Ao som dos álbuns Archetypes (Cedille Records, 2021)
e Window To The World (Vectordisc Records, 2022), da premiada
compositora, pianista, cantora e arranjadora Clarice Assad. Veja mais
aqui.
Lá vai o poeta porque
a vida é uma canção de amor... - Foi Marquinhos
quem trouxe um doido e a maldição da lucidez. E me levou lá na Praça da
Luz – local já conhecido do saudoso casal Mestre Biu & dona Carminha. Lá
estava o poeta que gozava de prestígio pela edição inaugural da antologia Poetas dos Palmares, afora outros tantos idos e acontecidos. Tinha eu lá por volta
dos meus 12 anos de idade e, dias depois, conversa vai, conversa vem, ousei
passar pra ele os meus rabiscos adolescentes. Ele se riu e soltou: Vamos
publicar. Ora, ora. Era eu um menino da beira do rio que se jactava por conta dumas
quadrinhas pra professora do primário que foram publicadas no Júnior do Diário
de Pernambuco, mais uns tresloucados versos no jornal estudantil do Grêmio
Castro Alves e outros estampados nos murais na Biblioteca Pública, mais
nada. Ele dava corda e eu sabia: tinha topete pra isso não. A peitica dele
seguia e vieram as Noites da Cultura Palmarense com Durán & a turma
toda, as figurinhas trocadas sobre o poeta Raymundo e Vinicius de Moraes
pros cadernos da Nova Caiana e revista Poesia. E era Zé Terra inquieto lá em
casa dias e noites segurando a saia de Solange grávida de João Guarani, ao meu violão
com pot-pourri de Paulo Diniz e a festa bebemorada no Poema para Léa com Vanderléa e Egberto Gismonti, afora as noitadas com
Lourdes contando das muitas de Ascenso, a comemoração pelo nascimento de
Mariama, da organização de Jessiva pro Voltarei ao sol da primavera
com Roberto Benjamim. Muitas páginas escritas e soltas, cadernos arrumados aos
monturos, volumes selecionados, capas e canetas, resmas e recortes, festejávamos
diariamente na legendária Livro 7, quando não às risadagens com o pau de
índio de Olinda, o mingau de cachorro de Afogados, a sopa do peixe do Pra
Vocês, os cabarés da Rio Branco, as reiteradas curtidas de Bridge Over Troubled Water da dupla Simon & Garfunkel pra
canção que eu fiz pro seu Ponte sobre águas turvas, a cantoria desafinada
de Palmares City às gargalhadas com o nosso jogral particular em uníssono: melhor
do que Palmares só Paris e à noite, porque de dia a gente levava de lambuja! E
nessas idas e vindas, 10 anos se passaram: estava ali prontinho da silva o
meu primeiro livro – com a coordenação dele e as gentis participações de
Ângelo Meyer e Paulo Profeta. E mais vieram: os lançamentos da Pirata, as
primeiras edições de A Região, a sua presença marcante na estreia das
minhas peças teatrais – O prêmio, em Palmares; e a Viagem noturna do Sol, em Recife -; as conversas sobre a encenação de João sem terra do Hermilo com Paulo Cavalcanti – O caso conto como o
caso foi; os brindes dos copos ao som de Junco do Seridó e as viradas de
noite com Marca Ferrada. Décadas se passaram até o reencontro para a
bombástica entrevista concedida pro meu Guia de Poesia lá no Rio de Janeiro e,
muito tempo depois, a acertada com a tradução do Vivar pro Americanto na noite
de Maceió, os 70 setembros. Foram muitas e tantas de perder a conta nos meandros da memória. Hoje
meu coração entoa aquela canção para Abya Yala do Mílton: Qualquer dia a gente vai
se reencontrar... Até mais ver.
Karen Blixen: Quando você tem uma tarefa grande e difícil, algo talvez quase impossível, se você trabalhar apenas um pouco de cada vez, um pouco a cada dia, de repente o trabalho terminará sozinho... Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.
Catherine Belkhodja: Todos conhecem e
compartilham os sofrimentos do outro, do peso do abandono, da inevitabilidade
de um acontecimento que já passou. Em seus torneios, acima de tudo uma
esplêndida história de amor... Veja mais aqui.
Cressida Cowell: Estamos
todos arrebatando momentos preciosos das mandíbulas pacíficas do tempo...
Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.
A FRONTEIRA
Imagem: Acervo ArtLAM.
Amor \ Você viu o rasgo da lama? \ Foi a imigração: espelho negro
\ Quantos estão procurando seus filhos desaparecidos? \ Ali, entre as paredes \
na área norte \ deserdado: Você é a fronteira \ abrigado na rocha e nos ventos
frios \ Onde estão os mortos nascidos amor onde? \ No deserto talvez? Você
nasceu no crepúsculo de Frontera? \ Onde você costuma ficar? Da montanha,
talvez? Você cheira a sálvia em sua nostalgia \ Quantos mares eu acalmo para
unir uma só linguagem de amor? \ Quantas cruzes, quanto eu cruzo? \ Quanta
fome, quanta sede de família? \ Para unir, unir, unir as fronteiras! \ O eterno
retorno, sempre se retorna, mãe, mãe sempre se retorna! \ Se você migrar, eu
também vou! \ Tentaram me parar na fronteira \ Tentaram me parar na
fronteira \ Não há vistos para o seu tipo, não, não, não \ De onde você é, eles me
perguntaram? \ De todo lugar, de lugar nenhum, da ferida eu venho \ A fronteira
me deu a primeira canção, eu nasci com a cara do céu afundando \ Tão violento
quanto seu amor \ Para unir o amor eu tive que odiar e não lembrar \ Dizem que
os pássaros migram para o sul. \ Mas acredito que eles sempre retornam para o
norte, para a raiz que cresce para baixo \ e sem terra não \ De onde o vento
traz o chamado da morte eterna, a sombra eterna \ Nós somos os Ixcuinan, os do
norte \ Estamos dando à luz uma poesia que nos protege, uma canção \ Virgem da
aurora, dai-me clareza e tranquilidade \ Estrela da manhã, dá-me luz e dá-me
paz \ ao
longo das fronteiras, eu canto.
Poema da escritora mexicana Cynthia Franco.
BEM-VINDO
À BIBLIOTECA - [...] Os livros
não são feitos para permanecer na sua mente, mas no seu coração. Talvez eles
existam na sua mente também, mas como algo mais do que memórias. Em uma
encruzilhada na vida, uma frase esquecida ou uma história de anos atrás pode
voltar para oferecer uma mão invisível e guiá-lo para uma decisão.
Pessoalmente, sinto que os livros que li me levaram a fazer as escolhas que fiz
na vida. Embora eu possa não me lembrar de todos os detalhes, as histórias
continuam a exercer uma influência silenciosa sobre mim. [...] A
vida é muito complicada e expansiva para ser julgada somente pela carreira que
você tem. Você pode ser infeliz fazendo algo que gosta, assim como era possível
fazer o que não gosta, mas obter felicidade de algo totalmente diferente. A
vida é misteriosa e complexa. O trabalho desempenha um papel importante na
vida, mas não é o único responsável por nossa felicidade ou miséria [...] Cada
um de nós é como uma ilha; sozinho e solitário. Não é algo ruim. A solidão nos
liberta, assim como a solidão traz profundidade às nossas vidas. Nos romances
que eu gosto, os personagens são como ilhas isoladas. Nos romances que eu amo,
os personagens costumavam ser como ilhas isoladas, até que seus destinos
gradualmente se entrelaçaram; o tipo de história em que você sussurra, 'Você
estava aqui?' e uma voz responde, 'Sim, sempre.' [...] Em vez de se
agonizar sobre o que você deve fazer, pense em se esforçar em tudo o que você
está fazendo. É mais importante tentar o seu melhor em tudo o que você faz, não
importa o quão pequeno possa parecer. Todo o seu esforço vai somar em algo.
[...] Um dia bem aproveitado é uma vida bem vivida. [...] Para
encontrar a felicidade, faça o que você gosta. Todos vocês devem encontrar algo
que gostem de fazer, algo que os deixe animados. Em vez de perseguir o que é
reconhecido e valorizado pela sociedade, faça o que você gosta. Se você puder
encontrar, não vacilará facilmente, não importa o que os outros pensem. Seja
corajoso. [...]. Trechos extraídos da obra Welcome to the Hyunam-Dong
Bookshop (Bloomsbury, 2023), da escritora
sul-coreana Hwang Bo-reum.
INCLUSÃO
DE VERDADE – [...] A inclusão é uma proposta
de uma transformação política da sociedade, uma alteração estrutural, onde o
mundo precisa ser preparado não para as pessoas que têm deficiência, mas para
todos. [...]
Estão enganados, portanto, os que acreditam que o conceito de inclusão está
relacionado somente às pessoas que têm uma deficiência. Não é. Ele tem a ver
com o ser humano. [...] Trata-se de uma longa
trajetória de exclusão, de não-reconhecimento, de não-entendimento de que
pessoas que nascem com uma síndrome genética são detentoras de direitos como o
de estar na escola, no trabalho, em todos os espaços sociais. [...] Para os pais, o
maior desafio é conseguir colocar o seu filho com a maior dignidade numa escola
regular de qualidade, para que eles sejam reconhecidos como parte da geração a
quem pertencem, que eles possam desde cedo se exercitar eticamente junto com pessoas
da mesma idade e, juntos, participar deste grande exercício que é se tornar
cidadão. Para a sociedade, o grande desafio é olhar para uma pessoa com
síndrome de Down e não achar que ela é o exótico da natureza. Isto é um grande
equívoco. Esta é uma ideia profundamente segregacionista, quase nazista. Este
é, portanto, o grande desafio da sociedade, vencer seu próprio ranço na visão
deturpada que ela tem de pessoas que representam a diferença. [...] A escola inclusiva nada mais é do que uma escola de qualidade
para todos.
[...] Hoje, dirijo o meu trabalho para a formação de
guerrilheiros pró-inclusão. Adolescentes e universitários que vão saber
exatamente como olhar uma pessoa com deficiência e não vê-la mais como
diferente da sociedade, mas uma pessoa integrante e indispensável dela [...]. Trechos da
entrevista Inclusão reflete riqueza humana (BBC Brasil, 2003), concedida
pela jornalista e ativista Claudia Werneck, que é autora do livro Muito Prazer, Eu Existo: um livro sobre as pessoas com
Síndrome de Down. (WWA, 1993), a fundadora idealizadora da Escola de Gente e pioneira na
disseminação do conceito de sociedade inclusiva (ONU) na América Latina.
MOVIMENTOS
DESPEDAÇADOS...
[...] Nunca
poderemos perder as esperanças. Ou acreditamos ou nada acontecerá. Portanto, o
nosso sonho não está acabado, vamos atrás desse sonho, possivelmente nossa
geração não alcançará, mas, à geração do futuro certamente... [...]
Trecho
extraído do livro Movimentos despedaçados e outras histórias (JC, 2024),
do escritor e militante político Amauri Cavalcanti Caminha.
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