segunda-feira, abril 21, 2025

MALALAI JOYA, SARAH HOLLAND-BATT, ESTHER GROSSI & MÁRCIA MEIRA BASTO

 

 Imagem: CoLAM – Acervo ArtLAM.

Ao som dos álbuns The Naked Violin (2008) e Elgar: Violin Concerto (2011), da violinista, recitalista e musicista de câmara inglesa Tasmin Elizabeth Little.

 

Meu coração, ave de arribação pelas pedras de Madalena... - Da beira do rio ganhei o mundo como quem nasceu na enchente às margens perdidas e o umbigo na correnteza escorresse do agreste à deriva singrando a mata pro litoral atlântico. Do que boiava ao léu, juntava ais porque não era trinta-réis-ártico ou papagaio-do-mar, ao menos um pintassilgo-goianinho ou merganso, nada, reles xexéu náufrago e o que poderia ter sido porque mergulhava incapaz do que circundava na exaltação de latitudes, na perdição longitudinal do Antártico ao Ártico. Era errante sem ter onde semear nem colher, ao sabor dos ventos e temporais, a rotação da Terra às próprias translações, o rastro cislunar, os sinais estelares pela subida de morro, descendo serras, pelas marés, correntes, quedas d’água, vicinais, torrentes e insolações. Era mas que cúmplice da hora pelas rotas migratórias, todas as precipitações no frio da barriga pelas correntes de ar, a perder de vista o prumo, o leme, a proa, a popa, o reino de nenhuma bússola ou embarcação, ao passo que nascia no dia e já era fim de tarde, alagados e pântanos no mapa da sobrevivência. Cada viagem revivia a ancestralidade e era o que me valia a resistência e adaptação pelas estações, desafios e perigos de nenhum pouso na solidão maciça, mastigando lonjuras e engolindo o país e o dia seguinte, esculpindo calendários a mudar de lugar e a cada chegada oferecia minhas vísceras ao espetáculo de partir e voltar. Em vão perscrutava as estrelas porque não havia cicerone algum às cascatas e soava o alarme para mimetizar percursos inventados. Bastava um fiapo de coragem e a jornada épica aos suspensos bocados de comoção pungente pelas demoras eclipsadas e o horror logo ali adiante: o mundo era um turbilhão e o tempo a serpente devoradora. Meus olhos choviam na aridez do mormaço e foi o bastante para que ela aparecesse com veraneio no sorriso e o cheiro das coisas, quantos sabores para quem não tinha nenhum. Era ela elevada como se chegasse da torre longínqua de Magdala, com a Pistis Sophia para que eu aprendesse a vencer a morte implacável e partilhasse talvez o que quisesse dizer às pedras conjugadas. E ela me fez beija-flor no seu êxtase de Caravaggio, mãos servidas à mesa, porque ali era-me lícito saber-me na Paranoia de Piva, no Catatau de Leminski, voleios e iterações, fadigas e alucinações, curvas e volteios, o que se dilatava e contraía, sem que precisasse saber de mais nada. Era pleno domingo no peito: um eco e aliterações de feriado na pedraria, porque nela o lugar propício, o tempo certo, o momento preciso: a plenitude da plenitude, a conclusão da conclusão. Até mais ver.

 

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ESTA PAISAGEM DIANTE DE MIM

Imagem: CoLAM – Acervo ArtLAM.

Não é escrito, embora tenha vivido na violência. \ Primeiro a fábrica ficou de pé, silenciosa como um asilo. \ Então o mallee aniquilador com seus punhos vermelhos de flores \ e as cinzas da montanha rastejando sobre ela como uma mancha. \ Não tenho provas, mas te digo \ Antigamente havia janelas de vidro aqui, com grades. \ Elas lançam uma pequena luz listrada sobre as mulheres. \ Agora, em arbustos e vassouras amarelas, estou em uma história \ trançados e desfeitos por pulsos rígidos irlandeses. \ A corda, o vão e a lã cardada são desfiados \ assim como seus rostos e nomes. \ Londonderry, Cork, Galway, Kildare— \ enquanto eu digo as palavras elas são sugadas \ para um hemisfério na escuridão. \ Não vou presumir dizer \ o que é sofrimento ou como ele foi distribuído neste lugar. \ Não sei dizer em que ponto um corpo se rompe. \ Mas esta manhã eu vi um coelho jovem \ curvado no mato e na sombra. \ Eu vi seu rosto ferido, suas pernas finas demais para escalar, \ a crosta vermelha e rosa do olho. \ Ele havia contraído a doença \ nós trouxemos aqui para isso \ e queria um lugar tranquilo para morrer. \ E teve sorte, ou tanta sorte quanto possível. \ havia tempo e luz, os falcões e os cães \ ainda não tinham sido escritas e ainda estavam fora de vista.

Poema da premiada poeta, crítica, editora e acadêmica australiana Sarah Holland-Batt, autora de obras como Aria (2008), The Hazards (2016) e The Jaguar (2022).

 

LEVANTANDO A VOZ - [...] Não tenho medo da morte; tenho medo de permanecer em silêncio diante da injustiça. Sou jovem e quero viver. Mas digo àqueles que querem silenciar a minha voz: estou pronta, onde e quando vocês atacarem. Podem cortar a flor, mas nada pode impedir a chegada da primavera. [...]. Trecho extraído da obra Raising my Voice: The extraordinary story of the Afghan woman who dares to speak out (Ebury, 2009), da escritora e ativista afegã Malalai Joya, que no documentário Uma mulher entre senhores da guerra: a história extraordinária de uma afegã que ousou levantar a voz, ela expressa que: [...] Os direitos não são fáceis de obter e, uma vez que entendamos isso, devemos trabalhar com atenção e persistência - e nunca nos tornarmos descuidados ou preguiçosos. [...].

 

TODOS PODEM APRENDER... - [...] o principal é a dimensão social do ser humano e das aprendizagens. O fato de que a gente aprende com os outros e com o nosso Outro, porque nós somos geneticamente sociais. Mas, um segundo aspecto importante do pós-construtivismo é que a gente aprende a partir das situações, ou seja, que a aprendizagem é intrinsecamente antropológica. [...] Eu penso que um outro aspecto importante do pós-construtivismo é a questão de que não aprendemos diretamente na forma predicativa, mas que essa forma predicativa normalmente é precedida de uma forma operatória: eu sei agir, eu sei fazer coisas, mas eu não sei explicar porque eu sei fazer. [...]. Trechos da entrevista Todos podem aprender, mas não é fácil (Dossiê, 2018), concedida às professoras e pesquisadoras Nair Cristina da Silva Tuboiti e Candy Estelle Marques Laurendon, pela educadora Esther Pillar Grossi, que no livro Democracia e Educação em Tempos de Caos (Geempa, 2017), expressou que: [...] Um dos componentes para democratizar as aprendizagens, é de que aprende-se na e com a vida e que a escola precisa identificar que saberes os alunos já trazem do seu dia a dia. [...]. Essas interpretações são um dos grandes trunfos pedagógicos hoje, porque, conhecendo-se, o professor pode intervir de maneira muito direta e eficiente [...]. E na obra A teoria dos campos conceituais é algo extraordinário (Geempa, 2017), expressou que: [...] Pensar não é fácil. Exige a humildade de confrontar-se com nossas ignorâncias e a ousadia de transgredir, deixando o velho, aceito socialmente, pelo novo, elaborado pessoalmente. A primeira transgressão que um professor pós-construtivista precisa fazer é por em prática o pós-construtivismo, pois ele não é aceito ainda socialmente [...]. Veja mais aqui & aqui.

 

AMAR ELOS VERMELHOS

[...] Talvez o tempo quisesse entrar em sintonia com suas emoções. Na alma, um inverno de ventanias pressentindo chuvas. Águas que não lavariam mágoas e formariam uma correnteza, carregando o que fosse encontrando pela frente: lembranças e emoções. [...].

Trecho do conto O caminho, extraído da obra Amar elos Vermelhos (Labrador, 2024), da premiada escritora, advogada, arte-terapeuta e pesquisadora Márcia Meira Basto. Veja mais aqui.

 

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DEBORAH LEVY, OLGA MARTYNOVA, ALEXANDRIA VILLASEÑOR & MARIANNE PERETTI

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Anima (CGD Leste-Oeste, 1997), Stanze (BMG, 1992), Ama (Sony Music, 2002), Sozinho (EMI ...