segunda-feira, agosto 15, 2016

HERMILO, GRUZINSKI, JAMIROQUAI, PASQUALE CIPRO, NEHRBASS & FIASCHI


TUDO É BRASIL!!!! – Tudo é Brasil do Oiapoque ao Chuí, seja luxo ou qual chué: a cana das matas, o ouro das Minas, os pampas, o pantanal e a floresta amazônica, oxente, uai sô, tchê, é o que é, o lixo dos rios, os pedintes da Paulista, a maravilha do Rio, a corrupção de Brasília, tudo é Brasil e muito mais! Será que é? Não é. É. O que cai de cima e fode embaixo, o que é pra ser certo e sai errado; o sim para negar e quando é não: duas vezes não; o que é de todos nas mãos de um só e seus acólitos com coprólitos: tudo muitos e uma Terra só! O que é pra amanhã e seja lá o que Deus quiser, ó! E é? A covelada e o chute na canela, a pisada no calo, o coice de calcanhar, o queixo na costela! O nadar no seco e morrer na praia, o atirar com espoleta alheia e o amigo da onça vizinho, o rabo de arraia e o anjo da guarda, e quem não gosta de samba e dança sozinho. O vamos ver na horagá, o pé atrás perdeu a vez, servir a dois patrões pra ser sempre o freguês. Fé na perua e o risco do lápsi, enche a pança e sabe que quem arrisca nunca petisca, ou se lasque. A queda da bolsa e perdeu a deixa, levou rasteira, só incerteza. O que não mata engorda e quem não sabe pular corda, só farelo nas beiradas. Quem não é seu camarada sobra só pras lambaradas. Quem não está na rodinha toma na tarraqueta da carestia. Quem não respeita carteirada, ou sifu ou vira a quenga da casa. Quem não baba o estafe finda segurando tacape. Quem não cai por cima do alheio, fica fazendo papel feio. Quem não caga na entrada, deixa tolote na saída. Quem não se enturma fica fora, já foi tarde, perdeu a hora e a ida. Quem não chora não mama, nem se apropria do cu de mãe Joana: só pra se arrumar que não é besta! Eita! Quem não lesa a patriamada fica pobre de Jó com bronca até o gogó. Não ligue, siga em frente! Você nunca desiste: o sangue na canela e o apupo poxa, e rente! O freio de arrumação e leva tudo nas coxas, a cusparada e a fricção de ferro no aço, o talho na pele e os pés descalços, o prego enferrujado e a burocracia, o sangue no avelós e o pão da padaria, o cogumelo na ripa do arame farpado, o raio na escuridão e o escândalo da nudez pra todo lado. O tabu e o aleitamento materno, a pica no cu e os olhos cegos no inferno, a boca banquela e o peido-de-veia, a frieira nos pés é só bilu-teteia, o suor na virilha e o intelectual de sovaco, ou leva tudo na caixa dos peitos ou cai no buraco. A fivela no umbigo só cevando a porquinha, o requebro das ancas e o lance da calcinha, o segredo de algibeira e a gravata de colarinho, a saia no joelho e o calor na bacorinha. A abotoadura das mangas e a bunda no asfalto, a dor de cotovelo, mãos pro alto é um assalto! A sorte na ombreira e a pulga na orelha, o cafuné no piolho e o sal se pisando na moleira. Um palmo de língua e tudo pelo pescoço, bate palma o saco cheio e que roa o seu osso. A cara na parede e a pisada de bola, um lero-lero, haja pé na bunda, pernas pra que te quero. O desejo do querer pra sair do armário, a estaca na vagina, o arbitrário. A vigilância de manter e a corda no gogó, o choro de perder, lascou o pão de ló. Se não é de graça é festa de urubu, preste bem atenção, senão toma no cu! Quem não foi ficou aqui para ver como é que é, como é que fica: cuidado, você pode se estrepar numa tremenda duma pica! Tudo é pé no saco ou sopa no mel. Se escolheu provou do azedo e do fel. Quer trabalho? Não, só emprego. Então vá brincar com um caralho no rego. Todos querem só poder! Então vá se foder, tome no cu e passe bem! Pegue o beco, o que é de todos não é de ninguém! © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui


Curtindo o álbum (cd/DVD) Jamiroquai – Live at Montreux (2003), da banda inglesa Jamiroquai.

PESQUISA:

[...] surgia assim uma sociedade nova, urbana, ilustrada pelas catedrais, que começava a ser construídas em lugar dos conventos e que recebiam sobre suas naves todas as camadas da população, corporações e confraria, autoridades civis, eclesiásticas, ricos comerciantes e caciques indígenas, além de multidões composta de índios , mestiços, negros e mulatos, além de brancos pobres [...].
Trecho extraído da obra A colonização do imaginário: sociedades indígenas e
ocidentalização no México espanhol, séculos VXI – XVIII (Companhia das Letras, 2003), do historiador francês especializado em questões latino-americanas, Serge Gruzinski.

LEITURA
[...] A barca está toda iluminada com cordões de lâmpadas, a praça cheia, a orquestrinha afina os instrumentos, há os namorados, os vendedores de guloseimas, os velhos saudosistas das jornadas. Almirante Siri, ondenança ao lado, está postado a uns vinte metros de distancia, examinando tudo, aprovando, todos estão compenetrados. Casualmente, olha para a esquerda e vê a mulher, contemplando-o, é uma mulata de cabelos lisos e lustrosos, quer ser dele, vê-se. Almirante Siri curva-se um pouco, procura falar o mais refinado boa noute. Ela mal responde, abrindo a boca para o sorriso de dentes alvos e certos. Almirante Siri não perde muito tempo, conhece sua força, ataca hoje à noute? A mulata balança a cabeça. Depois da função, ele acrescenta. Justo neste momento a orquestrinha dá o sinal e ele se despede, numa curvatura, seguido por Zé Pitpo: Com licença, vou comandar o meu barco. [...].
Trecho do conto O almirante, extraído da obra O general está pintando (Globo, 1973), do escritor, advogado, dramaturgo, jornalista e tradutor Hermilo Borba Filho (1917-1976). Veja mais aqui e aqui.

PENSAMENTO DO DIA:
[...] Mas não se iluda: vai piorar. Não há limite para o pior.
Trecho extraído do texto Literalmente, do professor, apresentador de TV e colunista Pasquale Cipro Neto.

IMAGEM DO DIA: 
A arte da fotógrafa e artista visual Jennifer Nehrbass.

Veja mais sobre A Viagem Noturna do Sol, Omar Khayyãm, Constantin Stanislavski, Walter Crane, Roberto Crema, Walter Scott, Arturo Ripstein, Sylvie Vartan, María Rojo, Francis James Mortimer & Mário Cesariny aqui.

DESTAQUE
A arte do escultor italiano Emilio Fiaschi (1958-1941). Veja mais aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Veja aqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
Veja  aqui e aqui.



MARIA RAKHMANINOVA, ELENA DE ROO, TATIANA LEVY, ABELARDO DA HORA & ABYA YALA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Triphase (2008), Empreintes (2010), Yôkaï (2012), Circles (2016), Fables of Shwedagon (2018)...