujeito, previamente vivido como tendo uma identidade unificada e estável, está se tornando fragmentado; composto não de uma única, mas de várias identidades, algumas vezes contraditórias ou não resolvidas. [...]. Trecho extraído da obra A identidade cultural na pós-modernidade (DP&A, 2011), do teórico cultural e sociólogo jamaicano Stuart Hall (1932—2014). Veja mais aqui e aqui.

 

O INVISÍVEL - [...] A presença de um invisível é como um leve toque. Voltamo-nos e nos perguntamos: quem era ele, de onde veio e para onde ia? O dia em que ele – ou ela – ficou invisível. Eles cambaleiam ao nosso lado, legiões, coortes, armados com existências invisíveis, sussurrando-nos sobre suas vidas, esperanças e anseios às vezes não vividos. E pode acontecer que os ouçamos. Então temos vontade de dizer "alguém perdeu a vida e talvez tenha sido para mim, para que eu pudesse ver". O invisível visível. Pode ser eu. Pode ser você. [...] Porque realmente o que há para saber sobre aqueles que desaparecem? O que há para saber sobre quem se tornou invisível? O que há para saber sobre quem está sangrando com a boca cheia de folhas escuras? [...] Porque este é o destino dos invisíveis: eles só podem se mover quando pensamos neles. [...]. Trechos extraídos da obra The Invisible (Farrar, Straus and Giroux, 2007), do escritor sueco Mats Wahl.

 

VIDA – vida \ atrevo-me a pronunciar suas cores\ ver a luz\ entre tuas correntes\ como um laço de palavras\ vida \ denunciada\ no cuidado\ com que nasce das pedras\ eu te escuto\ na sombra do silêncio\ quando a porta é desfeita\ fechada por dentro\ alma que cresce\ movimento\ e isca\ pensamento\ dedos de meu pés\ língua\ nervo\ nuvem de todas as formas\ olho que as cria\ eu quero fazer o mapa da tua pele\ lançá-la inteira ao vento\ e aprender a voar\ sem o tom do vazio\ vida \ objetiva e zoom \ mundo que se abre\ após me haver apertado\ tantos braços. Poema da escritora hondurenha Francesca Randazzo Eisemann.

 

TATARITARITATÁ – Tudo começou na verdade em 2002 quando criei este blob no extinto Weblogger, uma plataforma que dava muito problema e me fez, em 2006, migrar para este espaço aqui. Aí, o que na verdade seriam 12 anos, viraram apenas 8. Tem nada não. Então, comemorando o aniversário de 8 anos de um projeto que começou como blog, virou site nas mãos da poeta e design Mariza Lourenço em 2006 mesmo.

Em 2008, passou a ser folheto de cordel que foi publicado pelas Edições Nascente.


Em 2009, foi transformado em programa radiofônico inserido dentro o Alagoas Frente & Verso, comandado pelo jornalista João Marcos Carvalho, na Radio Difusora de Alagoas, razão pela qual, depois de sair da emissora, passou a ser webradio, até então, transformando-o em Folia Tataritaritatá durante o carnaval, Forró Fuá Tataritaritatá durante os festejos juninos, afora dicionário de nordestinês e outras porqueiradas.

Em 2010, virou show musical que foi apresentado dentro do Projeto Palco Aberto, da BoiBumbarte, acompanhado pela banda Cianônima Ilimitada, além de ter sido apresentado em diversos palcos dos estados brasileiros. Logo em seguida foi transformado em pocket show solo e, posteriormente, em show pé-de-serra apresentado em diversas localidades e eventos com acompanhamento do trio Cianônima Ilimitada.


Em 2011, também passou a ser zine impresso que circula de forma intermitente até hoje, divulgando eventos, lançamentos, realizações, música, teatro, literatura e muitas outras dicas.


Virou em 2012 canal no Youtube, pelas mãos da poeta e radialista Meimei Correa que, em seguida, criou a fanpage no Facebook e o perfil do Twitter.

Já foi transformado, também, em livro de crônicas e causos, ainda inédito, a ser lançado muito brevemente, bem como o CD e DVD cd com as músicas do show.

Por essa razão, quero dividir com você que sempre prestigiou o Tataritaritatá a festa dos 8 anos e o alcance da marca de mais de 250 mil acessos. A festa toda culminará com uma edição especial do programa Domingo Romântico, no próximo dia 30 de junho, a partir das 10 hs, na Cidade FM.

Obrigado, obrigado, obrigado. Vamos sempre junto aprumando a conversa & tataritaritatá.


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quinta-feira, junho 27, 2013

KAREN HORNEY, VICENTE ALEIXANDRE, CHAUÍ, BAUMAN, ANN CRISPIN, CLÁUDIA MAYER & HELLER

A PSICANÁLISE DE KAREN HORNEY: A INFÂNCIA - A infância da médica e psicanalista alemã Karen Horney (1885-1952) foi marcada por difícil relacionamento com seu pai, um marinheiro religioso e rigoroso que manifestava sua preferência pelo irmão mais velho, Berndt – o seu filho preferido -, desejando sempre ter um pai que se possa amar e estimar. Seu pai era muito mais velho que sua mãe e era com ela com Horney se identificava, confidenciado à filha o desejo de ver o marido morto. Tornou-se, então, uma filha devotada para angariar o afeto da mãe. Além de uma relação difícil com o pai, ele a desestimulava aos estudos, desejando-a voltada ao lar. Foi exatamente essas experiências da infância, ocasião em que desenvolveu uma hostilidade pela falta de amor dos familiares, estimulando a sua ansiedade, que ela dedicou-se aos estudos, formou-se em Medicina e tornou-se seguidora dos ensinamentos de Sigmund Freud. Com uma vida entre envolvimentos amorosos, dúvida entre o casamento e a carreira, estudos e determinação, ela começou a formular uma teoria que se tornou bastante diferente do seu mestre, do qual divergiu por contestar o seu retrato psicológico das mulheres e opôs-se ao conceito freudiano de que as mulheres possuem inveja do pênis, defendendo que os homens é que possuem inveja das mulheres por causa do útero. Influenciada pelo fato de ser mulher e pelas suas experiências pessoais, passou a admitir que as forças sociais e culturais influenciam a vida das pessoas. Constatou a diferença de personalidade entre as pessoas, vez que esta não depende totalmente das forças biológicas, passando a dar mais ênfase às relações sociais como fatores significativos para formação da personalidade. Passou então a questionar os conceitos de complexo de Édipo, da libido e da estrutura de três partes da personalidade, defendendo que as pessoas não eram motivadas por forças sexuais ou agressivas, mas pela necessidade de segurança e amor. Quando adulta percebeu quanta hostilidade desenvolvera na infância pela falta de amor que estimulou sua ansiedade e resultou na busca pelo amor e segurança, alimentando paixões que foram registradas no seu Diário. Formou-se em Medicina, casou-se e teve três filhas, contudo, mantinha-se infeliz e oprimida, queixando-se de crises de choro, dores de estomago, fadiga crônica, comportamentos compulsivos, frigidez e vontade de dormir e de morrer. Casamento desfeito, ela envolveu-se em inúmeros relacionamentos com promiscuidade, entre eles com o psicanalista Erich Fromm. A falta de atrativos físicos, como em Adler, era um dos motivos dos sentimentos de inferioridade, concluindo que precisa sentir-se superior pela falta de beleza e sentimento de inferioridade como mulher, determinando-se pelos estudos. NECESSIDADE DE SEGURANÇA NA INFÂNCIA – Concordava com Freud sobre a importância dos primeiros anos de infância na moldagem da personalidade adulta. Todavia, para ela as forças sociais na infância influenciavam o desenvolvimento da personalidade, discordando das etapas de desenvolvimento universais e dos conflitos infantis inevitáveis. Para ela, o fator chave é a relação social entre a criança e os pais. Daí, portanto, defendeu que a infância é dominada pela necessidade de segurança, uma necessidade em grau mais elevado de segurança e liberação do medo, dependendo totalmente de como os pais tratam a criança, recomendando carinho e afeto. Entre as condutas que ela nomeia como não recomendadas são as preferencias obvias por um dos filhos, castigo injusto, comportamento instável, não cumprimento de promessas, ridicularização, humilhação e isolamento da criança de seus companheiros. Enfatizou, por isso, o desamparo da criança, discordando de Adler de que as crianças não necessariamente desamparadas, mas que surge pela falta de carinho e afeto dos pais, podendo levar a um comportamento neurótico. Assim, para ela, a sensação de desamparo nas crianças depende do comportamento dos pais. E quanto mais desamparadas forem as crianças, mas elas reprimirão a hostilidade, serão levadas a sentir medo por meio de castigos, violência ou formas mais sutis de intimidação, incluindo, também, o amor que pode ser outro motivo para reprimir a hostilidade por meio de afeto desonesto na insistência de que amam os pais. A culpa também é um outro motivo das crianças reprimirem a hostilidade, quando elas se sentem culpadas por terem hostilidades ou rebeldias, guardarem ressentimentos e se sentirem culpadas e pecadoras: quanto mais culpa a criança sentir, mais profundamente a hostilidade será reprimida. ANSIEDADE BÁSICA – A ansiedade básica é um sentimento insidiosamente crescente e penetrante de se estar só e desamparado em um mundo hostil, sendo, assim, conceituada como uma sensação penetrante de solidão e desamparo, tornando-se com isso a base sobre a qual as neuroses posteriores se desenvolvem e está intimamente ligada aos sentimentos de hostilidade. Na infância busca-se a proteção contra a ansiedade básica de quatro maneiras: assegurando afeto e amor; sendo submisso; obtendo poder; e distanciando-se. Assegurar o afeto e o amor dos outros está embasada na ideia de que quem ama não magoa, e esse afeto é obtido ao fazer tudo o que o outro quer, uma tentativa de suborno ou ameaça para que os outros devolvam o afeto recebido e desejado. A submissão é um meio de autoproteção, envolvendo agir de acordo com os desejos de uma determinada pessoa ou dos que pertencem ao ambiente social. Nessa condição, procura-se não contrariar os outros, não se ousa criticar ou ofender, reprimindo os desejos pessoais. A obtenção de poder sobre os outros é uma forma de compensação ao desamparo, conseguindo-se segurança por meio do sucesso ou de um sentimento de superioridade. Com isso, acredita-se que tendo poder ninguém poderá prejudicar. Esses três meios de autoproteção envolvem o fato de que a pessoa está lidando com a ansiedade básica ao interagir com os outros. Por fim, o afastamento dos outros, não fisicamente, mas psicologicamente, traduz independência: não se depende de mais ninguém para obter satisfação das necessidades internas ou externa, uma vez que quem se afasta protege-se contra a possibilidade ser magoado pelos outros. Esses quatro mecanismos de autoproteção possui um único objetivo: defesa contra a ansiedade básica, motivando a busca da segurança e o restabelecimento da confiança, defendendo-se da dor e buscando bem-estar. A característica desses mecanismos é o poder e intensidade, uma vez que podem ser mais forte dos que as necessidades sexuais ou fisiológicas, podendo reduzir a ansiedade com um custo individual de empobrecimento da personalidade. NECESSIDADES – Defendia Horney que qualquer dos mecanismos de autoproteção podem se tornar permanentes na personalidade, assumindo características de impulso ou necessidade, na determinação do comportamento. para tanto, as necessidades neuróticas são soluções irracionais para os problemas da pessoa e são identificadas por meio de dez defesas irracionais contra a ansiedade que se tornam parte permanente da personalidade e afetam o comportamento: afeto e aprovação; parceiro dominador; poder; exploração; prestígio; admiração; realização ou ambição; autossuficiência; perfeição; e limites restritos à vida. As necessidades neuróticas são encontradas em quatro maneiras de proteção contra a ansiedade: busca de proteção, submissão, obtenção de poder e afastamento. A busca de proteção por meio do afeto é expresso na necessidade neurótica de afeto e aprovação; a submissão inclui a necessidade neurótica de um parceiro dominador; a obtenção de poder está relacionada com as necessidades de poder, exploração, prestigio, admiração e realização ou ambição; e o afastamento inclui as necessidades de autossuficiência, perfeição e limites restritos à vida. TENDÊNCIAS NEURÓTICAS – Três categorias de comportamento definem as tendências neuróticas: personalidade submissa, personalidade agressiva e personalidade distante. São essas tendências neuróticas identificadas nas três categorias de comportamentos e atitudes em relação à própria pessoa e aos outros que expressam as necessidades da pessoa e surgem a partir dos mecanismos de autoproteção e os aprimoram, envolvendo atitudes e comportamentos compulsivos: as pessoas neuróticas são impelidas a se comportar de acordo com pelo menos uma das necessidades neuróticas. A personalidade submissa ou movimento em direção às outras pessoas, exibe atitudes e comportamentos que refletem um desejo de caminhar em direção às outras pessoas, uma necessidade intensa e continua de afeto e aprovação, um anseio de ser amado, desejado e protegido, identificada naquela pessoa escolhida que ofereça proteção e orientação. Assim sendo, a personalidade submissa é o comportamento e atitudes associadas à tendência neurótica de ir na direção das pessoas, cl como a necessidade de afeto e aprovação. A personalidade agressiva ou movimento contra as outras pessoas, é o conjunto de comportamentos e atitudes associadas a tendência neurótica de ir contra as pessoas, tal como um comportamento dominador e controlador. São movidas pela insegurança, ansiedade e hostilidade porque julgam tudo em termos do beneficio que receberão do relacionamento e por aparentarem confiantes nas suas habilidades e desinibidas ao se afirmar e se defender. A personalidade distante ou movimento para longe das outras pessoas, é o comportamento e atitude associados com a tendência neurótica de se afastar das pessoas, como uma necessidade intensa de privacidade. Essas pessoas são motivadas a se afastar das demais e a manter uma distância emocional, não precisando amar, odiar, colaborar ou se envolver com os outros. Para conseguir esse desligamento total, buscam a autosufiência e dependem de seus próprios recursos que devem ser bem desenvolvidos, além de precisarem sempre se sentir superiores, não podendo competir ativamente por superioridade com os outros, reprimindo ou negando qualquer sentimento relação aos outros, principalmente os sentimentos de amor e ódio, achando que sua grandeza deve ser reconhecida automaticamente, sem luta ou esforço: uma manifestação desse sentimento de superioridade é a filosofia de que cada pessoa é diferente da outra. A personalidade submissa de Horney é semelhante ao tipo dependente de Adler, a personalidade agressiva é semelhante ao tipo dominador e a distante é semelhante ao tipo esquivo, justificando as influencias exercidas por ele sobre as teorias dela. Na pessoa neurótica a pessoa que é predominantemente agressiva também tem a necessidade de submissão e distanciamento. A tendência neurótica dominadora é a que determina o comportamento e as atitudes da pessoa em relação aos outros. Esse é o modo de agir e raciocinar que mais serve para controlar a ansiedade básica e qualquer desvio dele é ameaçador para a pessoa. Por isso, as duas outras tendências têm de ser ativamente reprimidas, o que pode levar a mais problemas, pois qualquer indicio de que a tendência reprimida está querendo se expressar provoca conflito na pessoa. CONFLITO – Conflito é a incompatibilidade básica das tendências neuróticas e é o centro da neurose. A diferença entre uma pessoa neurótica e a que não é neurótica está na intensidade desse conflito. Ele é muito mais intenso na pessoa neurótica porque ela precisa lutar para evitar que as tendências não dominantes se expressem. Elas são rígidas e inflexíveis, enfrentando todas as situações com comportamentos e atitudes que caracterizam a tendência dominadora, independente da sua adequação. AUTOIMAGEM IDEALIZADA – Todas as pessoas criam autoimagem que pode ou não se basear na realidade. Nas pessoas não neuróticas a imagem do self é construída com base numa avaliação realista das habilidades, potencialidades, fraquezas, metas e relações com outras pessoas, oferecendo um senso de unidade e integração à personalidade e uma estrutura dentro da qual deve-se abordar os outros e a pessoa em si. As pessoas neuróticas que vivem em conflito entre os modos incompatíveis de comportamento têm suas personalidades caracterizadas pela desunião e desarmonia, criando uma autoimagem idealizada com o mesmo intuito das pessoas não neuróticas: unificar a personalidade, mas fracassa porque a autoimagem do self não se baseia numa avaliação realista dos pontos fortes e fracos, mas numa ilusão, num ideal inatingível de perfeição. Então, para os não neuróticos a autoimagem idealizada é um retrato idealizado da pessoa criado com base numa avaliação flexível e realista das suas habilidades; o neurótico, ao contrário, a autoimagem baseia-se numa autoavaliação inflexível e fantasiosa. Para tentar realizar a autoimagem idealizada, as pessoas neuróticas envolvem-se na tirania dos deveres. TIRANIA DOS DEVERES – É a tentativa de tornar real uma imagem inatingível e idealizada do self negando o self verdadeiro e comportando-se com base naquilo que se pensa que se deveria fazer. Ou seja, os neuróticos dizem a si mesmos que têm de ser o melhor em tudo, quando o seu real é indesejável, achando que devem agir para corresponder à imagem idealizada. Um detalhe: embora a imagem neurótica ou idealizada do self não coincida com a realidade, ela é real e precisa para que as criou, uma vez que a imagem neurótica do self é uma substituta insatisfatória para um sentimento de autovalia, baseado na realidade, em razão dele ter pouca autoconfiança, insegurança e ansiedade. Um caminho que os neuróticos usam para se defender dos conflitos internos provocados pela discrepância entre uma autoimagem idealizada e a real é a externalização. EXTERNALIZAÇÃO – É a maneira de se defender contra o conflito provocado pela discrepância entre uma autoimagem idealizada e a real, projetando-se o conflito no mundo exterior. Esse processo pode aliviar temporariamente a ansiedade provocada pelo conflito, mas não faz nada para reduzir a lacuna entre a autoimagem idealizada e a realidade, envolvendo a tendência para vivenciar os conflitos como se eles estivessem ocorrendo fora da pessoa e para descrever as forças externas como a fonte dos conflitos. A COMPETITIVIDADE NEURÓTICA – É um aspecto extremamente importante da cultura contemporânea, definida como a necessidade indiscriminada de vencer a qualquer custo. Aquele que manifesta essa necessidade encara a vida como um uma competição e que só importa estar à frente dos outros. Ou seja, uma necessidade indiscriminada de vencer a todo custo. PSICOLOGIA FEMININA – É uma revisão da psicanálise para incluir conflitos psicológicos inerentes no ideal tradicional da feminilidade e dos papéis femininos. Criticou o conceito freudiano de inveja do pênis e a ideia de que as mulheres possuíam superegos maldesenvolvidos. Horney defendeu que os homens invejavam a capacidade da maternidade, possuindo a inveja do útero. O voo da feminilidade: como resultado dos sentimentos inferioridade, as mulheres podem optar por negar a sua feminilidade e desejar, inconscientemente, ser homem: um problema que pode levar a inibições sexuais e se esse conflito for suficientemente forte, pode levar a problemas emocionais que se manifestam em relação aos homens. Horney negava o complexo de Édipo, porém reconhecendo a existência de conflitos entre pais e filhos como um conflito entre dependencia do pai ou da mãe e a hostilidade em relação a um deles. As influências culturais: ela reconheceu o impacto doas forças sociais e culturais no desenvolvimento da personalidade e que as culturas e os grupos sociais diferentes encaravam o papel da mulher de maneira diferente. A natureza humana para Horney possuía a crença de que as forças biológicas não levam ao conflito, ansiedade, neurose ou universalidade na personalidade, uma vez que cada pessoa é única e que todos possuem a capacidade de moldar e mudar conscientemente a sua personalidade. Veja mais aqui, aqui e aqui.

REFERÊNCIAS
ATKINSON, Richard; HILGARD, Ernest; ATKINSON, Rita; BEM, Daryl; HOEKSENA, Susan. Introdução à Psicologia. São Paulo: Cengage, 2011.
DAVIDOFF, Linda. Introdução à Psicologia. São Paulo: Pearson Makron Books, 2001.
FADIMAN, James; FRAGER, Robert. Teorias da personalidade. São Paulo: Harbra, 2002.
GAZZANIGA, Michael; HEATHERTON, Todd. Ciência psicológica: mente, cérebro e comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2005.
HORNEY, Karen. A personalidade neurótica do nosso tempo. São Paulo: Difel, 1984.
______. Conheça-se a si mesmo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.
______. Novos rumos da psicanálise. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1959.
______. Neurose e desenvolvimento humano. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1959.
______. Psicologia feminina. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1072.
______. Nossos conflitos interiores. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964.
______. Últimas conferências sobre técnicas psicanalíticas. São Paulo: Bertrand Brasil, 1992.
MORRIS, Charles; MAISTO, Alberto. Introdução à psicologia. São Paulo: Pretence Hall, 2004.
MYERS, David. Psicologia. Rio de Janeiro: LTC, 2006.
SCHULTZ, Duane; SCHULTZ, Sydney. Historia da psicologia moderna. São Paulo: Cengage Learning, 2012.
____. Teorias da personalidade. São Paulo: Cengage Learning, 2014.

 


DITOS & DESDITOS - Percebi, com angústia, que não era capaz de escrever sequer uma página por dia. Eu me impus um esquema de catorze páginas por semana. Deu e não deu certo, porque eu acabava não gostando daquelas páginas. Agora sei que não escrevo facilmente. Eu costumo dizer a estudantes talentosos que paciência é o que eles mais precisam; e que escrever é um trabalho duro. Não se torna mais fácil para os que conseguem êxito no ramo. Pensamento do escritor estadunidense Joseph Heller (1923-1999).

 

ALGUÉM FALOU:  Nós sabemos para onde vamos e de onde viemos. Entre duas obscuridades, um clarão. Existir é viver com ciência cega. Poesia é comunicação. A poesia tem que ser humana, se não for humana, não é poesia. Algo que sirva para conversar com outros homens. Esquecer é morrer. Ser leal a si mesmo é a única maneira de se tornar leal aos outros.Tudo é surpresa. O mundo fulgurante sente que um mar de repente se desnuda, trêmulo, que é esse peito febril e ávido que só pede o brilho da luz. Tudo é sangue ou amor ou pulsação ou existência. Pensamento do poeta espanhol Vicente Aleixandre (1898-1984), Prêmio Nobel de Literatura de 1977. Veja mais aqui.

 

SOCIEDADE DEMOCRÁTICA – [...] a mera declaração do direito à igualdade não faz existir os iguais, mas abre o campo para a criação da igualdade, através das exigências e demandas dos sujeitos sociais. Em outras palavras, declarado o direito à igualdade, a sociedade pode instituir formas de reivindicação para criá-lo como direito real. [...] as idéias de igualdade e liberdade como direitos civis dos cidadãos vão muito além de sua regulamentação jurídica formal. Significam que os cidadãos são sujeitos de direitos e que, onde tais direitos não estejam garantidos, tem-se o direito de lutar por eles e exigi-los. É esse o cerne da democracia [...]. Trechos extraídos da obra A sociedade democrática (EdUnB, 2002), da filósofa brasileira Marilena Chauí. Veja mais aqui, aqui e aqui.

 

FENOMENOLOGIA & ESTRUTURALISMO – [...] A certeza perceptiva nunca será, por si mesma, autêntica certeza, se não remeter para esta dimensão de coexistência na qual a minha perspectiva e a do outro se envolvem mutuamente, como outras tantas aberturas para um único campo de experiência. É por isso que eu e os outros podemos figurar como órgãos de uma única intercorporeidade [...]. Trecho extraído do livro Fenomenologia e Estruturalismo (Perspectiva, 1974), da filósofa italiana Andrea Bonomi. Veja mais aqui e aqui.

 

IDENTIDADE – [...] Em nossa época líquido-moderna, o mundo em nossa volta está repartido em fragmentos mal coordenados, enquanto as nossas existências individuais são fatiadas numa sucessão de episódios fragilmente conectados. [...]. Trecho extraído da obra Identidade (Zahar, 2005), do sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017), Veja mais aqui.

 

TEMPO DE ONTEM - […] Lembre-se que em qualquer mundo o vento eventualmente desgasta a pedra, porque a pedra só pode desmoronar; o vento pode mudar. [...]. Trecho extraído da obra Time for Yesterday (Star Trek, 1999), da escritora estadunidense Ann Carol Crispin (1950-2013), que no livro Pirates of the Caribbean: The Price of Freedom (Disney Editions, 2011), expressou que: [...] Todo aquele sangue e... coisas. Eu, vou levar covardia inteligente sobre bravura imprudente qualquer dia [...] Obediente à vontade de seu capitão, o Pérola Negra seguiu seu anjo negro sobre as águas azuis; tão rápido quanto o vento, tão livre quanto os homens que a navegaram. era quase como se ela soubesse que era uma lenda em formação, destinada a grandes e terríveis aventuras. [...].

 

TRÊS POEMAS - VAZIO - Meus olhos repousam \ no velório disfarçado de ausência \ e sendo sangue anônimo \ vai estourar a solidão como uma sombra de borboleta. \ A sua chuva alertará a minha espera \ onde sufoca a pupila que não conheces, \ húmida, virgem, \ tal como o prazer onde terão de nos exilar. \ Acontece que agora desejo tatuar o silêncio \ que a pureza te menstruou, \ pureza vestida de noite suicida, \ de beijo pensativo, \ de sono coagulado. \ Sua explosão humana silenciará meus fantasmas; \ saciará o instinto com vozes nuas. \ E sobre o seu sexo descontrolado, o mel \ dará à luz estrelas sobre o que era: \ simplesmente uma vaga lembrança. VÔO FINAL - I - Agora abra todo o céu. \ Hoje vou dizer à brisa queixosa: \ o amor é umidade e soluços... \ umidade disfarçada de ausência, \ soluços ausentes de consolo. \ Feito de novo pátria noturna, \ feito boca de pássaro, \ meu coração está opaco de raízes \ e tenho meu vôo rolando\ neste turbilhão de memórias. \ É inútil ter os lábios inchados de estrelas, \ dormir com a lua inerte dentro dos ossos: \ já é quimérico querer apanhar o vento \ estéril é agora o bater da penugem \ que abriga esta solidão que não conheço. \ Aqui, feito do silêncio lar vagabundo, \ ainda consigo evocar o teu pensamento: \ tristeza perene que me envia a sua saudação miserável. \ Talvez a nostalgia esteja ganhando \ (tirar as folhas dos lábios, esconder o sangue) \ talvez tenha entrado nessa viagem \ e esteja deixando um rastro, \ ficando cinza \ e deixando um eco. \ Que vazio gelado eu inspiro \ neste vôo desdobrado como um poste de luz. \ Que angústia que dessas asas se abrem no horizonte. \ A aurora paira sobre tua sombra ausente: \ sobre a certeza de saber que muito em breve \ prenderei a chorar no chão. II- Não és a morte, \ orquídea de pétalas destronadas, \ aquela que o condenado às pradarias \ carrega entre os olhos ausentes: \ é um triste voo de asa truncada \ um beijo de pedra vazio de viajantes \ ou o frio azul que se esqueceu no o útero. \ Eu coloquei minha testa em sua espuma profana \ e o granizo perfurou minha máscara de ferro; \ sem sinos, \ sem insetos, \ sem alma, \ Eu estava sozinho o que não poderia renascer: \ uma nova pátria de silêncio. Poemas da escritora salvadorenha Cláudia Mayer.

 

COONSTITUIÇÃO FEDERAL  Primeiro: pra quem não sabe o sol nasce para todos!  Em segundo, veja o que prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e a Constituição Federal: CONSTITUIÇÃO FEDERAL – TÍTULO II DOIS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS – CAPÍTULO: DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS - Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; [...] III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;[...] VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; [...] VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; [...] IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;[...] XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; [...] XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; [...] XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei [...]

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOSAdotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948: Artigo I - Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. Artigo II - 1 - Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. [...] Artigo VI -  Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei.  Artigo VII  Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. Artigo XVIII - Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito9 inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, em público ou em particular. [...]. Vamos aprumar a conversa - o Fecamepa. 



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