segunda-feira, abril 28, 2025

PAULA EINÖDER, KATE KRETZ, XIYE BASTIDA & GIVANILTON MENDES

 

Imagem: COLAM: Retalhos em Detalhes (à memória do cineasta Givanilton Mendes). Acervo ArtLAM.

Eu acordo de manhã e me sinto muito sortuda e privilegiada por fazer isso! Reclamo muito porque costuma ser um processo doloroso, mas sinto que estou vivendo uma vida muito privilegiada e feliz sendo compositora...

Fragmento de depoimento ao som das Sinfonias1 – Três Movimentos para Orquestra (1982), 2 – para violoncelo (1985), 3 (1992), 4 – Jardins, para Coro infantil, Coro e Orquestra (1999), 5 – Concerto para Orquestra (2008). Sinfonia para sopros (1989) e Viagem para Quarteto de cordasString Quartet nº 3 (2012), da compositora estadunidense Ellen Taaffe Zwilich. Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.

 

Retalhos em detalhes… (à memória do saudoso amigo Givanilton Mendes) - Neste instante ontem era outro e depois não seria jamais amanhã, agora já passou. E tanto. Do nada reaparecia longínquo amigo que se foi um dia para nunca mais. Como poderia, pois bateu à porta e já entrou com aquele caloroso abraço antigo. Sentou-se ao lado com envolventes gestos largos, para logo derramar aquelas vontades vitais aos olhos das amizades eternas. Era ele mesmo, redivivo, nada de como assim ou razão para tal. Foi tão bom revê-lo com a mesma fisionomia de quando partiu. Tudo parou para ele desde que se foi, eu envelhecia com o tempo. O que poderíamos reviver de todas as vésperas de antes, se havia a guerra de sempre: de um lado, os da gente que viravam a casaca do contra; do outro, os que nos queriam ver pelas costas. Elos esgarçados: só tínhamos de mesmo um ao outro, miséria solidária. Ali a gente pela madrugada de outras tantas pelejávamos a reinventar o que seria quase sagrado e fatalmente destruído pelos que despertassem logo às primeiras horas da manhã, enquanto os sonâmbulos do dia olvidariam e, até com asco, tudo o que era pra gente noites a fio, pernoite em claro, sem pregar as pestanas. E revivemos mais todos os insones colóquios diários regados de confissões, dúvidas e resiliência. Cerzíamos, recosíamos, recombinávamos os trapos e aprendíamos a nos desvencilhar das facas e canivetes do sorriso escondido no final da tarde. Nunca fugimos da raia e fomos aos confins do mundo para acalentar nossos sonhos e lá soubemos que Deus evadira com o pouco que ainda lhe restara, depois que fora destronado pelos matricidas filhos de Caim que somos todos, humanidade fracassada, e nos deixou indignados à própria sorte. Sabíamos: os fantasmas sacodiam as correntes porque viviam subterrâneos dentro da nossa fúria de viver escapando das sedições trepidantes, dos resmungos ferozes que se dispersavam em nossos ouvidos e se dissipavam cabeça adentro pelos pesadelos da longa insônia, como se dali pudéssemos voar janelas abertas com a dor dos que foram abatidos nas manhãs de um céu azul sem nuvens. Sabíamos mais: por mais inglória que tivéssemos de tão sem trunfos, a vida valia pelo tanto já vivido por inesquecíveis momentos, efêmero que ficava e nos reconstruía a todo instante. Era a festa da saudade, tão real quanto o êxito do filme que nunca fizemos. Até mais ver.

 

Jane Campion: A tragédia faz você crescer... Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui

Claire Wineland: Há muito mais na vida do que apenas ser saudável. Há muito mais na vida do que apenas ser normal. Se o meu maior problema na vida fosse ser saudável, eu ficaria incrivelmente entediada... Veja mais aqui.

Alejandra Pizarnik: Você escreve poemas porque precisa de um lugar onde o que não é possa ser... Veja mais aqui.

 

A ESCRITURA DA ARGILA

Imagem: COLAM. Acervo ArtLAM.

Escreverei sem motivo e sim considerações. \ Agarrarei cada palavra vesga e desfeita \ e a tornarei de argila. \ Então a passarei pelo fogo. Lhe darei fôlego. \ Cada palavra será um homem. \ Povoarei a terra de palavras. Encherei páginas de homens. \ Haverá argila ao invés de tinta. \ Escreverei sem volume. Cegarei a mim mesma. \ Não vou pisar nenhuma palavra. \ Serão meu cajado. \ Não vou buscar o homem. Porque um homem \ está feito de texto. \ Tecido de demasiadas palavras. \ Não vou buscar o poema. Porque um poema \ está feito de carne. \ Composto por demasiados \ tecidos e músculos e nervos. \ Escreverei sem propósito e sem esquemas. \ Porém ninguém poderá me reprovar que eu não tenha unido \ a palavra com a argila, a tinta com o sangue. Além do que \ a minha falta de originalidade foi buscada. \ Novidade e esquecimento são a mesma coisa. \ Porém o meu poema está escrito. \ Disto se trata o assunto.

Poema da poeta e professora uruguaia Paula Einöder, autora dos livros La escritura de arcilla (2002), Árbol experimental (2004), Miranda o el lugar desde donde no se habla: Reflexiones acerca del silencio interpretativo (2004), Opacidad (2010), Árbol de arco (2020) e Para bálsamo de ruiseñores (2021). Veja mais aqui.

 

CARTA PARA AVÓ: POR QUE EU LUTO PELA JUSTIÇA CLIMÁTICA – [...] O mundo é tão grande e tem tantos maus hábitos. Eu não sabia como uma criança de 15 anos deveria mudar alguma coisa, mas eu tinha que tentar. Para colocar essa filosofia em prática, entrei no clube ambiental da minha escola. No entanto, notei que meus colegas estavam falando sobre reciclagem e assistir filmes sobre o oceano. [...] Era uma visão do ambientalismo que era tão voltada para uma maneira ineficaz de ativismo climático, que culpa o consumidor pela crise climática e prega que as temperaturas estão subindo porque esquecemos de trazer uma volta reutilizável para a loja. Ensinaste-me que cuidar da Mãe Terra é sobre todas as decisões que tomamos como um coletivo. [...] Para mim, ter 18 anos e tentar salvar o mundo significa ser um ativista climático antes de talvez estudar para ser médico ou político ou pesquisador, mas mal posso esperar para crescer e me tornar uma dessas coisas. [...] O planeta está sofrendo e não temos mais o luxo do tempo. Salvar o mundo como um adolescente significa ser bom com palavras, entender a ciência por trás da crise climática, trazendo uma perspectiva única para a questão para se destacar e esquecer quase tudo o resto. Mas às vezes eu quero me importar com outras coisas novamente, eu quero ser capaz de cantar e dançar e fazer ginástica, eu realmente sinto que se todos nós cuidamos da Terra como uma prática, como cultura, nenhum de nós teria que ser ativistas climáticos em tempo integral. [...] tudo o que estou tentando fazer com o meu trabalho é dar essa mentalidade otimista para outras pessoas. Mas tem sido um pouco difícil, há ganância, há orgulho, há dinheiro e há materialismo, as pessoas tornam tão fácil para mim falar com eles, mas eles tornam tão difícil para mim ensiná-los. [...] Eu quero que eles tenham o coração e a coragem de amar o mundo. Assim como você me ensinou, eu escrevi esta carta para agradecer, obrigado por me convidar para amar o mundo desde o momento em que eu nasci. Obrigado por rir de tudo. Obrigado por me ensinar que a esperança e o otimismo são as ferramentas mais poderosas que temos para resolver qualquer problema. Eu faço este trabalho porque você me mostrou que resiliência, amor e conhecimento são suficientes para fazer a diferença. [...]. Trechos da carta escrita pela ativista mexicana Xiye Bastida, refletindo sobre o que a levou a se tornar uma voz de liderança para o ativismo climático global – desde a mobilização de greves climáticas escolares até a Cúpula do Clima das Nações Unidas, ao lado de Greta Thunberg. Para ela: Minha conclusão é que a Terra está aqui para abrigar tudo. Toda a vida, toda a morte, toda a beleza e todas as dificuldades. Ela está aqui para abrigar nossa alegria e nossa incerteza, nossas histórias e nossa luta.

 

ARTE HOLÍSTICA – [...] Somos a soma de nossas experiências de vida únicas e individuais. As provações que enfrentamos, as causas pelas quais lutamos, os medos que nos assombram, as estranhezas de nossas mentes; tudo isso e muito mais se torna o alimento para o nosso espírito. O universo não precisa de repetições do passado; de mais uma bela, mas inútil, paisagem impressionista nua, iluminada pelo sol, mas sem graça, ou de um cubo minimalista antigo e frio. Ele precisa de você. Precisa que você se desfaça de tudo o que obscurece seu genuíno senso de identidade. Precisa que você desenterre e assuma descaradamente sua verdade confusa, honesta e magnífica. E precisa que você aprofunde e molde essa verdade em um núcleo autêntico, que nutrirá você e seu trabalho por toda a vida. [...] Há um movimento em andamento para convencer os artistas de que eles são simplesmente mais um tipo de empreendedor. À primeira vista, trata-se de uma rejeição aparentemente inofensiva e compreensível do estereótipo do artista faminto. No entanto, as pessoas parecem ter esquecido que, desde o início da história registrada, o papel cultural dos artistas ia muito além da simples criação de um produto para vender. [...] É assustador para mim ouvir calouros de arte falarem sobre “branding”, porque, saibam ou não, eles representam a última fronteira. Se os artistas desistem, não sobra ninguém. Se abrirmos mão de nossa agência, seduzidos por uma mentalidade corporativa para simplesmente fabricar nosso produto e ganhar nossa fatia do bolo, colocamos mais um prego no caixão do poder superior da arte. [...]. Trechos extraídos da obra Art from Your Core: A Holistic Guide to Visual Voice (Intellect, 2024), da artista estadunidense Kate Kretz, que foi diagnosticada como 2E, duas vezes excepcional, superdotada/com autismo, em 2021.

 

GIVANILTON MENDES: ALÉM DAS LENTES

O documentário Givanilton Mendes além das lentes (2025), tem roteiro, pesquisa e coordenação de Leandro Silva, apresentado como projeto integrador do curso de Rádio, TV e Internet, da ETE Nelson Barbalho, sob orientação dos professores Adson Alves e Rosangela Araújo. Veja mais aqui & aqui.

&

3ª FLIBEZ

Entre os dias 3, 4 e 5 de maio acontecerá em Bezerros (PE) a Festa Literária de Bezerros – 3ª FLIBEZ, homenageando o escritor Alex Brito e o cordelista Manoel Leite, com o objetivo de celebrar a literatura e artes afins, com atmosfera propícia a vivências artístico-culturais. O evento conta com painéis, circuito gastronômico, debates literários, exposição de artes, saraus, lançamento de livros, oficinas, shows musicais, cantoria de viola e cortejo de carnaval, tudo com entrada franca. É uma produção independente do Bistrô do Matuto Produções Multiculturais.

&

O BRANCO DE TODA COR, ZÉ RIPE

Veja mais Zé Ripe aqui, aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.

 

ITINERARTE – COLETIVO ARTEVISTA MULTIDESBRAVADOR:

Veja mais sobre MJ Produções, Gabinete de Arte & Amigos da Biblioteca aqui.

& mais:

Arte na Escola aqui.

Livros Infantis Brincarte do Nitolino aqui.

Diário TTTTT aqui.

Literatura Indígena: Cosmovisões & Pela Paz aqui & aqui.

Poemagens aqui.

Cantarau Tataritaritatá aqui.

Teatro Infantil: O lobisomem Zonzo aqui.

Faça seu TCC sem traumas – consultas e curso aqui.

VALUNA – Vale do Rio Una aqui.

&

Crônica de amor por ela aqui.

 


HAN KANG, ALIZÉE DELPIERRE, KARINA SACERDOTE & RECIFE

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som de Apu: Poema Sinfônico para Orquestra (2017), Concertino Cusqueño (2012), Elegia Andina (2000), Esc...