quarta-feira, agosto 10, 2016

BAUDRILLARD, BLANCA VARELA, RÉGIS DE MORAIS, PEDRO JÓIA, FLÁVIO DE CARVALHO & SONINHA PORTO


SOU UM PEDAÇO DE NADA ARRODIADO DE VIOLÊNCIA POR TODOS OS LADOS - Viver torna-se cada dia mais difícil. Botou o pé fora de casa, a guerra começa: caras fechadas e aborrecidas – muita gente acorda de bragulha virada ou pra trás! -, reclamos e discussões ásperas com ofensas e hostilidades – muita gente acorda reclamando que pisou em rastro de corno! -, assaltos, infrigências no trânsito, bate-boca nas calçadas, desfalques nas contas públicas, malversações e falcatruas, superfaturamentos, propinas, fura-fila e privilégios, espancamentos, assassinatos! Ufa, peraí. Aqui não é a resenha matutina das nossas emissoras de rádios, nem a manchete dos jornais que espremidos só sobram sanguinárias notícias, nem os programas vespertinos da televisão: a violência banalizada. A vida humana, no meio disso tudo, é nada. Apenas, uma manchete de jornal, só pra vender, propagar o ódio e o medo. As muitas formas de violência são geradas por dois modos de ação: a primeira, aquela escondida nos ambientes fechados, gabinetes e escritórios de conivência e antiética, ocasião em que se promovem a injustiça, o desrespeito, o escamoteio e o ludíbrio do erário, da honra e da vida pública; a outra, aquela que surge como efeito e consequência da primeira, em que o ódio, a insensatez e o poder da força irracional humana se viram contra o próprio ser humano e quem quer que seja que se encontre próximo ou ao alcance. Ambas são deploráveis, irrespondíveis e injustificáveis. Sim, afinal estamos no século XXI com as mesmas práticas e comportamentos da mais remota ignorância. Tradução: a gente não evoluiu nada. Enquanto a ciência vai ao ápice para alcance da excelência, continuamos seres primitivos que mal aprendemos a lascar a pedra direito. A indignação cedeu lugar ao banal e costumeiro – todos pensam que tudo isso só acontece com os outros, nunca conosco. A guerra é lá longe, as brigas são pra lá, os problemas são dos outros: essa a cegueira incapaz de ver ao lado – bem do ladinho, tão próximo, quase pegando você aí, olhe o bote! - tudo corroendo e se esvaindo destrutivamente. É que o umbigo não permite olhar nem um palmo além do nariz, muito menos o discernimento de que essa violência é responsabilidade de cada um de nós. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui


Curtindo o álbum Pedro Jóia ao vivo com a Orquestra de Câmara Meridional (2015), do guitarrista, compositor e diretor musical português Pedro Jóia.

PESQUISA:
[...] Onde há medo, há ameaças; e onde estão as ameaças está a violência. [...] a violência está em tudo que é capaz de imprimir sofrimento ou destruição ao corpo do homem, bem como o que pode degradar ou causar transtornos à sua integridade psicquica. Resumindo-se: violentar o homem é arrancá-lo da sua dignidade física e mental. Na verdade, a violência devia ser um anacronismo entre homens desde há tanto tempo doutrinados para o respeito pela vida e pelo semelhante. Isto só mostra, contudo, a inutilidade das doutrinações – principalmente quando são de uma tal hipocrisia que faz compreensível o nível atual da agressividade irracional. [...].
Trecho extraído da obra O que é violência urbana (Brasiliense, 1981), do professor e filósofo Régis de Morais.

LEITURA
Junto ao poço cheguei, / Meu olho pequeno e triste / se fez fundo, interior. / Estive junto a mim, / plena de mim, ascendente e profunda, / minha alma contra mim, / golpeando minha pele, / afundando-a no ar, / até o fim. / A escura poça aberta pela luz. / Éramos uma só criatura, / perfeita, ilimitada, / sem extremos para que o amor pudesse agarrar-se. / Sem ninhos e sem terra para o domínio.
Fonte, poema extraído da obra Canto Villano. (1978 - Voz de la autora (Entre Voces), da poeta peruana Blanca Varela (1926-2009). Tradução de Antonio Miranda – Portal da Poesia Íbero-Americana. Veja mais aqui e aqui.

PENSAMENTO DO DIA: 
[...] Mas foi o próprio sistema quem criou as condições objetivas dessa reação brutal: recolhendo para si todas as cartas, ele força o Outro a mudar o jogo e a mudar as regras do jogo. As novas regras do jogo são ferozes porque o jogo é feroz. A um sistema cujo excesso de poder coloca um desafio insolúvel, os terroristas respondem por um ato cujo intercambio é insolúvel e impossível. Então é o terror contra o terror. [...] O terror não tem uma finalidade, é um fenômeno extremo, isto é, ele está para além de sua finalidade, de certa forma: ele é mais violento que a violência. [...] o que é insuportável é muito menos a infelicidade, o sofrimento ou a miséria do que a potência e sua arrogância. O que é insuportável e inaceitável é a emergência dessa recente potência mundial.
Trecho de A violência mundial, extraído da obra A violência do mundo (Anima, 2004), do sociólogo e filósofo francês Jean Baudrillard (1929-2007). Veja mais aqui, aqui e aqui.

IMAGEM DO DIA: GRATIDÃO/CONVITE
Manifesto a minha gratidão pela deferência e convite generoso da poetamiga Soninha Porto, para o evento que será realizado pela Associação Cultural Poemas à Flor da Pele (Imagens: arte de Giovaniung Jung Oliveira). Veja mais aqui.

Veja mais sobre Nascente Poético, Jean-François Lyotard, Jorge Amado, Gonçalves Dias, Flavio Rangel & Millôr Fernandes, Damiano Damiani, Deusa Opália, Emilia Biancardi & Raízes Musicais da Bahia, Max Klinger & Ivoneide Lopes aqui.

DESTAQUE; NEUROFILOSOFIA & NEUROCIÊNCIA COGNITIVA
A reunião regular do Grupo de Pesquisa de Neurofilosofia e Neurociência Cognitiva, cedeu lugar para a reunião do projeto Café, Sabor e Saberes, definindo a realização do curso As Pensadoras: As Grandes Mulheres Filósofas da História, a ser ministrado pelo professor Álvaro Queiroz, a partir do dia 30 de agosto, no auditório Iris II, do Cesmac – Maceió – AL. Veja mais aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A arte do do arquiteto, engenheiro, cenógrafo, teatrólogo, pintor, escritor, filósofo e músico Flávio de Carvalho (1899-1973).
Veja aqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
Veja  aqui e aqui.



KARIMA ZIALI, ANA JAKA, AMIN MAALOUF & JOÃO PERNAMBUCO

  Poemagem – Acervo ArtLAM . Veja mais abaixo & aqui . Ao som de Sonho de magia (1930), do compositor João Pernambuco (1883-1947), ...