sexta-feira, junho 30, 2017

TAO TE KING DE LAO TSÉ, TERRA ULRO DE MILOSZ, A MÚSICA DE ELIANE ELIAS & ENTRE VERSOS DE LUCIAH LOPEZ

ENTRE VERSOS & VIDA – Esta é Luciah Lopez: a menina que se fez poesia na mulher feita, entre versos e vida. Um ser poeta singular, alquimista no fazer e refazer-se: uma extrospecção introspectiva carregada de invocações, lirismo e justapostas inquietações, amálgamas de sonhos entre os vampiros de Curitiba, as tardes de Monet, a poesia de Neruda, o sobrevoo das borboletas, ou a degustar Blood Mary pelo trâmite da infância e pelos díspares momentos de viver plenamente suas amplidões e miudezas. Neste livro o ser e a obra se fundem: criador e criatura passam a ser um só. E tudo transpira uma voz plural entre recomeços, abismos e vórtices; tudo se expressa na dicção dos seus plenilúnios, solilóquios e deprecações - nada mais são que entregas, hibernações e descobertas. Assim se faz e refaz, a juntar fragmentos perdidos e cumplicidades no lampejo da essência vital. Entre idas e vindas, quedas e conquistas, ela se mostra por inteiro e inteira, para depois, na catarse, exaurir-se alinhavando seus versos entre agora e outrora, haurindo a sua surpreendente poesia nua, visceral, instersticial, crua e em carne viva, a coser antíteses como se brincasse com opostos entrecruzados na heterogeneidade de enquadramentos que coexistem e se mostram colagens díspares que passam a coabitar entre o real e o imaginário, ou melhor, como se do avesso o outro se identificasse consigo e tudo além de si, porque sabe que a vida é tecida por paradoxos. Uma sacada e tanto. Assim, ela tece versos e entrelinhas a demarcar seu território em si e além de tudo, como quem faz do dia e da noite uma queda d’água com velas soltas entre céu e mar. Esse o seu dom de voar, e com um detalhe: a vida não é só um sonho, o prazer é só o outro lado da dor, a dor que emancipa, estraçalha e regenera, É a vida. Este é o seu batismo: aos seus olhos tudo é poetar, até o que não é, passa a ser. E com isso ela se faz semente que floresce em poema: uma fruta no pé, é só tomar às mãos e saborear. Por isso e muito mais, convido você para viajar na aventura dos voos altissonantes entre os versos do universo da poeta. Eu fiz, refiz e recomendo – se para você for como foi pra mim, será uma ótima e instigante viagem. Vamos juntos, venha. (Veja detalhes da obra mais abaixo). © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

TERRA ULRO DE MILOSZ
[...] O outro mundo não é diferente deste: podem crer que é completamente idêntico. O homem que morre não muda de lugar. Ele permanece onde se firmou a sua alma. Eis o mistério dos espíritos condenados a penar. No outro mundo, você vive entre os mesmos espíritos com quem você viveu aqui. Você é obrigado a contemplar tudo 0 que, na terra, dentro do corpo, você deveria ter feito e não fez. E fazer coisas, sem corpo, e muito difícil. Você tem de exercer força sobre a Terra, sem possuir quaisquer meios terrestres. Estes gemidos de sofrimento podem, às vezes, durar até quinhentos anos. [...]
Trecho extraído da obra Terra Ulro (Oficina/UnB, 1999), do escritor polonês e Prêmio Nobel de Literatura de 1980, Czeslaw Milosz (1911-2004), em reconhecimento por seu pensamento humanista sobre a liberdade, a consciência e o poder do totalitarismo sobre corpos e mentes, autor das obras Mente Cativa (Novo Século, 2010), que analisa o poder dos regimes tiranos que escravizam homens e mulheres pelo terror, ideias e propriedade sobre o espírito humano, e Não Mais (UnB, 2003), uma antologia com seus poemas que o fizeram um dos maiores poetas do século XX.

Veja mais sobre:
Manchetes do dia: ataca o noticiário matinal, Folclore pernambucano de Francisco Augusto Pereira da Costa, a música de Fabian Almazan, Filosofia da Linguagem, Vinte vezes Cassiano Nunes, a coreografia de Doris Uhlich, a pintura de Nicolai Fechin & a arte de Roberto Prusso aqui.

E mais:
Preciso de um culpado, Peri Physeos de Anaxímenes de Mileto, A arte de furtar de Padre Antônio Vieira, As odes pítacas Píndaro, Platónov de Anton Tchékov, o cinema de Walter Lang & Susan Hayward, a coreografia de Dave Saint-Pierre, a música de Stanley Clarke, a pintura de Horace Vernet & Malcolm Liepke aqui.
O morro dos ventos uivantes de Emily Brontë, A ópera dos mendigos de John Gay, a música de Yngwie Malmsteen & Julia Crystal, a pintura de Maria Luisa Persson & a poesia de Floriano Martins aqui.
Gilbela – Gilmara Jung, é nela que a beleza se revela aqui.
Literatura de cordel: Cego Sinfrônio aqui.
Vamos aprumar a conversa, Sociedade dos indivíduos de Norbert Elias, As brasas de Sándor Márai, Babylon de Zuca Sardan, a música de Hermeto Pascoal & Aline Moreira, Anatomia do drama de Martin Esslin, o cinema de Fred Schepisi & Meryl Streep, a escultura de Pierre-Nicolas Beauvallet, a arte de Derek Gores & a pintura de Gilson Luiz dos Santos Braga aqui.
O espelho de Machado de Assis aqui.
Brincarte do Nitolino, O espírito de liberdade de Erich Fromm, Visita meu corpo de Antonio Carlos Secchin, a literatura de Alexandre Dumas, a música de João Gilberto, a pintura de Gustave Courbet & Welington Virgolino, a arte de Bibi Ferreira, Judy Garland & Isabelle Adjani aqui.
Vamos aprumar a conversa, O mundo como vontade de representação de Arthur Schopenhauer, A casa das belas adormecidas de Yasunari Kawabata, Ifigênia entre os tauros de Eurípedes, a música de Richard Strauss, Percursos em Arteterapia, Jardim das delícias de Geraldo Carneiro, a arte de Mae West, a escultura de Francisco Brennand, Jules Feiffer, a pintura de John Constable & Peter Paul Rubens aqui.
Uma coisa quando outra, A aventura da modernidade de Marshall Berman, a poesia de Adolfo Casais Monteiro, Arquiteturas líquidas de Marcos Novak, a música de Maucha Adnet, a pintura de Alyssa Monks & Renie Britenbucher, a arte de Adriana Garambone & Luciah Lopez aqui.
Solilóquio das horas agudas, O mito de Sísifo de Albert Camus, Doença sagrada de Hipócrates, a música de Meg Myers, Neurofilosofia e Neurociência Cognitiva, a pintura de José Manuel Merello, Mulher Negra & a arte de Luciah Lopez aqui.
Resiliência, perspectivas & festas: Feliz aniversário, A pedagogia de Paulo Freire, Resiliência em transtornos mentais de Makilim Nunes Baptista, Liberdade para palavra de Octavio Paz, a música de Midori Goto, a pintura de Luis Crump, Babi Xavier, a arte de Fabrice Du Welz & Luciah Lopez aqui.
Ah, se estou vivo, tenho mais o que fazer, a literatura de Liev Tolstói, A cena dividida de Gerd Bornheim, a poesia de Nauro Machado, a pintura de Lasar Segall, a música de Joyce & Maurício Maestro, a arte de Patrick Conklin & Luciah Lopez aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda de Eventos aqui.

TAO TE KING DE LAO TSÉ
Trinta raios rodeiam o eixo.
Mas é onde os raios não raiam que a roda roda.
Vaza-se a vasa e se faz o vaso.
Mas é o vazio que perfaz a vasilha.
Casam-se as paredes e se encaixam portas,
Mas é onde não há nada que se está em casa.
Falam-se palavras e se apalavram falas.
Mas é no silêncio que mora a linguagem.
O ser faz a utilidade, mas é o nada
Que perfaz o sentido.
Poema do Tao Te King: o Livro do Caminho e da Virtude (Mauad, 2011), do antigo filósofo e escritor chinês Lao Tsé que viveu por volta de 1300aC, uma das mais conhecidas e importantes obras chinesas, com 81 capítulos escritos entre 350 e 250aC., reunindo a tradição oral coletiva sobre o Tao (a realidade última do Universo), inspirando o surgimento do taoísmo e do budismo chan e zen.

RÁDIO TATARITARITATÁ: ELIANE ELIAS
Especial com a premiada pianista e cantora Eliane Elias, reunindo seus álbuns Made in Brazil (2015), Swept Away (2012), Light My Fire (2011), Bossa Nova Stories (2008), Brazilian Classics (2003), Sings Jobim (1998) e apresentações ao vivo em Festivais de Jazz. Veja mais aqui.

QUINTO DIA DE LUCIAH LOPEZ
Me refugio na harmonia das suas palavras com cheiro de hortelã, e a serenidade apaixonante da infância que nunca diz adeus, me transporta ao paraíso aonde podemos escrever nossa história. E a sua voz exorta-me à criatividade nas cores e linhas, de forma a revelar o meu olhar sobre todas as coisas. Todavia, só me interessam as flores com as quais, eu me ponho a construir nosso refúgio para os momentos de carinho e entrega. Não há o fracionamento do Tempo ou exclamações e interrogações que possam ser convertidas em dúvidas -, há somente a nossa conduta pueril, livre de toda opressão e a certeza de nos pertencermos um ao outro no hálito do universo.
Quinto dia, poema/imagens: arte da poeta, artista visual & blogueira Luciah Lopez, autora do livro Entre Versos: a palavra branca é nua, a ser lançado em breve com prefácio do jornalista, crítico literário e presidente da Academia Poética Brasileira, Mhario Lincoln. Veja mais aqui.
 

quinta-feira, junho 29, 2017

AS CARTAS FILOSÓFICAS DE AGOSTINHO, A VIDA DE LOU SALOMÉ, A MÚSICA DE ARRIGO BARNABÉ, INDRE VILKE & PESCARIA INEIVADA

PESCARIA INEIVADA - Bastou Afredo dizer que pegou uma traíra de quilo e meio anteontem, pro negócio feder na hora. Êêê! De chofre, Mamão rivalizou: já peguei carito de três quilos, bestão! Óóóó! Rolivânio na hora mangou dos dois: esses dizem que pegam caranguejo e, quando vai ver, é Maria-Farinha miudinha, rá! Essa é pra briga! Eu dava um murro na cara dele. Oxe, matava, melhor. Pronto, estava feito o fuzuê! Soltaram a corda, não tem quem segura mais! Ah, censura livre! É a hora da gandaia, é da prega voa! Cara dum, cu de outro, quem não brigar vira viado gafanhoto! Termômetro subindo rápido, ânimos pra lá de exaltados. Segura a pancada que lá vem o gongo! O que apareceu de bagres, surubins, pitus, piranhas, jundiás, lambaris, corvinas, dourados, tilápias, de não sei quantas dezenas de quilos e de meio mundo de metros, deu pano pras mangas. Bote resenha na hora. Zé Corninho mesmo, todo sonso, contou que uma vez caiu dentro d’água atrás dum peixão fisgado na vara que não queria vir, agarrou-se com ele e findou no maior carreirão: era um polvo, meu, queria era me comer, tá doido? Saí fora. Tomé não ficou por menos e sapecou que tinha pegado um tão grande, nunca visto e que nem sabia que marca que era, só sabia que passou a peixeira no bucho do bicho e salvou uma criança vivinha da silva, a mãe chega chorou de emoção. Êêêêêêê! Os caras estão cá gota! Besteira, afiançou Penisvaldo, eu soube que o Zé Peiúdo pegou um tubarão pela fuça e quando retalhou o danado, tinha dois veinhos jogando gamão lá dentro! Êêêêêêêêêê! Pode um negócio desses? A sessão estava liberada pras patranhas todas. Ah, nessa hora Zé Bilôla contou que certa vez ia numa carreira desabalada, quando tropeçou em um dos cadarços do conga, levou um empurrão de cair da ponte embaixo, de parar no Reino de Atlântida, salvo por Aquaman. Eita, êêêêêêêê! Não deu outra: o ambiente caiu abaixo com a ruidosa peta. U-huuuuuu! Quem dá mais? Aí, meu, cada qual com suas astucias, contando de suas façanhas de tantos metros e muitos quilos de arraias, baleias, até um celacanto pescado pelos linguarudos. É cada mentira da bôba-torreiro, reclamava um! Êêêêêêêê! Onde é que isso vai parar, hem? Danou-se! Colocando as coisas em ordem, Rogimagaiver, dito mergulhador profissional que fez um curso por correspondência e pegava o peixe que fosse de mão, aos bofetes, chegou junto da patota, silenciando a todos e perguntando: alguém se lembra da Jardelina? Aquela? Qué que tem a moça a ver com a pescaria daqui, seu fresco? Vai tomar no cu, porra! Peraí, deixa eu contar! Aqui está se falando de pesca, não é de mulher não, seu porra! Sim, deixa eu contar: uma vez timbunguei atrás de um dicomer qualquer e vi só as barbatanas passarem com mais de mil, rasgando as águas. Bulir comigo, já viu, é mexer com briga. Fui atrás, no encalço; pelejei que só, era cada rabo de arraia, tapeando, me levando pras profundezas, fui buscá-lo. Quanto mais eu pegava mais escapulia; aí agarrei o rabo, segurei na moral, pega num pega, solta aqui, prendi nos dentes, controlei os puxavanques e trouxe na marra arrastado pra margem. Do lado de fora, quando fui ver, pasmem! Era uma sereia, logo desencantou e botei o nome dela de Jardelina. Até mês passado eu comia ela dia sim, noite sim, maior umbigado, até que a patroa soube e coitada teve que arribar pra se livrar da pisa jurada. Óóóóóóóóó! Isso é que é conversa mole! Tá. Todo mundo diz aqui que é pescador, quero ver na pescaria! Na vera? Na vera! Só se for agora. E foram tirar a limpo. A tropa desceu toda equipada pra beira do rio, pela tuia de gente, logo sacaram: uma jangada dá não, pra caber essa mundiça toda só a arca de Noé. Olha a jangada ali, doido! Aquilo basta soltar um peido que afunda! Depois de muito arengar sem resolver piroca nenhuma, se arrancharam de qualquer jeito e começaram com uma beiçada na raiz-de-pau para abrir o apetite e clarear as ideias. Logo esvaziaram dois botijões da mardita. Batizado o encontro, caíram de boca num botijão de pinga do Cumbe – a Pega-Fogo -, testada com uma golada jogada no chão, de riscar o fósforo e pegar fogo na hora: essa é das boas! Um gole, uma peidada. E tome acertado pra atravessar o rio a nado. Logo trouxeram outra, a Teibei, a mais melhor: com essa o cara desenvulta na hora! Ah, a gente veio aqui pra pescar ou pra conversar merda? Robimagaiver, depois de uma embeiçada boa, deu logo uma mergulhada pra reconhecer o território: tem peixe não! Estão em greve! Cuma? Pescador que se preza não fica por baixo! Pode sumir os peixes tudinho, eu pego assim mesmo! O mundo foi ficando estreito e a coragem aumentando: pularam tudo na canoa e mandaram ver cada um com sua técnica. Porra nenhuma! No empurra-empurra, dois caíram de quase todos morrerem afogados, salvando-se uns aos outros – ou melhor, matando-se uns aos outros para se salvar. Nesse puxa-encolhe, eis que o rio se revoltou, veio uma enxurrada numa onda de mais de metro, a maior das enchentes de levá-los todos rio, cidades, plantações, lugarejos e furicos adentro, de findar aos gritos: vai morrêêêêê! Zé Corninho se segurando como podia ainda gritou: eu acho é bom, assim vai ter menos cornos na terra! Cala boca, fidaputa! Êêêêêêêêê! Passam ruas, pontes, prédios, pinguelas, morros água abaixo, cachoeira livre, ploft, teibei! Navegantes de meia tigela, a embarcação à deriva das águas, finalmente afundou. Êêêêêê! Sopapo da porra, hem? Quase se arrebentaram no fundo do rio, no meio de um cemitério de automóveis! Vixe, a água sumiu. Inda bem! Rapaz, vê quantos carros, tudo de primeira! Será que algum funciona? Nada, meu, lá vem a cheia de novo! E zarparam boiando em cabos, tocos de madeira, calcanhares, cotovelos, o que desse, até se lascarem nas beiradas dum morro com os espinhaços todo envergado: gente, que foi isso, hem? O rio mordeu-se de querer matar a gente tudinho. Foi um dilúvio! Será? Tomara que tenha sobrado mais alguém vivo na terra depois dessa! Sei não, acho que só a gente que restou vivo, viu? Será? Tome tento, seu cabra! Vamos tomar outra! E a pescaria? Êêêêê! Vamos pescar um ao outro! Êêêêêêêê! © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

CARTAS A UM JOVEM FILÓSOFO, DE AGOSTINHO DA SILVA
[...] A sua decisão de se dedicar à filosofia repousa, pelo que me diz e pelo que eu conheço de si, no entusiasmo que lhe despertam as leituras dos filósofos, no interesse que têm para o meu amigo todos os problemas filosóficos e no gosto que teria em apresentar um dia uma congeminação sólida, sem falhas, sobre a estrutura do mundo, sobre o sentido da vida [...] não é assim um exercício de faquirismo terminológico de quem fala como se fosse uma torrente que rompe o dique e rola sem nenhuma possibilidade de se conter, ou de quem fala para se ouvir a si próprio, sendo este o grande perigo das pessoas que falam bem: são as serpentes de si próprias, saem dos cestinhos para ouvir a música deliciosa e o que podia ser uma manifestação esplêndida de humanidade transforma-se em espetáculo de rua [...] Há-de-se inventar você próprio a você: criar um outro Luís, melhor do que esse que possui e obrigá-lo a criar, a esgotar-se todo na divina tarefa de criar [...].Você vai precisar de todo o seu tempo, de toda a sua energia, de pensar de manhã até à noite nos problemas filosóficos; você tem de adquirir erudição filosófica e o treino de pensar; a vida, para a vida, é sempre longa; mas para a arte é sempre breve; só quando não se faz nada há sempre tempo [...].
Trechos da obra Sete cartas a um jovem filósofo: seguidas de outros documentos para o estudo de José Kertchy Navarro (Ulmeiro, 1990), do filósofo, poeta e ensaísta português Agostinho da Silva (1906-1994), cujo pensamento combina a liberdade como a mais importante qualidade humana, combinando elementos de panteísmo, milenarismo e ética da renúncia.

Veja mais sobre:
Cantarau Tataritaritatá, O teatro pobre de Jerzy Grotowski, 1919 de John dos Passos, Estética teatral de José Oliveira Barata, a coreografia de Xavier Le Roy, a música de Carlos Careqa, a pintura de Alex Mortensen & a arte de Vesselin Vassilev aqui.

E mais:
Vamos aprumar a conversa: a culpa é da Dilma, Sermão do bom ladrão de Padre Antônio Vieira, Amargura de mulher de Henriqueta Lisboa, O projeto Atman de Ken Wilber, a música de Heitor Villa-Lobos & María Luisa Tamez, Prometeu acorrentado de Ésquilo, o cinema de Abbas Kiarostami & Juliette Binoche, a pintura de Peter Paul Rubens, a arte de Ekaterina Mortensen & Alex Toth aqui.
A literatura de Antoine de Saint-Exupéry, a música de Aarre Merikanto & Colin Hay & Cris Braun, a pintura de Paul Klee & Clóvis Graciano aqui.
Três poemetos da festa de amor pra ela: Festa, Essa carne & Viagem aqui.
A Lei de Responsabilidade Fiscal, Projeto Justiça à Poesia & Simone Moura Mendes aqui.
Brincarte do Nitolino, Condição humana de Norbert Elias, a poesia de Alexander Pushkin, O lugar do outro de Jean-Luc Lagarce, o cinema de Antonio Carlos da Fontoura & Flávia Alessandra, a pintura de Paul Gauguin, a arte de Luis Fernando Veríssimo, Luiza Curvo & a música de Eduardo Camenietzki aqui.
Vamos aprumar a conversa: Segunda feira, As consequências da modernidade de Anthony Giddens, Memórias de Adriano de Marguerite de Yourcenar, a música de Robert Schumann, Fedra de Jean Racine, o cinema de Arnaldo Jabor & Sônia Braga, a pintura de Francisco Ribalta & a arte de Ary Spoelstra aqui.
O teatro de William Shakespeare, Alice no país do quantum de Robert Gilmore, O fio & as missangas de Mia Couto, Paixão & autobiografia de Patricia Galvão, a música de Carl Otto Nicolai, o cinema de Richard Eyre & Jean Iris Murdoch, a pintura de David Scott, a arte de Adriano Kitani & Programa Tataritaritatá aqui.
Freyaravi & o circo dos prazeres, Cultura do consumo & pós-modernismo de Mike Featherstone, Contos brasileiros de Julieta de Godoy Ladeira, Kama sutra de Vātsyāyana, a fotografia de Ralf Mohr, Humanitarian Projects, a música de Marisa Monte, a pintura de Crystal Barbre & a arte de Luciah Lopez aqui.
Lualmaluz, Técnica & ideologia de Jürgen Habermas, De segunda a um ano de John Cage, História da literatura brasileira de Nelson Werneck Sodré, A balsa da Medusa, a escultura de George Kurjanowicz, a música de Sally Seltmann, a pintura de Théodore Géricault & Moisés Finalé, a arte de Marni Kotak & Luciah Lopez aqui.
Quando tudo é manhã do dia pra noite, Agonia da noite de Jorge Amado, a música de George Bizet & Adriana Damato, Folclore musical de Wagner Ribeiro, a pintura de Aleksandr Fayvisovich & Bryan Thompson, Posthuman bodies de Halbertam & Livingstone, a fotografia de Christian Coigny, a arte de Mirai Mizue & Luciah Lopez aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda de Eventos aqui.

MINHA VIDA DE LOU SALOMÉ
[...] Nossa primeira experiência é, de modo notável, uma desaparição. Momentos antes éramos um todo indiviso, todo o ser estava inseparável de nós; então somos impelidos a nascer, tornamo-nos um pequeno fragmento que deverá esforçar-se, doravante, para não sofrer reduções cada vez maiores, para afirmar-se perante o mundo adverso extremamente amplo, no qual, por termos deixado nossa plenitude, caímos – agora despojados – como num vazio. [...] Assim, vivencia-se primeiramente como que algo já passado, uma rejeição do presente; a primeira “recordação” – assim a chamaríamos mais tare – é, ao mesmo tempo, um choque, uma decepção pela perda daquilo que não é mais, e alguma coisa de um saber que se vai desenvolvendo, de uma certeza de que ainda teria que ser [...] Não posso conformar minha vida a modelos, nem jamais poderei constituir um modelo para quem quer que seja; mas é totalmente certo que dirigirei minha vida segundo o que sou, aconteça o que acontecer. Fazendo isto, não defendo nenhum princípio, mas algo bem mais maravilhoso - algo que está em nós, que queima como o fogo da vida [...].
Trechos da obra Minha vida (Brasiliense, 1985), da poeta e psicanalista alemã nascida na Rússia, Lou Andres-Salomé (1851-1937). Sua vida foi levada ao cinema em 2016, com direção da cineasta, escritor e produtora alemã Cordula Kablitz-Postl, protagonizado pela atriz alemã Katharina Lorenz, contando o período solitário, doente e perseguida pelo nazismo, aconselhada a escrever suas memórias. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ: ARRIGO BARNABÉ
Hoje a Rádio Tataritaritatá apresenta especial com o músico, compositor, radialista e ator Arrigo Barnabé, apresentando músicas dos álbuns Clara Crocodilo (1980), Tubarões Voadores (1984), a trilha sonora do filme Cidade Oculta (1986), Suspeito (1987), Façanhas (1992), Gigante Negão (1998), A saga de Clara Crocodilo (1999) e apresentações em show ao vivo. Ligue o som e confira. Veja mais aqui.

A ARTE DE INDRE VILKE
A arte da artista lituana Indre Vilke.
 

quarta-feira, junho 28, 2017

ERCÍLIA NUA DE PIRANDELLO, DINHEIRO DE AXEL CAPRILES, YUJA WANG & ANDREA MEDJESI-JONES

DA SEMENTE AO FRUTO, A VIDA - Imagem: Chapter 55, da artista britânica Andrea Medjesi-Jones - O grão e o reino encantado de todas as coisas: do centro o começo do círculo, e gira e roda e vira virou, e virá como chegam espirais de eternas ondas por zis sequências, frequências, medidas. Tudo vibra sem saber os lados da esfera e uma mão salta a buscar o que puder encontrar, solta na imensidão. Uma perna se sobressai e o dentro pra fora, os efeitos e outra mão pro alcançável de Plutão, outra perna pro infinito que se manifesta na finitude. Tudo emana de dentro pra fora e vice-versa, latente, até que uma saliência, o pescoço pra cabeça e a consciência de que tudo gira e roda e vira virou, e virá e verá o universo pulsando solto por todas as vibrações que se parecem exógenas e impalpáveis à primeira impressão, e pra alcançá-las, não se sabe como, capta o que pega sem nem saber, e o que transborda vem da brisa refratária de alhures a escorrer pelos sentidos, correntes que brotam flores endógenas nas acontecências que se vão pros confins, quando a semente cresce e implode compleições disformes quase indistinguíveis pela polimorfa forma de se estirar com seus flancos abertos, ao comprimento adelgaçado que avoluma o recheio, músculos, carne, órgãos, essência, pro que de cima seja embaixo e tudo possa ascender na festa do Sol por fases, etapas: criança que brinca com perguntas sem fim, e adolesce com os impactos do que foi pro que será, e adultiza exorcizando convicções diante das dúvidas reais, e envelhece no prazer da maravilha de ter vivido, e o que viverá depois do crepúsculo quando a noite se fizer dia e será sempre vida na dança de hoje que se fez ontem renascida amanhã sempre nova na eterna ressurreição. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DINHEIRO: SANIDADE OU LOUCURA?
[...] Diferentemente das sociedades onde o ascetismo mundano da ética protestante acrescentou um conteúdo espiritual ao dinheiro, legalizando o impulso possessivo e aquisitivo sob a filosofia aceita da cobiça, nos latino-americanos o conflito ainda permanece ativo [...] O papel que a sexualidade desempenhou para a psicologia de Freud foi trocado pelo complexo do dinheiro. Há muito mais loucuras e doenças associadas ao dinheiro do que ao sexo. [...].
Trechos da obra Dinheiro - Sanidade ou Loucura? (Axis Mundi, 2005), do economista e psicanalista venezuelano Axel Capriles, reunindo dez artigos que contam a história do dinheiro, suas representações e seu impacto na vida humana da atualidade, tratando sobre o domínio do mercado financeiro, a sujeição do homem ao mercado, o capital especulativo, os desequilíbrios psicológicos como depressão, ansiedade, rancor, medo, disputas familiares, entre outros que são causados pela relação com o dinheiro. Trazendo relevantes reflexões, a obra aborda de forma interdisciplinar sobre a volatilidade do dinheiro no mundo atual e a atribuição que lhe é dada na esfera econômica e nas relações sociais, tornando-se o tema central da existência humana, determinando comportamentos e envolvendo desde o psiquismo individual até o substrato dos povos contemporâneos, sobretudo o latino-americano.

Veja mais sobre:
Educação, professor-aluno, gestão escolar & neuroeducação, Livro dos sonhos de Jorge Luis Borges, a música de Ayako Yonetani, Ciência Psicológica, a fotografia de Anton Giulio Bragaglia, a pintura de Jean Metzinger & Anthony Gadd aqui.

E mais:
Paixão Legendária & Santanna O Cantador, As ciências & as artes de Jean-Jacques Rousseau, A patente de Luigi Pirandello, A história do mundo de Mel Brooks, a pintura de Maria Luisa Persson, Brincarte do Nitolino, a literatura de Aldemar Paiva, a antologia poética de Marly de Oliveira, a xilogravura de Nena Borges, a música de Guilhermina Suggia & Felipe Radicetti aqui.
O falecido Mattia Pascal de Luigi Pirandello, O contrato social de Jean-Jacques Rousseau, a música de Pat Metheny, a pintura de Peter Paul Rubens & o cinema de Mel Brooks aqui.
A hipermodenidade de Gilles Lipovetsky & a trajetória Tataritaritatá aqui.
Bom dia, Velho Chico, Sonetos de , Cláudio Manuel da Costa, Lampião & Isabel Lustosa, Música & saúde de Even Ruud & a música de Turíbio Santos, a pintura de Natalia Goncharova, a arte de Ítala Nandi & Paulette Goddard, o cinema de Hugo Carvana & Neila Tavares aqui.
Vamos aprumar a conversa: a questão ambiental, O retorno da deusa de Edward C. Whitmont, Baú de ossos de Pedro Nava, Poema Infinito de Federico García Lorca, a música de Kenny G & Martha Argerich., a pintura de Tereza Costa Rego & Zuzu Angel aqui.
Poucas palavras & uma dor, A dominação masculina de Pierre Bourdieu, Tônio Krogger de Thomas Mann, Le Cid de Pierre Corneille, a música de Eugénia Melo e Castro & Maysa, a pintura de Diego Velázquez, Sagarana de Paulo Tiago & Ítala Nandi aqui.
Papo de Fabos, O castelo de Franz Kafka, a literatura de Machado de Assis, Escarafunchando de Friederich Perls, a música do Discantus, a pintura de Renato Guttuso & Luba Lukova, a arte de Carmela Gross & Paulo Ito aqui.
Barulho da miséria, Significação & verdade de Peter Strawson, Frankestein de Mary Shelley, A liberdade de Baronne de Staal, a escultura de Ben Weily, a música de Shania Twain, a arte de Anna Miarczynska & Fabio de Brito, o grafite de Magrão Bz, & a poesia de Lívia De La Rosa aqui.
Repente qualquer jeito para ver como é que fica, A tecnologia na arte de Edmond Couchot, A vida antes do homem de Margaret Atwood, A servidão humana de Baruch de Espinoza, a música de Jackson do Pandeiro, a escultura de Antonio Corradini, a fotografia de Nikolai Endegor, a arte de Victoria Selbach & Leonel Mattos aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
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Agenda de Eventos aqui.

VESTIR OS NUS DE PIRANDELLO
A peça teatral Vestir os nus (Record, 2007), do dramaturgo, poeta, romancista siciliano e Prêmio Nobel de Literatura de 1934, Luigi Pirandello (1867 – 1936), conta a história de um escritor que recolhe em sua casa uma jovem infeliz, Ercília, que é vítima de um drama pessoal, por ter sido despedida pela morte acidental de uma criança mantida aos seus cuidados e que tenta suicidar-se após ser abandonada pelo noivo. Após salva desses acontecimentos, ela concede uma entrevista, mentindo sobre os motivos, o que leva outras pessoas a procurá-la para se retratar e corrigir erros do passado. Tendo se vestido de muitas maneiras adequadas, nenhum figurino lhe caiu bem, até que ela se despede da vida nua, dizendo ser a morta que não conseguiu se vestir. A obra traz um olhar premonitório sobre os processos de vitimização da sociedade do espetáculo da atualidade. Destaque para atuação da premiada atriz Janine Corrêa, na montagem da peça feita pela Companhia Atelier de Manufatura Suspeita, com direção de Mauricio Paroni de Castro. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ: YUJA WANG
A belíssima pianista chinesa Yuja Wang interpretando obras de George Gershwin, Ravel, Tchaikovsky, Rachmaninoff, Chopin, Scriabin, Mozart & Prokofiev. Para curtir é só ligar o som.

A ARTE DE ANDREA MEDJESI-JONES
A arte da artista britânica Andrea Medjesi-Jones

terça-feira, junho 27, 2017

OS SERTÕES DE GUIMARÃES ROSA, AS VISÕES DE KIESLOWSKI, A MÚSICA DE MARCUS VIANA, TARSILA DO AMARAL & O AMANHÃ DE ONTEM PRA HOJE

O AMANHÃ DE ONTEM PRA HOJE – Era só o ameríndio pra quem chegou. Depois, o mameluco com olhos pro pai forasteiro, esqueceu o índio-índio, mais nada. Aí veio o preto-preto, virou festa, carnaval. Tudo misturado, santa mestiçagem. O que era um virou três, muitos, todos. Mesmo assim dividiram o de todos para poucos escolhidos, bolo em fatias para achegados e privilegiados. Haja farelo pros expulsos que estavam dentro, donos despejados e, do terreiro, ficaram brechando pendurados na janela com outros deserdados, o que faziam da casa dele: a festa dos de dentro jogando esmolas, o descarte da fartura aos pingos, às colherzinhas, conta-gotas. E o sangue era vermelho pra qualquer um, até pros que se achavam azul. E a terra era de todos, passou a ter cercas, arames farpados, muros e fronteiras com seguranças e capatazes. Para quem só tinha o chão por acolhida, não me valia de sobrenome abastado ou qualquer, ou marca, brasão, insígnia, ou se pardo é nojento, moreno é charmoso, ou se o amarelo é oriental ou subnutrido, o preço do preconceito: só há um ser humano e eu sou como a roupa no varal que seca à espera de vestir, ou a que na vitrine não foi comprada, um dia será dada, todas servirão para quem queira ou não tenha. Hoje sou feliz e nada tenho, iconoclasta de totens e tabus, e mato e morro ao perder o que era uma parte de mim que ficou para trás e só possuo a vontade do trabalho, minhas mãos pras lutas, a coragem pra romper redomas e limites, o ânimo de viver, mais nada, atrepado nas casas de pombos pra gente – o horizontal sempre coibido, tudo pra vertical: a hierarquia, uns sobre os outros, amontoados, e a vida é outra coisa além de quem mora na cobertura dos arranha-céus ou embaixo da ponte. Não preciso de mais, me basta o que sou de nada desvalido entre as ruínas que valem os impérios dos seres anestesiados que expiram com os suspiros dos vazios, narizes na vitrina esfregada entre a fortuna e a sarjeta com todas as indecisões. Vencer ou perder, tanto faz, as duas faces da mesma moeda, como ir ou voltar, subir ou descer, vale a preparação. Há quem chore de felicidade, ou ria na desgraça. Cada qual o seu tanto de experiências, a erosão, a ferrugem, ventos que vão e fica a quentura, telhados pro céu. Coisas que valem ontem, ou feitas amanhã: ouro que não tem mais, só o que se quer, o desejo, nada mais. Entre um e outro, cada um. As malas prontas – pra onde? -, o uso e o usado, ali no canto esquecido repousam como se fossem pedaços de todo universo num cubículo e a solidão. Tudo desarrumado entre mofo e poeira de sonhos e o que foi feito serve pra lata de lixo. Um dia, quem sabe, uma serventia qualquer, coisa de não se lembrar na gaveta ou nas caixas, se um dia servir, como lápis de cor feito luz, senão escuridão e pra noite tudo é escuro, como o sol é para todos. Tudo existe de dia; de noite, se inventa. Sou grato pela incompreensão, nela eu aprendi. Assim não fosse, nada saberia: um catatônico com uma glória de areia. Meu corpo é da terra e nela vivo. E se me atrevo diante da faca afiada da vida que corta e retalha em postas cada ser vivo, é porque sou o desperdício como o meu povo subestimado foi estornado desde sempre pra dizer o que pensa e quer entre a fome e o prato de comida pra quem tem fome e pra quem só se abastece, vício do hábito. Mas a vida não é faca, é graça! É graça que vira faca e torna a ser graça, pra venturosos ou desgraçados. Só tenho o chão de qualquer lugar, de onde nasci só terei cinzas pra ser-me de volta, o amanhã que se edifica de ontem pra hoje. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

OS SERTÕES DE GUIMARÃES ROSA
[...] Num campo de muitas águas. Os buritis faziam alterza, com suas vassouras de flores. Só um capim de vereda, que doidava de ser verde – verde, verde, verdeal. Sob oculto, nesses verdes, um riachinho se explicava: com a água ciririca – “Sou riacho que nunca seca...” – de verdade, não secava. Aquele riachinho residia tudo. Lugar aquele não tinha pedacinhos. A lá era a casa do Boi. O Boi, que vinha choutando. Antão o Boi esbarrou. Se virou, raspou, raspou, raspou,. O Boi se fazia, muitas vezes; mandava nos olhos da gente suas seguidas figuras. O Vaqueiro mandou o medo embora. Num à-direita se desapeou, e pulou pra o lado dele. Lhe furtou a volta. Pôs a vara-de-ferrão na forma, pra esperar ou pra derrubar. Mas o Boi deitou no chão – tinha destiado na cama. Sarajava. O campo resplandecia. Para meljhor não se ter medo, só essas belezas a gente olhava. Não se ouvia o bem-te-vi: se via o que ele não via. Se escutava o riachinho. Nem boi tem tanta lindeza, com cheiro de mulher solta, carneiro de lã branquinha. Mas o Boi se transformoseava: aos brancos de aço de lua. Foi nas fornalhas de um instante – o meio-tempo daquilo durado. O Vaqueiro falou o Boi. “-Levanta-te, Boi Bonito, ô meu mano, deste pasto acostumado! – Um vaqueiro, como você, ô meu mão, no carrasco eu tenho deixado!” O de ver que tinha o Boi: nem ferido no rabicho, nem pego na maçaroca, nem risco de aguilhada. O Vaqueiro que citou. O Cavalo não falava. [...].
Trechos da obra Manuelzão e Miguilim (José Olympio, 1977), do escritor, médico e diplomata João Guimarães Rosa (1908-1967). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

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Tudo em mim mestiço sou, O povo brasileiro de Darcy Ribeiro, o anarquismo de Emma Goldman, A história da vida de Helen Keller, a música de Haydn & Guilhermina Suggia, A escultura de Luiz Morrone, a pintura de Pisco Del Gaiso & Martin Eder, Os Fofos Encenam & Viviane Madu aqui.

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Os tantos e muitos Brasis aqui.
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Água morro acima, fogo queda abaixo, isto é Brasil aqui.
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Carta de amor, Espécies naturais de Willard Van Orman Quine, Mulher da cor do tango de Alicia Dujovne Ortiz, a música de Dori Caymmi, Memórias de Prudhome de Henry Monnier, a fotografia de João Roberto Riper, Poema da paz de Madre Teresa de Calcutá, a arte de Tanja Ostojić & Luciah Lopez aqui.
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AS VISÕES DE KIESLOWSKI
Entre os muitos e belos filmes que vi do premiadíssimo cineasta polonês Krzysztof Kieslowski (1941-1996), dois curtas-metragens documentários muito interessantes. O primeiro, Sete mulheres de diferentes idades (Siedem kobiet w róznym wieku, 1978), composto por uma série de sequências atribuidas aos dias da semana, começando na quinta-feira com a bailarina do dia por heroína, registrando naturalmente as ações e reações das personagens e reações, os muitos anos de trabalho meticuloso das bailarinas, seleção de elenco, experimentações e o triunfo no palco. O segundo, o premiado Cabeças que falam (Gadajace glowy, 1980), no qual acontecem entrevistas com centenas de poloneses, ordenado cronologicamente do bebê à mulher centenária, questionando o ano de nascimento, quem é a pessoa, o que é mais importante para ela, o que ela pensa do futuro. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ: MARCUS VIANA
Pantanal, a suíte orquestral Olga, A música dos 4 elementos, Sete Vidas amores & guerras, Raio & Trovão, entre outras, do violinista, tecladista e compositor Marcus Viana. Ligue o som e confira. Veja mais aqui e aqui.

A ARTE DE TARSILA DO AMARAL
A arte da pintora brasileira Tarsila do Amaral (1897-1973). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

PATRICIA CHURCHLAND, VÉRONIQUE OVALDÉ, WIDAD BENMOUSSA & PERIFERIAS INDÍGENAS DE GIVA SILVA

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