sexta-feira, setembro 11, 2009

ANNETTE FROSTE-HÜLSHOFF, SONIA RYKIEL, FLORENCE NIGHTINGALE, GOEGG-POUCHOULIN, KAREN BLIXEN, EFEITO MATILDA & VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER.

Elegância não é coisa de luxo ou dinheiro, mas de atitude. Eu nunca revoluciono. Eu apenas evoluí. Sempre imperceptivelmente.
A arte da estilista e escritora francesa Sonia Rykiel (1930-2016), a Rainha das Malhas, que a partir de suéteres icônicos transformou sua marca em um império multimilionário.

O AMOR DE ÁRTEMIS - Eis que ela, uma das virgens brancas filha de Latona, rainha dos bosques com suas sessenta ninfas, as oceânicas, e mais vinte, as asias, estava ali, com seus cabelos amarrados, suas pernas nuas, seu seio direito descoberto, ao meu inteiro dispor. Ela sempre selvagem à caça, empunhando o seu arco e flecha, à espreita e eu a perseguir um a um dos seus. Ela a Lua serena repleta de magia, ali nua e linda resplandecendo das profundezas misteriosas da noite com o cipreste, sempre acompanhada do cervo e do urso que se deitaram ao seu redor. Fitou-me com ar de quem havia sido tocada pela paixão e sabia que eu não era Acteon, nem Órion, nem Opis, muito menos Alfeu ou Bouphagos ou Sipriotes, sou apenas aquele que venera o seu jeito e forma de ser. Levantou-se do seu trono e chamou-me Endimion, como se eu estivesse no monte Latmo e me visitasse em Cária, a me levar para Cilícia e depois para Éfeso. Achegou-se, alisou-me os cabelos, afagou minhas faces, beijos meus lábios e em mim abriu mão dos todos os seus desejos de ter muitos nomes e manter-se virgem, de abrir sua túnica até os joelhos e desnudar-se inteira, para que deixasse de governar as montanhas e ajudar as mulheres em dores de parto. E me abraçou com o fervor das viúvas desesperadas e nos beijamos na caverna Arcudiotissa entre rituais xamânicos e totêmicos, e fizemos amor na cratera de Vênus e na ilha da Paximadia do seu nascimento e nos amamos até que o dia fosse noite e novamente dia na paixão. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.


DITOS & DESDITOS - Estou convencida de que os maiores heróis são aqueles que fazem o seu dever na rotina diária de assuntos domésticos, enquanto o mundo gira de forma enlouquecedora. As mulheres nunca têm uma meia-hora em todas as suas vidas que elas possam chamar de sua, sem medo de ofender ou de ferir alguém. Por que as pessoas se sentam tão tarde, ou, mais raramente, se levantam tão cedo? Não é porque o dia não é o suficiente, mas porque elas não têm nenhum momento do dia para si mesmas. Viva a vida quando você a tiver. A vida é um presente maravilhoso - não há nada de pequeno nisso. Eu atribuo o meu sucesso a isto: eu nunca desisto ou dou alguma desculpa. Pensamento da enfermeira britânica Florence Nightingale (1820-1910). Veja mais aqui & aqui.

ALGUÉM FALOU: A nobre iniciativa de lançar o belo sexo nas fileiras dos emancipadores da razão humana, sufocados pela tirania e pelos sacerdotes. Frase do general e guerriheiro Giuseppe Garibaldi (1807-1882), sobre a ativista e militante feminista e abolicionista Marie Goegg-Pouchoulin (1826-1899), reconhecida por seu compromisso com o pacifismo e o direito das mulheres ao voto que resultou na fundação da Associação Internacional das Mulheres, uma das primeiras organizações feministas suíças e do Journal des Femmes, o primeiro jornal feminista suíço. Iniciou sua militância na Liga Internacional para a Paz e a Liberdade.

EFEITO MATILDAO Efeito Matilda é o preconceito frequente contra reconhecer as contribuições de mulheres cientistas em pesquisas, cujo trabalho é frequentemente atribuído aos seus colegas homens. O efeito foi inicialmente descrito pela sufragista e abolicionista do século XIX, da ativista abolicionista e livre pensadora estadunidense Matilda Joslyn Gage (1826-1898), no seu ensaio "Woman as Inventor", e cunhado em 1993 pela historiadora da ciência Margaret W. Rossiter, apresentando diversos exemplos do efeito demonstrados a partir da análise de mais de mil publicações científicas entre 1991 a 2005, que cientistas homens citam mais frequentemente publicações de autores homens do que publicações de autoras mulheres. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.

A VIDA & O VIVER - Os tempos difíceis me ajudaram a entender melhor como a vida é infinitamente rica e maravilhosa e que muitas coisas que nos preocupam não têm a menor importância. Eu não acredito no mal, acredito apenas no horror. Na natureza não há mal, apenas uma abundância de horror: pragas, males, formigas e vermes. A cura para tudo é sempre água salgada: suor, lágrimas ou o mar. As pessoas que sonham quando dormem à noite conhecem um tipo especial de felicidade que o mundo de hoje não conhece, um êxtase plácido e a tranquilidade do coração, com mel na língua. Eles também sabem que a verdadeira glória dos sonhos reside em sua atmosfera de liberdade ilimitada. Quando você tem uma tarefa difícil a fazer, algo que parece impossível, basta trabalhar um pouco todos os dias, um pouco todos os dias, e de repente você verá que o trabalho está feito. Todas as dores podem ser suportadas se as colocarmos em uma história ou contamos uma história sobre elas. A arte real deve sempre envolver alguma bruxaria. Pensamento da escritora Karen Blixen (1885-1962). Veja mais aqui e aqui.

UM POEMA - Deite-se tão quieto na luz da manhã / tão cheia de paz, que consciência piedosa; / se com beijos seu espelho deslize para oeste, / assim que a flor da praia vislumbrar; / lá libélulas tremem em sua superfície, / bastões de carmim e tons de auria azul; / as aranhas da água, na imagem solar, / eles lideram uma dança no brilho; / guirlandas de gladíolos palpitam na margem, / e as canções de ninar soam ao lado dos canaviais; / e há um balanço constante e um murmúrio submisso, / como se estivesse sussurrando: paz! a paz! a paz!… Poema da escritora alemã Annette von Froste-Hülshoff (1797-1848).


VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER - O surgimento da propriedade privada acontece com a divisão do trabalho, gerando o nascimento do Estado e uma luta de classes numa perspectiva vinculada a dominação masculina, mulheres subordinadas aos homens, criando assim a possibilidade de opressão sobre a figura feminina. A partir de então a vida social cinde-se em duas esferas: a pública, domínio dos homens, que sofrerá grandes transformações no decorrer da História e a esfera privada, lugar da família domínio da mulher, que se vê, pois excluída de qualquer participação social que ultrapasse os limites do seu ‘lar’ (MORAES, 1996, p.14). Como exemplo disto entende-se que a representação da figura feminina se apresenta numa situação de inferioridade em relação ao homem diante de várias áreas como também do mercado de trabalho, restando-lhe as atividades domésticas e o bem - estar de seu marido e família, sendo excluída de qualquer participação na sociedade que ultrapasse os limites do seu lar. A mulher tem pouca visibilidade e autonomia na sua vida, e ausência nas discussões políticas e na realização das atividades profissionais, devido à ideologia patriarcal ao longo do contexto histórico. “É por este conjunto de fatos que a questão da família torna-se crucial para a compreensão do lugar hierarquicamente inferior ocupado pelas mulheres nas sociedades de classe.” (MORAES, 1996, p.14). Sendo assim, a violência contra a mulher não se apresenta apenas por agressões físicas, mas se manifesta de várias maneiras, como também de forma sutil. Através dessas formas sutis, mulheres do mundo inteiro sofrem esses maus tratos, como xingamentos, ofensas à conduta moral e ameaças. A violência sutil se destaca por ser uma agressão que se apresenta sob forma de hostilidade verbal, como insultos, desprezo, críticas, bloqueio de iniciativa, confinamento e ameaças de abandono. Para a figura feminina subordinada ao poder masculino, o que lhe resta são apenas as tarefas do lar e aos cuidados dos filhos e do marido. A violência é uma das mais graves formas de discriminação em razão de sexo e gênero. Constitui violação dos direitos humanos e das liberdades essenciais, atingindo a cidadania das mulheres, impedindo-as de tomar decisões de maneira autônoma e livre, de ir e vir, de expressar opiniões e desejos, de viver em paz em suas comunidades; direitos inalienáveis do ser humano (TELES, 2003, p. 23). Tais violências estão estampadas nos estudos de Cavalcanti (2010), como o preconceito e a discriminação, nos indicativos sócio-econômicos, apresentando o sofrimento das mulheres e, principalmente das negras quando partem para o mercado de trabalho. Mesmo que tenham instrução e qualificação, elas recebem salários inferiores quando ocupam os mesmos cargos que os homens estão. Apesar dos direitos sociais e individuais e o de igualdade ser garantido pela Constituição e ser objetivo da República Federativa do Brasil promover o bem de todos sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação, vemos no Brasil várias formas de violência contra a mulher, doméstica, por estarem debaixo de um teto, onde ninguém estará vendo o ato de violência contra ela entre outras. Estes são fenômenos marcados profundamente pelo preconceito, discriminação e abuso de poder do agressor para com a vítima – geralmente mulher, criança, adolescente ou idoso – pessoas que em razão das suas peculiaridades (compleição física, idade e desenvolvimento), estão em situação de vulnerabilidade na relação social. (CAVALCANTI, 2010, p.35). Para esta autora, a violência contra a mulher geralmente se identifica com a violência doméstica, mas o conceito de violência contra a mulher é mais amplo porque inclui nesta forma qualquer ato de violência baseado em sexo, que ocasione algum prejuízo ou sofrimento físico, sexual ou psicológico às mulheres, incluídas também as ameaças de tais atos, coerção ou privação arbitrária da liberdade que ocorram na vida pública ou privada, direitos que constam no artigo 1º da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher. “A violência contra a mulher é conceito mais amplo, pode ser considerada crime ou não. É o gênero de que são espécies várias formas de violência como a institucional, sexual, assédio moral, espiritual, doméstica e familiar entre outras.” (CAVALCANTI, 2007, p. 38-39). Azerêdo (2007), em sua análise sobre o preconceito contra a mulher, aborda a total falta de respeito do homem com a mulher quando esta faz sua saída para o trabalho, uma grande problemática criada a partir da imaginação do homem, que não pode deixar de existir, já que o salário de sua mulher contribui para o orçamento da casa e muitas das vezes sendo a única fonte de renda da família. A autora afirma que “a grande maioria das mulheres que buscam a delegacia das mulheres nos relata o enorme ciúme de seus companheiros, que as chamam de puta, mesmo quando elas não têm nenhuma relação fora de casa.” (AZERÊDO, 2007, p. 25). O Estado não tratava a violência contra as mulheres como um problema público, considerando-a irrelevante e natural. O reconhecimento da violência contra a mulher era legitimado pelo Código da Moralidade Popular que, até então, atuava em defesa dos direitos das mulheres. A violência contra a mulher em alguns países é considerado um processo cultural que se expressa sob relevantes formas de mutilações genitais para que a mulher possa se casar novamente. As práticas sociais e questões éticas apresentam um contexto cultural marcado de violência contra a mulher, estabelecido por leis culturais enraizando o meio social determinando o tipo de violência que a vítima deve se submeter, como no caso de 30 países da África e da Ásia. Entre as mutilações genitais, há a cliteridectomia, que incide na extirpação, no corte, na extirpação do clitóris, órgão que desempenha importante papel na relação sexual, é responsável pela maior parte do prazer da mulher. Há outro tipo de mutilação como infibulação, que consiste na sutura dos lábios maiores da vulva, deixando um pequeno orifício para a passagem do sangue da menstruação e de outros fluidos. Esses tipos de mutilação são realizados com o intuito de promover a diminuição do prazer ocasionado pelo sexo, tornando a relação um verdadeiro suplício. Portanto, esse tipo de mutilação está relacionado à fidelidade da esposa ao seu marido, tal ato em respeito às leis e aos costumes de uma determinada nação, ocorrendo a violência contra a mulher. (SAFFIOTI, 2004).
A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER – A violência doméstica contra a mulher é ocasionada no seio das relações familiares, estabelecidas pelos vínculos de parentesco natural e civil, fundamenta-se em relações interpessoais de desigualdade e de poder entre mulheres e homens ligados por vínculos consangüíneos, parentais, de afetividade ou de amizade. O agressor se vale da condição privilegiada de uma relação de casamento, convívio, confiança, amizade, namoro, intimidade, privacidade que tem ou tenha tido com a vítima, bem como da relação de hierarquia ou poder que detenha sobre a vítima para praticar a violência (CALVACANTI, 2010). A união estável é instituída pelos cônjuges através de laços de afetividade, gestos de carinhos e afinidades, mas que muitas vezes acaba mascarando uma realidade opressora sobre a mulher, acontecendo numa esfera privada que na maioria das vezes a agressão sofrida pela mulher torna-se impune. O discurso masculino por meio da dominação patriarcal vitimiza a figura feminina pelo controle social masculino. Pois a violência doméstica compromete sérios agravos ao seu desenvolvimento pessoal, moral, psíquico e a sua cidadania. A violência doméstica contra a mulher é um tipo de violação dos direitos humanos fundamentais à vida, à dignidade, segurança e integridade física e psíquica. Nesse contexto, a preocupação com ela é fundada nos altos índices da sua ocorrência no Brasil e em vários outros países mundo afora, além dos grandes prejuízos que causa à implementação da equidade entre os gêneros (CAVALCANTI, 2010, p.52). Teles e Melo (2003) apresentam a diferença entre a violência doméstica e a violência contra a mulher, onde a primeira se expressa no seio familiar, ocorrendo dentro de casa, nas relações entre pessoas da mesma família, entre homens e mulheres, pais e filhos, entre jovens e pessoas idosas. Nesta violência, ocorre a intimidação da mulher pelo homem no espaço doméstico. Pode-se afirmar que sofrem espancamentos, humilhações e ofensas nas relações descritas, as mulheres são alvo principal (TELES; MELO, 2003). Esta violência doméstica é denominada por alguns autores também como intrafamiliar e, neste caso, pode ocorrer fora do espaço doméstico, como resultado de relações violentas entre membros da própria família. Para elas, “existe uma crítica em relação a essa terminologia porque, mais uma vez, ela estaria escondendo a violência contra a mulher. Sabemos que a principal vítima desse tipo de violência é população feminina (TELES; MELO, 2003, p.19). Para Azerêdo (2007), a violência doméstica contra a mulher está relacionada à divisão entre o espaço público e o privado (doméstico), o primeiro espaço sendo ocupado pelos homens e o segundo pelas mulheres. A definição de “homem público” é encontrada no dicionário Novo Aurélio como  homem que se consagra a vida pública, não existindo o verbete mulher pública, porque até o século passado esta mulher pública era a prostituta nos dicionários brasileiros. Ficando notória a discriminação contra a mulher até nos meios dos significados das palavras da língua portuguesa: [...] o que pode indicar que a vida pública continua sendo dos homens, foi uma boa surpresa não encontrar a definição tradicional de “mulher pública”, se restringindo às prostitutas, implicando ao mesmo tempo, uma desvalorização destas e das outras mulheres que se dedicam à vida pública. (AZERÊDO, 2007, p. 27). Este tipo de violência é um problema complexo por ser exercida em espaço privado, aumentando assim seu potencial ofensivo, ou seja, não se pode tratar da mesma maneira um delito praticado por um estranho e o mesmo delito praticado por alguém de estreita convivência, como maridos, companheiros, namorados atuais e anteriores. A violência doméstica contra a mulher se enquadra num tipo de violação dos direitos humanos, fundamentais à vida, à dignidade, segurança e integridade física e psíquica.
A VIOLÊNCIA NO BRASIL – A violência no Brasil, segundo Machado (2010), vem desde o primitivo enfrentamento tribal indígena e, principalmente em maiores proporções, desde o primeiro dia da invasão portuguesa para o processo de colonização em 1500, quando se deu o genocídio indígena e a escravidão que se prolongam disfarçados até o momento presente. Neste tocante, assinala Cavalcanti (2010, p. 30): As populações indígenas, vitimas iniciais desse processo, foram escravizadas ou exterminadas pelas guerras empreendidas pelo conquistador português. O segundo alvo da violência colonizadora foi a população negra. Como se sabe, entre os séculos XV e meados do século XIX, aproximadamente 30 milhões de negros foram violentamente retirados de seu continente de origem, traficados, mortos e transformados em escravos. Constata-se que ao longo do processo histórico durante o período da colonização até a República, a violência foi responsável por dizimar contingentes significativos de índios e negros, resultado das investidas de conquista e exploração do território brasileiro. Com o advento da República no século XIX, uma série de movimentos reivindicatórios evolvia as lutas pelo trabalho e pelo voto que vão desembocar nas primeiras décadas do século XX. Depois disso, conforme Cavalcanti (2010, p. 30), “No século XX a historia mundial foi marcada pela violência praticada por duas grandes guerras que vitimaram milhões de pessoas”. Foi a partir daí que, no entendimento de Adorno (1991, p. 66) que a violência endêmica alcançou níveis assustadores ampliada pelo envolvimento de policiais civis e militares na criminalidade, pelo fato da delinqüência e os crimes violentos terem aumentado, como também porque “[...] as políticas econômicas neoliberais aprofundaram as desigualdades de um sistema de relações sociais já bastante assimétricas e condenaram milhões de pessoas a viverem na pobreza e na exclusão social”. E isso mesmo com a promulgação da Constituição Federal de 1988 consolidou direitos e garantias ao cidadão. No presente se constata na realidade brasileira, segundo Cavalcanti (2010, p. 30) que: No inicio do século XXI, em que se tinha a expectativa de que a sociedade estaria tão evoluída a ponto de conviver em harmonia e paz, a mídia continua a denunciar o aumento sem precedentes de várias formas de violência, seja pela pratica de crimes, como assassinatos, seqüestros, roubos, estupros, ocorridos nos mais variados rincões brasileiros. [...] a face menos visível continua escondida e pouco reconhecida. São dados sobre o aumento do desemprego, da prostituição infantil, da diferença salarial entre homens e mulheres, entre pessoas brancas e negras, da pratica da violência domestica, etc. Esconde-se naquilo que se chama senso comum. Com isso, entende Cavalcanti (2010, p. 34), que a sociedade brasileira é marcadamente excludente: [...] Ela impede, sistematicamente, que uma grande parcela de seus cidadãos tenha acesso aos bens essenciais a sua nutrição, preservação da saúde, defesa da vida, entre outros. [...] Por isso é que os excluídos são ao mesmo tempo vitimas e autores dessa violência.  [...] o crescimento da violência criminal encontra-se associado à própria desorganização das instituições responsáveis pela manutenção da ordem publica, bem como à violência praticada pelas instituições, como nos casos de violência policial. Neste cenário, Cavalcanti (2010, p. 33) detecta no Brasil: [...] diversas formas de violência, como a violência urbana, a violência praticada pela discriminação contra as minorias (negros, índios, mulheres, crianças e idosos), a violência social em virtude dos altos índices de desigualdade social e pobreza, a violência doméstica, entre outras. O crescimento da violência no Brasil não é composto de uma única explicação. Certamente se encontra associado à lógica da pobreza e da desigualdade socioeconômica. [...] não há como negar a relevância da desigualdade socioeconômica na explicação do crescimento da violência. [...] exige analise dos vários aspectos da denominada exclusão social. A violência contra a mulher no Brasil, por exemplo, é fruto de processo histórico marcado pela opressão e pela desigualdade de gênero entrelaçados nas relações sociais entre homens e mulheres.
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