A HISTÓRIA É OUTRA HISTÓRIA – Brasil a
sério, não ria: eu já sabia e não me engano com a cor da chita. Além do mais, esse filme eu já vi reprisado aos montes, jogo de cartas marcadas. A impressão que
fica é que tudo está desabando de corrompido e que a mão invisível dos cafetões
do poder têm cacife pra bancar o circo na berlinda dos poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário, tudo tapando o Sol com peneira no seu teatro de
horrores. E com os ventos levantando as saias, diga-se de passagem. Como aqui
fica tudo dito pelo não dito, lavou, está novo; um dia Deus dará. E a gente
aprende na contramão dos intrépidos justiceiros com os vaticínios do economês
que a vida é outra coisa além da corrupção que vai da portaria aos gabinetes do
último andar, mostrando que não só a gente da banda de baixo que azeita tudo
com toco pro primeiro servidor público que quiser atrapalhar a vida da gente,
como também as instâncias superiores estão chafurdando enlameadas até a medula
no atoleiro da demolição corruptora. O sinistro disso tudo é que tenho sempre a
impressão que além da platitude usual com que a imprensa costuma
espetacularizar as coisas e acontecimentos, de que tudo que é mostrado não tem
nenhum parentesco com a verdade, não é o que vemos ou temos, nem somos o que
dizem de nós. Ah, chega dessa lengalenga, vou contar uma história: era uma vez
uma coisa que quer ser o que nunca foi, não só pra inglês ver ou francês
mangar, porque não é pau que nasce torto, nem viver de alimentar pouquíssimos
com o sangue da maioria. A História é outra, precisa ter coragem pra saber. Por
isso mesmo, justo por isso, jamais poderia cair na hipérbole ufanista da utopia
de arte-exaltação, bastando qualquer fresta na cortina do passado para
constatar que não se verá país nenhum, só um festival de enrolanças naquela de
novamente quem diz, mente. Ou não sabe o que diz. Vou na primeira: mais fácil
mentir que não saber. Faço meu acerto de contas: como sempre fui além dos 8 e
80, me mantenho ingênuo: é que sou destro e escrevo com a mão esquerda. Já viu,
né? Felizes os ambidestros. A despeito do que aprontam, apesar de patético,
faço parte da família ninguém inexplicavelmente subestimada e que tem saudade
do que nunca teve no meio das malogradas experiências das promessas edênicas
com seu cinismo de dizer que aqui é bom ou o melhor país do mundo, mesmo sendo
mau. Torço por um Brasil que não esse, nem isso aí. Talvez um outro seja
possível, reinventado, acredito. Nem tudo está perdido, o que tiver de ser,
será. Será? Folgo dúvida, talvez engano, sou pelo impossível de qualquer
milagre, ou no popular: aquele farto coprólito da sorte. Quem sabe? Vamos
aprumar a conversa. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.
NOTÍCIAS DO BRASIL
Uma notícia está chegando lá do Maranhão
Não deu no rádio, no jornal ou na televisão
Veio no vento que soprava lá no litoral
De Fortaleza, de Recife e de Natal
A boa nova foi ouvida em Belém, Manaus,
João Pessoa, Teresina e Aracaju
E lá do norte foi descendo pro Brasil central
Chegou em Minas, já bateu bem lá no sul
Aqui vive um povo que merece mais respeito
Sabe, belo é o povo como é belo todo amor
Aqui vive um povo que é mar e que é rio
E seu destino é um dia se juntar
O canto mais belo será sempre mais sincero
Sabe, tudo quanto é belo será sempre de espantar
Aqui vive um povo que cultiva a qualidade
Ser mais sábio que quem o quer governar
A novidade é que o Brasil não é só litoral
É muito mais, é muito mais que qualquer zona sul
Tem gente boa espalhada por esse Brasil
Que vai fazer desse lugar um bom país
Uma notícia está chegando lá do interior
Não deu no rádio, no jornal ou na televisão
Ficar de frente para o mar, de costas pro Brasil
Não vai fazer desse lugar um bom país.
Veio no vento que soprava lá no litoral
De Fortaleza, de Recife e de Natal
A boa nova foi ouvida em Belém, Manaus,
João Pessoa, Teresina e Aracaju
E lá do norte foi descendo pro Brasil central
Chegou em Minas, já bateu bem lá no sul
Aqui vive um povo que merece mais respeito
Sabe, belo é o povo como é belo todo amor
Aqui vive um povo que é mar e que é rio
E seu destino é um dia se juntar
O canto mais belo será sempre mais sincero
Sabe, tudo quanto é belo será sempre de espantar
Aqui vive um povo que cultiva a qualidade
Ser mais sábio que quem o quer governar
A novidade é que o Brasil não é só litoral
É muito mais, é muito mais que qualquer zona sul
Tem gente boa espalhada por esse Brasil
Que vai fazer desse lugar um bom país
Uma notícia está chegando lá do interior
Não deu no rádio, no jornal ou na televisão
Ficar de frente para o mar, de costas pro Brasil
Não vai fazer desse lugar um bom país.
Notícias do Brasil (os Pássaros Trazem), música de
Milton Nascimento & Fernando Brant (1946-2015). Veja mais aqui, aqui e
aqui.
Veja
mais sobre:
E mais:
Todo dia
é dia dos namorados: crônica de amor por ela aqui.
O amor
dos namorados, A arte de amar de Erich Fromm, Sonetos de amor de Pablo Neruda, Cânticos
de Salomão, a música de Edith Piaf, o cinema de Derek Cianfrance & Michelle Williams, a arte de Cornelis
le Mair, Grupo Femen, a pintura de Julia Watkin & Henry
Asencio aqui.
Todo dia é dia dos namorados, Inteligência do amor de Ledo Ivo,
Diário de Anne Frank, A ética do
anarquismo de Luce Fabbri, A prisão de São Benedito de Luiz Berto, A filha de Solveig
Nordlund, a música de Geraldo Azevedo, a pintura de Wellington Virgolino & a arte de Carmem
Verônica aqui.
A arte
no horizonte do provável de Augusto de Campos & Falando com as paredes de
Jacques Lacan aqui.
Sistema
tributário & A gramática em cordel de Janduhi Dantas Nóbrega aqui.
Nunca
fui e quando inventei de ir não era pra ter ido, Pedagogia
dos sonhos possíveis de Paulo Freire, A árvore das estrelas vermelhas de Tessa
Bridal, O narratário & teoria da literatura de Vitor Manuel de Aguiar e
Silva, a música de Quinteto Violado, a escultura de Pedro Figueiredo, a pintura de Victoria Selbach & a arte de Marcela Tiboni aqui.
A
menstruação mental do Robimagaiver puto da vida, Realidade
& sonhos de a Muriel Spark. A construção social da realidade de Peter Berger
& Thomas Luckmann, Redes & sociologia econômica de Cristina Braga
Martes, a arte de Marina Abramović, a
música de Han-Na Chang, a fotografia de Greg
Gorman & Alfred Cheney aqui.
A
correnteza do rio me ensinou a nadar, A flor azul de Penelope
Fitzgerald, Entretenimento & tecnologia de Beatriz Polivanov & Vinicius
Pereira, Interações & redes na sociedade de Denise Najmanovich & Elina
Dabas, a música de Karlheinz Stockhausen & Suzanne Stephens, a pintura de Sue
Halstenberg, a arte de Yayoi Kusama & Robert
Rauschenberg, Anita Berber & Otto Dix aqui.
O amor
todo dia e o dia todo, O homem ativo & intelectual de Antonio Gramsci, Dialética
do concreto de Karel Kosik, Contos & novelas de Samuel
Rawet, a pintura de Serge Marshennikov & Amélia
Toledo, a música de Madeleine Peyroux, a fotografia de
Rory Banwell & a arte de
Luciah Lopez aqui.
Entre
topadas e escorregões, eu insisto, persisto, resisto e até persevero, O discurso
e a cidade de Antonio Cândido, História de um louco amor de Horacio Quiroga, O
olhar de Marilena Chauí, a música de Catherine
Ribeiro, a coreografia de Caralotta
Ikeda, a
fotografia de Maureen Bisilliat & Spencer Tunick aqui.
Poesia
não deu, só noutra, Para além do bem e do mal de Friedrich
Nietzsche, O engate de Nadine Gordimer, A gaia ciência de José
D 'Assunção Barros, a música de Dulce Pontes, a fotografia de Kharlos Cesar, a arte de Giovanna
Casotto & Jeju Loveland aqui.
Palestras: Psicologia, Direito &
Educação aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda de Eventos aqui.
UM MUNDO SÓ DE PETER SINGER
[...] Embora
as pessoas razoáveis possam discordar acerca de muitas áreas da ética – e a
cultura desempenha um papel importante nessas divergências –, por vezes, aquela
que se considera uma prática cultural distintiva apenas serve os interesses de
uma minoria da população, e não de seu povo no seu todo. Ou talvez prejudique
os interesses de alguns sem trazer benefício a ninguém, tendo sobrevivido
apenas porque se encontra associada a uma doutrina ou prática religiosa que
oferece resistência à mudança. Os atos do tipo praticados pela Alemanha nazi
contra judeus, ciganos e homossexuais, pelos Kmers Vermelhos contra os Cambojanos,
que consideravam seus inimigos de classe, pelos Hutus contra os Tutsis no
Ruanda e pelas culturas que praticam a mutilação genital feminina ou proíbem a
educação das mulheres não
são elementos de uma cultura distintiva que valha a pena preservar, e não é
imperialista afirmar que lhes falta o elemento de consideração pelos outros que
se exige a qualquer ética justificável. [...].
Trecho
da obra Um só mundo: a ética da globalização
(Martins Fontes, 2004), do filósofo e professor australiano Peter Singer, tratando sobre as
questões éticas que cercam a globalização, refletindo sobre os significados
possíveis de uma ética global no mundo atual, levantando interrogações e
oferecendo respostas práticas e esclarecedoras. O livro traz tópicos de
interesse global, como as mudanças climáticas, o papel da Organização Mundial
do Comércio, a relação entre a ajuda externa.
O CINEMA DE ABBAS KIAROSTAMI
Entre os
filmes do premiado cineasta, poeta, roteirista, produtor e fotógrafo iraniano Abbas Kiarostami, quero destacar neste
momento dois deles: Copie Conforme
(2010), contando a história do encontro
entre um autor britânico que acabou de fazer uma apresentação do seu livro, e
uma mulher francesa, dona de uma galeria de arte, numa pequena aldeia no Sul da
Toscana, pelo qual a atriz Juliette
Binoche arrebatou o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes de 2010.
Já o segundo, Like Someone in Love
(2012), contando a vida de uma prostituta em Tóquio que estuda sociologia e
esconde o seu trabalho do namorado, até o dia em que visita um viuvo que se
torna mais que um cliente e servido como apoio durante longos dias. O destaque
fica por conta da linda atriz japonesa Rin Takanashi.
Shanghai
Spring Art Salon 2004.