Ao som do álbum Vivenda
(2016), da pianista, cantora e compositora, Abelita Mateus.
Janeiro devora o canto
na casca da loucura... - Contei os dias nos dedos e as
horas eram tons dissolvidos pela lógica dos equívocos. Nada não, tivesse mais
tempo, muito se falava disso e daquilo: o olhar desceu, vidas em sorteio e as
almas subiram aos zis tons do azul escurecido. O poeta agonizou num buraco
fétido sob as patas fagulhantes das togas e armas festejando monstros galegos e
embotadas trupes fanáticas. Tudo suspenso: caça às bruxas, embates de ódio,
delírios perturbadores, ameaças desonestas, sinecuras, menoscabos e o perigo
devastador. Vão pro inferno! Pra seu governo: o mundo não acaba agora, mesmo
que tudo se esboroe e os vivos moucos sejam maioria, os vivos ocos sejam multidões.
Quantos descaminhos, estranhos desvios. Estamos todos doentes e nunca fui
América porque o dinheiro quer matar & eu quero viver, sou Abya Yala. Por
mais que eu erga a voz a toada quase última tremula no peito em chamas entre
vindimas e necedades. Já não sou quem quisesse por pequenas canções às vaias e
assobios, o coração no prato e a noite morrendo ao revelar o que de penhasco se
fez mar profundo. Vacilava nas dobras do clarão, nem se preservava da queda -
tesouros desperdiçados, se fosse ouro restavam cinzas, dunas de sonhos
soterrados, a sorte desertara como quem deixava um sorriso pendurado no portão.
Só sei que vivo e ouço as horas arrefecerem vadias, porque o poeta já morto bebe
a vida e lá bem longe nem se via o que tão perto se mostrou. Não me dobrei nem
venci, ninguém viu minha agonia. O que veio à tona de nada vale, os bons grãos na
longa lua entre poças e fendas. Revolvia quarentantanos pelos zis dentes da
solidão - quisesse o céu e as escolhas me alçavam ao desespero. Segui o mirante
dos redemoinhos – eram dias feitos musgos ao vento róseo de maios: tivesse
sonhos varando o dia a catar um lugar que fosse e lá não houvesse rancor ou
suspeita, nem os degraus ensopados de espera e saudades de ontens das mil
chuvas outonais, nomes esquecidos e as mãos nas despedidas crepusculares. O
tempo deixou confusos pesadelos, eu próprio os criei e era minha vez de varar a
noite exorcizando remorsos. Já estava feito e à falta de alguém mais, a vida
sempre foi melhor, mesmo que atravessasse o cheiro de sangue empestando o
terraço de um céu distante, sou mais feliz invisível no passeio de indiferentes
transeuntes e a irritação da gritaria geral, a língua de fora e o pé ligeiro na
despudorada vertigem da emoção, a luta quixotesca e não pedia ajuda jamais, não
escondia a dor, sou indesculpavelmente humano demais, um fraco pela própria
natureza. Se eu fosse fogo acendia e a morte que se danasse nos versos de pés
quebrados. Setígono vai por onde voo! Até mais ver.
Germaine Greer: A solidão nunca é mais cruel do que quando é sentida em estreita propinquidade com alguém que deixou de se comunicar... Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.
Meg Cabot:
A vida é curta. Se você não tentar coisas novas, nunca saberá no que é
melhor. E você só pode arranjar tempo para coisas novas desistindo das coisas
que você sabe que não funcionam para você... Veja mais aqui, aqui &
aqui.
Katharine Ross:
Se o céu se abrisse de repente, não haveria lei, não haveria regra. Haveria
apenas você e suas memórias, as escolhas que você fez e as pessoas que você
tocou... Veja mais aqui.
DESCONHECIDO
Imagem: Acervo ArtLAM.
Veja mais aqui.
Obviamente, não sou
como \ Nenhum desses tecelões de palavras \ Que tecem seus ternos e suas
carreiras \ Sua glória e seu orgulho, \ Embora eu me misture a eles \ E eles
olham minhas palavras como se fossem \ suéteres: \ "Como você está bem
vestida!" eles dizem; \ "Esse poema fica tão bem em você!" \ Sempre
inconsciente \ Que os poemas não são minhas roupas, \ Mas meus ossos - \ Dolorosamente
extraídos \E colocados em volta da minha carne como uma concha, \ Seguindo o
exemplo das tartarugas \ Que conseguem sobreviver assim \ Por longos e
infelizes \ séculos.
Poema da escritora e
ensaísta romena Ana Blandiana (Otília Valeria Coman), autora de obras
como: Persoana întâia plural (1964), Poeme (1974), Stea de
pradă (1986), Arhitectura valurilor (1990), Soarele de apoi (2000)
e Pleoape de apă (2010), entre outros.
BELO MUNDO, ONDE VOCÊ
ESTÁ? - [...] Talvez tenhamos nascido para amar e nos preocupar com as pessoas que
conhecemos, e continuar amando e nos preocupando mesmo quando há coisas mais
importantes que deveríamos estar fazendo. E se isso significa que a espécie
humana vai morrer, não é de certa forma um bom motivo para morrer, o melhor
motivo que você pode imaginar? Porque quando deveríamos estar reorganizando a
distribuição dos recursos do mundo e fazendo a transição coletiva para um
modelo econômico sustentável, estávamos nos preocupando com sexo e amizade.
Porque nos amávamos demais e nos achávamos interessantes demais. E eu amo isso
sobre a humanidade, e na verdade é a razão pela qual torço para que sobrevivamos
- porque somos tão estúpidos uns com os outros. [...]. Trecho extraído da obra Beautiful World, Where Are
You
(Farrar, Straus and Giroux, 2021), da escritora e roteirista irlandesa Sally
Rooney, que no seu livro Normal People (Crown, 2020), ela expressou
que: […] Ninguém pode ser completamente independente de outras
pessoas, então por que não desistir de tentar, ela pensou, correr na outra
direção, depender das pessoas para tudo, permitir que elas dependam de você,
por que não? [...] A vida oferece esses momentos de alegria apesar
de tudo [...].
Já na sua obra Conversations with Friends (Faber et Faber, 2018), ela
considerou que: […] Gradualmente,
a espera começou a parecer menos uma espera e mais como se a vida fosse
simplesmente isso: as tarefas perturbadoras realizadas enquanto aquilo que você
está esperando continua não acontecendo. [...] Percebi que minha vida seria cheia de
sofrimento físico mundano, e que não havia nada de especial nisso. O sofrimento
não me tornaria especial, e fingir não sofrer não me tornaria especial. Falar
sobre isso, ou mesmo escrever sobre isso, não transformaria o sofrimento em
algo útil. [...].
O FIM DA LITERATURA - [...]
a literatura vai caminhando para o seu fracasso, a literatura uma forma de
arte. Infelizmente, acredito que sim. Primeiro, o mundo mudou de uma maneira
incrível, e as pessoas não conseguem prestar atenção no tempo. Uma coisa que me
chocou aqui no Brasil, por exemplo, foram as notícias sendo noticiadas pela
televisão, percebi que são poucas e muito rápidas, apresenta-se uma, depois vêm
logo os comerciais. [...] Conseguimos concentrar-nos, mas isso está a
desaparecer. Por enquanto, há ainda os que prestam atenção e são capazes de
estar ali uma hora sentados a ouvir do professor. Mas ainda percebemos que, nas
escolas, o professor tem que inventar maneiras de cativar os estudantes. O que
é horrível, quer dizer, a escola poderia ser um lugar onde os alunos também
estivessem confortáveis e eu penso que tendem a estar cada vez menos, além
disso, há muitos profissionais formados em cursos de Letras, por exemplo, mas
que nem mesmo gostam de ler. [...]. Pensamento da escritora portuguesa Teolinda
Gersão, expresso no estudo Pesquisas e processos criativos - entrevista
com a escritora portuguesa contemporânea Teolinda Gersão (Unimontes/Convergência
Lusíada, 2024), de Marcio Jean Fialho de Sousa. Veja mais aqui, aqui &
aqui.
FERNANDO SPENCER
[...] O que marca o
Cinema de Arte é determinada intenção numa programação consciente visando a uma
destinação cultural, uma instituição procurando ser um veículo cultural e
contribuindo, como mercado especializado, para desenvolver o próprio mercado
normal de exibição e distribuição. [...].
Trecho extraído da matéria
Cinema de Arte Coliseu começará quarta-feira com “O Homem do Prego” (Diário
de Pernambuco, 26 de fevereiro de 1967), do cineasta, crítico, jornalista e
programador Fernando Spencer, destacando-se aqui o livro Fernando
Spencer: O Crítico-Cineasta das Mil Faces (Fasa, 2023), dos professores e
pesquisadores Alexandre Figueirôa e Cláudio Bezerra, resultado do projeto de
pesquisa A produção jornalística e cinematográfica de Fernando Spencer e sua
contribuição à cultura audiovisual em Pernambuco (FICEPE-Unicap/Intercom –
Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação - 42º
Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Belém, 2019), destacando a
contribuição do patrimônio vivo e pioneiro do cinema no estado, para o campo da
comunicação pernambucana em sua dimensão histórica e social. Veja mais aqui
& aqui.
ITINERARTE – COLETIVO
ARTEVISTA MULTIDESBRAVADOR
Veja mais sobre MJ
Produções, Gabinete de Arte & Amigos da Biblioteca aqui.
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Literatura Indígena: Cosmovisões & Pela Paz aqui & aqui.
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