segunda-feira, janeiro 27, 2025

ANA BLANDIANA, SALLY ROONEY, TEOLINDA GERSÃO & FERNANDO SPENCER

 

 Imagem: Acervo ArtLAM. Veja mais aqui.

Ao som do álbum Vivenda (2016), da pianista, cantora e compositora, Abelita Mateus.

 

Janeiro devora o canto na casca da loucura... - Contei os dias nos dedos e as horas eram tons dissolvidos pela lógica dos equívocos. Nada não, tivesse mais tempo, muito se falava disso e daquilo: o olhar desceu, vidas em sorteio e as almas subiram aos zis tons do azul escurecido. O poeta agonizou num buraco fétido sob as patas fagulhantes das togas e armas festejando monstros galegos e embotadas trupes fanáticas. Tudo suspenso: caça às bruxas, embates de ódio, delírios perturbadores, ameaças desonestas, sinecuras, menoscabos e o perigo devastador. Vão pro inferno! Pra seu governo: o mundo não acaba agora, mesmo que tudo se esboroe e os vivos moucos sejam maioria, os vivos ocos sejam multidões. Quantos descaminhos, estranhos desvios. Estamos todos doentes e nunca fui América porque o dinheiro quer matar & eu quero viver, sou Abya Yala. Por mais que eu erga a voz a toada quase última tremula no peito em chamas entre vindimas e necedades. Já não sou quem quisesse por pequenas canções às vaias e assobios, o coração no prato e a noite morrendo ao revelar o que de penhasco se fez mar profundo. Vacilava nas dobras do clarão, nem se preservava da queda - tesouros desperdiçados, se fosse ouro restavam cinzas, dunas de sonhos soterrados, a sorte desertara como quem deixava um sorriso pendurado no portão. Só sei que vivo e ouço as horas arrefecerem vadias, porque o poeta já morto bebe a vida e lá bem longe nem se via o que tão perto se mostrou. Não me dobrei nem venci, ninguém viu minha agonia. O que veio à tona de nada vale, os bons grãos na longa lua entre poças e fendas. Revolvia quarentantanos pelos zis dentes da solidão - quisesse o céu e as escolhas me alçavam ao desespero. Segui o mirante dos redemoinhos – eram dias feitos musgos ao vento róseo de maios: tivesse sonhos varando o dia a catar um lugar que fosse e lá não houvesse rancor ou suspeita, nem os degraus ensopados de espera e saudades de ontens das mil chuvas outonais, nomes esquecidos e as mãos nas despedidas crepusculares. O tempo deixou confusos pesadelos, eu próprio os criei e era minha vez de varar a noite exorcizando remorsos. Já estava feito e à falta de alguém mais, a vida sempre foi melhor, mesmo que atravessasse o cheiro de sangue empestando o terraço de um céu distante, sou mais feliz invisível no passeio de indiferentes transeuntes e a irritação da gritaria geral, a língua de fora e o pé ligeiro na despudorada vertigem da emoção, a luta quixotesca e não pedia ajuda jamais, não escondia a dor, sou indesculpavelmente humano demais, um fraco pela própria natureza. Se eu fosse fogo acendia e a morte que se danasse nos versos de pés quebrados. Setígono vai por onde voo! Até mais ver.

 

Germaine Greer: A solidão nunca é mais cruel do que quando é sentida em estreita propinquidade com alguém que deixou de se comunicar... Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.

Meg Cabot: A vida é curta. Se você não tentar coisas novas, nunca saberá no que é melhor. E você só pode arranjar tempo para coisas novas desistindo das coisas que você sabe que não funcionam para você... Veja mais aqui, aqui & aqui.

Katharine Ross: Se o céu se abrisse de repente, não haveria lei, não haveria regra. Haveria apenas você e suas memórias, as escolhas que você fez e as pessoas que você tocou... Veja mais aqui.

 

DESCONHECIDO

Imagem: Acervo ArtLAM. Veja mais aqui.

Obviamente, não sou como \ Nenhum desses tecelões de palavras \ Que tecem seus ternos e suas carreiras \ Sua glória e seu orgulho, \ Embora eu me misture a eles \ E eles olham minhas palavras como se fossem \ suéteres: \ "Como você está bem vestida!" eles dizem; \ "Esse poema fica tão bem em você!" \ Sempre inconsciente \ Que os poemas não são minhas roupas, \ Mas meus ossos - \ Dolorosamente extraídos \E colocados em volta da minha carne como uma concha, \ Seguindo o exemplo das tartarugas \ Que conseguem sobreviver assim \ Por longos e infelizes \ séculos.

Poema da escritora e ensaísta romena Ana Blandiana (Otília Valeria Coman), autora de obras como: Persoana întâia plural (1964), Poeme (1974), Stea de pradă (1986), Arhitectura valurilor (1990), Soarele de apoi (2000) e Pleoape de apă (2010), entre outros.

 

BELO MUNDO, ONDE VOCÊ ESTÁ? - [...] Talvez tenhamos nascido para amar e nos preocupar com as pessoas que conhecemos, e continuar amando e nos preocupando mesmo quando há coisas mais importantes que deveríamos estar fazendo. E se isso significa que a espécie humana vai morrer, não é de certa forma um bom motivo para morrer, o melhor motivo que você pode imaginar? Porque quando deveríamos estar reorganizando a distribuição dos recursos do mundo e fazendo a transição coletiva para um modelo econômico sustentável, estávamos nos preocupando com sexo e amizade. Porque nos amávamos demais e nos achávamos interessantes demais. E eu amo isso sobre a humanidade, e na verdade é a razão pela qual torço para que sobrevivamos - porque somos tão estúpidos uns com os outros. [...]. Trecho extraído da obra Beautiful World, Where Are You (Farrar, Straus and Giroux, 2021), da escritora e roteirista irlandesa Sally Rooney, que no seu livro Normal People (Crown, 2020), ela expressou que: […] Ninguém pode ser completamente independente de outras pessoas, então por que não desistir de tentar, ela pensou, correr na outra direção, depender das pessoas para tudo, permitir que elas dependam de você, por que não? [...] A vida oferece esses momentos de alegria apesar de tudo [...]. Já na sua obra Conversations with Friends (Faber et Faber, 2018), ela considerou que: […] Gradualmente, a espera começou a parecer menos uma espera e mais como se a vida fosse simplesmente isso: as tarefas perturbadoras realizadas enquanto aquilo que você está esperando continua não acontecendo. [...] Percebi que minha vida seria cheia de sofrimento físico mundano, e que não havia nada de especial nisso. O sofrimento não me tornaria especial, e fingir não sofrer não me tornaria especial. Falar sobre isso, ou mesmo escrever sobre isso, não transformaria o sofrimento em algo útil. [...].

 

O FIM DA LITERATURA - [...] a literatura vai caminhando para o seu fracasso, a literatura uma forma de arte. Infelizmente, acredito que sim. Primeiro, o mundo mudou de uma maneira incrível, e as pessoas não conseguem prestar atenção no tempo. Uma coisa que me chocou aqui no Brasil, por exemplo, foram as notícias sendo noticiadas pela televisão, percebi que são poucas e muito rápidas, apresenta-se uma, depois vêm logo os comerciais. [...] Conseguimos concentrar-nos, mas isso está a desaparecer. Por enquanto, há ainda os que prestam atenção e são capazes de estar ali uma hora sentados a ouvir do professor. Mas ainda percebemos que, nas escolas, o professor tem que inventar maneiras de cativar os estudantes. O que é horrível, quer dizer, a escola poderia ser um lugar onde os alunos também estivessem confortáveis e eu penso que tendem a estar cada vez menos, além disso, há muitos profissionais formados em cursos de Letras, por exemplo, mas que nem mesmo gostam de ler. [...]. Pensamento da escritora portuguesa Teolinda Gersão, expresso no estudo Pesquisas e processos criativos - entrevista com a escritora portuguesa contemporânea Teolinda Gersão (Unimontes/Convergência Lusíada, 2024), de Marcio Jean Fialho de Sousa. Veja mais aqui, aqui & aqui.

 

FERNANDO SPENCER

[...] O que marca o Cinema de Arte é determinada intenção numa programação consciente visando a uma destinação cultural, uma instituição procurando ser um veículo cultural e contribuindo, como mercado especializado, para desenvolver o próprio mercado normal de exibição e distribuição. [...].

Trecho extraído da matéria Cinema de Arte Coliseu começará quarta-feira com “O Homem do Prego” (Diário de Pernambuco, 26 de fevereiro de 1967), do cineasta, crítico, jornalista e programador Fernando Spencer, destacando-se aqui o livro Fernando Spencer: O Crítico-Cineasta das Mil Faces (Fasa, 2023), dos professores e pesquisadores Alexandre Figueirôa e Cláudio Bezerra, resultado do projeto de pesquisa A produção jornalística e cinematográfica de Fernando Spencer e sua contribuição à cultura audiovisual em Pernambuco (FICEPE-Unicap/Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação - 42º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Belém, 2019), destacando a contribuição do patrimônio vivo e pioneiro do cinema no estado, para o campo da comunicação pernambucana em sua dimensão histórica e social. Veja mais aqui & aqui.

 

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segunda-feira, janeiro 20, 2025

ELVIRA LINDO, MARY DI MICHELE, HEATHER MILLS & BAJADO

 

Imagem: Acervo ArtLAM. Veja mais aqui.

Nasci com esse espírito. Desde muito pequeno, gostava de desenhar, de construir. Sempre percebi em mim um interesse pela cor, pela criação... Sou apaixonado por impressão, design gráfico. Não me interesso só pela cerâmica, mas por suportes diversos...

Ao som da performance concerto-instalação Mineral (2019 - Inhotim, 2024) do artista plástico, músico e ceramista Máximo Soalheiro, com direção do músico e sound designer Pedro Durães e um grupo de instrumentistas virtuoses abertos à experimentação de linguagens - tocada com as mãos, baquetas e arco, contando com baixo acústico, percussão, sopro, piano e voz.

 

A pedra cantou & tudo o mais é possível... - Ouvia itamaracá porque sobrevivia, quando nada mais improvável pra quem coadjuvante nordestino pegando bigu pelas beiradas do mundo que mais se esfacelava a cada dia. E ia e pulava itaimbés para escapar dos agrados de mão de figa roçando minha pele, aqui ó! Quando dava nas itapecericas, logo me deparava com as itaquis dum juiz de plantão num tribunal de inexoráveis erínias ocasionais: julgado réu confesso às cegas no meio de algaravias. Quantas crises! E perdia a fé no corte da cana porque os heróis eram cruéis, mais algozes de perto porque todo dia era 8 de janeiro pelos itararés e foi lá onde meu pai perdeu o cetro e a coroa, faz tempo e fui diluído no seu mando derretido pelas itapiras, com os doentes das engrenagens falidas. O leão rugia desdentado aindagora e decidia na careca juba que eu fosse patrão subalterno e foi isso afinal que aprendia porque ali não era nada e o sou até hoje, quase pusilânime porque a santa sangrou e me isolei no quarto das eumênides. Nunca fui alvo pra tiro, ora! Escapei a moer a dor ancestral, a diaspórica afroindiada e os antepassados crivados de balas - era o ovo da serpente no meu calendário enlouquecido. Quase afogado me salvei na itaipava: perdia os dedos e meus pés foram por aí, porque nada era raso e só sobravam as almas sobreviventes escondidas num passado tão presente na redoma do paradoxo epicurista. Quantantanos e ainda itacolomi pelas ondas reverberantes das frequências de maravilha sônica, catando itacorumbis, itacoatiaras, itamotingas, esfregando itamembecas, itapicurus e itaúnas. Não passava dum itaoca pelas itapericas: sobrava meu ageótipo definido em Stonehenge que era aqui na memória sonora revelando os segredos dos druidas. Ninguém (ou)via Pinuccio Sciola e era solstício quando fui engolido pelo redemoinho das itapebas: era o maior nada e a cidade a reboque, só tenho cartas e nada valem – no que escrevo não há solução, sempre processo e reescrita, saiba. E ainda assim eu voo, até outro dia.

 

Mairead Corrigan: Nossa humanidade comum é mais importante do que tudo o que nos divide... Temos que começar pelo fato de que sempre há alternativas à violência... Veja mais aqui & aqui.

Issa Rae: Ninguém sabe o que você sabe como você sabe o que você sabe. A maneira como você vê e sabe das coisas é bastante única, só você sabe... Veja mais aqui.

Angela Davis: Temos que falar sobre a libertação das mentes e também sobre a libertação da sociedade... Veja mais aqui, aqui & aqui.

 

A GUERRA CHEIRA A MERDA

Imagem: Acervo ArtLAM. Veja mais aqui.

Pretas as horas em que as estrelas brilham no \ céu de obsidiana acima enquanto no horizonte, a lua crescente derrama \ luz leitosa. Não sei se nos veremos \ novamente. Um dia se passou; minha juventude passou. \ O dia todo fiquei sentado entre os vinhedos secos, em meu corpo \ o deserto do tédio. Tudo aqui cheira \ a finais, a merda e pelotões de fuzilamento. \ Eu assombrava os campos não arados, colhia uma prímula \ aqui e ali, respirava o verde. \ As neves do monte Cavallo pareciam flutuar no azul. \ Sozinho eu vaguei pelos campos, caminhando, caminhando, caminhando pelos \ campos infinitamente vazios \ Tudo cheira a pólvora e merda mas a terra é \ uma merda florescendo de qualquer maneira de toda essa merda– \ em flores azuis e amarelas, em brotos tenros nos amieiros. \ Eu quero cuspir até as montanhas mais distantes nas fronteiras \ do meu país, no mar escondido atrás delas, eu quero cuspir \ na cara desses aldeões, desses italianos, desses cristãos. \ Tudo cheira a pelotões de fuzilamento e pés sujos– \ (O que me mantém preso a esta terra? \ Eu devo estar fedendo.) \ Eu não sei se algum dia nos veremos novamente.

Poema da premiada poeta e professora italiana radicada no Canadá, Mary di Michele.

 

UM CORAÇÃO ABERTO – [...] da mesma forma que às vezes somos lançados no território do infortúnio; Outros, graças à coragem, ao desespero e à sorte, encontram a terra prometida. [...] Ele ainda mantinha um pouco daquela antiga lealdade à autoridade que muitas vezes transforma irmãos mais novos em traidores e informantes. [...]. Trechos extraídos da obra A corazón abierto (Booket, 2023), da jornalista e escritora espanhola Elvira Lindo Garrido, que na sua obra Noches sin dormir: último invierno en Nueva York (Seix Barral, 2015), expressou que: […] A vida é costurada por um fio invisível que entrelaça relações caprichosas, mas possíveis, não forçadas por fantasias, das quais os escritores tanto gostam, mas baseadas em coincidências reais. [...], No seu livro Lo que me queda por vivir (Círculo De Lectores, 2010), ela assinala que: [...] Ela não é educada para compartilhar infelicidade. Sua mãe e muitas outras mulheres lhe disseram que, quando a insatisfação é expressada, a pessoa começa a pisar em terreno pantanoso que não leva a lugar nenhum. A infelicidade é algo que deve ser tratado com discrição, diz uma máxima não escrita compartilhada pelas mulheres deste universo rural onde passei grande parte da minha infância. Mas agora que tenho um olhar mais distante sobre todos eles, sei que o que dizem, o que calam, acaba se manifestando na apatia vital, nos tiques, no mau humor, na perda precoce da beleza. [...]. E no seu Manolito Gafotas (‎ Seix Barral, 2014), ela deixa expresso que: [...] Quando algo ruim acontece com você, você tem que pensar que isso vai passar, mesmo que você não acredite, isso vai passar, e às vezes você vai se lembrar das coisas como se tivessem acontecido com outra pessoa. -E como você sabe disso? -porque meu pai uma vez me disse isso [...]. Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.

 

SOCIEDADE, CULTURA & CELEBRIDADES - Por que somos tão obcecados com a cultura das celebridades? Temos notícias de primeira página sobre divórcios em vez de notícias de primeira página sobre aquecimento global, sobre mulheres sendo abusadas, sobre crianças sendo abusadas. Estamos entrando em uma espiral descendente... Oitenta por cento do aquecimento global vem da pecuária e do desmatamento... A superação da adversidade e, em última análise, negando-lhe o rito de passagem, tem sido um motivo constante e perpétuo ao longo da minha vida... Foi preciso um erro humano para arrancar minha perna e um erro humano para arrancar a da minha mãe... Pensamento da ativista e modelo britânica Heather Mills. Veja mais aqui.

 

A ARTE DE BAJADO

[...] Teve uma época, que o cabo eleitoral de Ademar de Barros era Augusto Lucena. Eu fui pintar pra ele e outro camarada, que me disseram: «inventa aí qualquer coisa, você não sabe inventar qualquer coisa não. Mas rapaz, eu fiz um quadro do tamanho duma parede dessa, um cartaz: o General Lott com a espada e Jânio Quadros com a vassoura: Entre a espada e a vassoura, o vencedor sou eu... [...].

Pensamento do pintor, desenhista e cartazista Bajado (Euclides Francisco Amâncio (1912–1996), extraído de uma entrevista concedida à Revista Vidas Secas (Editora Universitária, 1980), recolhida do artigo acadêmico sob a temática Redescobrindo Bajado: artista reconhecido, designer esquecido (Anais do 9º CIDI e 9º CONGIC, 2019), de Rafael Santana & Eva Rolim Miranda. A imagem foi recolhida da dissertação de mestrado sob a temática Bajado a poética visual no discurso gráfico: diálogo entre a Semiótica Estruturalista e o Design da Informação (UFPE, 2020), do pesquisador Rafa Santana de Souza. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.

 

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segunda-feira, janeiro 13, 2025

AIRINI BEAUTRAIS, HILA BLUM, MEDHA PATKAR & ITINERARTE

 

 Ao som do show ao vivo no Teatro Anchieta do Sesc Consolação (2014), do instrumentista, compositor, arranjador e maestro Arthur Verocai.

 

E se nada acontecesse, nada valeria... - Alto lá! Passou da meia noite e já outro dia: tudo no seguinte só virá depois. É a vida. O que vi até agora era nada, dançava no caos: sou aceno aos mil olhos e Sol nenhum revelou tantos disfarces. Saí quase aos pontapés, aos avessos pela ciclotimia geral, inchado de chuvas e estrambotes, a ambição maior que o talento. Reparei atento: o pé adivinha o que o chão preza e a noite é maior nas demoras. É que fora de hora o vento enviesa e o diabo atiça pra que se veja ao então quem acha graça na vastidão do silêncio, sem plateia nem aplauso. Não há quem fale de amor pelos cis dos ocasos e eu remexendo lembranças, cutucando passados e o que de repente nunca se soubesse: o que foi revogado por prescrição já era tarde demais e se extinguiu. Mas o que dizer se o tempo é o escombro de torres e quintais devastados. Por mais que erga a voz, a toada era quase última pedra no peito em chamas: entre vindimas e necedades tudo se comparece às errâncias. Para todo efeito dei com burros n’água, o que não seria novidade nenhuma. Perguntas fizeram questão na face do momento e não desenhei minha volta, porque quanto mais andava, não saía do começo e, à mercê de urubus, não avançava. Não há paz em retornos, os despojos dissimulam a dor da carne: o fim aos poucos chega ao seu inevitável final. Mas é outro dia e a vida é só merecimento. Até mais ver.

 

Cindy Sherman: O desafio é mais sobre tentar fazer o que você não consegue pensar... Veja mais aqui, aqui & aqui.

Patricia Highsmith: A vida é uma longa falha de compreensão... um longo e equivocado fechamento do coração... Veja mais aqui.

Diana Gabaldon: Pois onde há amor, falar é desnecessário... Veja mais aqui & aqui.

 

UM POEMA

Imagem: Acervo ArtLAM.

Eles formaram um círculo, de mãos dadas. \ Que policial quebraria pulsos tão quebradiços \ Estendeu-se em torno desta menor das pequenas terras? \ A estátua desapareceu, o pedestal ainda está de pé. \ A figueira rabeia, curva e torce. \ Seus ramos circulam, de mãos dadas. \ Alguns anos o jardim enche de bandas. \ Os vocais rolam, a batida insiste, \ ao redor desta menor das pequenas terras pequenas. \ Movem-se agitados, incendiários, \ rock firme, canção que resiste; \ Tudo nesse círculo, de mãos dadas. \ A margem gramada, as areias fluviais, \ O local de desembarque que ainda existe \ ao lado desta menor das pequenas terras pequenas. \ Os anos se movem, e o tempo se expande \ A distância, mas o conto persiste: \ Eles formaram um círculo, de mãos dadas, \ em torno desta menor das pequenas terras.

Pākaitore, poema da escritora neozelandesa Airini Beautrais, autora da obra Flow: Whanganui River Poems (Victoria University Press, 2017).

 

COMO AMAR SUA FILHA - [...] apenas um punhado de pessoas afirma ter tido uma infância feliz; todos os outros são sobreviventes, todos receberam muito ou pouco, a vida é sempre uma longa jornada de cura desde a infância. [...] Era verão e estava quente, havia muito sol no céu e muito sol na minha vida [...]. Trechos extraídos da obra How to Love Your Daughter (Riverhead Books, 2023), da premiada escritora e editora israelense Hila Blum.

 

DESENVOLVIMENTO & SUSTENTABILIDADE - As questões de desenvolvimento não podem ser contidas dentro das fronteiras nacionais... É essencial que alcancemos os centros globais de poder para combater não apenas o planejamento centralizado, mas o planejamento baseado na privatização... Pensamento da ativista e reformadora social indiana, Medha Patkar, que na entrevista Damn the dams: An interview with Medha Patkar (2004), concedida ao jornalista Robert Jensen, expressou que: [...] Deixamos bem claro que não somos contra o desenvolvimento em si, se isso for definido como uma mudança desejável e aceitável dentro de nossa estrutura de valores. E nossa estrutura não é individualista. É a estrutura dos valores de equidade e justiça. Sustentabilidade tem que significar justiça para a população além de uma geração. Isso só pode acontecer se as prioridades forem definidas corretamente. Nossa prioridade é a satisfação das necessidades básicas de cada indivíduo, e isso não pode acontecer a menos que o processo de planejamento seja realmente democrático. Caso contrário, as elites — os que têm — pegam sua própria grande fatia do bolo, e as vozes das pessoas marginalizadas — sua visão de desenvolvimento, até mesmo sua valoração de seus próprios recursos — nunca são realmente ouvidas e não são incluídas nas análises de custo-benefício das agências de planejamento. O desenvolvimento equitativo e sustentável presume que os recursos naturais serão usados. Mas na escolha de tecnologias e nas prioridades de metas e objetivos, a preferência deve ser dada às seções mais necessitadas, não àquelas que já têm. [...] O processo de desenvolvimento existente é distorcido; em nome do desenvolvimento, uma grande maioria da nossa população fica fora dos benefícios reais deste modelo de crescimento. O processo tem que ser descentralizado e democrático, o que é mais do que simplesmente permitir que as pessoas participem de algumas consultas — é permitir que as pessoas tenham o primeiro direito aos seus recursos e digam sim ou não a um plano proposto por alguma agência externa. [...].

 

ITINERARTE – COLETIVO ARTEVISTA MULTIDESBRAVADOR

O Itinerarte - Coletivo Artevista Multidesbravador é formado por Maria Joyce (MJ Produções Artísticas), Neia Silva (Gabinete de Artes), João Paulo Araújo (Biblioteca Pública Fenelon Barreto) e Luiz Alberto Machado (Amigos da Biblioteca). É representado juridicamente pela empresa jurídica MJ Produções Artísticas congregando os grupos associativos Amigos da Biblioteca, Gabinete de Artes & o zineblog Tataritaritatá. Veja mais aqui & aqui.

 

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TUNGA, ALICE WALKER, JOHAN ROCKSTRÖM, ÅSNE SEIERSTAD & SETÍGONO

  Ao som do álbum Pacífico (YB Music, 2022), da flautista, clarinetista, arranjadora e compositora, Aline Gonçalves , que é bacharel em fla...