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domingo, janeiro 11, 2015

ANN BRASHARES, AUDRE LORDE, AURÈLIA CAPMANY, LOUJAIN ALHATHLOUL & ISABEL ALLENDE

 


CAPMANY: AS CEM MIL FACES DA LIBERDADE - Barcelona era o seu chão, sua alma, sua vida. Tudo nela catalã desde o intelectual avô ao pai folclorista amante da ópera e da biblioteca. Da infância aos estudos de filosofia e a docência até vidraceira gravadora: Ensinaram-nos a pensar, a organizar o conhecimento, a dizer a verdade, a sentir -somos responsáveis para cada um dos nossos atos... Nos atentados sobre Barcelona ela serviu como voluntária no Lar Sueco-Catalão de Teià. De uma pequena loja herdada La Rambla, não quis saber do ofício de cesteiro: interessava-se pelo ativismo cultural. E percorreu o país encantada com as canções e contos folclóricos, a primeira escrita do Necessitem morir. Veio então a Escola de Arte Dramática Adrià Gual e Barcelona é ela, a mulher que lia avidamente, bebia e fumava compulsivamente, tecia e desfazia amizades e relacionamentos amorosos, esticava a noite com discussões intermináveis, exercia com paixão e rigor as calúnias, rigorosa nas tramas e adivinhação das conspirações. Deu-se então El cel no és transparente e, depois, Com una mà. E veio L'altra ciutat, Tana o la felicitat, o apogeu com Betúlia, El gust de la pols e mais Ara e Traduït de l'americà. Virava a década e com ela Tu i l'hipòcrita, El gust de la pols, La pluja als vidres, La dona a Catalunya: consciència i situació e El desert dels dies. E ainda tinha que escrever quantos artigos, ensaios, roteiros, recuperar a memória, traduzir, presidir instituição e tornar-se vereadora sob o alerta: “Você vai estragar a sua imagem!”. E surgiram Un lloc entre els morts, Vent de garbí i una mica de por, Feliçment, jo sóc una dona e Un lloc entre els morts. Outra década no calendário, todas as lutas de uma insurgente e ao depor diante de acusações: No nosso futuro e em na nossa escola caberão todos, porque a língua catalã será um nexo de união e nunca de separação... Aquele intelectual que não sabe que é um trabalhador cultural, nada sabe e não é ninguém... E vieram Vitrines d'Amsterdam, os dois volumes de Pedra de toc, Cartes impertinents de dona a dona, Numnius Dexter Optatur - Papa de Roma, Quim-Quima, El jaqué de la democracia, L'ombra de l'escorpí e El cavaller Tirant. Mais uma década e lá estava ela polifacética, libertária, polêmica, plural, teimosa, tímida – uma personagem que não se encontra, a resistência do feminismo em pessoa: Á vida é muito curta para desempenhar todos os papéis. E mais vieram: Vés-te'n ianque, Coses i noses, Tirant lo Blanc, Dietari de prudències, Lo color més blau, Mala memória, El cap de Sant Jordi, Fumar o no fumar: vet aquí la qüestió e Això era i no era. Adaptável e resistente a cada sol que entrava pela janela. E ria com a lembrança dos cesteiros familiares, preferia um pouco mais de felicidade agora em vez de uma grande dignidade daqui a cem anos: Quando eu digo sim, é sim, e quando eu digo não, é não. E o ocaso noutra década: Aquelles dames d'altres temps e póstuma De veu a veu: contes i narracions. A atriz, a escritora, a dramaturga, a professora, a filósofa e antifranquista, todas uma só e aos goles a profusão de contar muitas vezes e cada qual diferente da outra. Vá em frente, tenho cem mil imagens! E traçou as cem mil linhas de sua resistência, do seu compromisso, da sua liberdade. E envolveu-se em todos os incêndios e o fogo todas as vidas e a vida.

 


AS CEM MIL FACES DE CAPMANY - Uma mulher capaz de prazer pode tornar-se rebelde, pode trair o seu dono e senhor, pode procurar esse prazer longe do leito conjugal, pode contornar o domínio do homem e dar-lhe descendência ilegítima para zombar e fraudar a sacrossanta lei da herança. O que é certo é que eles vão lutar contra a norma. Já era hora. A primeira armadilha em que as mulheres caíram desde o momento em que tentaram as suas revoltas libertadoras é aceitar que ela é de uma certa maneira (a chamada maneira feminina de ser) contra outro modo (o chamado masculino), que é, para ser franco, o dominante. Esta formulação da feminilidade como um facto diferencial negativo é o princípio da sua alienação. A mulher não conseguirá nada se não entender e aceitar que a sua luta não é uma luta a favor da mulher, mas a favor de uma pessoa oprimida, usada, tratada injustamente, e justamente por isso, quando ela atingir esta convicção, fará causa comum com todas as justas demandas da terra, trabalhistas, nacionais, raciais. Pensamento da escritora, dramaturga e ensaísta catalã Maria Aurèlia Capmany i Farnés (1918-1991). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOS - Silêncio antes de nascer, silêncio depois da morte: a vida nada mais é do que ruído entre dois silêncios insondáveis. Só temos aquilo que damos. Você é o contador de histórias da sua própria vida e pode criar sua própria lenda ou não. Escreva o que não deve ser esquecido. A verdadeira amizade resiste ao tempo, à distância e ao silêncio. Pensamento da escritora chilena Isabel Allende, que na sua obra City of the Beasts (HarperTrophy, 2004), expressa que: […] Quanto mais vivo, mais desinformado me sinto. Só os jovens têm explicação para tudo. [...] As palavras não são tão importantes quando você reconhece intenções. [...]. Também noutra obra The House of the Spirits (Atria, 2014), expressa: […] Você não pode encontrar alguém que não queira ser encontrado. [...] Às vezes sinto como se já tivesse vivido tudo isso antes e já tivesse escrito estas mesmas palavras, mas sei que não fui eu: foi outra mulher, que guardou seus cadernos para que um dia eu pudesse usá-los. Escrevo, escreveu ela, que a memória é frágil e o espaço de uma única vida é breve, passando tão rápido que nunca temos oportunidade de ver a relação entre os acontecimentos; não podemos avaliar as consequências dos nossos atos e acreditamos na ficção do passado, do presente e do futuro, mas também pode ser verdade que tudo acontece simultaneamente. ... Por isso a minha Avó Clara escrevia nos seus cadernos, para ver as coisas na sua verdadeira dimensão e para desafiar a sua fraca memória. [...]. Já na sua obra Of Love and Shadows (Atria, 2014), também expressa: […] Para as mulheres, os melhores afrodisíacos são as palavras. O ponto G está nos ouvidos. Quem procura lá embaixo está perdendo tempo. […]. Por fim, autora da frase: Escrever é um processo, uma viagem à memória e à alma... Veja mais aqui.

 

ALGUÉM FALOU: Quais ações são excelentes? Fortaleça o coração do ser humano, alimente os enfermos, ajude os enfermos, alivie dores dolorosas e remova a dor das feridas. A melhor riqueza é a riqueza da alma. Pensamento da ativista saudita Loujain Alhathloul. Veja mais aqui e aqui.

 

IRMANDADE DAS CALÇAS VIAJANTES - [...] Talvez a verdade seja que há um pouco de perdedor em todos nós. Ser feliz não é ter tudo perfeito na sua vida. Talvez seja sobre juntar todas as pequenas coisas. [...] Talvez, às vezes, seja mais fácil ficar bravo com as pessoas em quem você confia, porque você sabe que elas sempre amarão você, não importa o que aconteça. [...] Hoje é o amanhã com o qual nos preocupamos ontem. [...]. Trechos extraídos da obra The Sisterhood of the Traveling Pants (Ember, 2003), da escritora estadunidense Ann Brashares, que na obra My Name Is Memory (Riverhead, 2011) expressou: […] Ame quem você ama enquanto você os tem. Isso é tudo que você pode fazer. Deixe-os ir quando for necessário. Se você sabe amar, nunca vai acabar. [...] O amor exige tudo, dizem, mas o meu amor exige apenas isto: que não importa o que aconteça ou quanto tempo demore, você manterá a fé em mim, se lembrará de quem somos e nunca sentirá desespero. [...] Eu fiz a busca e a lembrança, ela fez o desaparecimento e o esquecimento [...]. Também na obra Forever in Blue: The Fourth Summer of the Sisterhood (Ember, 2008), ela expressa: […] Os pais eram os únicos obrigados a amar você; do resto do mundo você tinha que merecê-lo [...] algumas pessoas se apaixonam continuamente, enquanto outras só conseguem fazer isso uma vez. [...]. Veja mais aqui e aqui.

 

UMA MULHER FALA - Lua marcada e tocada pelo sol \ minha magia não está escrita\ mas quando o mar volta\ isso deixará minha forma para trás.\ Eu não busco nenhum favor\ intocado pelo sangue\ implacável como a maldição do amor\ permanente como meus erros\ ou meu orgulho\ eu não misturo\ amor com pena\ nem odeio com desprezo\ e se você me conhecesse\ olhe para as entranhas de Urano\ onde os oceanos agitados batem.\ eu não moro\ dentro do meu nascimento nem das minhas divindades\ que não tem idade e está meio crescido\ e ainda buscando\ minhas irmãs\ bruxas em Daomé\ me use dentro de seus panos enrolados\ como nossa mãe fez\ luto.\ eu fui mulher\ por muito tempo\ cuidado com meu sorriso\ Eu sou traiçoeiro com magia antiga\ e a nova fúria do meio-dia\ com todos os seus amplos futuros\ prometido\ Eu sou\ mulher\ e não branco. Poema da escritora e ativista caribenha-americana Audre Lorde (1934-1992). Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui

 

SACADOUTRAS

 

UMA LIÇÃO DE MULHER – No início dos anos 1900, Mary Whiton Calkins (1863-1930) teve sua matrícula recusada pela Harvard University e teve seu Ph.D. recusado por ser mulher, mesmo tendo sido seus estudos de doutoramento considerado o mais brilhante exame de Ph.D até então realizado em Harvard que só , sete anos depois, ela recebeu a graduação da Radcliffe College pela Havard, colégio esse criado pela própria universidade para oferecer cursos para mulheres. Ela, então, recusou porque havia atendido as exigências da Harvard, não do colégio. A razão da restrição era a crença generalizada na chamada superioridade intelectual masculina, considerando as deficiências intelectuais femininas inatas que não permitiam que tirassem proveito dos benefícios. Grande parte do mito da superioridade intelectual do homem surgiu da chamada hipótese da variabilidade, baseada nas teorias de Darwin a respeito da variabilidade masculina: o cérebro masculino seria mais evoluído do que o feminino. Por isso, a mulher era considerada inferior ao homem, tanto nas qualidades mentais como nas físicas necessárias para se obter êxito na adaptação às exigências do ambiente. Além do mais, havia uma teoria popular de que as mulheres sofriam de danos físicos e emocionais, bem como de que as suas condições biológicas colocavam em risco a maternidade se elas fossem cursar níveis de educação superior. Enfim, Calkins obteve uma graduação honorária da Columbia University e sua experiência é um exemplo da discriminação sofrida pelas mulheres que almejavam a educação superior, condição que persistiu até o século XX. Contudo, ela foi a primeira mulher a tornar-se presidente da Associação de Psicologia Americana, em 1907, e desenvolveu a técnica de associação dos pares, usada no estudo da memória, contribuindo de forma significativa e duradoura para a psicologia. Veja mais aqui e  aqui

Imagem: Diana, fragmento destacado da obra do pintor do maneirismo italiano Girolamo Francesco Maria Mazzola (1503-1540), mas conhecido como Parmigiano. Veja mais aqui.

Ouvindo: Geraldo Azevedo ao vivo, Geração/BMG Ariola, 1994. Veja mais aqui e aqui.

OSWALD DE ANDRADE – Em fins dos anos 1980, já de saco cheio com as aulas do curso de Letras, resolvi, por conta própria, dar continuidade aos estudos que eu já havia começado por volta dos meus 15 anos: estudar a Literatura Brasileira mais a fundo. Foi quando comprei livros e livros de História da Literatura (os de Carpeaux, Manuel Bandeira, Silvio Romero, Afranio Coutinho, Wilson Martins, Nelson Werneck Sodré e outros e outros), estudando, assim, cada autor e lendo suas obras. Leituras de anos. Quando cheguei no Oswald de Andrade (1890-1954), nossa, fiquei admirado! E fui lendo um a um dos seus livros. Cada leitura um êxtase especial. Ficou o Memórias sentimentais de João Miramar, com a pregação e disputa do natural das Américas aos sobrenaturais de todos os orientes: - Tudo é tempo e contratempo! E o tempo é eterno. Eu sou uma forma vitoriosa do tempo, em luta seletiva, antropofágica. Com outras formas do tempo: moscas, eletroéticas, cataclismas, polícias e maribondos! Ó criadores das elevações artificiais do destino eu vos maldigo! A felicidade do homem é uma felicidade guerreira. Tenho dito. Viva a rapaziada! O gênio é uma longa besteira! E também ficou o Música de manivela do Pau-Brasil: Sente-se diante da vitrola / e esqueça-se das vicissitudes da vida / na dura labuta de todos os dias / não deve ninguém que se preze / descuidar dos prazeres da alma. Veja mais aqui, aquiaqui.

SÉRGIO PORTO, O STANISLAW PONTE-PRETA – Do Sérgio Porto – leia-se Stanislaw Ponte Preta -, li tudo: o homem do lado, primo Altamirando, Rosamundo, Ria Zulmira, a casa demolida, garoto linha dura, as cariocas, na terra do crioulo doido e, sobretudo, os Febeapás 1 e 2. Confesso que eu sou desse autor um xexéu xucro: influência a ponto de copiar com a maior incapacidade de alcançar o talento dele. Destaco o Era covardia, do Primo Altamirando e elas: Tem sogra até boazinha, que faz o chamado biombo conjugal, isto é, fica aparando os golpes da gente para que a filha não se chateie. O cara some, não aparece pro jantar e a sogra, morando nas aflições da filha, inventa enredo para que ela não dê bronca, aventando hipóteses tais como plantão no escritório, pneu do carro furado, falta de condução e outras desculpas próprias par amenizar a raiva da esposa aflita que vê afrouxar o chamado lado conjugal [...] Ontem lá estivemos, frente ao juiz, servindo de testemunha no processo de anulação do casamento. Jandira, a que suou a camisa nº 11 no time de Primo Altamirando, estava triste, pois adorava o marido (consta que Mirinho tem truques pra mulher que até Deus duvida). Mas a sogra estava mais furiosa que a torcida do Madureira. E tudo porque a separação foi proposta justamente depois do dia em que ela saiu no tapa com o padeiro e Mirinho assistiu a sogra apanhar uma surra bizantina, impávido e – por que não dizer – um tanto ou quanto eufórico. Aliás, o juiz resolveu anular o casamento, por causa desse episódio, revoltado com o cinismo de nosso nefando parente. – O senhor viu sua sogra levar uma surra do padeiro e não ajudou? – quis saber o magistrado. – Não, excelência – respondeu Mirinho. – E por que não ajudou? – estranhou o juiz. – Porque não ficava bem, dois homens batendo numa velha só. Veja mais aqui e aqui.

Imagem: Hypátia antes de ser morta na igreja, pintura de Charles William Mitchell, 1885.

HYPATIA DE ALEXANDRIA – A filósofa neoplatonista grega e do Egito Romano, Hypatia de Alexandria (350-415 d.C.), foi a primeira mulher a lecionar filosofia e astronomia e considerada matemática. Ela era ascética e virgem – o seu corpo,para ela, deveria ser sua exclusiva propriedade -, cultuava as ideias do astrônomo e matemático grego, Aristarco de Samos (310-230 a.C.), o heliocentrismo (precursor das ideias de Nicolaus Copérnico), quando ministrava aulas na Biblioteca de Alexandria. Entre os seus feitos estão o aperfeiçoamento do astrolábio, defendendo que o conhecimento devia ser acessível a todos. Uma mulher erudita enfrentando a misoginia dos santos teólogos da igreja cristã, numa época de fanatismo religioso preocupado em apedrejar e esfaquear os descrentes e em sujeitar as mulheres à total submissão. Ela foi acusada em praça pública por atentar contra os costumes morais e bruxa, foi arrastada por uma milícia de fanáticos cristãos até uma igreja, onde foi despida, apedrejada até a morte, esfolada com lascas de vasos de cerâmica, tendo sido arrancado todos os seus membros e jogado os pedaços à fogueira. Tal evento marcou o fim da era do conhecimento e da racionalidade, dando inicio à idade das trevas que perdurou até o Renascimento, no século XVI. Sua vida foi transformada em filme, Ágora, de 2009, direção de Alejandro Amenábar, com roteiro escrito pelo próprio diretor em parceria com Mateo Gil. Veja mais aqui.


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sexta-feira, fevereiro 21, 2014

HYPATIA, JOHN DOS PASSOS, MIYÓ VESTRINI, NEGRI, COMPAGNON, DOSSE & AITMATOV


ÁGORA, O FILME

Luiz Alberto Machado*


O filme espanhol Alexandria, cujo título original é Ágora, lançado em 2009 sob a direção de Alejandro Amenábar, com roteiro escrito pelo próprio diretor em parceria com Mateo Gil, retrata a Alexandria do antigo Egito, entre os anos de 355 e 415 d.C. Tem-se, portanto, que a narrativa é desenvolvida no cenário do politeísmo pagão dos egípcios, dominada pela soberania romana com as tradições gregas e levada pelos conflitos e tensões entre cristão e judeus.
O drama envolve dois aspectos: o primeiro deles de natureza histórica, envolvendo questões político-religiosas do período ocorrido no final do séc. IV d.C., compreendendo as relações entre pagãos, cristãos e judeus. A segunda, de natureza filosófica.
O primeiro aspecto histórico traduz as relações de domínio do Império Romano confrontando o paganismo que adotava a condução politeísta da classe dominante, e o confronto entre judeus e cristãos nas disputas de poder na luta pela soberania religiosa, econômica e política da antiguidade. Demonstra o período de intolerância religiosa que efetivou a conversão de pagãos ao cristianismo e o seu convívio com o judaísmo e a cultura greco-romana. A intolerância religiosa cristã despreza a condição feminina, principalmente atacando Hypatia de ateia e bruxa, o que afronta sua proteção pelo prefeito Orestes, um pagão convertido ao Cristianismo pelas conveniências políticas da época.
Nesse aspecto histórico, o filme torna aguda a grande contradição que envolve a morte de Jesus, levando a seguinte indagação: como Jesus foi assassinado pelos judeus, se no ato de sua crucificação ele foi considerado pela tabuleta com as inscrições INRI (Jesus de Nazaré, rei dos judeus)? Essa contradição persegue até os dias atuais, tornando-se clara, como demonstrado no filme, a intolerância de todas as partes envolvidas na trama. Além do mais, mostra o sentido oposto que foi adotado pelos cristãos, contrariando os ensinamentos de Jesus na defesa do amor, da paz, da liberdade e da justiça.
O aspecto filosófico envolve a astrônoma, filósofa e professora Hypatia de Alexandria (370 d.C. – 415 d.C.), filha do matemático, diretor do Museu e da Biblioteca do lugar, Théon, confrontando o heliocentrismo do astrônomo e matemático grego Aristarco de Samos (320 a.C.-250 a.C.), contrapondo-se as ideias de Pitágoras, Heráclides e do cientista grego Claudio Ptolomeu (90 d.C.-168 d.C.), que defendiam o geocentrismo.
Para Aristarco, a terra girava em torno do sol, proposta que seria quase dois mil anos mais tarde reafirmada por Nicolau Copérnico, John Kepler e Galileu Galilei. Contudo, o sistema ptolomaico se manteve por catorze séculos, sendo substituído apenas no Séc. XVI.
A filósofa que se manteve solteira e livre para estudar e lecionar, não se submetendo a autoridade de qualquer homem, é envolvida por dois amores dedicados, o do prefeito que era pagão convertido ao Cristianismo, Orestes, e do escravo também convertido cristão, Davus, enquanto ela se dedicava aos estudos astronômicos, matemáticos e filosóficos, principalmente levada pelas ideias de Aristarco do movimento da terra em torno do sol. Por se negar à conversão cristã, optando em se manter neutra na questão e devotando sua crença apenas à Filosofia, ela é apedrejada até a morte em 415 d.C.
Por conclusão, o filme traz a mensagem de como o conhecimento, a Filosofia e a Ciência foram oprimidas pelo sectarismo e pela intolerância religiosa, bem como pela sede de poder que caracterizou o apogeu do Cristianismo no Ocidente. Veja mais  aquiaqui e aqui.

* Resenha apresentada à disciplina Bases Filosóficas e Epistemológicas da Psicologia, ministrada pelo Professor Álvaro Queiroz.

 


DITOS & DESDITOS - Sim, haverá inverno, haverá frio, haverá nevascas, mas depois haverá primavera novamente... Ainda hoje me pergunto muitas vezes: talvez o amor produza um sentimento de inspiração semelhante ao experimentado por um artista ou por um poeta? Pensamento do escritor quirguiz Chinghiz Aitmatov (1928-2008).

 

ALGUÉM FALOU - Uma contribuição sobre o fato da ajuda às famílias para as crianças irem à escola, o Bolsa Família, era uma ajuda dada pelas cotas, para que parte das populações negras poderem ir à escola. E isso não foi somente uma ajuda no nível da sobrevivência, não simplesmente de fuga da pobreza, mas de conquista de uma cidadania verdadeira, plena. Essas lutas são filhas desse processo e o proletariado, a multidão que está em questão nessas lutas, hoje, é filha desse desenvolvimento, que é a revolução trabalhista que Lula começou. Pensamento do filósofo italiano Antonio Negri (1933-2023). Veja mais aqui e aqui.

 

LITERATURA PARA QUÊ? - [...] A literatura pode divertir, mas como um jogo perigoso, não um lazer anódino [...] A recusa de qualquer outro poder da literatura além da recreação pode ter motivado o conceito degradado da leitura como simples prazer lúdico que se difundiu na escola do fim do século [...] Seu poder emancipador continua intacto, o que nos conduzirá por vezes a querer derrubar os ídolos e a mudar o mundo, mas quase sempre nos tornará simplesmente mais sensíveis e mais sábios, em uma palavra, melhores [...] A literatura não é a única [introdução à inteligência da imagem], mas é mais atenta que a imagem e mais eficaz que o documento, e isso é suficiente para garantir seu valor perene [...]. Trechos extraídos da obra Literatura para quê? (EdUFMG, 2009), do professor belga Antoine Compagnon.

 

MIGALHAS DA HISTÓRIA - [...] Essa história em três tempos revela o dinamismo profundo de uma escola que se define por sua abertura e permite o acesso a novos objetos, novos horizontes para atingir um nível particularmente rico em produção histórica. No entanto, paradoxalmente, a história semeada pelas ciências sociais acabou por abandonar sua identidade e arrisca-se bastante a perder-se na explosão em uma miríade de objetos diferentes e sem relações entre eles. Corre o risco de desaparecer como a zoologia ontem ou de conhecer a crise e a marginalização que a geografia conheceu. [...]. Trecho extraído da obra L’Histoire en Miettes – Des Annales a la Nouvelle Histoire (Unicamp, 1994), do historiador e sociólogo francês François Dosse.

 

1919 – [...] desejava que amanhã fosse o primeiro dia do promeiro mes do primeiro ano [...] um h0mem tem que gostar de muitas coisas na vida [...]  Embarque num navio de carga e vea o mundo, tenha aventuras e terá histórias engraçadas para contar quase todos os serões: um homem precisa amar... o coração que bate mais depressa o pressentimento de que haja... em tades enevoadas passos que se escutam, táxis, olhos de mulheres... muitas coisas na sua vida. [...] Vida, liberdade e a busca da felicidade [...] Aprendeu a esperança de uma nova sociedade em que ninguém viveria sem sorte [...] O mundo já não é divertido [...] Um homem tem de fazer muitas coisas na vida [...]. Trechos extraídos da obra 1919 (Rocco, 1989), do escritor e pintor estadunidense descendente de imigrantes portugueses originários da Madeira, John dos Passos (1896-1970). Veja mais aqui e aqui.

 

A CHAMADA - Quando perguntei por que não havia telefonado, \ ele me explicou que havia sido enterrado vivo \ e que não tinha telefone. \ Em seus finos lábios de galinha \ há ou não \ ousadia. \ Tudo era estritamente legal. \ É porque você não acredita em Deus? \ Se não fosse fácil, \ você não tentaria fazer isso. \ Significância, \ significando, \ significativamente, \ sinal. \ Fui até a varanda \ e olhei o parque, \ irmandade irritante de crianças gritando \ e pássaros calibrados. \ Ouvi o controle remoto mudando de canal, \ sem som. \ Senti nas minhas costas \ a vontade dele de vestir as calças \ e ir embora. \ Fui até a cozinha descascar batatas. Poema da poeta e jornalista francesa radicada na Venezuela, Miyó Vestrini (1938-1991).

 


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