A arte da fotógrafa e
artista Sophie Delaporte.
DESIDERATO - Imagem: arte da
fotógrafa e artista Sophie Delaporte.
- Até onde o sol brilhava eu não via a vida, vagava de mim solitário, a
bel prazer do destino. Quando enfim você virou alvo e aguçou minha mira: Você,
a propiciatória de tudo que sempre aspirei e almejo com seu riso deslumbrante
na rota da vida. Você e a bússola de suas mãos fagueiras a me mostrar a trilha
do norte nas carícias do seu toque. Você e o curso dos rios nos seus seios com
o crisol de toda a sua manifestação. Você e as águas revoltas do seu corpo em
meu leme para navegar o infinito de sua imensidão. Você que eu carançudo
vasculho suas pernas e bocas e sexo, no seu regaço o meu espalhafato de mergulhar
seus esconderijos no fogo da nossa paixão escandalosa. Você e a sedução de sua
alma nas rédeas do prazer que persigo no encalço do seu encanto para realizar
minhas ambições mais famintas. Você e farol nos olhos de mar na direção do amor
a me dar o encontro de mim na descoberta do que sou em você. © Luiz Alberto Machado. Direitos
reservados. Veja mais aqui.
A arte da fotógrafa e
artista Sophie Delaporte.
PENSAMENTO DO DIA – Cada
vez eu caminho mais para essa solidão do individuo que não pode contar com
ninguém, embora tendo marido, filhos, amigos. A solidão é inarredável. Tem uma
hora da madrugada que você acorda, e você tem que se ver e enfrentar isso, com
muita coragem. Porque se você não tiver coragem, você vai enfrentar isso, de
qualquer maneira. Pensamento da atriz Fernanda Montenegro. Veja mais
aqui.
TRANSFIGURAÇÕES ARTÍSTICAS
DO CORPO TECNOLÓGICO - [...] As simbioses do corpo com
as tecnologias tornaram-se tão evidentes que o vocabulário para se referir a
elas não tem se limitado ao ciborgue, mas apresentado uma variação de sinônimos
que buscam todos eles referenciar o mesmo fenômeno híbrido entre o biológico e
o artificial, entre o carbono e o silício, tais como: corpo protético,
pós-orgânico, pós-biológico e pós-humano. Embora a palavra “prótese” seja bem
funcional para caracterizar as extensões tecnológicas do corpo, o significado
dessa palavra ficou muito colado ao aspecto visível das extensões, ideia que,
desde o princípio, procurei evitar, tendo em vista o fato de que a tendência
das extensões tecnológicas do corpo é a de aderir à nossa fisicalidade até o
ponto de habitar nossos interiores, tornando-se invisíveis e mesmo
imperceptíveis. [...]
Ora,
se o corpo, de fato, se tornou um tema magno da cultura contemporânea e se o
artista, de fato, é a antena da raça, então, a questão do corpo deveria estar
presente na arte bem antes da emergência ostensiva do corpo biocibernético.
Walter Benjamin escreveu que o presente é mirante privilegiado para enxergar o
passado. Em vez de pensar o presente a partir do passado, tomar o presente como
ponto de vista para o passado. Eis a lição. Empreendi, portanto, uma jornada a
contrapelo. Não teve erro. Por todo o século 20, desde as vanguardas estéticas,
o corpo foi cada vez mais se tornando suporte e condição da arte. De objeto
representado, o corpo do artista passou a ser o sujeito e objeto do seu
trabalho. Ao mesmo tempo, foram crescendo exponencialmente tanto os números
quanto as variações de tendências dos trabalhos que exploram o próprio corpo do
artista como fonte material primária de suas obras. Dentre as diferentes facetas
apresentadas pela arte do século 20, essas tendências se constituíram em uma
faceta que tenho chamado de transgressoramente dionisíaca. São elas que
exploraram a fundo as relações entre arte e vida, arte e acontecimento em
eventos performáticos, que se expandiram nas artes do gesto contestatório, das
instalações, da body arte e da emergência notável das cruzadas femininas na
arte [...]
A
ideia do corpo como máquina mecânica, infelizmente, perdura até hoje no
imaginário coletivo, quando se apresenta qualquer tipo de simbiose entre corpo e
tecnologia. Digo infelizmente porque, há um bom tempo, as máquinas deixaram de
ser estritamente mecânicas, gerando agora simbioses inconsúteis com o corpo.
Entretanto, cegamente, persistem os preconceitos próprios do mecanicismo em
relação a quaisquer tipos de laços entre corpo e máquina, o que também afeta os
julgamentos relativos ao trinômio arte-corpo-tecnologia. Tais preconceitos já
remontam aos experimentos com o uso de múltiplas câmeras para captar o
movimento, levados a cabo no final do século 19, por Muybridge e outros,
experimentos que se realizaram pela equalização das energias do corpo na sua
relação com o aparato industrial. Do mesmo modo foi incompreendida, e muitas
vezes até hoje mal compreendida, a celebração do corpo mecanizado, ou do corpo
ligado à máquina no modernismo. Não é por acaso que se levou tanto tempo para a
fotografia e outras artes maquínicas serem aceitas no panteão das artes, apesar
da ênfase nas teorias sobre a extensão dos órgãos e suas produções nas artes de
vanguarda. De lá para cá, entretanto, o redemoinho tecnológico não cessa de
girar e desse redemoinho os artistas ousados não temem tomar a parte
inquietante que lhes cabe.
[...]. Trechos do texto Transfigurações
artísticas do corpo tecnológico
(ECA/USP, 2003), da professora e pesquisadora Lucia Santaella. Veja mais aqui.
A SENSUALIDADE POÉTICA DE BRANCA TIROLLO
(Imagem: arte da
fotógrafa e artista Sophie Delaporte)
ÊXTASE SEXUAL
Esfera! Meu tablado amante e companheiro.
Viajo! A lua vaza entre frestas
sorridente.
Traz-me tua boca nua, cruel e distante,
e próxima de uma sagacidade. Pura sugação
de o meu pensar, á ardejar nesta espera.
Além da imaginação textual, há excitação
com tifemia e tronejo, á ulcerar-me o
peito,
enquanto procuro teus lábios que
bamboleiam.
Vejo teus olhos triscados á sitiar-me,
lubrificando minha tricofagia como se
fossem teus!
Os negros pelos que minha boca faz folia.
Alucina a temática! Teleguiada persiste.
Quase sem fé! Ajoelho-me ao tembé.
Á tunantear está! Teu corpo ao meu.
Adergando entres fios eletrizados.
Neste invento do alcochear dos dedos.
Cai um temporal no meu pensar insano.
Estou escalando montanhas em chamas.
Presa ao seu sexo, deleito o clamor dos
lábios,
adormecendo no gozo da última cena.
DESEJOS PROIBIDOS
Beije-me! Toda uma eternidade, como
amante.
Nesta doce magia que comporta
Nossos míseros instantes!
Beija-me como um tufão em fúria
Que atira sobre o chão, raios em cruzes.
Beija-me! Como o reflexo complexo
Destas negras e desiludidas luzes
Beija-me! Como onda inquieta
Que ronda o céu e serena beija areia
Como o cair da noite, no raiar do dia
Como sol ardente e lua fria
Apenas beija-me! Beija-me!
Neste mísero instante de magia.
FERA RACIONAL
Eis que febril queima o corpo meu,
num instante dócil, quando me toca o seu.
Estes teus braços, em laços, em plumas...
Teus encantos, espantos, espumam.
Teus olhos domados, em risos, em versos,
Teus pecados meigos, de afagos, de
beijos.
Eis que a ti revelo meus sonhos, em
gritos.
Num súbito instante, de amores, de dores.
Por teus insultos, deboches, rumores,
nestes negros olhos, de glória, delírios.
De pegadas duras, desvairadas loucuras,
deste pranto falso, de tortura, castigo.
Eis que tu tão farto, tão nítido, tão
puro.
No tapete enrola, teu corpo, tua face,
nestas melodias, sussurros, desgastes.
Destas noites loucas, de pasmo contraste.
Tuas fantasias de sonhos malucos,
tua frente fria, de tristes desastres.
Eis que a mim volta, sereno, calado.
Num olhar carente, de
intrigas e abraços:
Destas peles rubras, de apertos,
marcadas,
deste alivia fértil, que exala, espalha,
no meu corpo sadio, esgotado, espectro.
Eis que te descansa nu, sereno, e domado.
GATO DE MINAS
Gracioso és tu! Há fantasias eróticas
Transbordando em seu olhar
É pálida a sensação desgastante
Em teu corpo figurante
Teu corpo arde com sede
Teu desejo chama em chamas
O corpo da sua amante!
Não quero que seja meu deus
Nem meu demônio nem ateu.
Nem meu sonho nem meu eu.
Seja apenas, meu.
QUE AMOR É ESTE?
Que amor é este que se deseja antes de
tomá-lo nos braços
E se envolve entre abraços ao partir?
Que amor é este que não deixa escolha
profere e revoga,
açoitando o destino faz chorar e sorrir?
Que amor é este que com todos os defeitos
se faz perfeito na dor,
extravasando no olhar leva além da vida,
o perdão?
Que amor é este que dorme para esperar a
morte
E não desfalece o seu esplendor?
Que amor é este, cuja essência não foge
ao vento,
E faz tempestade no silêncio da noite?
Que amor é este que acalenta faz dormir e
sonhar,
Invadindo o corpo, a alma e o pensar?
Que amor é este que ronda o infinito
inquietando céus
E no coração vem sereno repousar?
Quero!
Entre suas ondas, de onda em onda
mergulhar
Meu corpo, minha alma, meu grito
Minha calma, meu sonhar
Meus ventos, meus inventos
Em meu pensamento lento
Poder acompanhar
Tuas ondas, Mar.
Uma parte minha é anjo
Outra parte fera negra
m lado bate asa e voa
O outro a asa conduz
O veneno que do anjo
Necessariamente reluz
MOMENTOS ERÓTICOS
Momentos eróticos Quando minhas mãos
tocam O transparente vinho branco Num desvio qualquer. Estranho minha face
Debruçada em meu ser mulher. Os sonhos opacos e esquecidos Refletem no álcool
envelhecido Estampando minha nítida nudez.
BRANCA TIROLLO - A atriz, roteirista e escritora
paulista Branca Tirollo, é membro da
Academia de Letras do Brasil e autora de várias peças teatrais, de diversos
projetos engajados, artísticos e sociais, do documentário Mil vidas em meu
pensar, de inúmeros livros de contos e poesias, além de ter participado de
várias antologias. Veja mais aqui.
MUSA DA SEMANA: BEE SCOTT
A cantora e compositora catarinense Bee Scott é graduada em Belas Artes pela Universidade Estadual de Santa Catarina e vive encantando o mundo com sua voz & blues. No release no site dela está que: “(...) Quando canta, Bee Scott solta voz e sentimento harmonizados em ondas tão quentes como sua alma. Soul, blues ou rock, não importa: ela varia, mistura e brinca nessas praias mostrando garra de intérprete e compositora. Quem a escuta pela primeira vez já sabe que o que ela canta é verdade, qualidade rara no cenário atual”. Verdade, a mais pura e cristalina verdade, é mesmo de arrepiar a interpretação personalíssima da lindíssima Bee Scott.
Atualmente Bee Scott está na estrada com o show “Acústico de Baladas”. E o grande momento fica por conta das composições próprias, carregadas de emoção que enobrecem seu canto eletrizante. Confira algumas letras de sua autoria.
SECRETO
Quantos passos ainda me faltam pra te encontrar
quantos caminhos desertos atravessar
por você que não vem
que não me tem
por você que não vem e não me tem
Nossas noites tem segredos de nós dois...
fantasias de amor te tocar
e você não consegue se mostrar
e você não consegue falar
E você que não vem que não me tem
e você que não vem que não me tem
e você que não vem que não me tem
e você que não vem que não me tem
Tudo secreto discreto como quiser
desde que saiba que eu sou tua mulher
a mulher que te quer...
E você que não vem que não me tem
e você que não vem que não me tem
e você que não vem que não me tem
e você que não vem que não me tem
LEI
Você vem me dizendo que a saudade sufoca e doi
as palavras cortam como o vento e machucam meu corpo...
não sei porque ficar sofrendo por alguém que te quer também!
Ouço o som dos seus beijos
a contar todos os seus segredos
fecho os olhos e em segundos, me transporto pro seu mundo...
não sei porque ficar sofrendo, por alguém que ter que também
Quando o medo invade meus sonhos
na real pareço saber, que o que eu quero fica mais distante
É da lei a chuva que cai
é da lei as nuvens no céu
é da lei o amor florescendo
é da lei o tempo passar
não é da lei que eu não possa te amar...
VOCÊ NEGA
Quando sinto o teu corpo
Colado junto ao meu
Não adianta dizer
Dizer que não vai dar
Você nega
Mas o fogo te entrega
Minha boca te beijando sem
parar
O que falta pra você me amar
O que é que faço
Pra você me olhar bem nos olhos e
dizer
Amo você.
Usando o tempo
Pra pensar numa saída
Mas o teu rosto
Não consegue disfarçar
Tento fugir, mas não da mais para negar
Que o meu desejo é mais forte que
Meu medo
O que falta pra você me amar
O que é que faço
Pra você me olhar bem nos olhos e
dizer
Amo você.
Veja mais aqui.
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De
segunda pra semana, Monteiro
Lobato, Carlos Drummond de Andrade, Nise da Silveira, Roman Jakobson,
Nísia Floresta, Federico García Lorca, Lobo
de Mesquita, Gloria Pires, Leon Eliachar, João Rodrigues Esteves, Cláudio Tozzi
& José Mauricio Nunes Garcia aqui.
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Tomás de
Aquino, Padre Bidião, Ufologia, Padre Bidião & Confissão do Poeta Popular aqui.
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DE AMOR POR ELA
Leitora
parabenizando o Tataritaritatá.
CANTARAU: VAMOS
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Paz na Terra
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.