Ao som
dos álbuns The Naked Violin (2008) e Elgar:
Violin Concerto (2011), da violinista, recitalista e musicista de câmara
inglesa Tasmin Elizabeth Little.
Meu
coração, ave de arribação pelas pedras de Madalena... - Da beira do rio ganhei o mundo como quem nasceu na
enchente às margens perdidas e o umbigo na correnteza escorresse do agreste à
deriva singrando a mata pro litoral atlântico. Do que boiava ao léu, juntava ais
porque não era trinta-réis-ártico ou papagaio-do-mar, ao menos um pintassilgo-goianinho ou merganso,
nada, reles xexéu náufrago e o que poderia ter sido porque mergulhava incapaz do que
circundava na exaltação de latitudes, na perdição longitudinal do Antártico ao
Ártico. Era errante sem ter onde semear nem colher, ao sabor dos ventos e
temporais, a rotação da Terra às próprias translações, o rastro cislunar, os
sinais estelares pela subida de morro, descendo serras, pelas marés, correntes,
quedas d’água, vicinais, torrentes e insolações. Era mas que cúmplice da hora
pelas rotas migratórias, todas as precipitações no frio da barriga pelas
correntes de ar, a perder de vista o prumo, o leme, a proa, a popa, o reino de
nenhuma bússola ou embarcação, ao passo que nascia no dia e já era fim de
tarde, alagados e pântanos no mapa da sobrevivência. Cada viagem revivia a
ancestralidade e era o que me valia a resistência e adaptação pelas estações,
desafios e perigos de nenhum pouso na solidão maciça, mastigando lonjuras e
engolindo o país e o dia seguinte, esculpindo calendários a mudar de lugar e a
cada chegada oferecia minhas vísceras ao espetáculo de partir e voltar. Em vão
perscrutava as estrelas porque não havia cicerone algum às cascatas e soava o
alarme para mimetizar percursos inventados. Bastava um fiapo de coragem e a jornada
épica aos suspensos bocados de comoção pungente pelas demoras eclipsadas e o
horror logo ali adiante: o mundo era um turbilhão e o tempo a serpente
devoradora. Meus olhos choviam na aridez do mormaço e foi o bastante para que
ela aparecesse com veraneio no sorriso e o cheiro das coisas, quantos sabores
para quem não tinha nenhum. Era ela elevada como se chegasse da torre longínqua
de Magdala, com a Pistis Sophia para que eu aprendesse a vencer a
morte implacável e partilhasse talvez o que quisesse dizer às pedras conjugadas.
E ela me fez beija-flor no seu êxtase de Caravaggio, mãos servidas à mesa, porque
ali era-me lícito saber-me na Paranoia de Piva, no Catatau
de Leminski, voleios e iterações, fadigas e alucinações, curvas e volteios,
o que se dilatava e contraía, sem que precisasse saber de mais nada. Era pleno domingo
no peito: um eco e aliterações de feriado na pedraria, porque nela o lugar propício,
o tempo certo, o momento preciso: a plenitude da plenitude, a conclusão da
conclusão. Até mais ver.
Jennifer Weiner: Você tem que se abrir para as possibilidades do universo... Veja mais aqui & aqui.
Jane Hawking:
Minha filosofia é que enquanto há vida, há esperança. Simples assim...
Veja mais aqui.
Silvia Federici: Nossa luta não terá sucesso se não
reconstruirmos a sociedade... Veja mais aqui & aqui.
ESTA PAISAGEM DIANTE DE MIM
Imagem:
CoLAM – Acervo ArtLAM.
Não é escrito, embora
tenha vivido na violência. \ Primeiro a fábrica ficou de pé, silenciosa como um
asilo. \ Então o mallee aniquilador com seus punhos vermelhos de flores \ e as
cinzas da montanha rastejando sobre ela como uma mancha. \ Não tenho provas,
mas te digo \ Antigamente havia janelas de vidro aqui, com grades. \ Elas
lançam uma pequena luz listrada sobre as mulheres. \ Agora, em arbustos e
vassouras amarelas, estou em uma história \ trançados e desfeitos por pulsos
rígidos irlandeses. \ A corda, o vão e a lã cardada são desfiados \ assim como
seus rostos e nomes. \ Londonderry, Cork, Galway, Kildare— \ enquanto eu digo
as palavras elas são sugadas \ para um hemisfério na escuridão. \ Não vou
presumir dizer \ o que é sofrimento ou como ele foi distribuído neste lugar. \ Não
sei dizer em que ponto um corpo se rompe. \ Mas esta manhã eu vi um coelho
jovem \ curvado no mato e na sombra. \ Eu vi seu rosto ferido, suas pernas
finas demais para escalar, \ a crosta vermelha e rosa do olho. \ Ele havia
contraído a doença \ nós trouxemos aqui para isso \ e queria um lugar tranquilo
para morrer. \ E teve sorte, ou tanta sorte quanto possível. \ havia tempo e
luz, os falcões e os cães \ ainda não tinham sido escritas e ainda estavam fora
de vista.
Poema da premiada poeta,
crítica, editora e acadêmica australiana Sarah Holland-Batt, autora
de obras como Aria (2008), The Hazards (2016) e The Jaguar (2022).
LEVANTANDO A VOZ - [...]
Não tenho medo da morte; tenho medo de permanecer em silêncio diante da
injustiça. Sou jovem e quero viver. Mas digo àqueles que querem silenciar a
minha voz: estou pronta, onde e quando vocês atacarem. Podem cortar a flor, mas
nada pode impedir a chegada da primavera. [...]. Trecho extraído da obra Raising my Voice: The extraordinary story of the
Afghan woman who dares to speak out
(Ebury, 2009), da escritora e ativista
afegã Malalai Joya, que no documentário
Uma mulher entre senhores da guerra: a história extraordinária de uma afegã
que ousou levantar a voz, ela expressa que: [...] Os
direitos não são fáceis de obter e, uma vez que entendamos isso, devemos
trabalhar com atenção e persistência - e nunca nos tornarmos descuidados ou
preguiçosos. [...].
TODOS PODEM
APRENDER... - [...] o
principal é a dimensão social do ser humano e das aprendizagens. O fato de que
a gente aprende com os outros e com o nosso Outro, porque nós somos
geneticamente sociais. Mas, um segundo aspecto importante do pós-construtivismo
é que a gente aprende a partir das situações, ou seja, que a aprendizagem é
intrinsecamente antropológica. [...]
Eu penso que um outro aspecto importante do pós-construtivismo é a questão
de que não aprendemos diretamente na forma predicativa, mas que essa forma
predicativa normalmente é precedida de uma forma operatória: eu sei agir, eu
sei fazer coisas, mas eu não sei explicar porque eu sei fazer. [...].
Trechos da entrevista Todos podem aprender, mas não é
fácil (Dossiê, 2018), concedida às
professoras e pesquisadoras Nair Cristina da Silva Tuboiti
e Candy Estelle Marques Laurendon, pela educadora Esther Pillar
Grossi, que no livro Democracia e
Educação em Tempos de Caos (Geempa, 2017),
expressou que: [...] Um dos componentes para democratizar as aprendizagens,
é de que aprende-se na e com a vida e que a escola precisa identificar que
saberes os alunos já trazem do seu dia a dia. [...]. Essas
interpretações são um dos grandes trunfos pedagógicos hoje, porque,
conhecendo-se, o professor pode intervir de maneira muito direta e eficiente
[...]. E na obra A
teoria dos campos conceituais é algo extraordinário (Geempa, 2017), expressou que: [...] Pensar não é fácil.
Exige a humildade de confrontar-se com nossas ignorâncias e a ousadia de
transgredir, deixando o velho, aceito socialmente, pelo novo, elaborado
pessoalmente. A primeira transgressão que um professor pós-construtivista
precisa fazer é por em prática o pós-construtivismo, pois ele não é aceito
ainda socialmente [...]. Veja mais aqui & aqui.
AMAR
ELOS VERMELHOS
[...] Talvez o tempo quisesse entrar em sintonia com suas
emoções. Na alma, um inverno de ventanias pressentindo chuvas. Águas que não
lavariam mágoas e formariam uma correnteza, carregando o que fosse encontrando
pela frente: lembranças e emoções. [...].
Trecho do conto O caminho, extraído da obra Amar elos Vermelhos (Labrador,
2024), da premiada escritora, advogada, arte-terapeuta e pesquisadora Márcia Meira Basto. Veja mais aqui.
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