quarta-feira, julho 25, 2012

EMILIO SALGARI, BEATRICE WOOD, EBNER-ESCHENBACH, DELMINDA SILVEIRA & LITERÓTICA

ERRÂNCIAS DA PAIXÃO - Seguia eu pelo mundo medonho com suas feras rangentes, gente da mais lapa traiçoeira, morrendo de sede, desenganado da vida, comendo fogo, brigando com bestas e enfermidades no alçapão. Não tinha nada mais que esperar da vida nem de nada. Seguia eu pelo mundo medonho matando todas as crenças para ter felicidade e matando todas as lembranças e efígies dos band7idos valentes que desencantavam a vida das ruindades, quando eu mesmo vivia de abismos em dédalos, dando o sangue pelas esquinas com toda a minha riqueza menor que um gesto perdido no olhar. Não tinha nada mais que esperar da vida nem de nada. Seguia eu pelo mundo medonho de suor, sangue, lágrimas, arrastando os ferros da decepção contra os moinhos de vento, açoitando o tempo, arreliando a vida, enfrentando lobos malsinados, leões irados, mordidas e males arribando nas doedeiras dos portões fechados, das portas cerradas, todas as léguas escondidas no sofrimento de quem perdido nas lapadas da vida, sem vintém no bolso e só peregrino com esperança no coração já hóspede do hades. Não tinha nada mais que esperar da vida nem de nada. Seguia eu pelo mundo medonho como um estrangeiro na minha própria nação, amaldiçoado de todos e sem arrimo sequer, quando certa vez do inopinado topei com ela, ponto de parada das minhas errâncias. Topei com seus olhos vivos do reinado das limeiras de Tupar, sua boca linda das laranjas de Babel, toda flor da beleza do seu corpo delgado de princesa do Reino da Pedra Fina. Era a promessa da remissão e não poupei da lida e fui devassando seu roçado, vasculhando seus segredos de rainha que eram entregues mansa e dadivosamente a ponto de premiar com o brilhante do seu ventre a dar-me a luz do dia e a razão da vida. Eu não dizia o seu nome, ela não sabia de nada. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui, aquiaqui.
 
 

DITOS & DESDITOS - Nada é permanente, salvo a mudança. A oposição produz a concórdia. Da discórdia surge a mais bela harmonia. O caráter do homem é o seu demônio. Pensamento do filósofo pré-socrático grego Heraclito de Éfeso (500-450aC), considerado o Pai da Dialética e alcunhado de Obscuro. A ele é atribuída a criação do termo Enantiodromia, cujo conceito é o de que uma grande força em uma direção gera uma força no sentido oposto, ou seja: a transformação de algo no seu oposto. Este conceito foi reformulado por Carl Jung, tratando a respeito nas suas obras Civilização em Transição - Obras Completas (Vozes, 2011) e Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo (Vozes, 2011), para ser aplicado ao inconsciente quando em conflito com os desejos da mente consciente: Se a vida por algum motivo toma uma direção unilateral, produz-se no inconsciente, por razão de autorregularão do organismo, um acúmulo de todos aqueles fatores que na vida consciente não tiveram voz, nem vez... o mal pode ser necessário para produzir o bem, e o bem possivelmente pode levar ao mal... Também Platão defendeu o mesmo princípio ao expressar: Tudo surge desse modo, opostos criando opostos. Além destes, William Blake proverbiou: Excesso de pranto ri. Excesso de riso chora. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

 

ALGUÉM FALOU: Haveria muito menos mal no mundo, se o mal não pudesse ser feito sob a aparência do bem. Somos tão fúteis que nos importamos mesmo com a opinião daqueles que não nos importam. Ninguém escreve como um deus se não sofreu como um cão. Na juventude aprendemos, na velhice compreendemos. Aprender constantemente e involuntariamente é característico do gênio. Humildade é ser invulnerável. Pensamento da escritora austríaca Marie von Ebner-Eschenbach (1830-1916).

 

CINCHONA, A LENDA DA QUINA – A quina é uma planta da flora nativa da Cordilheira dos Andes e da Bacia Amazônica. Em 1638 conta-se uma história de uma condessa espanhola que viaja ao Peru para ser curada de uma doença com o uso da casca dessa árvore por indígenas locais. Ela a chamou de “Cinchona”, um apelido em homenagem ao seu município de origem, Chinchón. Daí derivou-se o nome científico da planta. Fato é que, poucos anos depois, seu uso medicinal ela já era dominada pelos europeus que foram apresentados à quina pelas descobertas jesuíticas. Quase 200 anos desde a lenda, ela se tornou item indispensável nas farmácias inglesas e a fama da planta foi tão difundida que, até o século XIX, ela era o tratamento mais usado no mundo contra a malária e uma alternativa constantemente aplicada em casos de febre, indigestão e dores de garganta. Desde o início, porém, os cientistas observaram sua capacidade de manipulação dos efeitos no coração e a quina começou a ser aplicada contra arritmia e outras terapias cardíacas. O conhecimento fez com que a árvore vistosa de copa pouco densa passasse a ser cultivada em diversos países, se desenvolvendo com eficiência em ambientes de altitude, com 1.500 a 3.000 metros. Entretanto, já se sabe que a árvore presente na Amazônia peruana não é a mesma encontrada no Brasil. Diversos exemplares, também apelidados de quina, são vistos por aqui, mas não contêm na casca os princípios antimaláricos da substância chamada de Quinina. No lugar, possuem outros compostos químicos ainda não analisados e estudados. Sendo assim, embora esta “família” tenha sido capaz de curar outras doenças, nem todos os seus “membros” são portadores das mesmas propriedades medicinais. E assim como há remédios como a aspirina que têm origem na natureza, o processo de criação de um medicamento é delicado e demanda cuidados com os efeitos provocados. Usa-se bastante o chá da casca da quina como a água tônica da planta.

 

QUILA QUINA – A vila turística de Quila Quina está às margens do Lago Lácar, em San Martín de los Andes, área da comunidade indígena Mapuche Curruhuinca. O Lago Lácar é cercado por mistérios e lendas antigas. Os Mapuches ancestrais afirmam que aqui vive um ser chamado “El Cuerito”, que parece um couro de ovelha e ataca quem se atreve a nadar nas águas mais profundas do lago, e transita pelo Vulcão do Colorado e o Cerro Sabana. Outra lenda é a da encosta da Colina Abanico, que se funde em calhas vulcânicas com o Lácar. Dizem que nessas mesmas águas, em 1925, uma das mulheres mais idosas da comunidade Curruhuinca viu de perto um peixe com cabeça de touro e chifres dourados. Veja mais aqui.

 

CORSÁRIO NEGRO – [...] o Corsário curvara-se na amurada e fitava o escaler, que as ondas afastavam e faziam oscilar assustadoramente. Na proa, destacava-se a figura branca da jovem, olhando para o Fulgor. Toda a tripulação precipitara-se para estibordo e acompanhava o pequeno barco com o olhar. Cada vez mais longe, ora pulava sobre as ondas cintilantes, ora desaparecia nos abismos das vagas, até que sumiu no horizonte tenebroso coberto por densas nuvens negras. Os flibusteiros viraram-se apavorados para a ponte de comando: o Corsário curvou-se lentamente e sentou-se sobre um monte de cordas. Carmaux aproximou-se de Wan Stiller e disse-lhe pesaroso: - Olha: O Corsário Negro está chorando! [...]. Trecho extraído da obra O Corsário Negro: Piratas Das Antilhas (Nova Cultural, 1990), do escritor italiano Emilio Salgari (1862-1911), que conta uma história que se passa no Caribe, durante o século XVII, envolvendo os piratas Carmaux e Van Stiller que são resgatados pelo Fulgor, um navio pirata comandado por Emilio de Roccabruna, conde de Valpenta e Ventimiglia, mais conhecido como Corsário Negro, por se vestir sempre de negro. Uma vez a bordo, os homens revelam que seu comandante, o Corsário Vermelho, irmão do Corsário Negro, fora enforcado por ordem de Van Guld, governador de Maracaibo. O Corsário Negro decide rumar para Maracaibo para resgatar o corpo do seu irmão. Ele recruta os serviços de Carmaux e Van Stiller e entrega o comando do navio a Morgan, seu imediato. Tendo capturado um guarda espanhol e conseguido a ajuda de Moko, um hercúleo eremita africano, os flibusteiros chegam a Maracaibo. Depois de numerosas aventuras arriscadas, o Corsário Negro consegue recuperar o cadáver do seu irmão. Retornando a bordo, ele sepulta o corpo no mar e jura solenemente exterminar não somente Van Guld mas toda a sua família também. O Fulgor ruma para Tortuga, a ilha que serve como refúgio para todos os piratas do Caribe. No caminho, os flibusteiros atacam um navio espanhol e aprisionam a jovem Honorata Willerman, duquesa de Weltrendrem. Durante a viagem até Tortuga, o Corsário Negro e Honorata se apaixonam. Em Tortuga, o Corsário Negro reúne os outros chefes piratas em conselho e os convence a atacar Maracaibo. Eles planejam o ataque cuidadosamente e logo navegam em massa para lá. O ataque é muito bem sucedido, mas Van Guld consegue escapar com alguns homens. O Corsário Negro e seus companheiros o perseguem pela florestas desconhecidas, onde enfrentam animais selvagens, canibais e areia movediça. Após a perigosa jornada e vários combates corpo-a-corpo com os soldados do governador, os piratas fazem um ataque à fortaleza de Gibraltar. Eles conseguem tomá-la, mas novamente Van Guld consegue escapar. De volta ao Fulgor, um dos prisioneiros informa que Honorata é filha de Van Guld. O Corsário Negro a interroga e ela confirma sua identidade. Dividido entre seu juramento e seus sentimentos, o Corsário Negro toma uma terrível decisão. A história termina com o Corsário Negro observando Honorata se afastar num bote sem remos nem provisões, abandonado no meio do oceano. Ela permanece de pé, retribuindo seu olhar, até que o bote desaparece no horizonte. Emilio de Roccabruna, um nobre italiano, e seus dois irmãos, os Corsários Verde e Vermelho, se tornam filibusteiros e saem em busca de vingança para a morte do irmão mais velho, que foi traído por Wan Guld, o duque holandês que governa a principal colônia espanhola no Golfo do México, Maracaíbo. Depois de ser obrigado a sepultar no mar os seus dois irmãos mais jovens, mortos pelo mesmo Wan Guld, o Corsário Negro se alia a outros piratas e dá início a uma aventura que vai levar o leitor a atravessar batalhas marítimas, tempestades e muitas outras situações inesperada. É noite no mar do Caribe. Carmaux e Wan Stiller, dois flibusteiros que pertenciam ao bando do Corsário Vermelho, escapam de uma cilada e são recolhidos pelos tripulantes da nave do Corsário Negro. Informado por eles que, da mesma forma que o outro irmão, o Corsário Verde, foi morto por Wan Guld, e indignado ao saber que ele foi enforcado e que o seu corpo está exposto na praça da cidade, sofrendo todo tipo de humilhação, o Corsário Negro, senhor de Ventimiglia, organiza uma ousada expedição para resgatar o corpo e sepultá-lo no mar. Com a ajuda do encantador de serpentes, Moko, um negro hercúleo que conhece a região como ninguém, os três flibusteiros recuperam o corpo do Corsário Vermelho e se envolvem em todo tipo de perigo, até serem bem-sucedidos em uma fuga espetacular. A bordo de sua nave, a Folgore, o Corsário Negro realiza o sepultamento do irmão no mar e faz o juramento de não descansar até vingar a morte dos irmãos, liquidando o governador e exterminando a sua descendência. Na volta para a sua base na Ilha da Tortuga, o Corsário Negro é atacado por uma nave espanhola que navegava para Maracaíbo. Depois de uma batalha, os flibusteiros capturam a nave, libertam os últimos sobreviventes e levam como refém para a sua ilha a jovem duquesa flamenga que estava sendo levada pelos espanhóis a Maracaíbo, para trocá-la por um resgate.

 

O PRIMEIRO SORRISO - No alvo berço mimoso / feito de vimes trançados, / sobre os folhos rendilhados / do travesseiro sedoso, / o pequenito dormia / qual entre as plumas do ninho / dorme o tenro passarinho / ao findar de um belo dia. / Ao lado a mãe cuidadosa / o brando sono espreitando, / como a rola carinhosa / ao pé do ninho pousando, / fitava o meigo semblante / do anjo seu adorado / qual fita o lírio no prado / a linda estrela brilhante. / E o pequenito dormia / tão ledo... talvez sonhasse, / talvez su'alma vagasse / n'aquele céu que entrevia. / Leve, leve a mãe cuidadosa / na pura fronte infantil / pousando a boca amorosa / estampa um beijo subtil. / Os sonhos voam, fugindo, / foge á terra o Paraiso; / desperta o anjo sorrindo... / era o primeiro sorriso! Poema da escritora e professora Delminda Silveira de Sousa (1856-19320

 

A ARTE DE BEATRICE WOOD

A arte da pintora e ceramista estadunidense Beatrice Wood (1893-1998).

 

PROGRAMA DOMINGO ROMÂNTICO – O programa Domingo Romântico que vai ao ar todos os domingos, a partir das 10hs (horário de Brasilia), é comandado pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio Cidade, em Minas Gerais. Confira a programação deste domingo aqui. Na edição deste 22/07 do programa Domingo Romântico, uma produção da radialista e poeta Meimei Correa e apresentado por Luiz Alberto Machado, além de comemorar 2 mil membros parceiros no Grupo do Facebook, está com uma programação especial pra você, confira as atrações: Vladimir Mayakovski, Gianfrancesco Guarnieri, Silviane Bellato & Laura Aimbire, Antonio Abujamra, Renato Borghetti, Amy Winehouse, Fatima Guedes, Carlos Santana, Luiz Melodia, Caetano Veloso, Gal Costa, Clementina de Jesus, Chico Buarque, Elis Regina, Djavan, Milton Nascimento, Flávio Venturini, Cat Stevens, Totonho Villeroy, Jennifer Lopez, Edu Lobo, Vital Lima, Joyce e Boca Livre, Beto Guedes, MPB4, Marianna Leporace, Negra Li, Skank, Preta Gil & Luiza Possi, Roberto Carlos, Sonia Melo, Baby Consuelo, Paulo Diniz, Altemar Dutra, Dalva de Oliveira, Wilson Simonal, Roupa Nova e Claudia Leitte, Cikó Macedo & Zelinaldo, Walter Pepê, Mazinho, Marquinhos Cabral, Meninas Cantoras de Petrópolis & muito mais. Confira mais aqui.



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MARIA RAKHMANINOVA, ELENA DE ROO, TATIANA LEVY, ABELARDO DA HORA & ABYA YALA

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