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DIA DE MUITO, VÉSPERA DE NADA - Até
ontem não havia nada, só o desejo na contagem regressiva, o resultado só para
amanhã e o futuro da noite, interfaces da solidão. Amanhecia sequestrando o
domingo, o feriado virava cantiga de grilo no trampo. O feito e refeito de nada
valiam, coisas pro lixo, estaca zero. Justapostos planos de horas para fugas do
labirinto, quando o vento soprava, desastres a vista; quando a chuva descia,
transbordavam os rios pra reduzir o mundo ao ermo, vitórias feitas de cinzas,
derrotas acenando na esquina. Realmente até ontem não havia nada, só
melancólicas fisionomias severas com seu jeito fingido dissimulando o menosprezo
pelos outros insignificantes que nascem para reclusão da pobreza de seus
destinos cruéis, prontos com suas intemperanças verbais exasperadas na fúria
mal humorada do recato hipócrita que escondia o despudor deslavado, oh gente difícil
essa. De algum lugar uma voz terna me chamava atenção ao ouvido, como quem fala
generosamente coisa fraternal, e eu me virei pra ver e não vi quem era, parecia
voz da mulher amada que chega sem avisar e sai sem se despedir. Quem seria? Não
deu pra ver, estranhei espantado quem a capacidade de tal gentileza, tão
difícil nos tempos atuais, à procura, cadê, pés nas poças e a lama salpicou a
minha e a roupa de outras pessoas, está doido? Alguém gritou e nem vi,
procurava aquela voz que sumiu e esperava encontrá-la de mão em mão, passo a
passo, remembranças à flor da pele celebrando a vida ao canto de amor, ah o
amor sempre às voltas do meu coração. A buscar do afeto daquela voz me levou
por lugares nunca vistos e perdi a noção do tempo, sabia não encontrá-la,
sempre assim, as coisas me fugiam entre os dedos, o que não interessava era que
fincava a bandeira da aversão ao meu redor a todo tempo e momento. Então, mais
nada afora isso, até ontem assim, nada demais. Hoje, amanheci teimosa
esperança, tola pra quem dá tudo por perdido, resiliente pra quem persevera sem
saber qual razão pra seguir entre tantos destroços. Assim sou, do que fui pro
que vou e voo. O meu dia de tudo, posto que nada possa ocorrer, quem sabe, de
uma hora outra tudo vira de cabeça pra baixo e, pelas tabelas, possa ser que dê
de cara com o que nunca pude ver ou saber na minha louca forma de ser e viver. Um
dia como outro, meu recomeço diário pra fazer o novo de novo e sempre. © Luiz
Alberto Machado. Veja mais aqui.
JOÃO TERNURA DE ANÍBAL MACHADO
[...] Não
adiantava fingir naturalidade, de maneira a ser confundido com os demais
acompanhantes: o jeito, o olhar, e sobretudo a colocação especial no grupo da
frente o denunciavam. Tanto assim que das calçadas e janelas a direção dos
dedos, os olhares, as exclamações eram só para ele, o renegado, o filho da
Liberata.
Trecho da obra João Ternura (José Olympio, 1980), do escritor, professor e homem de teatro Aníbal
Machado (1894-1964). Veja mais aqui, aqui e aqui.
Veja
mais sobre:
Quando
não é na entrada é na saída, O autor
como produtor de Walter
Benjamin, Antologia Pornográfica de Alexei
Bueno, Linguística & Estilo, Fronteiriços de Anna Bella Geiger, a música de Andrea dos
Guimarães, Wunderblogs, a ninfa Carna, a arte de Gilvan Samico & Matéria
Incógnita aqui.
E mais:
Vamos
aprumar a conversa, Pensamento complexo de Edgar Morin, Pirotécnico Zacarias de Murilo Rubião, As criadas de Jean Genet, o
cinema de Rainer Werner Fassbinder & Hanna Schygulla, a arte de Hanna
Schygulla, Imprensa, a música de Alanis
Morissete & a pintura de Thomas
Gainsborough aqui.
Credibilidade
da imprensa brasileira, A imprensa & Millôr Fernandes, a música
de Eduardo Gudin, História da Imprensa de Nelson
Werneck Sodré, Beijo no asfalto de Nelson Rodrigues, a
literatura de Cervantes & a arte da jornalista Enki Bracaj aqui.
Inclusão
social pelo trabalho, Pitágoras,
José Louzeiro, Samir Yazbek, Jacques
Rivette, Xue Yanqun, Ednalva Tavares, Lisa Lyon, Música
Folclórica Pernambucana & A imprensa na atualidade aqui.
A mulher
do médico, Do sentir de Mario
Perniola, a fotografia de Alfred Cheney Johnston, a arte de Sandra Cinto.&
Akino Kondoh, Sonhos graúdos na diversão da mocidade aqui.
Mil
sonhos na cabeça e o amanhã nas mãos, A pedra do sono de João
Cabral de Melo Neto, a pintura de Omar Ortiz, a arte de Gary Jackson & Sean Seal aqui.
A vida
em risco e o veneno à mesa, O direito dos povos de Amartya Kumar Sem, a pintura de Roberto
Fernandez Balbuena & a arte de Kadee Glass aqui.
O brinde
do amor, Pedagogia do oprimido de Paulo Freire, a música de Vanessa da Mata, a arte de Luciah Lopez,
Project Global Peace Art & Havia mais que desejo na paixão feita do amor aqui.
Sexta
postura, A arte de amar de Manuel Bandeira, a música de Al Di Meola, a escultura de Ambrogio
Borghi, arte de Juli Cady Ryan & Quando amor premia o sábado aqui.
Desencontros
de ontem, reencontros amanhã, Augúrios da inocência de William Blake, a música
de Gonzaguinha, a arte de Duarte Vitória, a poesia de Tony Antunes & Alô, Congresso
Nacional, ouça quem o elegeu aqui.
O que é
ser brasileiro?, Sobre a violência de Hannah
Arendt, a arte de Alex Grey, a música de Carol Saboya & Quem faz e
não sabe o que fez é o mesmo que melar na entrada e na saída e nem se lembrou
de limpar. Que meladeiro aqui.
Pra quem
nunca foi à luta, está na hora de ir, a escultura de Phillip Piperides, a música de Duo Graffiti, a arte de
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Fecamepa – quando
o Brasil dá uma demonstração de que deve mesmo ser levado a sério aqui.
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Tataritaritatá &
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História da mulher: da antiguidade ao
século XXI aqui.
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PRIMEIRA VEZ DE JULIANA DE AQUINO
Curtindo o cd Primeira vez
(Independente, 2001), da cantora lírica e atriz brasileira Juliana de Aquino (1980-2009), interpretando músicas de Djavan,
Suzy Quintella & Heraldo Palmeira, entre outros. Ela estudou piano no
Instituto de Música do Distrito Federal e na Universidade de Brasília, integrava
o coral do Teatro Nacional de Brasília, além de ter participando de óperas e
musicais na Alemanha. Entre os seus trabalhos estão o Rei Leão(Der
König der Löwen, 2003-2007) e interpretou o papel de Maria Madalena em Jesus
Cristo Superstar (2008). Sua arte foi interrompida pelo
trágico acidente no Oceano Atlântico, durante o voo 447 da Air France.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra:
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.