ERRÂNCIAS DA
PAIXÃO - Seguia eu pelo mundo medonho com suas
feras rangentes, gente da mais lapa traiçoeira, morrendo de sede, desenganado
da vida, comendo fogo, brigando com bestas e enfermidades no alçapão. Não tinha
nada mais que esperar da vida nem de nada. Seguia eu pelo mundo medonho matando
todas as crenças para ter felicidade e matando todas as lembranças e efígies
dos band7idos valentes que desencantavam a vida das ruindades, quando eu mesmo
vivia de abismos em dédalos, dando o sangue pelas esquinas com toda a minha
riqueza menor que um gesto perdido no olhar. Não tinha nada mais que esperar da
vida nem de nada. Seguia eu pelo mundo medonho de suor, sangue, lágrimas,
arrastando os ferros da decepção contra os moinhos de vento, açoitando o tempo,
arreliando a vida, enfrentando lobos malsinados, leões irados, mordidas e males
arribando nas doedeiras dos portões fechados, das portas cerradas, todas as
léguas escondidas no sofrimento de quem perdido nas lapadas da vida, sem vintém
no bolso e só peregrino com esperança no coração já hóspede do hades. Não tinha
nada mais que esperar da vida nem de nada. Seguia eu pelo mundo medonho como um
estrangeiro na minha própria nação, amaldiçoado de todos e sem arrimo sequer,
quando certa vez do inopinado topei com ela, ponto de parada das minhas
errâncias. Topei com seus olhos vivos do reinado das limeiras de Tupar, sua
boca linda das laranjas de Babel, toda flor da beleza do seu corpo delgado de
princesa do Reino da Pedra Fina. Era a promessa da remissão e não poupei da lida
e fui devassando seu roçado, vasculhando seus segredos de rainha que eram
entregues mansa e dadivosamente a ponto de premiar com o brilhante do seu
ventre a dar-me a luz do dia e a razão da vida. Eu não dizia o seu nome, ela
não sabia de nada. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui, aqui e aqui.DITOS & DESDITOS - Nada
é permanente, salvo a mudança. A oposição produz a concórdia. Da discórdia
surge a mais bela harmonia. O caráter do homem é o seu demônio. Pensamento
do filósofo pré-socrático grego Heraclito de
Éfeso (500-450aC), considerado o Pai da Dialética e alcunhado de Obscuro. A
ele é atribuída a criação do termo Enantiodromia, cujo conceito
é o de que uma grande força
em uma direção gera uma força no sentido oposto, ou seja: a transformação de
algo no seu oposto. Este conceito foi reformulado por Carl Jung, tratando a respeito nas suas obras Civilização em Transição - Obras Completas (Vozes, 2011) e Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo
(Vozes, 2011), para ser aplicado ao inconsciente quando em conflito com os
desejos da mente consciente: Se a vida
por algum motivo toma uma direção unilateral, produz-se no inconsciente, por
razão de autorregularão do organismo, um acúmulo de todos aqueles fatores que
na vida consciente não tiveram voz, nem vez... o mal pode ser necessário para produzir o bem, e o bem possivelmente
pode levar ao mal... Também Platão
defendeu o mesmo princípio ao expressar: Tudo
surge desse modo, opostos criando opostos. Além destes, William Blake proverbiou: Excesso de pranto ri. Excesso de riso chora.
Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
ALGUÉM FALOU: Haveria
muito menos mal no mundo, se o mal não pudesse ser feito sob a aparência do
bem. Somos tão fúteis que nos importamos mesmo com a opinião daqueles que não
nos importam. Ninguém escreve como um deus se não sofreu como um cão. Na
juventude aprendemos, na velhice compreendemos. Aprender constantemente e
involuntariamente é característico do gênio. Humildade é ser invulnerável.
Pensamento da escritora austríaca Marie von Ebner-Eschenbach (1830-1916).
CINCHONA,
A LENDA DA QUINA – A
quina é uma planta da flora nativa da Cordilheira dos Andes e da Bacia
Amazônica. Em 1638 conta-se uma história de uma condessa espanhola que viaja ao
Peru para ser curada de uma doença com o uso da casca dessa árvore por
indígenas locais. Ela a chamou de “Cinchona”, um apelido em homenagem ao seu
município de origem, Chinchón. Daí derivou-se o nome científico da planta. Fato
é que, poucos anos depois, seu uso medicinal ela já era dominada pelos europeus
que foram apresentados à quina pelas descobertas jesuíticas. Quase 200 anos desde
a lenda, ela se tornou item indispensável nas farmácias inglesas e a fama da
planta foi tão difundida que, até o século XIX, ela era o tratamento mais usado
no mundo contra a malária e uma alternativa constantemente aplicada em casos de
febre, indigestão e dores de garganta. Desde o início, porém, os cientistas
observaram sua capacidade de manipulação dos efeitos no coração e a quina
começou a ser aplicada contra arritmia e outras terapias cardíacas. O
conhecimento fez com que a árvore vistosa de copa pouco densa passasse a ser
cultivada em diversos países, se desenvolvendo com eficiência em ambientes de
altitude, com 1.500 a 3.000 metros. Entretanto, já se sabe que a árvore
presente na Amazônia peruana não é a mesma encontrada no Brasil. Diversos exemplares,
também apelidados de quina, são vistos por aqui, mas não contêm na casca os
princípios antimaláricos da substância chamada de Quinina. No lugar, possuem
outros compostos químicos ainda não analisados e estudados. Sendo assim, embora
esta “família” tenha sido capaz de curar outras doenças, nem todos os seus
“membros” são portadores das mesmas propriedades medicinais. E assim como há
remédios como a aspirina que têm origem na natureza, o processo de criação de
um medicamento é delicado e demanda cuidados com os efeitos provocados. Usa-se
bastante o chá da casca da quina como a água tônica da planta.
QUILA QUINA – A vila turística de Quila Quina está
às margens do Lago Lácar, em San Martín de los Andes, área da comunidade
indígena Mapuche Curruhuinca. O Lago Lácar é cercado por mistérios e lendas
antigas. Os Mapuches ancestrais afirmam que aqui vive um ser chamado “El
Cuerito”, que parece um couro de ovelha e ataca quem se atreve a nadar nas
águas mais profundas do lago, e transita pelo Vulcão do Colorado e o Cerro
Sabana. Outra lenda é a da encosta da Colina Abanico, que se funde em calhas
vulcânicas com o Lácar. Dizem que nessas mesmas águas, em 1925, uma das
mulheres mais idosas da comunidade Curruhuinca viu de perto um peixe com cabeça
de touro e chifres dourados. Veja mais aqui.
CORSÁRIO NEGRO – [...] o Corsário curvara-se na
amurada e fitava o escaler, que as ondas afastavam e faziam oscilar
assustadoramente. Na proa, destacava-se a figura branca da jovem, olhando para
o Fulgor. Toda a tripulação precipitara-se para estibordo e acompanhava o pequeno
barco com o olhar. Cada vez mais longe, ora pulava sobre as ondas cintilantes,
ora desaparecia nos abismos das vagas, até que sumiu no horizonte tenebroso
coberto por densas nuvens negras. Os flibusteiros viraram-se apavorados para a
ponte de comando: o Corsário curvou-se lentamente e sentou-se sobre um monte de
cordas. Carmaux aproximou-se de Wan Stiller e disse-lhe pesaroso: - Olha: O
Corsário Negro está chorando! [...]. Trecho extraído da obra O Corsário Negro: Piratas Das Antilhas (Nova Cultural, 1990), do
escritor italiano Emilio Salgari (1862-1911), que conta uma história que
se passa no Caribe, durante o século XVII, envolvendo os piratas Carmaux e Van
Stiller que são resgatados pelo Fulgor, um navio pirata comandado por
Emilio de Roccabruna, conde de Valpenta e Ventimiglia, mais conhecido como
Corsário Negro, por se vestir sempre de negro. Uma vez a bordo, os homens
revelam que seu comandante, o Corsário Vermelho, irmão do Corsário Negro, fora
enforcado por ordem de Van Guld, governador de Maracaibo. O Corsário Negro
decide rumar para Maracaibo para resgatar o corpo do seu irmão. Ele recruta os
serviços de Carmaux e Van Stiller e entrega o comando do navio a Morgan, seu
imediato. Tendo capturado um guarda espanhol e conseguido a ajuda de Moko, um
hercúleo eremita africano, os flibusteiros chegam a Maracaibo. Depois de
numerosas aventuras arriscadas, o Corsário Negro consegue recuperar o cadáver
do seu irmão. Retornando a bordo, ele sepulta o corpo no mar e jura solenemente
exterminar não somente Van Guld mas toda a sua família também. O Fulgor ruma
para Tortuga, a ilha que serve como refúgio para todos os piratas do Caribe. No
caminho, os flibusteiros atacam um navio espanhol e aprisionam a jovem Honorata
Willerman, duquesa de Weltrendrem. Durante a viagem até Tortuga, o Corsário
Negro e Honorata se apaixonam. Em Tortuga, o Corsário Negro reúne os outros
chefes piratas em conselho e os convence a atacar Maracaibo. Eles planejam o
ataque cuidadosamente e logo navegam em massa para lá. O ataque é muito bem
sucedido, mas Van Guld consegue escapar com alguns homens. O Corsário Negro e
seus companheiros o perseguem pela florestas desconhecidas, onde enfrentam
animais selvagens, canibais e areia movediça. Após a perigosa jornada e vários
combates corpo-a-corpo com os soldados do governador, os piratas fazem um
ataque à fortaleza de Gibraltar. Eles conseguem tomá-la, mas novamente Van Guld
consegue escapar. De volta ao Fulgor, um dos prisioneiros informa que
Honorata é filha de Van Guld. O Corsário Negro a interroga e ela confirma sua
identidade. Dividido entre seu juramento e seus sentimentos, o Corsário Negro
toma uma terrível decisão. A história termina com o Corsário Negro observando
Honorata se afastar num bote sem remos nem provisões, abandonado no meio do oceano.
Ela permanece de pé, retribuindo seu olhar, até que o bote desaparece no
horizonte. Emilio de Roccabruna, um nobre italiano, e seus dois irmãos, os
Corsários Verde e Vermelho, se tornam filibusteiros e saem em busca de vingança
para a morte do irmão mais velho, que foi traído por Wan Guld, o duque holandês
que governa a principal colônia espanhola no Golfo do México, Maracaíbo. Depois
de ser obrigado a sepultar no mar os seus dois irmãos mais jovens, mortos pelo
mesmo Wan Guld, o Corsário Negro se alia a outros piratas e dá início a uma
aventura que vai levar o leitor a atravessar batalhas marítimas, tempestades e
muitas outras situações inesperada. É noite no mar do Caribe. Carmaux e Wan
Stiller, dois flibusteiros que pertenciam ao bando do Corsário Vermelho,
escapam de uma cilada e são recolhidos pelos tripulantes da nave do Corsário
Negro. Informado por eles que, da mesma forma que o outro irmão, o Corsário
Verde, foi morto por Wan Guld, e indignado ao saber que ele foi enforcado e que
o seu corpo está exposto na praça da cidade, sofrendo todo tipo de humilhação,
o Corsário Negro, senhor de Ventimiglia, organiza uma ousada expedição para
resgatar o corpo e sepultá-lo no mar. Com a ajuda do encantador de serpentes,
Moko, um negro hercúleo que conhece a região como ninguém, os três flibusteiros
recuperam o corpo do Corsário Vermelho e se envolvem em todo tipo de perigo,
até serem bem-sucedidos em uma fuga espetacular. A bordo de sua nave, a
Folgore, o Corsário Negro realiza o sepultamento do irmão no mar e faz o
juramento de não descansar até vingar a morte dos irmãos, liquidando o
governador e exterminando a sua descendência. Na volta para a sua base na Ilha
da Tortuga, o Corsário Negro é atacado por uma nave espanhola que navegava para
Maracaíbo. Depois de uma batalha, os flibusteiros capturam a nave, libertam os
últimos sobreviventes e levam como refém para a sua ilha a jovem duquesa
flamenga que estava sendo levada pelos espanhóis a Maracaíbo, para trocá-la por
um resgate.
O PRIMEIRO SORRISO - No
alvo berço mimoso / feito de vimes trançados, / sobre os folhos rendilhados / do
travesseiro sedoso, / o pequenito dormia / qual entre as plumas do ninho / dorme
o tenro passarinho / ao findar de um belo dia. / Ao lado a mãe cuidadosa / o
brando sono espreitando, / como a rola carinhosa / ao pé do ninho pousando, / fitava
o meigo semblante / do anjo seu adorado / qual fita o lírio no prado / a linda
estrela brilhante. / E o pequenito dormia / tão ledo... talvez sonhasse, / talvez
su'alma vagasse / n'aquele céu que entrevia. / Leve, leve a mãe cuidadosa / na
pura fronte infantil / pousando a boca amorosa / estampa um beijo subtil. / Os
sonhos voam, fugindo, / foge á terra o Paraiso; / desperta o anjo sorrindo... /
era o primeiro sorriso! Poema da escritora e professora Delminda
Silveira de Sousa (1856-19320
A ARTE DE BEATRICE WOOD
A arte da pintora e ceramista
estadunidense Beatrice Wood
(1893-1998).
PROGRAMA
DOMINGO ROMÂNTICO – O programa Domingo
Romântico que vai ao ar todos os domingos, a partir das 10hs (horário
de Brasilia), é comandado pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio
Cidade, em Minas Gerais. Confira a programação deste domingo aqui. Na edição deste 22/07 do programa
Domingo Romântico, uma produção da radialista e poeta Meimei Correa e apresentado por Luiz Alberto Machado, além de comemorar 2
mil membros parceiros no Grupo do Facebook, está com uma programação especial
pra você, confira as atrações: Vladimir Mayakovski,
Gianfrancesco Guarnieri, Silviane Bellato & Laura Aimbire, Antonio Abujamra, Renato Borghetti, Amy Winehouse, Fatima Guedes, Carlos Santana, Luiz
Melodia, Caetano Veloso, Gal Costa, Clementina de Jesus, Chico Buarque, Elis
Regina, Djavan, Milton Nascimento, Flávio Venturini, Cat Stevens, Totonho
Villeroy, Jennifer Lopez, Edu Lobo, Vital Lima, Joyce e Boca Livre, Beto
Guedes, MPB4, Marianna Leporace, Negra Li, Skank, Preta Gil & Luiza Possi,
Roberto Carlos, Sonia Melo, Baby Consuelo, Paulo Diniz, Altemar Dutra, Dalva de
Oliveira, Wilson Simonal, Roupa Nova e Claudia Leitte, Cikó Macedo &
Zelinaldo, Walter Pepê, Mazinho, Marquinhos Cabral, Meninas Cantoras de
Petrópolis & muito mais. Confira mais aqui. 




