DICAS DA HORA PARA FELICIDADE AGORA (AMANHÃ
PODE SER TARDE DEMAIS, SE AVIE!) – Ad aperturam libra! Alô, alô, gentamiga do planeta Terra! Vamos
aprumar a conversa? Vambora. Seguinte: quando a gente é empurrado pra vida,
pega o bonde andando e há tempos correndo solto. Agora que pegou bigu,
achegue-se, abolete-se aí, vamos conversar. Sabe de uma coisa? Viver não tem
manual de instruções nem regulamento explicando tintim por tintim, tem não. Mas
chega uma hora que umas perguntinhas danadas engancham nas catracas do quengo:
de onde vim? O que estou fazendo aqui? Pra onde vou? Se você não tem a mínima
ideia, não esquente: ninguém sabe. Pra quê mesmo saber, hem? Porém, essa coisa
de interrogações que transbordam no íntimo é só pra filosofar, coisa que é só
perda de tempo, não tem a menor utilidade prática. Quem pensa muito, nada faz,
fica só na preguiça de nem ver o tempo passar. Não adianta fazer muitas
perguntas, nem pensar na velhice, na morte, nas dúvidas, nada disso. Viver é consumir
e logo, senão acaba. Compre agora, compre já e de tudo, compre mesmo, compre
tudo, não pode perder terreno pros outros passarem na cara, faça tudo o que
fazem – pelo sinal, nos trinques, etiquetas, tudo que for de bom tom! Ah, se
serve ou não, depois vê – lixo serve mesmo pras coisas imprestáveis. A equação
da vida é simples: precisa de algo? Adquira já. Tem dinheiro? Compre, a
felicidade é sua. Ah, não tem dinheiro? Tem é que arrumar o quê fazer, agir
duas ou mais vezes inadvertidamente – pense não, senão endoida, viu? -, ficar
rico e se aproveitar de tudo, consumindo. O certo ou errado? Faça o que mandam,
obedeça, resigne-se, você chega lá – se não chegou, leve na conta da falta de
sorte, ou tente ser feliz chupando dedo. Considere que você entrou de graça, ou
a fórceps ou cesariana, e quando toma pé da coisa paga até morrer. Está tudo
pra você escolher, cada um que engrosse o couro pras lamboradas e firmar os
cascos pras pisadas e coices. Antes, todavia, preste atenção que pra ser gente
tem o código civil e uma tuia de leis, decretos e regras de exceção, afora uns
golpes como freio de arrumação. Tem também o código de postura, de ética
(aprendeu o que é isso?), já diz a canção: é preciso saber viver. E na base do
politicamente correto. Enquanto se instrui respire ao máximo, ainda parece que
é de graça, apesar de envenenado. Tenha tudo que puder – e se não tiver, dê um
jeito: trabalhe dobrado, se mate, se rasque todo, se esfole de perebar, faça
das tripas coração e o escambau, precisa impressionar, senão vira fechadura e,
além do mais, tem sempre otário pras marretadas. A lição é de que hoje pra ser
feliz bastam duas coisinhas bestas: seguir a cartilha dos economistas (eles não
se entendem, contudo, ou vai na onda deles ou babau! Assim você fica por dentro
do que é mais importante na vida, como Bolsa de Valores, debêntures, cotação do
dólar, PIB, pei bufe, etc e coisa e tal, tudo pra fechar o cerco dos
investimentos possíveis com as moedinhas do seu mealheiro) e ser amigo de um
curador (é a única forma de se manter sempre na moda entre os fashionados nas
boquinhas). Amigos? Ah, se enturme pra não findar na solidão. Entretanto, saiba
de antemão: tenha dinheiro e todos estarão ao redor. Enquanto tiver, beleza. Se
precisar, não conte com eles, nem se decepcione com virada de costas ou portas
fechadas, todo mundo já sabe: só se lembra ou se procura alguém quando se precisa.
Aprenda o abandono. Tome nota que tem quejandos que ganham dinheiro iludindo,
jurando, mentem em um dia o que macaco pula em um mês, só no tinindo! Afora os
que levam a vida no luxo só matando gente, roubando merenda das crianças e
remédio de doente. Ninguém é flor que se cheire, só servem pra tirar o que tem
e ensinar o que você já sabe. Chegue antes, porque depois é só vexame. Nunca
caia na esparrela de achar que é o rei da cocada preta, nem pense que o céu é
perto: o inferno está entupido de gente boa, com padres, pastores e gurus na
porta com todos os credos de conveniência. Tenha cuidado: não vá cuspir pra
cima e se esquecer de sair debaixo, nem pense que é bicho pra viver na
molezinha: você já foi ferrado – e nem sentiu nem morreu -, vai ser abatido de
qualquer jeito, por bem ou por mal. A vida é sacrifício, ninguém é pé de planta
pra dar sem nada em troca, seja esperto: se deu com uma mão, peça com a outra. E
não adianta pedir parada pra você descer: se correr, a coisa pega; se ficar,
aguente as consequências. Não há tempo a perder, devagar só chega tarde. Amor?
Use e abuse, alivie o animal. E quando virar cobrança e tititi, troque de roupa
e vá à caça. Lembre-se: quando for pro mundo, deixe o coração em casa – ele só
faz besteira, emoções e sentimentos são troços que custam caro e só dão
prejuízo. Faça tudo que quiser dentro da lei, isso não quer dizer que não use
do jeitinho pra mandar ver nas brechas, besta é quem não se aproveita! Vai que
cola e dá samba, maior cloro, quem sabe. Se der bronca, aprume direito, bateu
as botas, foi pro saco, já era. Vá em frente que o dia de ontem ninguém vê
mais. Lavou, está novo. Ambiguidades? O que é, já não mais; o que não é, está
pra ser. Reitero, se enturme: quem tem cu, tem medo; vai que rendido da trupe,
pode ser que você no meio escape ileso. Pra tudo tem remédio, só não há como
negociar com a morte. Ah, não se esqueça de tomar banho de sal grosso pra
afastar os quebrantos e outras maleitas de olhos cega-pimenteira. Sim, aqui se
faz, aqui se paga. Pronto, estão aí as dicas pra ser feliz dagora em diante.
Até que enfim, seu problema está resolvido pra sempre. Sacou direitinho? A vida
é agora, o resto depois vê, já achou a botija é só se vingar soltando uns
peidinhos contra o vento e desancando com a maior cara feia os miseráveis e
babaovos parasitas, e dormir tranquilo que já tem a salvação garantida, bote
fé. Acta est fabula. © Luiz Alberto
Machado. Veja mais aqui.
A MISÉRIA DA ECONOMIA
Nada entendo de economia. “Se
não entende, por que se mete a falar sobre o assunto?”, perguntarão alguns
leitores. Minha resposta é singela: justamente por nada entender de economia é
que me sinto encorajado a meter minha colher naquilo que os dicionários definem
como a ciência que trata dos fenômenos relativos à produção, distribuição,
acumulação e consumo de bens materiais. Leviandade? Não, paridade. Pleiteio os
mesmos direitos dos economistas. Também quero poder falar de economia sem
entender patavina do assunto. Em meados da década passada, o Financial Times
perguntou a diversos setores profissionais da Europa o que, na opinião de cada
um deles, aconteceria com a economia mundial nos próximos sete ou dez anos.
Sete ou dez anos depois, ao confrontar as previsões com o que de fato
acontecera na economia mundial, o jornal inglês constatou que os campeões de
acertos não haviam sido, como era de se esperar, os economistas, mas os
lixeiros das grandes cidades européias. Os economistas ficaram em terceiro ou
quarto lugar. Se isso não é uma prova contundente de que eles nada ou pouco
entendem do que dizem ou pensam entender, eu me chamo John Maynard Keynes. [...].
Trecho do artigo A miséria da
economia: chegam ao fim as ilusões do neoliberalismo (Bravo, dezembro,
1998), do escritor e jornalista Sérgio
Augusto.
Veja
mais sobre:
Incipit
vita nuova, A divina
comédia de Dante Alighieri, As
raízes árabes na tradição nordestina de Luís Soler, a música de Galina Ustvolskaya, a gravura de Gustave Doré, a pintura de
Paul Sieffert, a
arte de Jack Vetriano & Luciah Lopez aqui.
E mais:
E se
nada acontecesse, nada valeria, Agá de Hermilo Borba Filho, As fábulas de Leonardo da Vinci, As glândulas endócrinas de M.
W. Kapp, a música de Tomoko Mukaiyama, Compassos Cia de
Danças, a arte de Eric Gill, a xilogravura de Perron, a pintura de Bruno Di Maio & Madalena Tavares aqui.
Brincarte
do Nitolino, Relativizando de Roberto DaMatta, a poesia de Johann Gottlieb Fichte, A estética do teatro
de Redondo Junior, a música de Igor
Stravinski, o cinema de Laurent Cantet & François Bégadeau, a xilogravura
de MS - Marcelo Alves Soares, a pintura de Aldo Bonadei & a gravura de Maurits Escher aqui.
Desnorteio:
vamos aprumar a conversa, Ideologia: técnica & ciência de Jürgen Habermas, Hora aberta de Gilberto Mendonças Teles, A arte &
condição mulher de Ana de Castro
Osório, o cinema de David Lynch & Isabella Rosselini, a escultura de Bartolomeu Ammanati, a pintura
de Joseph-Marie Vien, a arte de Arlete
Salles & Carta de amor de Maria
Bethânia aqui.
Refém do
amor aqui.
Método
científico aqui.
A poesia
de Suzana Mafra aqui.
Vamos
aprumar a conversa: a responsabilidade dos pais, Escrivão
Isaías Caminha de Lima Barreto, O
amor e o ocidente de Denis de
Rougemont, a música de Stevie
Wonder, a poesia de Murilo Mendes & Raimundo Correia, O teatro e a moral de Friedrich Schiller, o cinema de
Nelson Pereira dos Santos & Ana Maria Magalhães, a coreografia de Martha Graham, a pintura de Georges Braque & a fotografia de Ralph
Gibson aqui.
Vamos
aprumar a conversa: Baú de Ilusões, O homem, a mulher & a natureza de Alan Watts, Amar verbo intransitivo de Mário
de Andrade, Amor de novo de Doris
Lessing, A ninfa Euridíce & a escultura de Joseph Edgar Boehm, a música de Christoph Willibald Gluck. a poesia de Pedro
Kilkerry, o teatro de Machado de Assis, o cinema de Walter Hugo Khouri
& Vera Fischer, a pintura de
Jean-Baptiste Camille & a
fotografia de Patrick Nicholas aqui.
Os
tantos e muitos Brasis, A arte
no horizonte do provável de Haroldo de Campos, Cartas ao planeta Brasil de Geneton
Moraes Neto, a fotografia de Brian
Duffy, a pintura de W. Cortland Butterfield, a arte de Laura Barbosa, Fonte
& Crônica de amor por ela, a poesia de Leo Lobos & Adriana Zapparolli aqui.
A vida e
a lógica da competição, Filosofia
e teoria crítica de Max Horkheimer, Carta aos mortos de Affonso Romano de Sant’Anna,
a música de Pierre Boulez & Pi-Hsien Chen, Inteligência brasileira de Max Bense, a fotografia de Sebastião
Salgado, História do Brasil de Anna Bella Geiger, a pintura
de Herbert James Draper & Umberto Boccioni
aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda de Eventos aqui.
LA NIÑA SANTA DE LUCRECIA MARTEL
O drama La niña santa (2004),
da cineasta argentina Lucrecia Martel,
produzido por Pedro Almodóvar, conta a história uma jovem católica entrando na
puberdade, encontra-se dividida entre o desejo sexual e sua devoção religiosa,
até ter um encontro nada convencional com um médico de passagem pela sua
cidade, assumindo para si a missão de salvar a sua alma do pecado. Trata-se da
demonstração do provincianismo sufocante, do preconceito e da
incomunicabilidade entre gerações, dividido entre o fervor religioso e o
florescimento sexual, a decadência e a falta de privacidade em situações que
atingem as raias do incesto, a busca desesperada pela manutenção das aparências
e a crueldade da adolescência. Ente os destaques do belíssimo filme, a atuação
da atriz, produtora, diretora e fotógrafa argentina, Maria Alché.
ESCULTURAS
DE DESIRÉ
Esculturas de Desiré Maurice
Ferrary (1852-1904).
VÊNUS DE
MILTON DACOSTA
A série Vênus,
do pintor, desenhista, gravador e ilustrador Milton Dacosta (1915-1988).
Dia
Mundial de Luta contra a Seca e a Desertificação