O SISIFISMO DA SEMANA - (Imagem: Arte de Nina Moraes & Trampo
para o Projeto Arte Urbana, proposta cultural promovida pelo Sindicato da
Industria e da Construção Civil do Rio Grande do Sul (SINDUSCON/RS) em parceria
com a Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre, promovendo a humanização
do meio ambiente urbano e, em especial, redesenhar o cenário urbanístico da
cidade a partir da apropriação de tapumes de obras realizadas na capital como
suporte para a arte urbana em 2009).- SEGUNDA
– O dia internacional da ressaca é sui
generis: embora seja dia de branco, é sempre de meia embreagem, bandeira a
meio pau. No câmbio do corpo, passar da segunda marcha já é desembesto dos
grandes, altíssima rotação. É só debreiando da primeira pra segunda e só, tudo
desacostumado da puxada que foi o final de semana, com a aventura que começou
na sexta, uma noite virada e que foi no embalo o sábado todo até se acordar só
na tarde do domingo e aproveitar o restinho, pra só empurrar o trampo com a
barriga, retornando a dieta, arrumando a beca, ajeitando a gola, conferindo o
abanhado, sacada na braguilha e na algibeira para ver toda valia. Se vê
direitinho, é o mais longo da semana, vez que se fica só nos ponteiros do
relógio: dá meia noite, mas num chega nunca no final do expediente! TERÇA – É ir com tudo e com todo gás.
Restaurado por uma noite pra lá de bem dormida, renovado, remoçado, está pronto
pra briga: do pescoço pra baixo tudo é perna. É hora de começar a cobertura da
cota, vai de cabeça que o mar não está pra peixe. Mergulha na resolução das
broncas, seguindo à risca a agenda nunca cumprida. Dá uma afinada no fôlego e
usa de todas as marchas, menos a de ré porque ninquem tá pra andar de costas.
Segura o sopapo. QUARTA – O que foi
adiado, vai ter de vigir. Inteiraço, manda ver mesmo. A orelha abanando com
todas as pulgas feito vagalume pra levantar a lebre que der. Vale tudo:
rasteira, cama-de-gato, quem tiver cardan que se aguente. Senão, tora na
emenda. O foguete decolou desde ontem e a coisa está mais para fora de órbita
que de costume. Vai administrando os catombos, não deixa o beiço cair na moleza
que está na hora de sacudir a poeira, pegar a onda que não é pegadinha, é na
vera e pode botar tudo a perder. QUINTA
– O maior fuzuê: o que não deu até agora, vai ter que dar. Tem que fazer
varredura, as coisas saíram do traçado. Tem de rearrumar a troçada pra deixar
tudos nos trinques. Amanhã é o dia. Se não for dessa vez, fica tudo no
desconforme. Então é hora de mira no alvo, afiando a pontaria, dando o bote e
tentando pegar a ocasião pelos cornos que o bicho é brabo. SEXTA – Ufa! É hoje! Não adianta língua de fora, senão o pencó agarra
e seja lá o que Deus quiser. É hora de pular na mola, dá um trato no topete,
chamar na grande em riba da fivela, chô pros encostos num banho de sal grosso
que o negócio tá todo enganchado. Afina a goela que o pódium da noite tá só
esperando pra comemoração e pé na taboa. Segura o cabresto que o animal tá
indomável, não deve deixar nada embirrar que tudo se esfola e fica só no couro
cru. E haja remédio. Tem que dá uma saneada na tripa gaiteira pra num virar
munganga na maior rebordosa. Pronto. Foi-se o dia. Agora é deixar rolar que a
noite é olê olá e só segunda pra trabalhar. SÁBADO – Vixe! Emendado desde ontem até segunda de manhã, joga a
conversa fora, monta na fuleragem de nem ver o tempo passar. É só o vira virar
de não saber o que é de dia nem de noite, só na folga do cinturão. DOMINGO – Eita! Já? Nunca foi tão
rápido o fim de semana, mas sempre é. Nem amanheceu e já é meio dia. É hora de
se empanturrar de tudo que for quitute, lavagem e porqueira. Na primeira golada
já findou a tarde com a trilha sonora da despedida da boa vida e do que foi o
que era doce. Bota fé e ótima semana. Tudo de novo. E vamos aprumar a conversa
e tataritaritatá! © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
Curtindo o álbum Breakdown (A
& M 1987), do percussionista Paulinho
da Costa, considerado pela revista Down
Beat "um dos percussionistas mais talentosos do nosso tempo" e
ganhador por três anos consecutivos Most Valuable Player Award, da National
Academy of Recording Arts and Sciences.
PESQUISA
Tempo e expressão literária (Mestre
Jou, 1970), do doutor em Letras e catedrático das universidades de Buenos Aires
e La Plata, Raúl H. Castagnino.
Veja mais aqui.
LEITURA
Quingumbo:
nova poesia norte-americana
(Escrita, 1980), organizada por Kerry Shawn Keys, reunindo poetas como Allan
Ginsberg, Sylvia Plath, Rbert Lowell, Lwrence Ferlinghetti, LeRoi Jones, Denise
Levertov, Susan Musgrave, entre outros.
PENSAMENTO DO DIA:
Imagem: Time Travel by Steve Hester
[...] o homem contemporâneo traz dentro de si, inerente à sua realidade
psicológica, tanto o tempo cíclico enraizado no inconsciente, que é a morada
dos símbolos, mitos e arquétipos, como o tempo-sucessão, ideia que contem
valores culturais históricos. Se o próprio existir, o estar no mundo, implica
findamentalmente na idéia de tempo, de um tempo fracionado em finitude e
infinitude, o existir de uma obra literária, pelas razões próprias de sua
natureza ficcional, tem como matéria-prima o tempo, que também é a essência da
memória.
Trecho de Tempo e antitempo na ficção, do professor, escritor e jornalista Luiz Toledo Machado (1927-2010).
IMAGEM DO DIA
Cena da soprano canadense Meghan Lindsay na ópera em três atos Alcina (HWV 34
- 1735), do compositor alemão naturalizado britânico Georg Friedrich Händel
(1785-1759), baseada no poema épico Orlando
furioso, do poeta
italiano Ludovico Ariosto
(1474-1533), com a Tafelmusik
Baroque Orchestra de Toronto, sob a regência do maestro David Fallis. Veja mais
aqui, aqui e aqui.
Veja mais sobre Brincarte do Nitolino,
Prosérpina, Walt Whitman, Alessandro
Bronzino, Richard Strauss, Gian Lorenzo
Bernini, Francis Fergusson, Reinaud Victor, Charb, Diana Damrau, Sandrine Bonnaire & Mitologia Latina aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Arte do pintor, gravador e escultor Alain
Bonnefoit.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Arte do
artista do Expressionismo Abstrato e Pop Art estadunidense Robert Rauschenberg (1925-2008). Veja mais aqui.
Recital
Musical Tataritaritatá