OS TANTOS E MUITOS BRASIS – Não
há um Brasil só, muitos: o do Norte, o do Nordeste, o do Sul & Sudeste, o
do Centro Oeste; o de Pindorama que foi e é sempre preado, encurralado,
dizimado, estornado e injustiçado. Há o Brasil dos que pagam todos os patos e
contas – os Fabos que são carrascos pela subserviência e que transitam nos
propinodutos perenizando a corrupção, e, também, os absortos quase
desconectados com seus umbigos no presente que não estão nem aí pra quem pintou
a zebra e só querem ver o circo pegar fogo. Também o Brazil dos que queriam que
fosse noutro lugar (na Europa ou nos USA, por exemplo) e que deveria ser
grafado “z” e não com “s”, que são aqueles que tiram daqui tudo pra sua riqueza
e gastar lá fora, só na exploração e cavilação de botar pra ferrar nos que são
bestas – como eu - e não podem sair daqui nem dali nem ir pra nenhum outro
lugar porque não tem onde cair morto. Há ainda o Brasil das duas Histórias: a
oficial paradisíaca, ricaça e cheia de heroísmo, pacifismo, perfurmaria e
mentiras escondidas em baixo do tapete; e a outra verdadeira escondida porque
envergonha e ninguém se lembra, a que é feudal e oligárquica, golpista, desumana
e só pro compadrio, carregada de sangue, injustiça, safadeza, carteiradas e
blefes. Todos esses Brasís são o mesmo Brasil que ninguém leva sério e só serve
pra piadas no mundo inteiro por suas anomalias, contradições e paradoxos: o do Fecamepa, o do Big Shit Bôbras da esculhambação na maior zona geral; o do Hino –
que ninguém sabe cantar – e da Bandeira que tripudia e só tem Ordem e Progresso
no nome. Há muitos outros e tantos, todos esses Brasis são um só e que faz
parte dos quase 200 milhões e lá vai tampão de Brasís que pipocam aos tantos
para ser muitos e quase nenhum. Esse o verdadeiro Brasil de zis Brasís. E vamos
aprumar a conversa & tataritaritatá! © Luiz Alberto Machado. Direitos
reservados. Veja mais aqui.
FONTE
Quero
que você me venha de manhã plantar a luz do sol
Com sua
fonte a minar e em mim se escorrer
E
aguando esta ternura a gente dê vontade de nascer:
Beijar-lhe
o ventre e ver a vida a rolar
Vai ser
demais!
O tempo
vai ruir pra nós, desexistir
Incendiar
o corpo, a voz
A sede
saciar na foz, assim, asssim, sedento
A
diluir-se em flor pelos confins
Em você
está o que sou eu, será promessa inteira do querer?
Amor,
que vai ser de mim
Se um
dia essa vontade de viver perder o amor de vista
E
esquecer angústia de não ter raiz? O ar desvencilhar-se do nariz?
Será de
mim, o que será do meu coração?
Será de
mim...
(Fonte,
letra & música de Luiz Alberto Machado. Veja o clipe aqui)
PESQUISA:
[...] A poética sincrônica (estético-criativa), no
sentido em que a conceituo para propósitos bem definidos, está imperativamente
vinculada às necessidades criativs do presente: ela não se guia por uma
descrição sincrônica estabelecida no passado, mas quer substituí-la – para
efeitos, inclusive, de revisão do panorama diacrônico rotineiro – por uma nova
tábua sincrônica que retira sua função da literatura viva no presente. [...].
Trecho
da obra A arte no horizonte do provável (Perspectiva, 1977), do poeta e
tradutor Haroldo de Campos
(1929-2002). Veja mais aqui e aqui.
LEITURA
É difícil ser um pássaro / e voar contra a
tormenta / melhor é como um gato estar / sempre atento às brasas / cerca da
chaminé / e escutar / sempre atento escutar / três línguas diferentes falarem /
um idioma fascinante / misterioso e conhecido / ouvir e ir em sua música / em
suas luzes e próprias / e universais sombras / fotografar / por um só segundo /
fotografar com os olhos seus perfis / de ser possível / flutuar /dentro / da
sala / como / um pássaro / na / tormenta.
Poema Três
mulheres, um piano, um gato e uma tormenta (tradução de Adriana Zapparoli) &
a arte do poeta, ensaísta, tradutor e artista visual chileno Leo Lobos. Veja mais aqui e aqui.
PENSAMENTO DO DIA:
[...] As queixas que eventualmente se fazem sobre
a morte da reportagem têm razão de ser. Afinal, só quer ser repórter, hoje,
quem é dono de uma irresistível vocação masoquista. É melhor ser um
bem-remunerado cirurgião de textos alheios. [...].
Trecho
de apresentação da obra Cartas ao planeta
Brasil (Revan, 1988), do jornalista e escritor Geneton Moraes Neto.
IMAGEM DO DIA
A arte do fotógrafo e produtor de cinema Brian
Duffy (1933-2010).
Veja mais sobre Nascente publicação lítero-cultural,
Maurice Maeterlinck, Naná Vasconcelos, Psicologia
da Saúde, Peter Weiss, Marcelo Grabowsky, Albert Edelfelt, Leo Lobos &
Companhia de Ballet Eliana Cavalcanti aqui.
DESTAQUE:
ADRIANA ZAPPAROLLI
POESIA
& IMAGEM: A EXPRESSÃO DO VERBO NA DANÇA VISUAL DOS SENTIMENTOS
Sentimentos
de Adriana: verso, corpo e alma. Imagens: a mística expressão Zapparolli. E
quase mais nada restava dizer depois da completude captada pelo Alfaya: a
inteireza revelada. Mas como a poesia é reinvenção e a imagem suscita novos e
outros olhares, novas possibilidades surgem da exploração dos atributos poéticos
que brotam do eu que “nasce silêncio sem ter sido alma” porque a “poesia queima
num espaço inapropriado pela paz que arranco de dentro de mim e insiro em ti em
vão”. Poesia, imagem. Poesia & imagem abstratas: intimista em movimento a
dançar as ambiguidades flutuantes na atmosfera do verso que se mostra do enleio
e contorno dos seios no calor do encontro e o destroço da despedida, capturando
escassez e excesso, estiagens e tormentas, recomeços e refazimentos,
sinuosidades, sinergias, versos. Verso que vem das profundezas do corpo e sai
pelo dorso carregando a palavra de sangue no desejo feito fogo-fátuo eternizado
na memória das remotas lembranças, exorcizando os tantos significados que se
revelam no espelho que é a própria poeta que se faz poesia na nudez coberta de
pólen para medir a vida e migrar dos dias e noites da sua hermética celebração
de afetos. Verso delicado de artesã com seu rubro cântico nos lábios que
adivinham os mistérios do amor na boca da noite dos furores uterinos e
atravessam a jugular para sorverem a suntuosa magnificência do encanto que se
refugia na própria alma, como o sabor do vinho degustado ardentemente na taça
da vida, sem interditos ou maniqueísmos. Verso que experimenta sombrios
mistérios impetuosos da fêmea na sedução do olhar de Medusa, no encanto que não
petrifica e flana nua pelos implícitos abraços do poema com sabor de carne
almejada. Verso que exercita o cheiro interceptado da flor do ventre que lateja
e se faz guardiã da dança que sai como açoite das coxias anímicas para o banho
onírico no mar aberto da nudez oculta pelo palpável desejo de zênite. Verso que
convida a conhecer o olhar feminino que se faz transgressão inocentada por ser
lâmina afiada para desvendar segredos, magnética por ousar mergulho na corrente
do rio em êxtase, impetuosa por usurpar entre parêntesis, xeque mate, tochas
dos flancos, pontos nevrálgicos, metas intransponíveis e a deixar no cúmplice
leitor a inquieta idéia de perseguir essa aventura revelada de ser simplesmente
mulher. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A arte
do pintor estadunidense W. Cortland Butterfield (1904 - 1977).
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra – Peace in World, by Laura Barbosa.
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.