sexta-feira, outubro 12, 2012

EINSTEIN, RUTH CARDOSO, GENNADIY AYGI & A CRIAÇÃO DO MUNDO



O homem está destinado por essência ao infortúnio”.


A CRIAÇÃO DO MUNDO SUMÉRIO - Vários séculos antes da Bíblia, os deuses criaram o homem, na origem, para os aliviar nas suas tarefas. Depois instituíram a realeza: foram 10 reinados que se sucederam até o do fabuloso Ziusudra, cujo reino se estendeu por 36 mil anos, em Shuruppak. Foi quando os deuses se encolerizaram contra os homens que começavam a achar demasiado pesada a autoridade divina, chegando mesmo a abandonar os seus senhores, a soçobrar na descrença, na anarquia e na barbárie. Então, os deuses resolveram aniquilar a espécie humana afundando-a em um gigantesco dilúvio. Porém o deus Enki , senhor das águas subterrâneas e rei de Apsu, em Eridu, teve piedade dos homens e avisou ao rei Ziusudra que seguiu seus conselhos construindo um grande navio e salvando a família, animais e plantas. Eis o relato:

Quando os deuses acabaram a criação do Universo, notaram que haviam negligenciado um aspecto capital das coisas: eles mesmos tinham que trabalhar para suprir as suas necessidades. Cansados pelas suas tarefas intermináveis, lamentavam-se sem cessar. Formou-se um cortejo e os debates surgiram e tudo ameaçava o poder dos deuses. Procurando conjurar a revolução, foi então que um deles, Enlil se levantou e lançou uma ideia genial: por que não criar, com argila e água, um ser capaz de livrar os deuses do fardo esgotante das tarefas cotidianas? A ideia foi recebida unanimemente pelos Grandes. A notícia espalhou-se como um relâmpago entre eles. Exultava-se. Banquetearam-se abundantemente. Além das felicitações de uso, Enki teve a honra de ser encarregado, com a deusa-mãe Ninhursag, de criar o homem. Infelizmente a cerveja tinha corrido demasiado nesse dia, e os deuses embriagaram-se. Por isso o resultado das primeiras tentativas de criação foram catastróficas: das mãos dos deuses só saíram serem anormais, inapto. A fêmea era estéril e o macho assexuado! Estes seres nem chegaram a viver. Uma vez mais a revolução ribombou sob as janelas de Enlil. Mas algum tempo depois o sábio Enki, tendo recuperado a sobriedade, ensinou a Ninhursag e a todo um harém de deusas-mães, desta vez corretamente, a arte de fabricar o homem. E o homem apareceu...
No começo as coisas não iam muito mal entre os deuses e os homens. Estes últimos realiavam convenientemente as suas tarefas. Os deuses estavam contentes e a tranquilidade tinha-se instalado no panteão, desembaraçado dos vulgares problemas de administração. Desgraçadamente esta bonança não durou. Porque o homem começou a proliferar desmesuradamente. E a sua algazarra em breve encheu todo o universo a ponto de os deuses não poderem dormir à vontade. Nasceu a ideia de uma destruição maciça desta raça, desta praga mais insuportável que as tarefas de outrora. Os deuses votaram o Diluvio e o Exterminio. Mas o sábio Enki velava. Autor do homem e a esse titulo responsável pela calamidade, considerou muito habilmente: isso poupava uma nova crise revolucionária entre os deuses, que inevitavelmente terminaria na necessidade de criar um novo ser. E salvando apenas uma ínfima parte dos homens – Ziusudra e a sua família -, encontrariam de novo as condições propícias ao repouso divino. Daí até que a raça proliferasse de novo e ensurdecesse os imortais com o seu alarido, teriam tempo de tomar providencias. Calculo sutil, justo e político no mais alto grau, onde entrava também uma parte de compaixão pelos pobres mortais.

FONTE BBLIOGRÁFICA:
HAMDANI, Amar. Suméria, a primeira grande civilização. Rio de Janeiro: Otto Pierre, 1978.


Veja mais sobre A Mulher Suméria  aqui, aquiaqui e no Crônica de Amor Por Ela. E mais aqui.

 

DITOS & DESDITOS - Toda a nossa ciência, comparada com a realidade, é primitiva e infantil – e, no entanto, é a coisa mais preciosa que temos. Pensamento do físico teórico alemão Albert Einstein (1879-1955). Veja mais aqui e aqui.

 

ALGUÉM FALOU: Deus se abaixou a tal ponto ao nosso nível que de fato se tornou objeto de suplício na cruz. Neste sentido deus morreu, mas o deus das religiões naturais, o deus arquipotente, transcendente, misterioso que ressuscitou como história da igreja, como história de uma humanidade transformada por mensagem... Deus morre enquanto liquida definitivamente uma certa forma de divindade, uma certa forma de relação do homem com deus e se dá de uma outra forma que não é mais assim transcendente e misterioso, mas que se realiza na caridade recíproca entre as pessoas. Pensamento do filósofo italiano Gianni Vattimo.:Veja mais aqui e aqui.

 

VIOLÊNCIA[...] è o poder da sedução de produzir o descontrole através das artimanhas “instintivas” do eterno feminino. E é por aí que se abre a brecha para os atos agressivos e condenados pela sociedade. São os comportamentos que sustentam o dia a dia que abrem a possibilidade de um grande número de crimes contra as mulheres. Certamente é preciso reconhecer que o jogo entre os sexos envolvia afetividade e cumplicidade [...]. Trecho extraído de Homem e mulher, as vítimas da violência, in Obra reunida (Mameluco, 2011), da antropóloga Ruth Cardoso (1930-2008).

 

GENOCÍDIO BRASILEIRO[...] O discurso diante da realidade nos transforma em prisioneiros dela. Ao ignorá-la, nos tornamos cúmplices dos crimes que se repetem diariamente diante de nossos olhos. Enquanto o silêncio acobertar a indiferença, a sociedade continuará avançando em direção ao passado de barbárie. É tempo de escrever uma nova história e de mudar o final [...]. Trecho extraído da obra Holocausto brasileiro – genocídio: 60 mil mortos no maior hospício do Brasil (Geração, 2013), da jornalista, escritora e documentarista Daniela Arbex. Veja mais aqui.

 

PARA NÃO ESQUECER – [...] Se recebo um presente dado com carinho por uma pessoa de quem não gosto – como se chama o que sinto? Uma pessoa de quem não se gosta mais e que não gosta mais da gente - como se chama essa mágoa e esse rancor? Estar ocupada, e de repente parar por ter sido tomada por uma desocupação beata, milagrosa, sorridente e idiota - como se chama o que se sentiu? O único modo de chamar é perguntar: como se chama? Até hoje só consegui nomear com a própria pergunta. Qual é o nome? e este é o nome.[...] Trecho extraído da obra Para não esquecer (Rocco, 1999), da escritora Clarice Lispector (1920-1977). Veja mais aqui, aqui e aqui.

 

DOIS POEMASCAMINHO - Quando ninguém nos ama / começamos / a amar as mães / Quando ninguém nos escreve / lembramos / de velhos amigos. / E palavras pronunciamos já só por- / que nos assustamos com o silêncio / e movimentos são perigosos. / No fim das contas, em parques desolados ao acaso / choramos, através dos miseráveis clarins / de orquestras patéticas. DE NOVO: INTERVALO DE SONO – O que olha / sempre cessa: / Dia ou mundo! / o único é /  ininterrupto — / por sua face / a alma desliza? / cinzas! / e a luz não se divisa / do que sempre olha — / cinzas movediças: / fora da luz / desfolham-se. Poemas do poeta russo Gennadiy Aygi (1934-2006).

 


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