A arte do pintor russo Konstatin Rázunov.
SONHO REAL
- Vem dela toda sensação provocante. Ali estava bela como sempre, vestida numa
camisolinha negra e sensual. Não havia como escapar, dela toda emanação da
volúpia: as pernas e coxas roliças me seduziam, não havia como evitar o olhar. Indomável,
descruzou as pernas, vi-lhe a calcinha negra estufada no sexo. Aproximou-se,
beijou-me a boca e tomou da minha mão: arregaçou meu polegar e o engoliu para
deslizar sua língua como a um pirulito do seu sabor preferido. Molhadinha
estava o seu ventre ao toque da minha mão, suspirou com meu afago na sua fonte,
beijando-me mais enquanto removia as vestes. Ostentou sua nudez e puxou-me para
a poltrona onde se arreganhou para expor seu corpo excelso às minhas mãos
explorando seus seios, pele e sexo. Reclinei-me e beijei sua fonte afogueada,
pele arrepiada, sussurros de quem fustigada por minha língua invadindo sua
reclusa vagina. Enquanto babava de prazer ela inquieta deixava-me explorar seus
glúteos arredondados, a ponto de levar um dos meus dedos a acariciar seu ânus
dela gemer trepidante ao enfiá-lo carinhosamente. Inquieta pedia mais à
cunilíngua, dedo no rabo e as suas mãos revirando meus cabelos revelando os zis
gozos. Revirou-se e se ajoelhou nua sobre meu corpo a me beijar os músculos,
tórax e ventre. Ajoelhou-se entre minhas pernas e encarar meu sexo rijo
alisando-o com carícia. Divinizava meu pênis lambendo os próprios lábios. Incitava
mais amolegando-o até encostá-lo na ponta do nariz como se buscasse o cheiro
pecaminoso. Nada a detinha, beijou toda extensão, de cima abaixo, de todo
jeito. Invitou agarrada na base e começou a lambê-lo e mais e tanto... Zás!
Derramei-me inteiro enquanto mais chupava para que eu desfalecesse no apogeu de
grandioso prazer. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui e aqui.
DITOS & DESDITOS - Para mim, a memória é a mais alta forma
de imaginação humana e não tão somente a capacidade de recordar. Se a memória
se dissolve, o homem se dissolve. Pensamento do poeta, escritor e diplomata mexicano, Octavio
Paz (1914-1998). Veja mais aqui e aqui
ALGUÉM FALOU: Os tempos modernos não começam de uma
vez por todas. Meu avô já vivia uma época nova. Meu neto talvez ainda viva na
antiga. Pensamento
do dramaturgo, encenador e poeta alemão Bertolt Brecht
(1898-1956). Veja mais aqui.
MARTELO DAS BRUXAS & FEITICEIRAS - [...] É um fato que maior número de praticantes de
bruxaria é encontrado no sexo feminino. Fútil é contradizê-lo: afirmamo-lo com
respaldo na experiência real, no testemunho verbal de pessoas merecedoras de
crédito. [...]em virtude dessa
falha, a mulher é animal imperfeito, sempre decepciona e mente. [...]. Há
três coisas insaciáveis, quatro mesmo que nunca dizem: Basta! A quarta é a boca
do útero. Pelo que, para saciarem a sua lascívia, copulam até mesmo com
demônios. Poderíamos adiantar ainda outras razões, mas já nos parece
suficientemente claro que não admira ser maior o número de mulheres
contaminadas pela heresia da bruxaria. E por esse motivo convém referir-se a
tal heresia culposa como a heresia das bruxas e não a dos magos, dado ser maior
o contingente de mulheres que se entregam a essa prática. E abençoado seja o
Altíssimo, Que até agora tem preservado o sexo masculino de crime tão hediondo:
como Ele veio ao mundo e sofreu por nós, deu-nos, a nós homens, esse privilégio.
[...]. Trechos extraídos da obra Malleus
Maleficarum, Maleficas & earum haeresim, ut framea potentissima conterens (Rosa dos Ventos,
1991), o mais cruel manual inquisitorial publicado no século 15 pelos
dominicanos Henrich Kraemer (também conhecido como Institoris) e James
Sprenger, em cumprimento à bula papal Summis Desiderantis Affectibus, de
Inocêncio VIII, combatendo os praticantes de heresias. O livro contem três
partes: relato das propriedades do demônio e a bruxaria; a forma como lidar com
os malefícios no cotidiano; e a descrição de como proceder nos julgamentos para
cumprimento da sentença. Este manual é contemporâneo da obra de Pico dela
Mirandola e ensina o ódio, a tortura e a morte sobretudo de mulheres vitimadas
pela sanha contra as pecadoras e feiticeiras. Mesmo se tornando um manual
aplicadíssimo pela inquisição católica, não foi incluído no Index
Librorum Prohibitorum e seus
autores censurados posteriormente pela recomendação antiética e ilegal condução
de não seguir as doutrinas ortodoxas da igreja com relação á demonologia.
QUERELLES DES FEMMES – No final da Idade Média emergiu a polêmica denominada Querelle des femmes (Temps des cerises, 2000), registrado pela escritora, ensaísta
e crítica literária francesa Catherine Claude (1924- 2000), debatendo
sobre o lugar da mulher na sociedade e os seus direitos de ocupar os mesmos
papeis dos homens, discussão essa que, sob certos aspectos, persistem até o
presente. Na obra três questões são discutidas: o casamento e o amor, a educação
das meninas e o poder das mulheres. Tendo-se nascido na França com a crise
dinástica e formalização da lei sálica, em que as mulheres são declaradas
incapazes de herdar ou transmitir a coroa. O debate é lançado por Jean de
Montreuil (1354-1418) com um pedido de desculpas pela segunda parte do Roman
de la rose – escrito no século XIII por Jean de Meung, que era muito hostil
às mulheres e ao ideal do amor cortês .É quando Christine de
Pizan (1364-1430) responde com uma sucessão de cartas e tratados. Em 1405,
ela escreveu sua principal obra: La Cité des dames, demonstrando o modelo da biografia
coletiva do humanista italiano Boccaccio De mulieribus Claris (Sobre
mulheres famosas ). Ela critica os misóginos clérigos que escrevem contra
as mulheres, luta contra a franja do "clero" (pessoas alfabetizadas)
que tentam provar a incapacidade física e intelectual das mulheres
estabelecendo uma ligação entre a anatomia do sexo feminino e suas capacidades
intelectuais. Nesta obra ela descreve um local
habitado somente por mulheres, em que elas podem viver em paz e segurança,
sendo participantes ativas inclusive da vida política, como também traz um
discurso consciente acerca dos “direitos” das mulheres e das “desigualdades”
entre os sexos, especialmente do tratamento de inferioridade dispensado às
mulheres naquele período. Na
Inglaterra, a mística Margery Kempe
(c. 1373-1438) exige a mesma liberdade de expressão que os homens. A questão se
agigante e o público se expande, ocorrendo o fato de que na Inglaterra Jane
Anger responde aos ataques misóginos em Her Protection for Women em
1589. Na Espanha, em 1587, Oliva Sabuco participa do debate médico ao refutar a
hierarquia dos sexos em sua Nueva filosofía de la naturaleza del hombre
. Ao mesmo tempo na França, a crise sucessória aberta pela ausência de um
herdeiro do último dos Valois (Henrique III) lembra a lei sálica no debate
jurídico sobre os direitos do futuro Henrique IV, sucessor direto dos machos,
mas protestante. Consequentemente a lei feudal autorizava as mulheres a receber
terras como presente ou herdá-las: a duquesa Anne, na Bretanha, ou Marie de
Bourgogne, na Holanda, sucederam seus respectivos pais. Ana de França obtém a
regência durante a menoridade de seu irmão Carlos VIII (1483-1491) e Catarina
de Médici durante a de seus filhos, Ana d'Alençon administra Monferrat (Itália)
durante o reinado de seu filho Bonifácio (1518-1530) e Carlos V (1500-1558)
confia o governo da Espanha e da Holanda às mulheres de sua família durante
suas ausências. Por conta disso a Querelle
des femmes, que se tornou objeto de pesquisa no século XX, foi estudada
principalmente por estudiosos da literatura.. Na história, essa
controvérsia é muitas vezes ignorada, com poucas exceções: Gisela Bock e
Claudia Opitz no mundo de língua alemã; Monica Bolufer e Montserrat Cabré na
Espanha; Marie-Élisabeth Henneau na Bélgica; na França, Éliane Viennot e Armel
Dubois-Nayt, historiadores das ideias. A querela das mulheres continua a ser
uma história ainda a ser escrita. Veja mais aqui, aqui e aqui.
SERES HUMANOS – Seres humanos /
olha para as tuas mãos / bonitas e úteis as tuas mãos / não és um macaco / não
és um papagaio / não és um paulatino lóris / nem um míssil inteligente / tu és
humano / não britânico / não americano / não israelita / não palestiniano / tu
és humano / não católico / não protestante / não muçulmano / não hindu / tu és
humano / todos começamos humanos / e acabamos humanos / humanos no princípio / humanos
no fim / somos humanos /ou não somos nada / nada senão bombas / e gás venenoso
/ nada senão armas / e torturadores / nada senão escravos / da Ganância e da
Guerra / se não formos humanos / olha para o teu corpo / com os seus
assombrosos sistemas / de redes de nervos e canais de sangue / pensa na tua
mente / que pode pensar em si própria / e em todo o universo / olha para o teu
rosto / que pode tolher-se de pavor / ou derreter-se de amor / olha para toda
essa vida / toda essa beleza / tu és humano / eles são humanos / nós somos
humanos / vamos tentar ser humanos / dançar! Poema do escritor e
dramaturgo inglês Adrian Mitchell (1932-2008). Veja mais aqui e aqui.