DO POSSÍVEL AO IMPOSSÍVEL DA REALIZAÇÃO – Imagem: The greatness of the madness, da
escultora, pintora, desenhista e gravadora Ana
Maria Pacheco – Há sempre escolhas. Ou acerta a mão, ou erra o prumo. Criar
é inventar o impossível em território inóspito. Pra quê? Nada, gratuita vida,
inútil existência. Acertar ou errar, cara ou coroa. Vale a intuição esbanjando
ideias que se misturam umas as outras e se perdem diluídas a esmo. A transpiração
traça contornos indecifráveis, até modelar a forma no irreconhecível por poses
inadvertidas, closes intratáveis e a viga do pensamento a dilatar bordas e
margens instransponíveis, dissecando beiras que rasgam flancos e estouram redomas,
entornam lágrimas e risos a sobrepujar nivelações que insistem limitar, e
soltam meios, rompem veias a exorcizar demônios indômitos, a decifrar enigmas e
contradições que vão além do bem e do mal, o visível que se esconde pro
invisível se mostrar fora do alcance das mãos, sofreando devaneios escapáveis
aos dedos, inacessível à compreensão, alma lavada na catarse. Nunca será
demais, nem pelo menos. Daí pra concretizar, uma longa e tortuosa estrada, a
perder de vista. Pra quem já se perdeu tantas vezes, uma a mais até que agrada
e serve. Pra quem naufragou o tanto de muitos, nada demais asfixiar no fundo de
cacimba, água emergente já ao pescoço agoniado. Entre erros e sobressaltos, tudo
pronto, não há plateia: outros compromissos ou deram as costas. É falar pras
paredes e fantasmas que perseguem a caçoar o caminho de mais um fracasso aos
destroços inevitáveis. Nada demais, tão vazio quanto o copo cheio de ar pras
escolhas de quem não vai nem vem. Daqui prali o triz, talvez uma eternidade,
como a noite pra solidão, dia de fome. Pra quem não sabe adiante, antes o
primeiro passo e foi. Um após outro, qualquer chegada, ou partida. Vale o que
foi feito sem olhar pra trás, nem distinguir o leste do oeste. Feito e pronto,
resultado das escolhas. Agora é só fazer um novo, ou refazer, tanto faz. Quanto
vale? O olhar de quem não viu. Só o feito, nada mais. © Luiz Alberto Machado.
Veja mais aqui.
ESPIRITUALIDADE DE SOLOMON
[...] Que a vida tenha
ou não um sentido – seja o que for que pensemos que ela significa –, nós
fazemos sentido por intermédio de nossos compromissos. [...] não somos
nós os únicos autores de nossas vidas ou das circunstâncias das nossas vidas,
e, sem negar o papel do acaso – e da pura sorte (boa ou má) –, nossos futuros
são em sua maior parte estabelecidos antes de nós. [...].
Trechos extraídos da obra Espiritualidade para céticos: paixão, verdade cósmica e racionalidade
no século XXI (Civilização Brasileira, 2003), do filósofo estadunidense Robert C. Solomon (1942 -
2007).
Veja
mais sobre:
Divagando
na bicicleta, Onde andará Dulce Veiga de Caio Fernando Abreu, A geometria de Euclides de Alexandria, O teatro e seu espaço de Peter Brook, a música de Billie Myers, a fotografia de Alberto Henschel, a pintura de Jörg Immendorff & Oda Jaune aqui.
E mais:
O
espelho de João Guimarães Rosa aqui.
Brincarte
do Nitolino, Menino antigo de Carlos Drummond de Andrade, Platero e eu de Juan Ramón Jiménez, a pintura de Cândido Portinari & Jamilton Barbosa
Correia, a música de Egberto Gismonti, Família composta de Domingos Pellegrini,
O contador de histórias, o cinema de Luiz Villaça & Maria de Medeiros aqui.
Tempo
& expressão literária de Raúl H.
Castagnino & Totem e Tabu de Sigmund Freud aqui.
A
retórica de Olivier Reboul, Ação Cultural & O Clima Bom de Jorge Calheiros aqui.
Fonte
& Crônica de amor por ela, O jardineiro do amor de Rabindranath
Tagore, Escritos de um louco de Antonin
Artaud, Mal-estar na civilização de Sigmund Freud, O homem que calculava de Malba Tahan, Amen de
Costa-Gavras, a pintura de Vincent
van Gogh, a música de Fátima Guedes, Cia de Dança Lia Rodrigues, Projeto
Escola & Brincarte do Nitolino aqui.
Poemas
de Konstantínos Kaváfis, Mulheres de
Charles Bukowski, Investigação sobre o entendimento de David Hume, a música de Brahms & Viktoria Mullova, O sentido e a
máscara de Gerd Bornheim, o cinema de
Imanol Uribe, a arte de Monica
Fernandez, a fotografia de Taylor-Ferné Morris, Academia Palmarense de Letras
(APL), Velta & Emir Ribeiro aqui.
Que
coisa! Quando eu ia, todos já voltavam, As estruturas sociais da
economia de Pierre Bourdieu, Os diários de Sylvia Plath, Redes e movimentos sociais de Maria Ceci Misoczky, A
gaia ciência de Friedrich Nietzsche, Vulnerabilidade social de Laura Maria
Pedrosa de Almeida, Gravidez na Adolescência, a música de Coeur
de Pirate, a arte de Luciah Lopez, O feitiço do amor & Quando algo
der errado, não adianta chilique: cada um aprende mesmo é com suas escolhas aqui.
No reino
da competição todo mundo tem de ser super-homem – o ser humano não é nada, As causas
da pobreza de Simon Schwatzman, A crise na educação de Hannah
Arendt, Silvia de Abraham B. Yehoshua, Aprender a suportar o equívoco de
Clemencia Baraldi, a música
de Ernesto Nazareth & Teresa Madeira, A gaia ciência de Friedrich Nietzsche,
a pintura de Arturo Souto, a arte de Mikalojus Konstantinas
Ciurlionis & a primeira paixão de Ximênia aqui.
O que
deu, deu; o que não deu, paciência, fica pra outra, O fim
da modernidade de Gianni Vattimo, A emoção e o comportamento de Jean- Paul Sartre, Os ratos de Dyonélio
Machado, A gaia ciência de Friedrich Nietzsche, a música de Laurence Revey, Neurofilosofia
& Neurociência cognitiva, a pintura de Fernando Rosa, a fotografia de Faisal
Iskandar, a arte de Jonas Paim & O sisifismo na segunda de outra semana aqui.
&
O PRÓXIMO DE LARKIN
Sempre muito ávidos quanto ao futuro, em nós
a
Expectativa é uma atitude perniciosa.
Algo está sempre vindo em nossa trajetória;
Sempre dizemos até agora,
Algo está sempre vindo em nossa trajetória;
Sempre dizemos até agora,
Vendo de uma garganta a ínfima, clara frota
De esplêndidas promessas vindo em nossa rota.
Como são lentas! como tardam, as promessas,
Se recusando a andar depressa! —
De esplêndidas promessas vindo em nossa rota.
Como são lentas! como tardam, as promessas,
Se recusando a andar depressa! —
E ainda nos deixam com o raminho deplorável
Da decepção, porque, se bem que nada entrave o
Grande final, pendendo, todo o bronze em frisos,
Todos os cordames precisos,
Da decepção, porque, se bem que nada entrave o
Grande final, pendendo, todo o bronze em frisos,
Todos os cordames precisos,
Com as bandeiras, a carranca e as tetas de
ouro
Arqueando-se pra nós, passam o ancoradouro;
Nem bem presentes, viram passado. Confiantes
Até os últimos instantes,
Arqueando-se pra nós, passam o ancoradouro;
Nem bem presentes, viram passado. Confiantes
Até os últimos instantes,
Achamos que irão fundear e deixar a carga
De tudo o quanto é bom em nossa vida, em paga
De toda a espera tão paciente ano após ano —
É aí que está o nosso engano:
De tudo o quanto é bom em nossa vida, em paga
De toda a espera tão paciente ano após ano —
É aí que está o nosso engano:
Um único navio está a caminho, só que
Estranho, as velas negras, trazendo a reboque
Um silêncio vasto e sem aves. Em suas águas,
Não brotam nem rebentam vagas.
Estranho, as velas negras, trazendo a reboque
Um silêncio vasto e sem aves. Em suas águas,
Não brotam nem rebentam vagas.
Poema O próximo, por favor, extraído da obra Colected poems (Faber
& Faber , 2003), do poeta inglês Philip
Larkin (1922-1985).
DIÁRIO DAS CRIANÇAS DO VELHO QUARTEIRÃO
Pôster
da peça teatral Diário das Crianças do Velho Quarteirão, do ator, diretor,
dramaturgo, escritor e compositor Mário Bortolotto, contando a história de um círculo amoroso
envolvendo um saxofonista, um autor de histórias em quadrinhos e uma mulher que
não se prende a nenhum deles, destaque para a atriz Renata Gaspar.
DANI
OLIVIER
A arte do fotógrafo francês Dani Olivier.