A arte do escritor e ilustrador checo Alfred Kubin (1877-1959).
LITERÓTICA: O REINO DA SURPRESA – O beijo,
primeiro degrau. Antes disso, à porta do cinema apareceu a menina azul e o
filme que ela não viu. Um sábado cheio de pernas: primeiro encontro, conversa
de almoço. Isso e aquilo. As palavras escapulindo, o mundo girando. Ela era só
o olhar e um silêncio. Eu, um tagarela, depondo tudo, debulhando segredos. Ela
permeável. O que eu disse? Sei lá, fiquei nu. Dali uma semana, era o primeiro
beijo e o dia se iluminou. Era o reino da surpresa. E vingava a emoção. Nunca
havia saboreado prazer tão imenso, intenso, inteiro, carregado. Tudo
inteiramente maior na franzinice dela. Surpresa aos montes: o beijo, o toque, a
pele, a entrega total. Tudo integralmente entregue, inteiramente possuído.
Nunca houvera. Foi tudo como a minha fome de séculos se apossasse dos seus pés
miúdos, engolisse suas pernas, mastigasse suas coxas, deglutisse seu ventre de
carne saborosa e me empazinasse com seus seios de caldo mágico e dorso de
cordilheiras deliciosas e ruminasse seu corpo de precipícios milenares e me
apoderasse de sua alma nua de serva submissa que se deixava escrava completa ao
meu bel prazer. E usei antropofagicamente do expediente de tê-la, retê-la,
recolhê-la, recomê-la sucessivas vezes até ginofagicamente assentá-la,
liquidá-la, enfincá-la e entronizá-la lânguida posse exaurida nos desejos do
meu coração atordoado. © Luiz Alberto Machado.
Direitos reservados. Veja mais aqui.
DITOS & DESDITOS - A imaginação disseca o todo da
criação de acordo com leis que têm a sua origem no mais fundo das profundezas
da alma, e depois junta e organiza os pedaços, criando um novo mundo a partir
deles. Pensamento do escritor,
tradutor, crítico de arte e poeta francês, Charles Baudelaire (1821 -
1867). Veja mais aqui e aqui.
A VISÃO & O INVISÍVEL – [...] o que se revela não se
entrega à visão, mas também não se refugia na simples invisibilidade [...].
Inversão finita da dispersão, movimento
não dialético, onde a contrariedade é estranha à oposição, à conciliação e onde
o outro nunca é igual ao mesmo. [...]. Trechos extraídos da obra Conversa infinita: a palavra plural
(Escuta, 2001), do escritor,
ensaísta, romancista e crítico literário Maurice Blanchot (1907-2003). Veja
mais aqui.
A VOLTA DO PARAFUSO – [...] Olhava para todos os lados à procura de uma luz, de
alguma pista que indicasse o que devia fazer. Por fim atirou-se em meus braços
e gritou, com todas as forças, o nome que provava que eu estivera certa desde o
começo: — Onde está Peter Quint? Vá-se embora, demônio! — Acalme-se, meu amor.
Você agora não é mais dele. Ficaremos juntos, você e eu. Ele voltará para a
eternidade, confie em mim! — disse eu. O menino debatia-se, mas apertei-o firme
contra o peito, a cabeça afundada em meu colo. Tentava assim minimizar, a todo
custo, a queda que estava sofrendo. Enlacei-o com todo o amor que podia lhe
dar, mas, ao final de um minuto, percebi o que de fato havia ocorrido: em meio
à atmosfera calma que agora se instalara na sala de estar, eu segurava um
coraçãozinho finalmente livre, é certo, mas que parara de bater. [...]. Trecho da obra A volta do parafuso (Ridel, 2006), do
escritor estadunidense Henry James
(1843-1916). Veja mais aqui.
O VOO – Goza a
euforia do vôo do anjo perdido em ti. / Não indagues se nossas estradas, tempo
e vento, / desabam no abismo. / Que sabes tu do fim? / Se temes que teu
mistério seja uma noite, enche-o / de estrelas. / Conserva a ilusão de que teu
vôo te leva sempre / para o mais alto. / No deslumbramento da ascensão / se
pressentires que amanhã estarás mudo / esgota, como um pássaro, as canções que
tens / na garganta. / Canta. Canta para conservar a ilusão de festa e / de
vitória. / Talvez as canções adormeçam as feras / que esperam devorar o
pássaro. / Desde que nasceste não és mais que um vôo no tempo. / Rumo do céu? /
Que importa a rota. / Voa e canta enquanto resistirem as asas. Poema do
poeta, jornalista, advogado e pintor brasileiro Menotti Del Picchia
(1892-1988). Veja mais aqui e aqui.
A arte do escritor e ilustrador checo Alfred Kubin (1877-1959).
MUSA DA SEMANA: TATIANA COBBETT – ela é cantora, compositora e bailarina.
É formada pela Escola de Danças Clássicas do Teatro Municipal do RJ e trabalhou 12 anos na companhia paulista Balé Stagium, percorrendo o Brasil, América Central, América Latina e alguns países da Europa.
Ela é autora e atuou como intérprete do musical "Mulheres de Hollanda" com direção de Naum Alves de Sousa.
Atuou como diretora e concepção dos espetáculos Alma Flamenca, Grito das Flores, Esta Terra Portugal, Festival Três Bandeiras, Partituras da Itália nas Vozes do Rio e dos Shows de Badi Assad, Carlinhos Antunes, Tutti Baê, Janet Machnaz e Joel Brito entre outros.
Desde 2000, desenvolve parceria com o músico/cantor/compositor gaúcho - Marcoliva - um trabalho de composições próprias registradas no cd Parceiros. Ela também publicou o livro de poemas e letras, intitulado - Básicas Composições. E está desenvolvendo o projeto Bendita Companhia, com o músico Marcoliva.
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