segunda-feira, outubro 27, 2008

MILLÔR, ZÉFIRO, ANNE RICE, GOLDONI, ACAUÃ & BELEZA FEMININA


Ilustração:Sacanagens ilustradas, de Nik.


BELEZA? – Disse o poetinha Vinicius de Morais: “Que me desculpem as feias, mas beleza é fundamental”. Será? Sem querer contraditar o poetinha, meto meu bedelho: considerando o conceito estético de beleza bastante relativo, parcial, duvidoso, munganguento e de acordo com a vesguice ou desprendimento do freguês, - que me perdoem as gostosonas, saradas, tigronas, amostradas, peruas, atravessadas, pernudas e ineivadas, bundudas e equipadas, quartudas e debandadas, televisivas e acavaladas, chuteirosas e atarracadas, grifosas e enervadas, gasolinosas e plastificadas, BBBosas e estuporadas, globosas e avoadas, galegas-de-farmácia e oxigenadas, denorex e plugadas, jumentas e amalucadas, lôra-burra e alienadas, misses e etiquetadas, mocréias e invocadas, catraias e taradas, dragonas e sintonizadas, quengas e granadas, belezuras e falsificadas, trambolhos e indignadas, barangas e esculhambadas, trubufus e desaforadas, santinhas e endemoninhadas, sonsas e labiadas, piniqueiras e aluadas, jaburus e patenteadas, trem-virado e liberadas, barba-azul e ancafifadas, Amélias e adulteradas, vitalinas e purpurinadas, glamourosas e sarrabuiadas, beatas e enferrejudas, tinhosas e enviuvadas, chatas e coradas, tranca-rua e bronzeadas, beldades e imaculadas, celebridades e casadas, cabulosas e esfaimadas, encrenqueiras e jubiladas, lobas e imaculadas, modelos e malamadas, aborrecentes e entronizadas, entendidas e debandadas, tímidas e assanhadas, balzaqueanas e liberadas -, enfim, pra mim beleza é um conjunto de fatores que envolve desde conteúdo interior, elegância, simpatia e compreensão, bem como de tantas outras habilidades e formosura que vão além do que possa caber na nossa santa ingrezia, bastando, por fim, dizer que existe gosto para tudo! Então, deixo o questionamento para os marmanjos, badamecos, meninos, mequetrefes, biltres, perueiros, velhos safados e afins, toda cambada biriteira, raparigueira, pitaqueira e amundiçados para colocarem a venta e darem seus palpites a respeito. Todos estão convocados a mexer a caçarola da discussão ou, até mesmo, azedarem o angu com seus despropósitos.


DITOS & DESDITOS - De todas as taras sexuais, não existe nenhuma mais estranha do que a abstinência. Uma das muitas do escritor, dramaturgo, tradutor, desenhista, humorista e jornalista Millôr Fernandes (1923-2012). Veja mais aqui.

ALGUÉM FALOU: O mundo é um belo livro, mas é pouco útil a quem não o sabe ler. Pensamento do dramaturgo veneziano Carlo Goldoni (1707-1793). Veja mais aqui.

ENTREVISTA COM UM VAMPIRO - [...] Era a minha morte. Mesmo que não a aceitasse, não pudesse aceitá-la, pois como todas as criaturas não quero morrer. E assim busquei outros vampiros, Deus, o diabo, centenas de coisas com centenas de nomes. E era tudo igual, tudo mal. E tudo errado. Pois ninguém conseguiria me convencer do contrário do que eu próprio sabia ser verdadeiro: que eu estava condenado em minha própria mente e alma. E quando cheguei a Paris, pensei que você fosse poderoso, belo e não sentisse culpa, e desejei o mesmo, desesperadamente. Mas era um destruidor como eu, até mais insensível e astuto. Mostrou-me a única coisa em que podia realmente ter esperanças de me transformar, o grau de maldade e frieza que teria de atingir para acabar com minha dor. E aceitei isto. Assim, a paixão e o amor que viu em mim se extinguiram. O que vê agora é um mero reflexo de si próprio. [...]. Trecho extraído da obra Entrevista com o vampiro (Rocco, 1995), da escritora estadunidense Anne Rice. Veja mais aqui, aquiaqui.

ACAUÃQuando morreu minha amada, / Vinha raiando a manhã. / Três vezes na encruzilhada / Ouvi cantar a acauã. Poema de Ludovico Lins, extraído da obra Conversas ao Pé-do-Fogo: estudinhos ; costumes ; contos ; anedotas ; cenas da escravidão (Ottoni, 2002), do escritor, folclorista, jornalista e ativista cultural Cornélio Pires (1884-1985), tema da música do compositor, escritor e folclorista Zé Dantas (1921-1962): Acauã, acauã vive cantando / Durante o tempo do verão / No silêncio das tardes agourando / Chamando a seca pro sertão / Chamando a seca pro sertão / Acauã, / Acauã, / Teu canto é penoso e faz medo / Te cala acauã, / Que é pra chuva voltar cedo / Que é pra chuva voltar cedo / Toda noite no sertão / Canta o João Corta-Pau / A coruja, mãe da lua / A peitica e o bacurau / Na alegria do inverno / Canta sapo, gia e rã / Mas na tristeza da seca / Só se ouve acauã / Só se ouve acauã / Acauã, Acauã..., imortalizada na voz de Luiz de Gonzaga (1912-1989). Trata-se de uma ave de rapina, da família dos Falconídeos, espécie de gavião. O nome científico é Herpetotheres cachinnans. Chama-se também sanã-de-samambaia. O nome tem diversas variantes, como: acanã, cauã, maracaruã, macuã. O seu alimento preferido é carne de cobra; ataca veloz como um raio, qualquer ofídio avistado. Empregam-se seus ovos, secos e pulverizados, como remédio contra picadas de cobras venenosas. No folclore amazonense, diz-se que os gritos do acauã prenunciam a chegada de forasteiro; essa crença foi herdada dos índios da região. Tanto Cornélio Pires na obra referida anteriormente, como Câmara Cascudo, em sua obra Canto de muro (Global, 2006), narram a batalha da acauã com uma jararaca, referindo-se à ave como conhecido no Nordeste por anunciar a seca e matar as cobras para alimentar seus filhotes. Veja mais aqui.



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