Ao som dos álbuns Standard Stoppages (Cedille,
2025), Montgomery: Rhapsody nº 1 (Rubicon, 2024), Contemporary
American Composers (CSO Resound, 2023), Songs for Our Times (Deutsche
Grammophon, 2023), Bach / Gould Project (Azica, 2015) e Strum: Music
for Strings (Azica, 2015), da violinista, compositora, musicista de câmara
e educadora musical estadunidense Jessie Montgomery.
Jogral do Quinteto Normótico Neuroticida... - Sabe aquela do como é que é mesmo? Sonsonildo repentinamente adentrou
no recinto laboral e de supetão sapecou seu escrutínio como uma cusparada provocadora:
- O ser humano é a desgraça da humanidade! Disse e esperou o rastilho dos pipocos
aos estilhaços, pronto pro escarcéu. Logo ele um impulsivo peidão
hipocondríaco, que arrastava uma mala como se fosse uma farmácia ambulante, com
sua imaginária autodiagnosticada doença grave e rara, um abjeto TOC de amolegar
seu pênis e depois levar os dedos às ventas para conferir o teor da catinga, e sempre
assombrado aos reclamos com o menor zunido de moscas, mosquitos, muriçocas,
pernilongo ou inseto que fosse, entre os asquerosos tratados por contagiosos e
capaz de acamá-lo até a sepultura! Diante dele, a primeira a dar conta do
vitupério e pronta pro bateu-levou, foi a Aviduslina, ressuscitando de suas
prolepses como se emergisse avexada assim do nada a dar o seu veredicto: - Taí,
dessa vez concordo com você! E se riu com seu ar de arroz de festa, logo
empanturrando-se com dois pacotes de salgadinhos e esquecendo por um instante
sua guerra contra o relógio. Ao lado dela, o Prostracildo parecia acordar-se do
marasmo de sua apatia, pelo sinal milagrosamente alentador que o tirou de sua suicida
vida depressiva: - Oxe! E num é que é mesmo, nem havia me dado conta disso! Disse
com seu jeito insosso de desânimo, deixando de lado as ruminações do seu
caleidoscópio de analepses, para chamar a atenção dos demais presentes: Há dias
que deveríamos ter feito isso! Do outro extremo da sala, Curiosaldia calmamente
ajeitou os óculos para enxergar direito o que ouvira e obtemperou: - Você, Sonsonildo,
pela primeira vez, tem razão! Mas, diga logo aí: Qual é a sua droga? Ponderou
ela envolvida na fedentina de sua própria flatulência, esquivando-se à
francesa, como quem escapole pra não ver o circo pegar fogo: - Vou ao banheiro!
E à porta, como se jogasse mais gasolina no fogaréu: E quem é essa tal de Dias,
hem? Das funduras do ambiente despertou Artesildo concentradíssimo com os
últimos lançamentos da moda: - E num é que ele está certo! Nossa! Eita! Nem perceberam
a unanimidade inaugurada desarmando os encrenqueiros prontos pro embate. Entreolharam-se
e o hipocondríaco revoltado deu meia volta e, arrependido com a concórdia, querelou:
- Vou-me embora, vocês estão todos infectados pela moléstia, desgraçados! A glutona-que-não-parava-quieta
arranchada no seu birô estraçalhava um pacote de biscoito recheado e, às
mastigadas, sentenciou: - Esse perebento não aguenta o badalo: arma o gatilho
e, na hora do disparo, sai correndo! Frouxo! Por sua vez, o pessimista
vicariante amargava a disputa se desvanecendo fugidia, fechou-se em si com
desdém: - Ah, tenho mais o que fazer diante da morte, ora! Então a zarolha
desentendida voltava do banheiro e sem saber o que se sucedera de fato, demorava
para enxergar o que realmente acontecera, soltou um pum e deu de ombros: - Eu,
hem? Já com ar de vitorioso, o shopaholic-com-um-cotoco-no-rabo ajeitou a gola
da camisa, conferiu o vinco da calça e preferiu voltar pras escolhas de suas
novas aquisições da moda, ignorando a situação constrangedora ao destilar, por
fim, o seu veneno: - Vôte! Vai pra lá, pé-frio-duma-figa! Assim se entendiam
entediados aos desentendimentos, não se tratasse de ocasião tão risível quanto
deprimente, tudo seguia naquela esquecida repartição de Psicopatolândia (ou
seria Alagoinhanduba?). Ah! Até mais ver.
Jhumpa Lahiri: Por que eu escrevo? Investigar o mistério da existência. Para me tolerar. Para chegar mais perto de tudo o que está fora de mim... Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.
Phoebe Waller-Bridge: Eu sempre soube que dizer que o indizível seria uma coisa
poderosa... É por isso que colocam borracha na
ponta dos lápis... Porque as pessoas cometem erros... Veja mais aqui.
Marianne Williamson: E
ninguém nos ouvirá até que nós mesmos nos ouçamos... A prática do perdão é a
nossa contribuição mais importante para a cura do mundo... Veja mais aqui, aqui & aqui.
DOIS POEMAS
O RISO DELA - é uma explosão \ de alegria \ e
nostalgia \ como a minha dança \ diante do espelho \ em seu vestido. \ O que
aconteceu com o homem \ que um dia a recebeu \ do outro lado da floresta?
PARA SE ENCONTRAR - Com um homem \ do outro
lado da floresta \ é viver o mistério,\ explicou mamãe \ quando perguntei \ para
onde ela ia \ à noite. \ O mistério \ é um pombinho cacarejando, \ implorando
por comida \ de uma mãe ausente. Desespero \ maravilhoso saciado.
Poemas da escritora, tradutora e editora
argentina de origem bielorrussa, Natalia Litvinova.
CASACO QUEIMADO - [...] Eu sou a madeira no
fogo. Eu experimentei, alterei a natureza. Estou queimado, danificado, mais
resiliente. Uma vida é uma gota d'água na superfície negra, tão frágil, tão
forte, seu mundo incrivelmente sustentado. [...] Tenho essa sensação de estar
desconectado e muito longe da tomada e o que resta é uma barra vermelha de
alerta. [...] Há cegueira para novos amantes. Eles existem na atmosfera
rara de sua própria colônia, confiando por instinto e tato, criaturas se
consumindo, construindo abrigos com suas esperanças. Outros mundos cessam. Eu
sei que senti algo quando começou, uma compreensão, um pressentimento, até
mesmo uma ordenança. O amor nunca é a história mais antiga. Ele cresce na
escuridão intensa. [...]. Trechos extraídos da obra Burntcoat (Faber & Faber,
2021), da escritora inglesa Sarah Hall, autora das obras Mrs Fox
(2019), Madame Zero: 9 Stories (2017), The Wolf Border (2015), The
Beautiful Indifference (2011), How to Paint a Dead Man (2009), Daughters
of the North (2007), The Electric Michelangelo (2004) e Haweswater
(2002).
FALAR AO MUNDO DA MESMA FORMA QUE OS OUTROS -
[...] Além da emoção, além da reação,
precisamos ser capazes de sentar juntos, ler o mundo juntos de maneiras
diferentes e entender que essas diferentes maneiras de ler o mundo só podem nos
enriquecer, em vez de nos tirar algo. E acredito que essa co-construção do
mundo, essa coconstrução da humanidade que compartilhamos, é um dos maiores
desafios do momento. Este consórcio também busca contribuir para isso. [...]
Agora somos um mundo interconectado: os problemas de uma pessoa são
problemas globais, e os problemas de outra pessoa são problemas globais.
[...]. Trechos da entrevista l’Afrique doit «dire le monde au même titre que
les autre (Reseau Scolaire, 2023), concedida pela filósofa senegalesa Diagne
Mbengué (Ramatoulaye Diagne Mbengué), que na obra Le modernisme en
Islam: Introduction à la pensée de Sayyid Amir Ali (L'Harmattan, 2019),
expressou que: [...] A sociedade deve ser uma sociedade aberta, uma
sociedade na qual cada pessoa possa se reconhecer. [...].
AGRESTE LENTICULAR, DE MARCELA CAMELO BARROS
[...] Escrever sobre o que somos é uma
história que não é exclusivamente minha, ela se repete na ancestralidade de
milhares de mulheres nordestinas [...] É um reforço para a nossa
identidade, constantemente apagada pelo silenciamento da história das mulheres,
para entendermos que viemos de mulheres fortes [...] corajosas e
transmissoras de conhecimento. Assim como eu recebi esse saber, quem sabe agora
não transmito? O lenticular é a ponte para a transmissão da representação de
mulheres do Agreste, mas também um fenômeno de ilusão. Teria a comunidade do
Trapiá, a partir do fenômeno das rezadeiras, um vestígio de dominância
feminina? Acredito que o ideal de sociedade matriarcal nas zonas rurais do
Nordeste é como a ambiguidade da imagem lenticularizada: entre pequenos
movimentos do olhar, surgem lampejos como as manifestações da religiosidade
popular, os encontros das mulheres, da insubordinação às instituições oficiais.
Uma árvore tem sua origem na semente. Sem demagogia, há esperança. [...].
Trecho extraído da tese de doutoramento sob a
temática Agreste lenticular: pesquisa e criação em suporte artístico
(UFPE, 2023), da artista visual e professora Marcela Camelo Barros, que
concentra em suas pesquisas recentes autoestereoscopia, imagem lenticular e
processos de criação junto às manifestações da religiosidade popular feminina
do Agreste de Pernambuco, autora do projeto Agreste lenticular: Pesquisa e
Criação em Suporte Artístico. Veja mais aqui.
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