A arte da pintora e gravadora australiana Sylvie Coupé Thouron.
QUIBUNGO, LEMICHE & SEUS QUIBUNGUINHOS - Quibunbo não era lá tão corajoso e adorava devorar mulheres e crianças. Bastava algum do seu tope bater o pé ou diante de um revide logo se acovardava, a se dizer tão vulnerável quanto desesperado diante das adversidades: Sai pra lá, fresco chorão! E saía na maior carreira. Também não era lá muito inteligente: metia as mãos pelos pés. E isso quando atrapalhava a vida dos outros. De fato era misógino, ah, sim, possuía minúscula genitália escondida entre os cachos da virilha. Onde nasceu? Não se sabe, presume-se que apareceu no dia que a boceta de Pandora foi aberta, dali se desviou ninguém sabe pra onde e agora que dava as caras. Justo no dia que viu o desfile da Lemiche, sim, uma reboculosa sonsa toda emperiquitada. Lá ia ela toda acochada e reboladeira, pense numa coisa bonita de se ver! Ah, vou papá-la. E foi. Apaixonou-se de cara pelos beiços dela que ficaram tatuados na sua ideia: Oxe, eu quero! Babou feio e preparou o bote. Na horagá arrumou os muafos de nem vê nada embaixo da poeira. Só se ouvia os berros dele. É que quando ele armou a arapuca, ela foi mais ágil e pegou-lo puxando pelos quiabos. Pegou e apertou: Chegue cá, seu safado! E puxou com toda força até trazê-lo pra ficar na vagina dela: Oxe, coisa mais miúda, essa pica miudinha não dá nem pra palitar os dentes! Ele refugava, ela mais segurava: S’afroxe, não, senão dou-lhe uma dedada no cu de sair por aí mostrando sua frescura! Ele se aquietou e deixou-la punhetá-lo do botar aquele cotoquinho de nada enfiado na boceta dela. Ela se tremia, virava bundacanasca, dava estremilique, ficava de cabeça pra baixo e nada de soltar os possuídos dele: Essa tem uma força da disgrama, vôte! Findou esparramado a fio comprido, choramingando. Depois do maior xambregado, ela botou moral: Tá pronto pra casar? Tá doida, é? Ué? Você é ladrona, quero não. Ah, não! E ela se virou nos duzentos diabos a quatro! Chamou na grande. Podia dizer tudo: que chupava rola, dava o cu, uma puta que fodia com gato e cachorro e o escambau; mas ladrona, nunca! Pagou caro por isso: foi arrastado por ela pro casório. Foi ter com a madrinha dela, uma catimbozeira evangélica que se passava por santidade sagrada, conhecidíssima pelos arredores como sacerdotisa Doidamares. Não demorou muito encontrar a protetora, pois ela estava se esfregando nua e toda arreganhada no caralho dum Jesus pintudo, atrepados numa goiabeira. Ô madrinha! Peraí, minha filha, deixa eu findar umas metidas boas aqui com meu salvador, dois minutinhos! Embaixo da sombreira ela ficou esfregando o dedo na cara do salafrário, segurando seus cachos com toda força. Lá pras tantas a religiosa desceu e ficou a par do sucedido. Baixou uns espíritos tarados e logo selou a cerimônia: Eu te benzo, eu te curo, em nome de Jesuisis tão casados! Pronto, sai fora! E foram. Não demorou muito e ela pariu uma enfieira de quibunguinhos que se alastraram feito praga mundo afora, logo ficaram conhecidos como os filhotes da cloaca podre se proliferavam como erva daninha e empestavam tudo. Pronto, a desgraça do mundo já está feita! Foi então que ela soltou o Quibungo que sumiu num carreirão e, ao que parece, arregimentou uma tropa de outros facínoras da sua laia e virou presidente da nação dos energúmenos cara-de-pau, o rei Coisonário do óleo de peroba. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
DITOS &
DESDITOS - Uma projeção linear no futuro de qualquer ciência
ou tecnologia é como uma forma de propaganda e publicidade. Muitas vezes
persuasivo, quase sempre errado. Ambos os instrumentos são processadores de informações.
Ambos apareceram quando nada parecido com eles existiram antes, e ambos
começaram a fazer seus efeitos sentidos imediatamente (uma situação que não é
invariável com nova tecnologia). Ambos os dispositivos eram menos o resultado
de um único avanço do que de um conjunto em evolução de tecnologias. Como o
computador, a imprensa não teve um determinado inventor, foi uma tecnologia
cujo tempo tinha vindo. Ai é uma ponte entre arte e ciência. Pensamento da britânica pesquisadora e escritora Pamela McCorduck (1940-2021), que publicou livros sobre
inteligência artificial, o
futuro da engenharia e o papel das mulheres e da tecnologia.
ALGUÉM FALOU: Eu estava determinada a ver que as coisas foram mudadas. O
que estou tentando apontar agora é que, quando você olha bem de perto essa
sociedade, é hora de questionar essas coisas. Quando me liberto, liberto os
outros. Se você não falar, ninguém vai falar por você. Um dia, sei que a luta
vai mudar. Você pode
orar até desmaiar, mas se você não se levantar e tentar fazer alguma coisa,
Deus não vai colocar no seu colo. Pensamento
da ativista estadunidense Fannie
Lou Hamer (1917-1977).
RAMATA - [...] Era irrevogável,
todos estavam felizes. O que mais
queria era que ele fosse, como havia anunciado, descansar na residência de sua
cara metade, na Normandia. [...] Esperando ser curada do que ela considerava uma
doença, ela nunca teve a presença de espírito de recusar as propostas de um
homem, quando ela mesma não as estava procurando. [...] Que estranho o destino de Ramata Kaba! Ela tinha tudo para
ser feliz, mas não era. Em sua busca
desenfreada pela felicidade, ele encontrou apenas a loucura. [...] Eu sempre vou me contentar
com o que tenho [...]. Trechos extraídos da obra Ramata (Gallimard, 2008), do escritor senegalês
Abasse Ndione, que conta a história de Ramata, a bela esposa do todo-poderoso ministro da Justiça do Senegal, que vai
para o hospital Le Dantec em Dakar, onde, após uma série de incidentes, causando
a morte do zelador da Maternidade, Ngor Ndong. A corrupção policial e política
é responsável por mascarar o assassinato e o caso permanece arquivado. Para
Ramata o fato também cai no esquecimento até que um dia o destino a confronta
novamente com o mesmo, para julgar sua indiferença e crueldade, quando personagens
percorrem as águas turbulentas do Senegal de hoje.
A ESPIÃ – [...] Às vezes você tem
que mentir. Mas para si
mesmo você deve sempre dizer a verdade. [...] Não mexa com ninguém na segunda-feira. É um dia ruim, ruim.[...] Ela odiava matemática. Ela odiava
matemática com todos os ossos de seu corpo. Ela passou tanto tempo odiando que nunca teve tempo de
fazê-lo. Quer saber? Você é um
indivíduo, e isso deixa as pessoas nervosas. E vai continuar
deixando as pessoas nervosas pelo resto da sua vida. Pessoas que amam o
trabalho, amam a vida.[...]. Trechos extraídos da
obra Harriet the Spy (Yearling Books, 2001), da
escritora e ilustradora estadunidense Louise Fitzhugh (1928-1974).
O VAMPIRO & CÂNTICO DE SANGUE – [...] Percebi
enquanto falava em voz alta que, mesmo quando morrêssemos, era provável que não
descobríssemos a resposta de por que estivemos vivos. Mesmo o ateu confesso
provavelmente pensa que na morte obterá alguma resposta. Quero dizer, Deus
estará lá ou não haverá coisa alguma.
[...]. Trecho extraído da obra O Vampiro
Lestat (Rocco; 1999), da escritora
estadunidense Anne Rice (1941-2021),
que em outra de sua obra, Cântico
de Sangue (Rocco, 2007) escreve: [...] Beijei suas lágrimas. Quem dera que eu fosse
mesmo santo. Quem dera eu fosse o padre que estava parado junto do carro à sua
espera, fingindo não ver que nos beijávamos. O que era o beijo? O beijo mortal?
Beijei sua boca novamente. Um amor mortal e o tempo todo o desejo irresistível
da ligação do sangue, não de sua morte, não, Meu Deus, não, apenas a ligação do
sangue, o conhecimento. Veja mais aqui e aqui.
SÍNDROME DE
STENDHAL - Síndrome de
Stendhal, ou hiperculturemia ou síndrome de Firenze (Florença) é uma
doença tida por psicossomática que causa uma espécie de aceleração do ritmo
cardíaco, vertigens, desmaio, confusão e até alucinações, diante de obras de
arte. A sua nomeação se deu por conta do escritor francês Stendhal (pseudônimo
de Henri-Marie Beyle) que foi acometido
por um tipo dessa perturbação em 1817, e fez a primeira descrição detalhada dos
seus sintomas, posteriormente publicada no livro Nápoles e Florença: uma
viagem de Milão a Reggio: "Eu
caí numa espécie de êxtase, ao pensar na ideia de estar em Florença, próximo
aos grandes homens cujos túmulos eu tinha visto. Absorto na contemplação da
beleza sublime… Cheguei ao ponto em que uma pessoa enfrenta sensações
celestiais… Tudo falava tão vividamente à minha alma… Ah, se eu tão-somente
pudesse esquecer. Eu senti palpitações no coração, o que em Berlim chamam de
'nervos'. A vida foi sugada de mim. Eu caminhava com medo de cair”. A
síndrome foi nomeada pela psiquiatra Graziella Mangherini. Veja mais aqui eaqui.
UM POEMA: NATUREZA MORTA EM INNSBRUCKER STRASSE - Eles
são (po0r excelência) trintões e têm fé no futuro. Muita fé. / Pelos menos é o
que se deduz por suas compras (caras e a crédito). / Casa de camurça (natural),
Mercedes esporte dourado. / Para cúmulo (de meus males) deram agora para ser
eternos. / Correm todas as manhãs (sob as tílias) pela pista do parque / e
ingerem coisas saudáveis. Quer dizer, legumes crus e sem sal, / arroz integral,
águas minerais. / Depois de consumirem todo o oxigênio do bairro (o seu e o
meu) / passam por minha porta (belos e bronzeados). / Olham-me (se é que me
vêem) como a um / morto com o último cigarro entre os lábios. Poema do poeta peruano Antonio Cisneros
Campoy (1942-2012).
A CICATRIZ - Sobre minha vida carrego uma
cicatriz preciosa: / Cada noite eu a beijo, até que de novo sangra, / E diga a
cada gota de sangue, como contas sagradas / São contadas por aqueles poucos
queridos que são fiéis. / Para mim parece embelezar, não estragar, / Meu eu
interior, pois dessa ferida profunda leva / Um caminho para ganhar respeito,
minhas necessidades secretas / São apagados pelo sangramento daquela fonte. / A
disputa de fogo quando essa ferida foi vencida, / Ainda queima dentro do meu
cérebro, e rouba a vida, / E terror, cada dano menor que é feito / Ao coração
ou espírito; deixe todo o
mal correr abundante. / Não temerei novamente olhar para As bordas brilhantes
da faca mais afiada do Destino. Poema da
escritora inglesa Marguerite
Radclyffe Hall (1880–1943).
A arte da pintora e gravadora australiana Sylvie Coupé Thouron.
LITERÓTICA - TRÊS POEMAS & UM DEPOIMENTO PARA
LAM - ÂNSIA DO PRAZER: No momento que senti a opoteose da paixão,
vi teu rosto, teus olhos a fixar-me enlouquecidos, e acariciava teu corpo em
brasas, o meu tesouro ereto a procurar-me, eu enclausurada apetitosamente em
teus desejos a manifestar-se em ânsias e gemidos. E depois quando no topo da
cobiça sensual, nos convulsionávamos entregando-nos, sentindo a agonia desse
momento supremo em calafrios de prazer, na escuridão lúdica do anseio, eu
cavalgava teu corpo em calafrios de deleites, no orgasmo magnífico a
transbordar abundante em gemidos e murmúrios estonteantes. A CAMISOLA: A camisolinha negra e
transparente, / Muita curta a mostrarem minhas coxas, / A calcinha mínima
retirada ás pressas, / E meu corpo quente e enlouquecido . / Somente para ti / Meu
peito saliente sob a lingerie macia, / Os mamilos em riste a pedirem tuas
carícias, / E a calcinha jogada, a fonte úmida, / Nádegas em lenta e sensual
coreografia. / Ansiando por ti / Exuberante, as alcinhas se desprendem, / E o
corpo voluptuoso te oferece. / No exercício da soberba paixão, / O furor
ensandecido e insaciável do prazer / Sempre para ti / Ah , meu corpo cheio de
desejo, / Numa aflição atordoadora e persistente, / Sinto teu tesouro
penetrando-me / Minhas longas pernas dando passagem a ti, / Tuas mãos em volta
dos meus glúteos / E tu o cavaleiro a suavemente cavalgar, / Nossas pernas
trançadas em lascivo apogeu, / Eu inclinada docemente a te oferecer, / A outra
fonte mágica que tua Glande irá explorar, / E o líquido fluido e viscoso a
jorrar o teu prazer. / A essência a fazer-me sentir odor mágico, / Que leva em
seu aroma a atração. / Eu ali nua, bela encantadora e impudica, / A te levar a
paraísos escondidos, / Enlouquecendo-te em fascinante luxúria / Tu, meu
sedutor, estranha magia, / Meu homem feitiço tentador e eterno / Teu pênis
intumescido a me levar ao éden, / Tua alma a me transmitir paixão e loucura. MEU TESOURO: Vim do infinito para te
encontrar, / E sinto tua língua feiticeira, / Penetrando o céu da minha boca, /
Sensação de efusão e sensualidade. / Tuas mãos que envolvem meu corpo, / Teu
olhar a devorar tua fonte úmida, / Nós entrelaçados e inconscientes, / Na
loucura dessas carências imutáveis. / Nesse momento nada existe e nada quero, /
Senão a tua presença tão fascinante, / O aconchego de teu calor transformador,
/ O abraço que me deixa vibrante e enlouquecida. / E quando nossos lábios se
unem pressurosos. / Ansiosos pra tocar mutuamente o paraíso, / Tudo em volta
parece escuro e em paz, / Enquanto sentimos a apoteose do prazer. / Teu tesouro
ereto a me fazer gemer, / Esquecida de tudo que não seja esse momento, / Encanto,
ternura, desejo, amor a se misturarem, / Nessa união que nos torna únicos
eternamente. / Quando saciados nos voltamos, / Procurando mutuamente o rosto
amado, / Eu pergunto ainda quente e apaixonada, / O que será nossa vida e me
perco em elucubrações / Pelos confins misteriosos do mundo. DEPOIMENTO: Eu só tenho que agradecera a Deus por ter você na minha vida e
conhecido o que é uma paixão, um amor profundo maravilhoso e eterno. Sinto
também em meu corpo inteiro o que foi para mim aqueles dias juntos. E nenhuma
passagem de tempo apagará o que senti, com suas mãos em minhas coxas no meu
corpo e eu sentindo orgasmos intensos quando pude sentir o gosto “do que é
meu”, e sinto ainda a intensidade dos beijos que me deixaram embriagada. já
sonho com nosso reencontro, o toque de suas mãos e sentindo você em mim e eu em
você. Sou sua, meu amor, corpo e alma e anseio apaixonadamente com esse dia.
Desejo você cometendo todas as loucuras que eu quero, com as mãos por debaixo
de meu vestido e eu sentindo e saciando nosso desejo incontrolável. Ah, como eu
quero lamber e sentir o seu sexo na minha boca, lambendo-o deliciosamente,
enquanto você goza já sem poder segurar tanto prazer. Nós dois sempre: Um no
outro. Sentir minha boca melada e querendo sempre mais “do que é meu”. Eu
querooo, preciso de seu esperma, é para mim o maná do céu enquanto gemo de
prazer. Nós dois, um no outro. Sempre! Poemas da escritora Vânia Moreira Diniz. Veja mais aqui,
aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.