A VIDA, A TERRA, O HOMEM & A BIOÉTICA – As
sucessivas crises por que tem passado a humanidade, tem levado a um momento
decisório e dicotômico por parte de cada um de nós: ou a manutenção da
dominação da natureza e do homem pela acumulação vinculada ao processo de
produção capitalista, em que a natureza é objeto eterno e inesgotável da
exploração humana, ou a constatação do desafio de se chegar a uma situação
insustentável da autodestruição da espécie pela destruição da natureza,
buscando uma relação mais harmônica com o planeta por meio da eleição de novos
valores e paradigmas. Ou uma, ou outra. É chegada a horagá. Isso porque a crise
ambiental tem levado toda humanidade a um processo de reorganização diante da ameaça
de esgotamento dos recursos naturais com a explosão demográfica e consumo, os
elevados níveis de poluição da atmosfera envenenando o ar e contaminando as
águas, os riscos de alterações climáticas, o desmatamento, a desertificação, a
perda da biodiversidade, entre outros tantos problemas que têm trazido uma
série de outros tantos danos problemáticos quase insuperáveis. Diante desse
fato, alguns posicionamentos têm se identificado por parte da sociedade, sejam
por meio de atitudes naturalistas que consideram que a natureza é ordem e critério
de bondade, como as emotivistas que defendem os direitos dos animais, as
utilitaristas que apregoam que só sendo útil é que se proporciona o maior bem
ao maior número de pessoas, as racionalistas que advogam que só o homem detém a
razão e as ecologistas dando maior importância ao mundo. No meio disso tem-se
revisitado os princípios kantianos da razão prática e a ética da convicção e da
responsabilidade de Max Weber, defendida pelo filósofo alemão Hans Jonas
(1903-1993), levando em conta que os efeitos da ação humana devem ser compatíveis
com a vida, não destruindo a futura vida humana e não comprometendo as
condições de continuação da humanidade sobre a Terra, além de exigirem,
portanto, que cada um deve se colocar no lugar do outro, incluindo as futuras
gerações. Tal condução tem levado muitos pensadores, filósofos e estudiosos a
sugerirem um novo paradigma que passe a tratar a natureza de forma complexiva,
global e holística, com a convicção da profunda interconexão existente entre os
processos naturais, saindo da visão antropocêntrica do mundo para uma dimensão
biocêntrica, adotando a referência evolutiva como principio cosmovisional,
considerando a espiritualidade humana e a questão global ecológica como um
supraconceito. E isso se deu por conta do surgimento da Bioética que, segundo o
cientista espanhol Javier Gafo Fernandes (1936-2001), trata dos problemas
morais relacionados com a vida. Ah, tá. Pois bem. Diante de tudo isso, faz-se necessário
indagar: afinal, de que lado a gente está? A gente está na maior correria
devorando tudo e nem aí pra quem pintou a zebra e pro que está ocorrendo com o
planeta, nem com o aparecimento de doenças cada vez mais desafiadoras da nossa
resistência, nos autoenvenenando e, ao mesmo tempo, amontoando o lixo por nós
fabricado no dia a dia a ponto de tornar o nosso ambiente impróprio para a
nossa própria vida? Ou estamos de forma harmônica garantindo a nossa existência
e das futuras gerações por meio de ações conscientes, solidárias e pró-vida? A
resposta é sua. Vamos aprumar a conversa & tataritaritatá! © Luiz Alberto
Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
EPÍGRAFE
[...] a economia se caracteriza pelo desperdício,
onde todas as coisas devem ser devoradas e abandonadas tão rapidamente como surgem,
em que as coisas surgem e desaparecem sem jamais durarem o tempo suficiente
para conter em seu meio o processo vital [...], trecho
extraído da obra A
condição humana (Forense Universitária, 1997), da filósofa política alemã de
origem judaica Hannah Arendt ( 1906-1975), Veja mais aqui.
Imagem:
Earth Mother, da artista plástica Shere Crossman.
Curtindo
o álbum Dos confins do sertão (1987),
cantor e compositor Elomar Figueira de Mello. Veja mais aqui.
PESQUISA
Cronologia pernambucana: subsídios para a
História do Agreste e do Sertão
(CEHM/FIAM, 1982), do historiador, jornalista, lexicógrafo, pesquisador e
compositor Nelson Barbalho
(1918-1993). Veja mais aqui e aqui.
EPIGRAFE
[...] Sou
só um sertanejo, nessas altas ideias navego mal. Sou muito pobre coitado.
Inveja minha pura é de uns conforme o senhor, com toda leitura e suma
doutoração. [...] No centro do sertão, o que é doideira às vezes pode ser a
razão mais certa e de mais juízo! [...] Sertão é isto: o senhor empurra para
trás, mas de repente ele volta a rodear o senhor dos lados. Sertão é quando
menos se espera. [...] Sertão é o sozinho. Sertão: é dentro da gente. O sertão
é sem lugar.
Trechos
extradídos da obra Grande sertão: veredas (José Olympio, 1982), do escritor,
médico e diplomata João Guimarães Rosa (1908-1967). Veja mais aqui, aqui e aqui.
LEITURA
AS MENINAS DA GARE
Era três ou quatro moças bem moças e bem
gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão
saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha.
Pau-Brasil (1925), do escritor, ensaísta e
dramaturgo do Modernismo brasileiro, Oswald de Andrade (1890-1954). Veja
mais aqui e aqui.
PENSAMENTO DO DIA
Imagem:
Sertanejo, um poema à Terra (2011), do artista plástico Antonio Cláudio Massa.
A TERRA É NATURA
(fragmento,
de Patativa de Assaré)
[...] Esta
terra é como o Só / Que nasce todos os dia / Briando o grande o menó / E tudo
que a terra cria. / O só quilarêa os monte, / Tombém as água das fonte, / Com
sua luz amiga, / Potrege, no mesmo instante / Do grandião elefante / A
pequenina formiga.
Esta terra é como a chuva, / que vai da
praia a campina, / móia a casada, a viúva, / a véia, a moça, a menina. / Quando
sangra o nevuêro, / pra conquista o aguacêro / ninguem vai fazê fuxico, / pois
a chuva tudo cobre, / móia a tapera do pobre / e a grande casa do rico.
Esta terra é como a lua, / este foco
prateado / que é do campo até a rua, / a lampa dos namorado; / mas, mesmo ao
véio cacundo, / já com ar de moribundo / sem amô, sem vaidade, / esta lua cô de
prata / não dêxa de sê grata; lhe manda quilaridade.
Esta terra é como o vento, / o vento que,
por capricho / assopra, as vez, um momento, / brando, fazendo cuchicho, / ôtras
vez, vira o capeta, / vai fazendo pirueta, / levando tudo de móio / jogando
arquêro nos óio / do grande e do pequenino [...]
Veja
mais aqui.
Veja mais Brincarte do Nitolino, Nélida Piñon,
Akhenaton, Kitaro, Oswald de Andrade, Eurípedes, Percy Bysse
Shelley, François Truffaut, Medeia, Nicolau Maquiavel, Aurélio Buarque de
Hollanda Ferreira, Otto Lingner & Nina Kozoriz aqui.
CRÔNICA
DE AMOR POR ELA
Imagem: Brutishness, do pintor simbolista
belga Fernand Khnopff (1858-1921).
CANTARAU:
VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital Musical Tataritaritatá