DOIS POEMAS PRA ELA NUA NA SEXTA-FEIRA, MEIO DIA EM PONTO - I - Toda
sexta-feira, meio dia em ponto, ela aponta nos lábios um sorriso de sol
acendendo a vida todinha só pra mim. E na boca carmim escancarada, folia de
festa, obra rara na língua de fora quão louca desvela os teores mais fundos de
todos os sabores do mundo e da vida. E só para mim. Meio dia em ponto, toda
sexta-feira, a sua boca gulosa me engole e me guia pra toda alegria da
satisfação. E se torna o hangar dos meus vôos, porto dos meus navios, pia
batismal onde lavo todos os meus pecados e sortilégios, túnel onde a sorte
irisa meus sonhos e indagora revolveu minhas crenças inundando de assombro toda
alegoria e o dia anoitece, a tarde madruga e a noite amanhece felando em mim. Dentro
da sua boca, toda sexta-feira, meio dia em ponto eu me enrijeço adulto e me
extasio menino travesso que não cansa brinquedo um segundo sequer. Tudo só para
mim. E meio dia em ponto, a língua estirada em agonia me faz mais real em todas
fantasias, shakespeareanamente a saber que existem mais gozos nas estrelas do
céu da sua boca do que possam prever as minhas mais obscenas ejaculações. II - Toda
sexta-feira, meio dia em ponto, ela apronta de tudo comigo e pronto! Ela chega
e me olha e toda se desfolha para o bem-me-quer. Ela se abre mulher e eu
sorrio, ela se rela e vira cadela no cio e me abraça e me beija, e se faz de
puta e princesa quando me quer e eu sou sua passarela onde o sangue dá na
canela pro que der e vier. Ela ronda, me cheira e me fela, ela usa e lambuza,
se descabela e me acusa de só abusar dela. Ela lambe e abocanha, ela vence e me
ganha na melhor de três. Ela me agarra medonha, ela me bate uma bronha na maior
maciez. Ela chupa e me suga, ela aponta pra fuga e me faz descortês. Ela agita
e me alisa, ela grita e repisa que é a última vez. E nem bem recomeça, ela me
prega uma peça e posa sisudez. Ela bole, suspira e rebola, ela delira e quase
degola a minha rigidez. E se aninha e engalfinha, ela jura que é minha por mais
de um mês. Ela assunta e se enrosca, ela se faz mesa posta e eu seu freguês. Ela
ajeita e retruca, ela monta mutuca e diz que não fez. Ela esfrega e renega, ela
rega e pula a janela da minha timidez. Ela atiça e se esfola, ela então faz
escola pela insensatez. Ela aguça e me inflama, ela me queima na chama da sua
nudez. Ela se arrisca de fato, ela fica de quatro na maior viuvez. Ela torce e
retorce, ela morde, rejeita e se ajeita e nem se refez. Ela goza e remexe, ela
arrocha e debocha na maior altivez. Ela treme e me grita e quer sair muito bem
nessa fita com toda malvadez. E quando eu gozo espalhafato de folia de bombo. Ela
sorri que de fato fui salvo pela zoada do gongo. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui, aqui e aqui.Que seja como for a chama desse fogo ardendo o nosso amor... Ardência.
DITOS &
DESDITOS - Eu costumava pensar que um
homem era condenado à morte ou prisão porque era culpado; agora eu sei que ele
é considerado culpado porque não gostam dele. Pensamento do escritor chinês Lu Xun (1881-1936). Veja mais aqui.
ALGUÉM FALOU: Só fechando as portas atrás de nós se
abrem janelas para o porvir... A felicidade para mim consiste em gozar de boa
saúde, em dormir sem medo e acordar sem angústia. Pensamento da escritora francesa Françoise Sagan (1935-2004). Veja
mais aqui, aqui e aqui.
TIRRA
LIRRA – [...] Andei e andei, às
vezes com um objetivo – a casa de um amigo, uma loja, a igreja ou a escola –
mas principalmente ao acaso, para fugir da opressão. [...]. Trecho extraído da obra Tirra Lirra by the River (Pan Macmillan, 1997), da
escritora australiana Jessica Anderson
(1916-2010).
SONETO
DE DOMINGO - Quantos bandos abençoados caminham a esta
hora, / Através dos prados de flores ingleses, até / o pináculo e a torre,
entre misteriosos olmos, / onde os doces sinos proclamam o dia santo! / Salões
cinzentos de dias heróicos / Incentivam a ausência de seus filhos; aldeias
vazias, / Onde o pomar floresce e o vento toca, / Manda seus ocupantes em
afluência feliz, / Que corrente vernal. Não poderei acompanhá-lo em seu
caminho, / — amarrado à cama febril e informe / Mas, meu Deus abençoado e
misericordioso / Que enche o sábado de paz / Meu coração esgotado, suas batidas
apaziguadas / Me leva a profundos gritos e modesta gratidão. Poema da escritora britânica Felicia
Hemans (1793-1835). Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
A
FREIRA DE MONZA – Esta é
a história de Marianna de Leyva (1575–1650), a irmã Virginia Maria e mais
conhecida como Freira de Monza, aquela que protagonizou um famoso escândalo no início do séc. XVII. Era
a filha mais velha do nobre espanhol, o conde de Monza e aos 13 anos foi
forçada pelo pai a entrar como noviça na Ordem de San Benedetto. Aos 16 anos
fez os votos e se tornou freira, agora Virginia Maria, homenageando sua mãe
falecida. No convento ela envolveu-se numa relação com o conde Gian Paolo Osio,
com quem teve dois filhos, um nascituro e uma menina que foi reconhecida pelo
pai. Este conde já havia assassinado outras pessoas antes do envolvimento com
ela, mas quando o escândalo estourou ele matou mais 3 envolvidos para encobrir
o caso, sendo descoberto e condenado à morte por revelia. A igreja, por sua vez,
iniciou um julgamento canônico contra a Freira de Monza, no qual ela foi
condenada a ser emparedada viva no retiro de Santa Valéria, onde passou 14 anos
fechada em uma pequena sala e desprovida de comunicação com o exterior – exceto
por uma fenda que permitia a troca de ar e entrega de alimentos essenciais. Sobrevivendo
à sentença, manteve-se em Santa Valéria até seu falecimento. A história dele
inspirou o romance Os
noivos (Nova
Alexandria; 2012), do escritor e filósofo italiano, Alessandro Manzoni (1785-1873),
que, por sua vez, foi levada ao cinema em diversas versões. A primeira versão
foi de 1947; a segunda de 1962, La
Monaca di Monza (The Nun of Monza), dirigido
por Carmine Gallone, estrelado pela belíssima atriz italiana Giovanna Ralli. A terceira,
de 1969, The Lady of Monza,
dirigida por Eriprando Visconti e estrelado pela atiz inglesa Anne Heywood. Em seguida ganhou mais
duas versões cinematográficas em 1980 e 1987. Ganhou também adaptações teatrais
de Giovani Testori, Biribò Totoni, Mara Gyalandris e Loredana Riva. Varias
exposições pictóricas foram realizadas em sua homenagem, tem uma rua e uma via em
Monza que lhe é dedicada, a Vicolo dela Signora, além de retratada pelo pintor Giuseppe
Molteni.
PROGRAMA
DOMINGO ROMÂNTICO – O programa Domingo
Romântico que vai ao ar todos os domingos, a partir das 10hs (horário
de Brasilia), é comandado pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio
Cidade, em Minas Gerais. Confira a programação deste domingo aqui. Na edição deste 21/10 do programa Domingo Romântico,
apresentação da radialista e poeta Meimei
Correa, com produção de Luiz
Alberto Machado, com as seguintes atrações: Chiquinha Gonzaga,
Cecilia Meirelles, Rio São Francisco, Maiakovsky, Pelé, Florbela Espanca,
Silviane Bellato, Chico Buarque, Elis Regina, Maria Bethânia, Geraldo Azevedo,
Marlene Souza Lima, Lenine, Djavan, Marisa Orth, Bibi Ferreira, Joyce, Sueli
Costa, Fatima Guedes, Ney Matogrosso, Clara Redig, Claudio Nucci, Rita Lee, Dia
Nacional da Alimentação na Escola, Julia Lemmertz, Sr. Banana, Radio
Comida, Titãs, Simone, Maria Rita, Sonia Mello, Carmen Silvia Presotto, Leureny
Barbosa, Célia Vaz, Chico Cesar & Ana Carolina, Fernanda Abreu, Rosane Duá,
Vozes Femininas, Mazinho, Ozi dos Palmares, Dani Calabresa, Wilma Araujo,
Inacio Loyola & Marcelo Nunes, Tatá Werneck, Ann Sally, Jane Mara, Rita
Ribeiro, Santanna, o Cantador & muito mais. Confira, neste domingo, 21/10,
a partir das 10hs. Veja mais aqui.






