DITOS & DESDITOS - A ideia de superioridade do homem
morreu quando Darwin investigou a origem das espécies. A esperteza humana é
apenas uma estratégia particular de sobrevivência, não o degrau supremo de uma
escala. Cada espécie dispõe das habilidades de que necessita para sua
sobrevivência. Só o homem se considera uma criatura distinta, especial, sem se
dar conta de que outros seres estão vivos por aí há muito mais tempo. As baratas,
por exemplo. Pensamento do cientista e
jornalista galês Alun Anderson, que
foi diretor e editor-chefe da revista New Scientist e autor da obra After
the Ice: Life, Death, and Geopolitics in the New Arctic (Smithsonian, 2009).
ALGUÉM FALOU: Como pôde Noé recolher à sua arca
todas as espécies de animais e plantas sobre a face da Terra? Questionamento do escritor estadunidense Cliff Pickover.
OUTROS DITOS – O escritor não pode ser um mero contador de histórias. Ele não pode ser
um mero professor, ou narrador que faz um raio X das fraquezas da sociedade seus
males, seus perigos. Ele ou ela deve estar ativamente envolvido em moldar seu
presente e seu futuro. Eu vou te dizer isso, eu posso estar morto, mas minhas
idéias não morrerão. Pensamento do escritor, produtor e ativista ambiental
nigeriano Ken
Saro-Wiwa (1941-1995).
EDUCAÇÃO
– É preciso romper com a gramática da escola,
romper os tempos, os espaços, os livros didáticos, as avaliações e outros
rituais do século XIX. O melhor livro didático é o ambiente, e a biblioteca,
entendida como um espaço multifuncional. Modernar não é inovar. Não basta
encher as salas de aula de computadores, sem mudar as metodologias. O tempo e a
lógica da inovação não são o tempo ou a lógica da gestão. Ativismo não é
inovação, não é fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Não confunda reforma com
inovação. Muitas reformas dificilmente são inovadoras. A inovação educacional
nasce de um desejo individual ou coletivo, nunca de uma imposição. Provoca
mudanças na relação professor-aluno, ensina a pensar. A relação educativa deve
ser uma conversa, um diálogo permanente, seja presencial ou virtualmente. As
novas tecnologias nos dão a oportunidade de nos comunicarmos melhor do que
nunca. Temos que encontrar tempo para reflexão: O que fazemos? Estamos fazendo
bem? O que nossos alunos aprendem? O que aprendemos? Precisamos de uma cultura
de avaliação. Pensamento do jornalista e pedagogo espanhol Jaume Carbonell.
Veja mais aqui e aqui.
APRECIAR
A NATUREZA – [...] Em nossa
interação cotidiana e normal com um objeto utilitário, o estético e o prático
são experienciados de forma totalmente integrada, e perdemos um pouco a
dimensão de seu valor estético se removemos cirurgicamente seu valor funcional. [...] De fato, eu
acredito ser um erro encontrar valor estético em objetos e atividades
cotidianas somente se momentaneamente nós os isolarmos de seu uso diário e os contemplarmos
se fossem objetos criados para exibição. [...] Mesmo que a dimensão estética de nossa vida, profundamente enraizada em
nossos assuntos cotidianos, possa ser influenciada pela arte, ela opera muito
independente de nossa experiência da arte. [...]. Trechos extraídos do
ensaio Apreciar a natureza nos seus próprios termos (2004), da filósofa, professora e pesquisadora japonesa Yuriko Saito, autora
da obra Everyday
Aesthetics (Oxford University Press, 2007), com a qual se tornou expressiva
pela abordagem acerca da exploração da natureza e o significado das
dimensões estéticas da vida cotidiana das pessoas, argumentando que a estética
cotidiana pode ser um instrumento eficaz para direcionar o projeto coletivo e
cumulativo de construção do mundo da humanidade.
A BALADA DE IZA – [...] Ele acredita que o passado não é hostil, e não entendeu que é uma explicação,
uma referência, uma chave para o enigma que o presente nos apresenta. [...] Para ele, todas as estações do ano se
traduziam em estilos pictóricos: o inverno era um esboço de giz; Primavera uma
aquarela; O verão um óleo; Outono, uma gravura ou um linóleo. [...] Amei-te como nunca amei nem amarei ninguém,
amei-te sem condições, sem qualquer reprovação. Eu sempre fui seu e você nunca
foi meu, você estava longe de mim mesmo quando eu te segurava em meus braços.
[...]. Trechos extraídos da obra Iza's Ballad (1963), da escritora húngara Magda Szabó
(1917-2007). Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
TRÊS POEMAS
- DEPOIS DO AMOR: O suco da noite pinga / em meu rosto com
aglomerados de estrelas, / e minha testa amadurece sua luz triste, / como uma
fruta sozinha sem seu galho. / Perdi meu baú; ardentemente / ele cortou o amor
em suas entranhas / com um machado sombrio. Em outro corpo / as cinzas
avermelham da minha seiva. / Sozinho com a noite que fiquei, / com a minha
carne esticada, fruto amargo. / e o coração soa, sob meu peito, / com um rude
sino tocando./ Agora que estou sozinho
eu te chamo baixinho / Agora que estou só te chamo baixinho / e você
desce à minha boca como um fruto maduro / da árvore eterna onde você existe e
velas, / com os galhos escovados pelas estrelas nuas. / Agora que estou
sozinho, posso morrer. Você sabe / que devemos ir para a morte sem que ninguém
chore por nós, / escondendo as rosas de amor que acendemos / e aquela que era
apenas uma sombra com a qual sonhamos à noite. / É por isso que a fruta já está
tremendo entre meus dentes, / mas não quero mordê-la sem você me dizer. FOGUEIRA DO AMOR: Este dia que chega
aos meus lábios / brandindo seu suco dourado, / embebe a alma em sua triste
beleza / e a intoxica com sonhos remotos. / Tudo termina em sua luz amarela. / As
memórias se apagam, e de outro / me parecem as mãos que tocam, / me parecem as
coisas que choro. / Não pense nas folhas que sofrem /e esqueça a dor de seus
troncos. / Sem saber se as nuvens que nascem / já voltam de um escuro
retorno... / Mais para sentir no peito, iluminado / pelo vento que traz o
outono, / uma fogueira de fogo que, felizmente, / queima o mundo com um amor
louco. EU SOU O CENTRO - Já não
é possível deter-me / para saber o que retorna./ E vem comigo a terra larga,/ e
o mar profundo vem comigo, / e comigo vêm os rebanhos / de vagas nuvens que o
sol doura,/ e vêm as árvores do bosque/ que se despertam pela sombra./ Vou
desnudo, não digo nada. / Passo entre as rochas devagar. / Meus pés descalços,
gravemente, / roçam as águas silenciosas./ Por trás dos montes impassíveis / na
aurora pouso minhas solas... / Caminho à frente, e eles seguem / minhas pegadas
e as apagam. / Vêm comigo, porque compreendem / que algo celeste me coroa / e
que em meu peito Deus plantou / uma semente misteriosa. / Sou o centro – o
centro onde tudo / há de voltar em cada coisa. Poemas do poeta e pintor
espanhol José Luis Hidalgo
(1919-1947).