A PROVOCAÇÃO
AGUDA DA PAIXÃO - Naquela
manhã meus olhos flagraram o frêmito dos seios dela tremulando dentro da sua
blusa decotada e ela sequer desconfiava o quanto a amava por inteiro, a
desejava além da vida e da morte, a venerava além do querer e poder e persigo e
persevero e a quero comigo para sempre e a todo momento. Ela a minha anfitriã
que amo e ela pensa que não, insegura e dando o melhor de si só por dar e por
amar num pirão que o meu mar engrossa e eu raspo a panela de todas as suas
deliciosas emanações. O seu jeito lindo de ser era mais que sensacional com um
encanto pronunciado na exibição daquelas duas frutas saborosas mexendo-se a
cada movimentada de seu corpo nos afazeres domésticos. Ela inteiramente
dedicada à labuta enquanto eu fazia juras silenciosas de amor e paixão por ela.
Ela remexendo inocente e eu fazendo estréia da cobiça buscando os agasalhos do
seu corpo. Havia poucas horas da nossa chegada, mas ela logo se dedicara às
arrumações colocando suas vestes sumárias, provocando instantaneamente em mim o
vuque-vique de seus caprichos corporais: era o tempo do cozimento e eu fervendo
imaginando a nossa gangorra. E eu me deliciando qual voyer descarado imaginando
suas curvas, remexidos, sensualidade, tudo dela ao meu dispor. Ali eu me
continha fazendo um esforço danado para agarrá-la atrapalhando sua diligência.
Mas, a cada olhadela, eu suava frio e tudo desembocava ventre abaixo se
avolumando nas minhas partes baixas só para fazer-lhe um parque de diversão
além do que eu podia dar. Era a explosão do amor na paixão mais medonha que eu
já tivera oportunidade de viver. Era a paixão mais devastadora de todas. E ao
lado de uma tesão que surgia inopinadamente para consagrá-la integralmente dona
do meu coração. Com isso eu me insinuava aproximando-me o máximo que podia de
sua dedicada atuação na limpeza da cozinha. Cada sacudidela dela no arremate
das funções, mais eu me achegava lambendo os beiços e atacando sutilmente suas
intimidades, roçando-lhe a nuca, as reentrâncias, o osso do mucumbu,
enfeitiçando-lhe para arrancar os seus suspiros mais vibrantes e a deixá-la
minando de emoção. Ela ainda sequer tinha a mínima idéia da minha mais absoluta
paixão. Quanto mais amava, mais queria e queria. Era ela, sim, ela, tudo o que
sempre quis e passaria a querer dali por diante. Com os meus ardis em pauta
mais procurava domá-la nas intenções mais safadas a ponto de apoderar-me por
inteiro de todo seu desejo, seu corpo e alma. Dominada, ela se entregava como
quem se dar ao carrasco. E eu deliciosamente sorvia cada bocado de sua mais
extremada emanação corpórea e anímica. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui, aqui e aqui.
DITOS & DESDITOS - Ninguém pode cancelar o
caos ou apagar aquele pano de fundo de silêncio que acompanha a experiência
como boato. Nomear o momento de sua aparição, de sua exposição ao tempo, parece
ser tarefa do poeta. Na linguagem, toda a matéria do visível é expressa, de seu
aparecimento e morte, de seu mergulho no abismo do tempo. A arte é organizada
como um discurso do incompleto, do não resolvido; é uma emancipação incessante
do particular da totalidade. Na ordem dos fragmentos, o negativo é entendido
como o laboratório de uma experimentação, cujo tempo não nos é dado prever. O
espaço do alegórico, entendido como escrita e alusividade infinita, é também o
espaço dos jogos linguísticos, das técnicas. Pensar no mito que habitamos,
descrever suas estratégias narrativas, a lógica de suas formas de
representação, é objeto de crítica. É na palavra ou na cor, na articulação da
forma por meio de pausas, cesuras, suspensões, que a ausência se afirma. Existe
um antes e depois do corpo. Um limite que é posteriormente corrigido e
destruído para retornar a um zero inicial. Tudo o que é estranho está longe e
uma viagem confortável nos associa alegremente a um lugar seguro. Escrever /
desenhar – A etimologia grega bem expressa, graphein– são uma e a mesma coisa. O
desenho tem uma magia adicional: preserva a memória, não das palavras, mas do
boato antes das palavras e carrega dentro de si a marca do nosso corpo. Alguém
escreve, projeta, até pensa, a partir das linguagens que nos precedem. Uma
entropia peculiar da qual emergem nossos jogos lingüísticos, nossas idéias,
nossos projetos. Pensamento do filósofo espanhol Francisco Jarauta. Veja mais aqui e aqui.
DE NOVO: Bibliotecas são
reservatórios de força, graça e inteligência, lembretes de ordem, calma e
continuidade, lagos de energia mental. Pensamento da escritora australiana Germaine Greer. Veja mais aqui e aqui.
ALGUÉM FALOU: Um
olhar ou um sorriso de um estranho pode ser um grande momento. Muitos homens só
querem paquerar ou ter uma aventura esporádica e nós é que erramos e, quando
vemos um certo interesse, já pensamos que pode haver um relacionamento sério. Nesse
sentido, o aprendiz de predador é cúmplice do homem. Nós mulheres não podemos
nos empolgar demais com o amor e idealizá-lo porque esse raciocínio gera muita
angústia. Apaixonar-se é o estado mais estúpido que existe. Na realidade, não
se apaixona pela pessoa, mas pelo que ela pensa que é ou, pior ainda, pelo
sentimento que o próprio estado produz. Pensamento da jornalista e
escritora espanhola Alicia Misrahi.
OUTRA VEZ: Para
que casar e fazer um homem infeliz quando se pode fazer feliz a muitos?
Pensamento da atriz estadunidense Mae West (1893-1980). Veja mais aqui eaqui.
COMUNICAÇÃO POÉTICA – [...] É por isso que um
poema parece falar de tudo e de nada, ao mesmo tempo. É por isso que um (bom)
poema não se esgota: ele cria modelos de sensibilidade .É por isso que um
poema, sendo um ser concreto de linguagem, parece o mais abstrato dos seres. [...] o interdito do signo novo perturbador (por
apontar para uma nova ordem possível) que é igualado aos ruidosos signos da
confusão, operação
habitual do poder que exclui, para impedir o advento do
poder que inclui – a liberdade criadora. [...] perseguir algolugar no
tempo da produção poética, indiciado e anunciado - tais algas e sargaços para
novas terras – por um canto-aroma longe, não tão distante que não pudesse ser
sentido e ouvido no país que não era um grande país. Pela linguagem, romper a
barreira da língua, embalsamadora de alguns belos cadáveres. [...].Trechos
extraídos da obra O
que é comunicação poética (Brasiliense,
1993), do poeta e professor Décio Pignatari (1927-2012).
Veja mais aqui.
O QUE É - O problema com
emergências é, disse ela, que eu sempre coloco minha melhor calcinha e nada
acontece. [...]. Trecho extraído da obra Save Me the Waltz (Vintage, 2001), da
escritora estadunidense Zelda Fitzgerald (1900-1948), esposa de
F. Scott Fitzgerald, que no livro Dear
Scott, Dearest Zelda: The Love Letters of F. Scott and Zelda Fitzgerald (St. Martin's, 2002),
expressa: Desculpe-me por ser tão
intelectual. Eu sei que você preferiria algo bonito, feminino e afetuoso. Eu te
amo de qualquer maneira, mesmo que não haja nenhum eu ou qualquer amor ou mesmo
qualquer vida - eu te amo. Veja mais aqui e aqui.
DOIS POEMAS - I - Corre
água ate mar azul / Mas da aí, não sai: / Procura Kozak o seu destino, / Mas
não acha nada. / Foi Kozak para traz do Sol posto, / Brinca mar com ondas, / Canta
coração do Kozak, / Pensamento outro: / “Aonde vais, sem perguntares? / Para
quem deixaste / Pai e mãe, que já são velhos / Namorada nova? / As pessoas não
são aquelas, / Lá, no estrangeiro. / Viver com elas – vida dura, / Vida que não
cura. / Não tens com quem chorar, / Nem trocar palavras. / Sentou -se Kozak de
outro lado, / Brinca mar com ondas. / Pensou destino encontra, / Encontrou o
luto. / No céu cegonhas / Regressam a casa. / Chora Kozak – os caminhos, / Cobertos
com arbustos. II - É-me indiferente, se vou / Eu viver na Ucrânia, ou não / Se
alguém se lembrará, ou esquecer-me-á / Na neve do exílio - / É-me mesmo
indiferente. / Sem liberdade cresci entre os desconhecidos, / E, sem ser
chorado pelos meus, / Sem liberdade, chorando, morrerei, / E tudo levarei
comigo, / Nem uma pequena mancha deixarei / Na nossa gloriosa Ucrânia, / Na
nossa - mas que não é a nossa terra. / E nem se lembrarão o pai com o filho, / Nem
dirá ao filho: “Reza, / Reza, filho: pela Ucrânia / Que outrora foi torturada”.
/ É-me indiferente, se vai / Esse filho orar, ou não… / Mas não me é indiferente,
/ Como a Ucrânia é adormentada / Por pessoas más, mentirosas, e no fogo,/ Já
roubada, a acordarão… / Oh, isso já não me é indiferente. Poemas do poeta
ucraniano Taras Shevtchenko (1814-1861).
A ARTE
DE DIVITO
A arte
do escritor, desenhista e humorista argentino Guillermo Divito (1914-1969),
fundador e diretor de Rico Tipo.
PROGRAMA
DOMINGO ROMÂNTICO – O programa Domingo
Romântico que vai ao ar todos os domingos, a partir das 10hs (horário
de Brasilia), é comandado pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio
Cidade, em Minas Gerais. Confira a programação deste domingo aqui. Na edição deste 08/07
do programa Domingo Romântico, uma produção da radialista e poeta Meimei Correa e apresentado por Luiz Alberto Machado, além de comemorar 2
mil membros parceiros no Grupo do Facebook, está com uma programação especial
pra você, confira as atrações: Carl Off, Cecília
Meirelles, Mercedes Sosa, Alberto Nepomuceno, Gustav Mahler, Ana Botafogo,
Toquinho, Patativa de Assaré, Jean de La Fontaine, Laurindo Rabelo, Procópio
Ferreira, Nara Leão e Tom Jobim, Cesar Camargo Mariano e Romero Lubambo, João
Gilberto, Fagner, Maria Rita, Milton Nascimento, Violeta Parra, Chico Buarque,
Moraes Moreira, Ringo Star, Os mutantes, Emilio Santiago, Adriana Calcanhoto,
Cristina Motta, Leila Pinheiro, Lucinha Lins, Titãs, Cortney Love, Quinteto
Violado, Gonzagão e Gonzaguinha, Claudia Leitte, Leoni, Paula Fernandes e Vitor
Chaves & muito mais! Veja mais aqui. 




