O SONHO DO AMOR - (Imagem,
arte da poeta, artista visual e
blogueira Luciah Lopez). Oito horas da manhã e o sonho anunciava o amor:
um golpe certeiro no deleite da paixão. Era cedo do dia, tarde na vida – não antes
o flerte fugaz a se corporificar na efígie certificada. Bastaram oito segundos
e um plenilúnio: quimeras, esperas, o remoto que explode rasgando trajeto. Era
o amor de verdade: olhos candentes, fervores da carne – alvoradas na pele,
desejos crepusculares. Oito minutos se passaram e singravam correntes, devaneios
de nuvens, errâncias estelares. Oito horas e era Iaravi, seios de rosas,
ventres de flores: o encontro dos ventos, caingang, caeté. Oito dias e era
Freya com todos os meneios evanescentes da noite na escuridão desvelando a
magia ubíqua do seu ser: era mais que a fumaça do mistério a se dissipar na
revelação imanente. Oito semanas e fundia Freyaravi nas diuturnas fragrâncias de
todos os quereres: perfumes de mar, incensos da alma. Oito meses e o mesmo
frescor do primeiro instante a envolver desgarrados siameses mútuos que se
eternizam no sonho do amor. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja
mais aqui e aqui.
Curtindo
as músicas na interpretação da cantora, compositora, produtora e professora de
canto Ana Cascardo.
PESQUISA
[...] Cumpre
compreender a crítica fundamental ao idealismo, como pressuposto do privilégio
da afirmação da vida, em sua espontaneidade original. Privilégio de sua vívida
e intensa vivência, e de sua potência criativa. Da potência criativa do espírito
de uma vida que experimenta, que tenta o inédito, e cria. Da potência do homem
no sentido da auto-superação, e de criação do mundo e de si próprio. De sua
capacidade de transformação, com galhardia, da fatalidade de uma simples
condição de vítima do dado, e do pressuposto, à revelia do poder cri/ativo de
seu ser-no-mundo. [...].
Trecho extraído da obra Para uma história da psicologia e da psicoterapia fenomenológico
existencial – dita humanista, Gestalt
– Abordagem rogeriana
(Apontamentos/Pedang, 2006), do psicólogo, psicoterapeuta e facilitador de
grupos Afonso Lisboa da Fonseca. Veja
mais aqui e aqui.
LEITURA
Atrás dos óculos, via a vitrine vazia. Um ponto, o caos, a vista embaçada.
Atrás dos óculos, via as lágrimas como pérolas escuras. Escorrem-lhe pelo rosto
vincado e laceram-lhe a pele, numa abertura lenta de ruínas incandescentes por
onde se esgueira a memória. Atrás dos óculos, via a fuga, com os olhos fechados
até às comissuras dos lábios. Uma sentinela apagada no cimo do farol, a plena
escuridão, o frio, o afogamento solitário. Atrás dos óculos, via a vergonha de
não ver o óbvio, de perder as lentes e não entender, de procurar e não ver o
sorriso de hiena no lábio fino, a alma esgarçada sem conseguir se ver inteira
por dentro. Tudo aos pedaços, aos bocados. Atrás dos óculos, via um fio feito
rio avolumado, as margens muitas que contêm nadas. Via o abismo de um si mesmo
despreparado. Via as garras, o vento, a imundície da neve derretida à noite na
calçada da cidade grande. Ao sair, muniu-se de ouro. Jurou a si mesma, diante
do espelho que lhe cortava as ruas, preencher-se com o mais puro e valioso
ouro, juntando os buracos até se fazerem tela. Nem o que lhe roubaram faria
falta. Muito melhor ser inteira pela segunda vez do que nunca ter se sabido
pedaços.
Atrás dos óculos, extraído do blog Das Ventanias, editado pela escritora, professora doutora em
Literatura Comparada pela USP e coordenadora da QuintAventura, Ana Viera Pereira.
PENSAMENTO
DO DIA: TOUT FINIT PAR DES CHANSONS
Qu’on l’opprime, Il
peste, Il crie, / Il s’ agite em cent falons, / Tout finit dês chansons.
(Quando o oprimem,
zanga-se, grita, / agita-se de mil maneiras, / mas tudo acaba em canções).
Trecho extraído da obra Le nozze di Figaro (As bodas
de Fígaro - Zahar, 1991), do autor teatral francês Pierre-Augustin
Caron de Beaumarchais (1732-1799), satirizando os costumes da época e a expressão foi dada pelo comediógrafo quando fez
o personagem Briod’oison cantar, na
cega-rega final da peça, a propósito do povo.
IMAGEM
DO DIA
A arte
da premiada arquiteta, designer e artista visual Ana Maia Nobre.
Veja
mais sobre Primeira Reunião: Amuleto,
Haroldo de Campos, Sivuca, Émile Durkheim, Gustave Flaubert,
Alda Garrido, Isabel Coixet, Gustave Caillebotte, Maria de Medeiros &
J. Borges aqui.
DESTAQUE
A arte
da pintora, designer, poeta visual, editora de Artes Visuais do Jornal Memai e
especialista em Marketing e poéticas da arte contemporânea, Sandra Hiromoto. Veja
mais aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
ao me despir do dia a minha pele de noite -
reverbera e delira ao seu toque e a sua boca de brisa morna embriaga e me faz
eterna e me transpira aromas e rimas indizíveis e desconexas e me recria em
cada beijo e nos tornamos criaturas nuas cruas de pudores até nos perdermos em
mais um gozo para sempre assim Freya e Odur
Nua, poema/imagem, arte da poeta, artista visual e blogueira Luciah Lopez.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.