terça-feira, junho 06, 2017

A MERCADORIA DE BAUMAN, A ESCULTURA DE HIRAM POWERS, TODO DIA É DIA DA MULHER & A VIDA NA BOLSA DO MERCADO!

A VIDA NA BOLSA & O MERCADO SALVADOR - Olá, gentamiga, salve, salve! Hoje resolvi levar um papo ameno, acho. É que tem tanta gente na maior jogando parvoíces a granel na nossa lata, soltando seus peidinhos a torto e a direito, daí resolvi cuspir as minhas pilherias torpes pro desassossego dos tremebundos sonsos que rezam na cartilha do certinho, como manda o figurino. Seguinte: pra onde você se vira só se fala de mercado prali e pracolá, a economia assim e assado, o governo e as grandes corporações, a lucratividade, investimentos, desemprego e exclusão, a crise tal e qual sei vem antes mesmo de eu ter nascido e por aí vai, no meio de seca verde e chuvarada pras inundações, quebradeira e o escambau. Pronto. Entra ano e sai década na mesma ladainha na defesa do empresariado nacional, a prestimosa classe produtiva responsável pelo gigantismo econômico do país que só eles vêem e gozam. Tá. Pra salvar o mercado tudo é prioritário: injetar dinheiro público em financiamentos e políticas de desonerações, assistência creditícias e com isenções em longo prazo, etc e tal, depois que a gente fica sabendo só do resultado: iniquidade, delações, propinas, sonegações, o diabo a quatro. Mas, mesmo assim, todo dia você é chamado na grande porque tem que comprar para que o mercado exista e gere riquezas que um dia, quem sabe, você poderá ou nunca usufruir. Você tem que possuir tudo que aparecer na frente, um carro ou dois, casa, tevê, aparelhos diversos, bregueços e troçadas tecnológicas, para que o mercado possa governar a sua e a vida de todo mundo com seus lóbis, ditando o que deve e o que não deve fazer do seu destino e muito mais que a gente nem sonha saber no meio da emboança toda. Você tem que usar do crédito e comprar fiado em suaves prestações mensais por décadas para que a Bolsa de Valores diga qual marca de dentifrício você deve escovar os dentes, qual travesseiro deitar a cabeça, o colchão do seu sono e descanso, a comida da mesa, a água mineral, o passeio do lazer, a religião e o entretenimento ideal, escolha só dentro do que eles dispuserem, fora do deles nada existe e você apenas é mais um dos invisíveis que só aparecerá no noticiário policial, ou na lista dos inadimplentes ou como testa de ferro dalguma jogada deles, sabendo desde já que o mercado oferece o paraíso e você tem que viver queimando no inferno da sua vida, se espremendo e escapando como pode, até alcançá-lo, tomara, depois de patinar ao titubeio na clausura das etiquetas, rótulos, marcas, feito um animal ferrado com a insígnia da sua classe social, identificado pelos algarismos do CPF, tido por cidadão nas dissimulações de tê-lo só por contribuinte, acaso seja contemplado com as benesses deles ou duma bolada da loteria. Ah, você nem vê nada disso, né? Pois é, os loquazes cafetões do poder botam sem cuspe no cu da gente todo dia e ainda tomam tudo que a gente tem se atrasar umas parcelas do crediário! Sente não? Então já passaram bálsamo mentolado e emoliente no rabo ou deram um pé de peru procê se entreter por aí. Ah, não. Não esquente, seja positivo e use do bom humor, ora. Relaxe. Seja desportista, pratique e esteja pronto pra nocautear ou dar carrinho por trás de quem se atrever atravessar seu caminho, porque você merece ser feliz a qualquer preço, mesmo que todo mundo chore ao seu redor. Nem ligue, nessa hora vale tudo: pisada no calo, chute nos ovos e nas canelas, murro por cima dos óculos, dedo na ferida, pé na goela, rasteira, camas de gato, puxada de tapetes, cotovelada na venta, tudo, é a sua integridade que está em jogo, seja o primeiro da fila e não deixe ninguém passar na frente. Se pintar remorso, no domingo você reza, pede perdão e ficha limpa pra quando entrar a semana você fazer gol que só de deixar os outros tudo de cangalha pro ar, não desperdice nada, senão vai pro banco de reserva e aí babau. Mande ver, não pode é sair de cena e, se queimou o filme, já sabe: um molho de cinismo não faz mal a ninguém. Pelo visto, o que não mata, engorda. Afinal, já se convive com tudo envenenado, é peçonha pra todo lado. Aqui também é South Park. Não há nada a fazer a não ser o de enfiar o pé na jaca e sentir o fedor comendo tudo. Nem ligue, é só comprar perfume caro e pronto. Não se leve muito a sério, lavou está novo, entretanto, não nutra grandes expectativas de antemão, senão morre afogado na onda da sua própria saliva ou escorregando na briga das etiquetas de Drummond e virando carta fora do baralho, viu? Saiba, viver na merda é pra derrotados. Pra quem só tem o corpo e posse alguma, não há nada além da marginalidade. E se só tiver cricri enchendo o saco, pegue um livro ou revista qualquer. Ah, leia só o que for prático e indispensável, teoria só serve pra quem não sabe do Chacrinha: eu vim para confundir e não para explicar! Bote sua mola, dê seus pulos e boa sorte. Sem saída? Nada. Podia ser pior, não acha? Por exemplo, se na fauna, o leão imperasse totalitário escravizando e reprimindo rinocerontes, hipopótamos, elefantes e aniquilando presas ao seu bel prazer, ia encarar? Enquanto isso, os bois na supremacia do pasto em conflitos armados com eqüinos, suínos e outros até das florestas remanescentes, entrava nessa? E se fosse pras águas, os tubarões em guerra contra as baleias, as águas-vivas-juba-de-leão, as cachalotes, as lulas gigantes e os polvos gigantes, devorando desde krill até o que aparecer, mergulhava? Ah, e se na flora as árvores se rebelassem e os eucaliptos entrassem em franca marcha para subestimar e destruir a soja, a cana, o seringal e subjugar todas as demais fruteiras, raízes e outros tipos de vegetação, ia lá? Nada, relaxe, coisa desse tipo só entre os que são chamados por racionais. E se está ruim, vai piorar, hem? Já pensou? Quanto é que você vale? Será você também uma mercadoria? Hummmmm. Pois é, seja feliz, se puder! Quanto a mim? Ah, ouvi alguém dizer: Ego sum quis sum. Vou nessa. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.

A MERCADORIA DE BAUMAN
[...] que o destino final de toda mercadoria colocada à venda é ser consumida por compradores; que os compradores desejarão obter mercadorias para consumo se, e apenas se, consumi-las por algo que prometa satisfazer seus desejos; que o preço que o potencial consumidor em busca de satisfação está preparado para pagar pelas mercadorias em oferta dependerá da credibilidade dessa promessa e da intensidade desses desejos. [...] Na sociedade de consumidores, ninguém pode se tornar sujeito sem primeiro virar mercadoria, e ninguém pode manter segura sua subjetividade sem reanimar, ressuscitar e recarregar de maneira perpétua as capacidades esperadas e exigidas de uma mercadoria vendável.
Trecho da obra Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadoria (Zahar, 2008), do sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925- 2017). Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

Veja mais sobre:
Eu, Etiqueta de Carlos Drummond de Andrade, Formação da literatura brasileira de Antonio Cândido, a música de Adolphe-Charles Adam & Benedito Pontes, a pintura de Antonio Bedotti Organofone & Mulheres de Ana Mello aqui.

E mais:
Mamão, novamente o estranho amor, A desobediência civil de Henry Thoreau, As mil e uma noites, a pintura de Newton Mesquita & Thiago Hellinger, Fecamepa & Big Shit Bôbras, a arte de Raimundo Rodriguez, a música de Dery Nascimento & Planeta MPB aqui.
Poucas palavras & uma dor, Tônio Kroeger de Thomas Mann, A dominação masculina de Pierre Bourdieu, El Cid de Pierre Corneille, o cinema de Paulo Thiago Ferreira Paes de Oliveira & Ítala Nandi, a pintura de Diego Velázquez, a música de Eugénia Melo e Castro & Maysa aqui.
O vermelho da amora, a arte de Larissa Morais & LAM na Radio Difusora de Alagoas com Sténio Reis aqui.
As receitas & despesas públicas & LAM na Rádio Jovem Pan AM-Maceió com Miguel Torres aqui.
Formação docente & ensino médio aqui.
Erotismo & Literatura Erótica, A carta de Pero Vaz Caminha, Dicionário da Cachaça de Mário Souto Maior, Entre a seca e a garoa de Ricardo Ramos, a música de Johnny Alf, o teatro de Max Frisch, o cinema de Marcelo Piñeyro & Letícia Bretice, a pintura de Ricardo Paula, a arte de Frank Frazetta & a poesia de Gilmar Leite aqui.
Direito & antecipação da tutela aqui.
A lágrima de Neruda & Prelúdio, A divisão do mundo de Jiddu Krishnamurti, Destino do homem de Goethe, Elogio ao amor de Alain Badiou, a música de Chopin & Debra Hurd, Tchaikovsky & Elena Bashkirova, a escultura de Salvatore Rizzuti, o teatro de Clarice Niskier, o cinema de Neville de Almeida & Christiane Torloni, a entrevista de Marcio Borges, Palavra Mínima, a fotografia de Harrison Marks, a pintura de Pierre Alechinsky, a poesia de Alvaro Posselt, a arte de Roy Lichtenstein & Jerzy Drużycki aqui.
A solidão de Toulouse, Desejo de Elfriede Jelinek, A mulher celta, a música de Jonatha Broke, a arquitetura de Paulo Mendes da Rocha, a pintura de Henri Toulouse-Lautrec, entrevista de Gilberto Mendonça Teles, Psicologia Ambiental, a fotografia de Marcos Vilas Boas & o grafite de Michael Aaron Williams aqui.
Lavratura, O erotismo da natureza nos megálitos de Orens, O imaginário em Lacan de Antonio Quinet, A maternidade de Francisca Praguer Fróes, a pintura de Joan Miró, a música de Bach & Hilary Hahn, a arte de Peggy Bjerkan & Luciah Lopez, Por um novo dia & Rolandry Silvério, O que sei de mim é só de você & A vida começa no final de semana aqui.
Palestras: Psicologia, Direito & Educação aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda de Eventos aqui.

TODO DIA É DIA DA MULHER
Crônica de amor por ela.
Veja mais aqui e aqui.

PROGRAMA TATARITARITATÁ
Paz na Terra:
A arte do escultor neoclássico estadunidense Hiram Powers (1805-1873).
Programa Tataritaritatá, sexta, 09/06, meia noite. Confira aqui.

PATRICIA CHURCHLAND, VÉRONIQUE OVALDÉ, WIDAD BENMOUSSA & PERIFERIAS INDÍGENAS DE GIVA SILVA

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